Fanfic: SE LEMBRE NOVAMENTE... | Tema: Inuyasha
Capítulo 16 — Revelações e inseguranças…
⛩ KAGOME
Segurei na mão de Inuyasha e seguimos adiante…
Ainda não conseguia acreditar na loucura que tínhamos feito no topo daquela árvore! Não sei o que havia me dado e nem de onde tirei tamanha coragem, mas senti uma vontade enorme de satisfazê-lo e deixá-lo feliz. Coragem essa que agora havia sumido… Não conseguia nem olhá-lo de tanto constrangimento. Por isso continuamos caminhando até chegar ao templo em silêncio.
Logo nos aproximamos da entrada, e que também era um centro de ajuda aos doentes e necessitados. Ficava encantada toda vez que entrava nesse lugar, eram todos muito organizados e também não havia cheiro ruim, o ambiente estava sempre limpo e arejado, fazendo parecer um local onde inspirava confiança e competência. Era também um lugar acolhedor, não víamos pessoas com dor ou sofrendo, os enfermeiros e voluntários estavam o tempo todo verificando as condições dos pacientes e também das famílias, que em alguns casos vinham acompanhadas com o paciente, pois no final, todos estavam precisando de algum tipo de auxílio. Eram acolhidos e assistidos integralmente, e só deixavam o local após conseguirem recuperar sua saúde, e se estabilizarem em algum emprego para obterem seu sustento.
Seguimos pelos corredores até a última porta, onde ficava o templo de orações, e também descobri ser o local onde os doentes, após terem alta do tratamento na sessão do hospital, passavam por orientações, como uma terapia, guiando-os para um melhor planejamento adequado ao seu futuro e de sua família. Era realmente fascinante aquela organização e o envolvimento de todos. Mereciam o reconhecimento por seus esforços e desprendimentos, principalmente dos voluntários que se doavam, de corpo e alma, aos cuidados com os pacientes e necessitados.
Adentramos o local onde ficava o sábio em sua meditação, ou auxílio terapêutico; o que não era o caso no momento. Vimos Miroku em posição de lótus do lado do mestre Rokono, os dois recitavam mantras com as mãos impostas próximos ao tórax, pareciam estar muito concentrados, então resolvemos nos sentar um pouco mais ao fundo, aproveitando também para apaziguarmos nossas emoções e corações que estavam exaltados dos últimos acontecimentos.
Assim que sentei, fechei meus olhos e comecei a fazer minha oração de agradecimento por termos conseguido passar pelos testes sãos e salvos, por estarmos de volta e agora termos uma resposta para meu problema… mas senti Inuyasha, que estava acomodado ao meu lado, se remexendo ansioso, olhei para ele e estava de braços cruzados, bufando irrequieto.
— Inu… o que você tem? — sussurrei o mais baixo possível para não atrapalhar a meditação a nossa frente.
— Quer dizer que a gente passa por uma provação difícil, que poderia ter sido fatal pra gente. Conseguimos ainda livrar o monte da assombração dos apaixonados lá, trouxemos a resposta para sua recuperação e temos que ficar aqui, esperando esses dois nessa “meditação” que mais parecem resmungos… Keh! Estou sem paciência para isso! — disse se levantando e indo em direção ao sábio, tentei ainda segurá-lo, mas ele foi mais rápido.
— Ei! Vão ficar aí quanto tempo ainda? — Vejo Inuyasha batendo o pé impaciente.
— Inu… — tive que esconder meu rosto, tamanho era meu constrangimento.
— Ahhhh vocês chegaram! Estávamos ansiosos esperando o retorno de vocês! — respondeu o sábio já se levantando.
— Keh! Até parece! Não pensem que me enganam, ouvi daqui o ronco de vocês aí, que fingiam meditar só pra tirar uma soneca… Tsc!
— Inuyasha!!! — ralhei morrendo de vergonha.
Olhei e vi o monge todo vermelho envergonhado e… Espera… O sábio também?! “Será que o Inu estava certo?”
— Calma crianças… — vejo o mestre Rokono sacudindo as mãos, tentando apaziguar a situação — Estamos todos aqui agora, então vamos nos concentrar no que é mais importante, venham, sentem-se —- com as mãos nos chamou e nos acomodamos sentados próximo ao altar, onde havia uma enorme estátua de Buda, simples e linda. Ficamos todos ao redor do sábio, que sentou nos degraus da escada, onde levava até o altar.
— Que bom que chegaram, estava angustiado com a demora de vocês — comentou Miroku, virando-se para nós, percebemos a preocupação em seu olhar.
— Miroku! Estamos felizes também que conseguimos voltar, nós dois, após passarmos pelas dolorosas provações, agora estamos aqui juntos novamente, e acho que desta vez com a resposta para meus problemas.
— Ahhh que maravilha senhorita Kagome! Fiz aqui minhas orações para que conseguissem voltar, fiquei sabendo de vários casais que nunca voltaram de lá.
Neste momento percebi o quanto tínhamos deixado nosso amigo ansioso e temeroso por nosso retorno. Me levantei e o abracei — Estamos bem, querido amigo — senti ele ficar surpreso com minha reação, e virou-se fungando emocionado.
Inuyasha que observava tudo calado, soltou: — Keh monge! Agora chora por qualquer coisa? — disse, enquanto o olhava com um sorriso presunçoso.
“Aí Inu… não perde a oportunidade”.
— Bom, voltando ao assunto principal… Então vocês conseguiram passar pelo teste? — perguntou o sábio curioso.
— Teste!? — ralhou o hanyou — Aquilo estava mais para um pesadelo! E o pior de tudo, causado por espíritos! Se soubesse que havia uma maldição nesse monte, nunca tinha colocado meus pés nele, e nem deixava Kagome também!
— Maldição é? Hum… interessante — comentou o sábio, com a mão no queixo pensativo — Então todo esse tempo era uma maldição que se instalou no monte. Bom, refletindo em tudo o que aconteceu naquela época, conforme li nos pergaminhos, o desencontro entre os apaixonados, o desespero em não se encontrarem e o rancor em pensarem terem sidos abandonados e deixados à sorte. Logo após veio a morte e com o passar dos anos, e séculos, só restou o ódio, que foi se acumulando e tomando conta de tudo ao redor. Sim… sim… Tudo se encaixa perfeitamente.
— Sim mestre Rokono, conseguimos passar pelo teste, que foi muito angustiante e doloroso… — estremeci — E quando chegamos ao cume, lá encontramos os espíritos da princesa e do agricultor, que não conseguiam notar a presença um do outro — comecei explicando ao sábio o que passamos.
— Ahhh então foi por isso que essa maldição durou todo esse tempo, eles não se enxergavam! — exclamou Miroku, impressionado — E como fizeram para quebrar essa maldição?
— Então monge… eu só recitei alguns mantras que me ensinou para invocar os espíritos. E eles apareceram em nossa frente, mas somente após darmos as mãos que a princesa e seu escolhido puderam se ver, como um véu que descortinou a névoa a frente deles.
Percebi Inuyasha me observando incomodado.
— Você… pra você também foi difícil?
“Ele estava falando do teste? Porque estava me olhando daquele jeito, será que percebeu o que vivi lá, ou será que passou por algo igual?” Seus olhos demonstraram sofrimento e dor… “Sim! Ele também passou pelo mesmo que eu. Mas com quem? Seria aquela Kikyou que o monge mencionou um tempo atrás?”
— Sim Inu… não foi nada fácil. E… o seu teste, o que aconteceu? — seus olhos me encararam e os vi tremerem, então rapidamente desviou.
— Não foi nada de mais… Não quero falar sobre isso — encerrou, voltando a olhar para o sábio.
— Bom… — o mesmo continuou — Creio que como estão os dois aqui agora, e noto todos bem, então posso presumir que obtiveram a resposta que foram atrás, estou certo?
— Exatamente… quando finalmente o casal amaldiçoado conseguiu se encontrar, toda aquela névoa que cercava o monte sumiu, eles se abraçaram, e nos agradeceram, e aconteceu algo emocionante.
— Emocionante? Diga Kagome… — vi Miroku ansioso com meu relato.
— Enquanto eles nos agradeciam e desapareciam de nossas vistas, um fio vermelho e brilhante surgiu enrolando em nossos dedos, ficando interligados, senti uma eletrizante energia passando por nós, e quando o casal se foi, o fio também desapareceu.
— E desapareceram sem nos dizer como trazer as memórias de Kagome! — bufou Inu.
— Mas logo em seguida eu senti como se alguém soprasse em meu ouvido e pude perfeitamente identificar que era a voz da princesa me respondeu.
— E o que foi? Fale Kagome… — Miroku parecia bem ansioso, sem se mexer ou quase respirar, enquanto o sábio se mantinha sereno e tranquilo.
— “Diga que a marcação será necessária”... foram exatamente estas as palavras dela.
Vi o monge e o sábio com os olhos arregalados, sem piscarem. Mestre Rokono foi quem se recuperou rapidamente e pigarreou: — Hrum… então esta foi a resposta que a princesa te deu, linda Kagome? — ouvi Inu rosnar baixo.
— Bom, foi somente um sussurro, mas consegui ouvir claramente o que ela falava, e foram estas as palavras.
Miroku agora olhava para o mestre e depois para nós espantado e um sorriso lascivo começou a surgir gradualmente em seu rosto, o que me deixou relativamente preocupada. Olhei para Inuyasha, ele estava emburrado, seus olhos estavam comprimidos fitando o monge fixamente, comecei a ouvir seus dedos estralarem. “O que estava acontecendo?”
— Inu… — ele voltou seu olhar para mim, e aquela ruga em sua testa provavelmente me dizia que alguma coisa não estava certa — Você está bem?
— Keh! Esses dois… estão nos olhando estranho e dando sorrisinhos, desde que falou a resposta para resgatar suas memórias — bufou — Se continuarem assim vou ter que tirar aquele sorriso da cara deles.
— Calma Inu… — segurei em sua mão e no mesmo instante seu semblante suavizou, mas ainda podia ouvir seus dentes rangendo enquanto encarava os dois à nossa frente conversando. Resolvi interver antes que Inuyasha perdesse a paciência de vez, e não posso negar que também me encontrava extremamente curiosa. Me levantei e fui até o sábio.
— Então… vocês já sabem o que significa a resposta que a princesa me deu?
— Sim, eu o monge chegamos a mesma conclusão após conversarmos a respeito do que nos contou. Então peço que se acomodem aqui que irei tem uma conversa “em particular” com vocês. — disse frisando bem o “em particular”, enquanto olhava para o monge.
— O queeeee???? Porque não posso participar dessa conversa? — reclamou Miroku, cruzando os braços e fazendo bico.
— Keh! Não ouviu o que o sábio disse monge pervertido! Vai caindo fora! Isso é uma conversa particular, entendeu?
Miroku somente ergueu as mãos em sinal de rendição, em seguida levantou-se olhando chateado para Inuyasha.
— Estarei ajudando no atendimento aos necessitados, é só me chamarem, caso precisarem de mim — falou olhando em minha direção e saiu sem falar mais nada.
— Inu… você não deveria ter falado dessa maneira com seu amigo, ele gosta muito de você!
— Keh! Conheço bem esse monge, deixa que com esse pervertido me entendo depois — ralhou — E então sábio, o que tem pra nos falar de tão importante que não pode ser dito na frente do nosso amigo?
— Sentem-se por favor, nossa conversa será delicada e… é do interesse somente de vocês dois, mais ninguém pode interferir na decisão que precisarão tomar.
— Decisão? — questionei, comecei a sentir arrepios em minha coluna, pressenti que a conversa não seria nada fácil.
O sábio esperou sentarmos a sua frente, e perguntou: — Inuyasha, sendo você um hanyou, nunca ouviu falar sobre marcação entre os youkais?
— Não, por quê? Deveria?
— Mestre… — interrompi — ele viveu praticamente sozinho a vida toda. Quando criança teve sua mãe junto a ele, mas logo veio a falecer. E após isso, sua vida foi praticamente se esconder dos humanos e youkais, que o caçavam igualmente — com o coração apertado, expliquei a situação toda. Senti Inuyasha segurar minha mão e acariciar com o polegar.
— Até pouco tempo atrás era assim… — confirmou Inuyasha — Mas… depois que você entrou em minha vida tudo mudou. E agora tenho amigos, pessoas em quem confio, como… uma família! Sem esquecer o amor da minha vida… — disse tudo aquilo olhando para mim, senti minhas pernas amolecerem, ainda bem que estava sentada, senão teria com certeza ido ao chão.
— Inu… eu…
— Shiiii… — encostou seu dedo em meus lábios, silenciando-o — Não precisa dizer nada agora Kah. Só queria que soubesse o quanto você modificou minha vida, me tirando da escuridão e do vazio que era ela. — terminou me abraçando e logo após me presenteando com um beijo casto, pude sentir toda sua emoção com este gesto. — Obrigadao!
— O amor é tão inspirador… — comentou o sábio — Agora consigo entender por tudo que passaram e conseguiram superar juntos. O relacionamento de vocês foi um reencontro de almas, e também uma provação, onde conseguiram fortalecer o elo entre vocês.
Entrelaçamos nossas mãos, agora esperando a conversa que teríamos com o sábio, ansiosa e, ao mesmo tempo, com um certo receio do que seria revelado a nós.
Após conferir que estávamos a sós no ambiente, mestre Rokono sentou a nossa frente, onde ainda aguardou alguns segundos de olhos fechados antes de começar a falar: — Peço a vocês dois que fiquem calmos e em sintonia, para que tudo o que for explicado seja compreendido totalmente.
— Mestre, por favor… estou muito ansiosa — Já não me aguentava numa angústia que estava me deixando com os nervos a flor da pele.
— Vamos lá… como vocês me disseram, a princesa revelou que deveria ser feita a marcação para que suas memórias voltassem, certo? — Eu assenti e olhei para Inuyasha que estava estranhamente quieto, enrosquei meus dedos nos dele e pude sentir que estava trêmulo. Ele estava tão nervoso quanto eu.
— Conversando com o monge Miroku, chegamos a uma conclusão após algumas questões que conseguimos esclarecer. Ele me passou algumas informações do Totosai, quando você — olhou para Inuyasha — levou a espada até ele. Disse que ele identificou uma energia purificadora no interior da Tessaiga, e chegou a conclusão que a mesma absorveu suas energias como uma forma de preservação.
— Keh! Isso nós já sabemos! Viemos até aqui para ouvir a mesma conversa?! — senti que ele estava perdendo a paciência, bufando e agora seus pés batendo impacientes no chão.
— Acalme-se descendente de Toga! — disse levantando a mão, num sinal de comando. E como um milagre, Inu aquietou-se acatando, abaixou suas orelhas e fechou a cara logo em seguida, sem reclamar. Tive que me controlar para não rir. Mais parecia um cãozinho que o dono estava adestrando.
— Continuando… O instinto de preservação da poderosa Tessaiga agiu rapidamente, preservando sua essência principal nela Kagome, e isto incluí suas memórias, poderes de sacerdotisa, sentimentos… resumindo: sua essência. Mas tudo isso só aconteceu porque a espada é uma extensão de Inuyasha, ou seja, havia identificado os sentimentos dele para você, e o desejo dele de tornar você a companheira dele.
Olhei rapidamente para Inuyasha, que estava todo vermelho e envergonhado? O que será que ele quis dizer com “companheira”?
— Sei que é muita informação para você Kagome, mas preciso explicar detalhadamente como funciona o mundo dos youkais — disse me olhando — Os youkais são seres demoníacos que vivem aqui na terra há milhares de anos, eram muito ariscos e difíceis de se relacionarem com estranhos. E por esse motivo viviam em constante batalhas com outras espécies de youkais, disputando poder e território. Essas lutas se estenderam por séculos até começarem a envolver também os humanos; e foi onde as coisas começaram a ficar sangrentas, culminando em muitas mortes dos dois lados. Após um longo período de perdas tanto dos youkais como dos humanos, muitos youkais perceberam que não valia a pena viver em batalha constantes e de modo inteligente se associaram a eles. Alguns resistiram e ainda resistem até hoje nessa luta pelo poder e a dominação do território, e por não dizer, alguns almejam o mundo.
Senti um arrepio em pensar que poderíamos ter sido dominados por Naraku e seus mandados, sabe-se lá como estaríamos hoje. Mas pelo que Sango e Miroku me contaram, conseguimos nos livrar deste monstro e ainda por cima destruir a joia de quatro almas, a tão famosa Shikon no tama. Que em mãos erradas, se fosse completada e corrompida, faria muito estrago e traria muitas mortes e devastação. Respirei fundo e agradeci aos kamis por estarem sempre nos ajudando e orientando nossas ações.
— Após centenas de anos, os youkais começaram a se relacionar com humanos e também com youkais de outra espécie. O que poucos sabem, é que somente uma vez na vida eles se apaixonam e escolhem a sua companheira.
— Mas mestre, já ouvi relatos de youkais vivendo com várias esposas por aí, inclusive o pai de Inuyasha se casou antes com uma youkai, e tiveram um filho, Sesshoumaru, o irmão dele — questionei. Estava confusa com essa história de somente um amor. Então uma lembrança me deixou angustiada. Inuyasha não foi apaixonado por uma sacerdotisa chamada Kikyou? Como então ele diz hoje que me ama? Observei-o agora, estava muito quieto e atento a tudo que o mestre nos contava.
— Bem observado querida Kagome… Um youkai só ama uma vez na vida, mas isto não o impede de sentir atração por outras pessoas, então ele pode ter um relacionamento somente baseado no físico, mesmo sem amar. E esta condição também se estende aos hanyous — pontuou olhando para Inuyasha.
— Keh! Ainda não entendi o que tudo isso tem a ver com essa tal de “marcação”? — comentou irritado.
— Vamos chegar lá — disse o sábio.
Eu me sentia tão confusa e insegura agora, e se o que Inuyasha sentisse por mim fosse só atração? Sabia termos uma ligação muito forte e uma química que era só ficarmos juntos e eu me arrepiava toda, e percebia que ele sentia o mesmo. Mas será que era só sexo? Porque vivíamos nos pegando e transando, será que ele não estava confundindo os sentimentos e na realidade ele amava a sacerdotisa que todos me falaram?
— A história da marcação remota desde os tempos dos primeiros youkais, onde ainda não se relacionavam com os humanos. Quando encontravam sua companheira, ou sua fêmea — como falavam antigamente — eles percebiam no exato momento do encontro, onde principalmente o cheiro era reconhecido por seu lado demoníaco e imposto a sua companheira a marcação. Essa marcação deixava-os ligados eternamente pelo sangue demoníaco. É formado nesse ritual de marcação, um elo de almas e sangue, impossível de ser quebrado, somente com a morte de um dos companheiros.
Ficamos todos em silêncio absorvendo as palavras do mestre.
— Eu… eu estou muito confusa com toda essa informação… — Inuyasha olhava para mim e percebi também seu olhar desorientado, provavelmente estava com as mesmas dúvidas — O senhor disse que a marcação é imposta a companheira? Quer dizer que ela pode não querer essa marcação, mas mesmo assim é obrigada a isso?
— Explicarei melhor. Existem poucos relatos de marcação imposta, onde a companheira ou companheiro não quer se relacionar com o youkai em questão. Poucos foram os subjugados, a maioria reconhecia o amor logo no primeiro momento do encontro.
Eu não me lembrava do primeiro momento que conheci Inuyasha, só tinha a primeira lembrança de vê-lo no hospital e achá-lo incrível, naquele dia meu coração disparou tão forte em meu peito que levei um susto enorme, minhas mãos tremiam, minha respiração ficou descontrolada. Aqueles quentes olhos amarelos que me fitavam intensamente, despertando sensações em meu corpo instantaneamente, era difícil de controlar e foi num momento de desespero que gritei pedindo socorro. Não entendia sua aparência exótica, muito menos sua origem e tudo o que acontecia a minha volta, pois me encontrava em um hospital e sem ter a menor noção de como tinha ido para lá.
Me lembro que logo após fui para casa e começamos a conviver sob o mesmo teto, e vê-lo todos os dias, sentia seu olhar que me buscava sempre, ouvia sua voz rouca e sensual, às vezes até muito dominante, quando estava controlado por seu lado youkai. Fui me envolvendo por suas palavras doces e todo o carinho que dispensava por mim, mesmo quando eu o tratava mal. Meu corpo todo reagia quando ele chegava perto, ficava descontrolada e quente, só de encostar suas mãos em meus cabelos ou me beijar me deixava sem fôlego e com as pernas bambas. E com o passar do tempo, após vê-lo ir embora e meu mundo ficar cinza, percebi o quanto gostava dele. Descobri que o amava!
Então, sim, nossa relação é muito intensa e nos despertava muita paixão. Mas e se para ele fosse somente atração e sexo, e não amor? Se seus sentimentos e declarações por mim fossem somente um intenso desejo e nada mais. Meus pensamentos estavam bagunçados e desconexos, me sentia aflita, pois poderia descobrir que o hanyou que me apaixonei não me amava realmente.
⚔ INUYASHA
Estava cansado e irritado com toda aquela demora e enrolação do tal sábio que dizia conhecer como ter as memórias de Kagome de volta. Nunca ouvira falar dessa tal “marcação”, que percebi tanto o sábio quanto o monge tinham conhecimento sobre o que era. Também havia notado o quanto ela estava cada vez mais irritada com aquela história que poderíamos ficar com várias mulheres, mas somente uma era meu o amor verdadeiro.
Eu não queria saber de mulheres, muito menos várias, queria somente Kagome comigo ao meu lado, para sempre. Precisava dizer a ela, esclarecer todo esse assunto para que não tivesse mais dúvidas quanto ao que eu sentia por ela.
— Ei sábio, estamos aqui dando voltas e mais voltas nesse assunto, mas até agora não foi explicado o que é essa marcação e como é feita. Estou perdendo minha paciência! — disse me colocando em pé e comecei a ir em direção a ele, quando ouço:
— Inuyasha… — Essa voz… Meu corpo todo se arrepiou e tive um sensação que ela iria dizer aquela palavra. Então voltei ao meu lugar devagar e em silêncio, cruzei meus braços e fiquei aguardando enquanto tentava me acalmar daqueles tremores.
Após alguns segundos olhei para Kagome e ela estava sorrindo, segurando um riso com a mão em sua boca.
— Você ia dizer “aquela” palavra né?
— Inu… — disse balançando a cabeça, tentando negar. Mas eu sei! Ela ia dizer!
Ouço um barulho vindo do mestre, tentando chamar nossa atenção.
— Hrum… então crianças — disse sorrindo — Vou tentar esclarecer tudo de uma vez, para não deixar mais nenhuma dúvida na cabeça de vocês.
Esse velhote! Porque não falou isso logo no início. Grrrrrr…
Sinto Kagome segurar minha mão, que eu nem havia percebido, estava estalando meus dedos, agora estava mais calmo.
— Então… esclarecendo, a marcação é a forma que os youkais descobriram, há muito tempo atrás, de oficializar seu relacionamento, tomando sua mulher como companheira. Há relatos que esse método foi descoberto acidentalmente, quando um dos youkais, em um momento íntimo, assumiu seu lado demoníaco e mordeu sua companheira, onde perceberam um período depois que suas emoções e mentes estavam ligadas.
— MORDEU!!! — falamos juntos. Olhei para Kagome e ela estava assustada, pude ouvir seu coração disparado.
— Sim! É isso mesmo que ouviram. Com o passar dos séculos, descobriu-se que quando um youkai está em coito, e assume seu lado demoníaco, mordendo em seguida sua companheira, deve logo após beijá-la, transferindo seu sangue para a mesma, onde é feita a ligação de almas, ou como se costuma dizer, a marcação.
Já estávamos há alguns minutos em um silêncio angustiante, nem eu e nem a Kah tínhamos coragem de falar uma palavra.
— Vocês conseguiram compreender? Se sim, então podem voltar para sua vila que está tudo esclarecido — respondeu o sábio, já se preparando para levantar.
— Ei! Calma aí velhote!
— Inu!!!
— É isso mesmo Kagome, não vou embora daqui com mais dúvidas ainda do que quando chegamos. Como assim terei que morder Kagome?
Vi o velho suspirar e voltar ao seu lugar.
— Este é um assunto que deveria ter sido passado a você por sua mãe, seu pai ou algum parente. Mas conheço agora sua história Inuyasha, e consigo compreender porque não conhece nada sobre o assunto. É um assunto delicado e muito íntimo, por isso me sinto retraído em falar abertamente com vocês.
— Mestre… — vejo Kagome se aproximando do sábio e segurando suas mãos — Nós que o procuramos, e respeitamos muito tudo o que o senhor e todos desse lugar fazem aqui. Não temos mais ninguém para nos orientar, então peço que seja o mais claro possível, não iremos nos sentir ofendidos.
Vi o rosto do velhote abrir um sorriso radiante. “Também, quem não estaria sorrindo com ela segurando as mãos e sendo tão amável?”
— Keh Kagome, venha, sente-se aqui perto para podermos entender melhor — puxei ela pelo braço, enquanto ela sentava ao meu lado.
Notei que ela me encarava com aquele olhar que me fazia sentir arrepios pelo corpo todo.
— Ha ha ha cachorro Taisho, é hilário seu ciúmes! — gargalhava o sábio.
Ia revidar, mas senti Kah segurar em meu manto e me puxar para ficar sentado, compreendi que ela queria que eu ficasse quieto.
Respirando fundo, mestre Rokono fechou os olhos e por alguns segundos ficou assim, logo após abriu seus olhos e seriamente nos encarou:
— Meus filhos, serei o mais claro possível. Após o casamento de vocês, durante a consumação do mesmo, Inuyasha deverá ceder seu controle para seu lado demoníaco, onde deverá mordê-la — falou olhando para Kagome — Logo após vocês precisam se beijar para compartilharem o sangue youkai dele, somente então o ritual estará completo, e provavelmente será onde suas memória retornarão.
— Meu lado demoníaco? — disse mais para mim mesmo — Mas lutei tanto para controlá-lo e agora terei que libertar?
— Isso mesmo, por você ser um hanyou sei que deve ser mais difícil entrar em contato com ele, o menos ainda controlar. Mas somente ele poderá marcar Kagome, pois é a essência demoníaca que faz a ligação de almas, é ela que tem a magia. Infelizmente nós humanos não a possuímos.
Olhei para Kagome que me encarava com os olhos assustados, parecendo querer sair correndo dali…
— Essa é uma decisão muito complexa e importante que vocês terão que acertarem, pois não poderá ser desfeita. Kagome, será uma escolha para uma vida inteira ao lado de Inuyasha, por isso peço, enquanto retornam, aproveitem para conversarem e reafirmarem os sentimentos de vocês, para estarem plenamente conscientes e de total acordo com a resolução que decidirem.
— Então… vejo vocês numa próxima jornada — levantou-se fazendo uma reverência para logo após retirar-se em direção à porta — Ah! Já ia me esquecendo. — olhou em minha direção — Diga ao seu meio-irmão Sesshoumaru, que o futuro está distante, e ele precisará ser firme e forte para o que deverá enfrentar. Mas para não se preocupar, porque enquanto ele continuar tendo a quem proteger, tudo estará salvo.
Observei o mestre sair sem falar mais nada, precisava gravar aquela mensagem em minha cabeça, nem tinha me lembrado do pedido de Sesshoumaru, nem sei como o mestre soube também. Ahhh, mas isso não importava! Agora só conseguia pensar no que ele havia acabado de contar. Jogar toda aquela informação de uma só vez tinha me deixado com a cabeça girando. Kagome ainda estava estática sentada me olhando sem piscar, sua respiração parecia suspensa com se estivesse assimilando tudo. Ouço ela agora respirar fundo e piscar, como se voltasse a sua consciência.
— Kah… você está bem?
— Estou Inu… — levantou-se — Precisamos ir, Miroku está nos esperando há um bom tempo, deve estar ficando ansioso.
Achei melhor concordar porque teríamos ainda uma extensa caminhada de volta, então aproveitaria para conversar com ela e saber o que pensava sobre tudo isso. Sabia que para ela não era uma decisão fácil, mesmo porque não teria como voltar atrás.
Observei-a a minha frente, seus ombros retraídos e sua postura estranhamente quieta.
“Será que pensava em retornar para a casa dela? Seria essa uma decisão muito difícil e penosa para ela?”
Precisava achar uma brecha nesse retorno e dizer que a queria em minha vida para sempre, como minha mulher e companheira. Que mesmo se ela decidisse não ser marcada, mesmo assim a queria ao meu lado até o fim de nossas vidas.
Sim, ela precisava saber o quanto era importante para mim.
Dizer a ela o quanto a amava…
Notas Finais
Beijos no coração!
Autor(a): Carlinha
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