Fanfic: Karina Andréia - Uma heroína das pistas | Tema: Automobilismo; Mulheres nas pistas; Histórias
Estamos agora autódromo de Bilbao, dia 08 de outubro. Chega à noite. Nossos heróis não foram para casa ainda. Ao invés disso, eles resolveram comentar uma data que é especial para eles:
– Hoje você completa 18 anos, filha... quem diria...
– É... novos caminhos, novas responsabilidades... e também novos sonhos...
– E pensar que foi ontem parece que você era tão pequenininha. E hoje vc. é uma mulher adulta...
– Passamos por tanta coisa, né, pai??? Tivemos muitas dificuldades, muita luta, muitos sonhos... eu lembro muita coisa ainda do senhor brincando comigo, outras eu via você triste e tentava compreender, mas acho que sou feliz mesmo em ter uma família tão especial quanto é a minha...
– É... não foi fácil essa nossa empreitada. Lembro que há pelo menos uns dez anos, estava muito ruim da cabeça e numa depressão enorme... cheguei em pensar em desistir e voltar para o Brasil sozinho...
Um silêncio toma conta dos dois... até que a Karina continua:
– É triste lembrar o que o senhor passou, né??? Mas isso só serviu para nos fortalecer ainda mais...
Por um instante, eles voltam no tempo...
(...)
Os dois contam suas trajetórias antes de iniciarem nas pistas.
Vander era um aficionado por automobilismo e conta para Karina como conheceu a Estela, mulher que se tornaria sua esposa, e como a Karina veio para o mundo. Foi numa peça de teatro em São Paulo, no Brasil, onde Vander era um jovem, que se encantou com a beleza e carisma de Estela logo na entrada de espera do teatro, e ambos sentiram afinidades um com o outro. Ele conta também como a Karina Andréia veio ao mundo, fruto de um intenso amor entre Vander e Estela, e depois também conta as alegrias, tristezas, dificuldades, como ele veio para a Espanha, abandonando a família no Brasil para se casar com a Estela, numa cerimônia muito comédia e tudo o mais.
Anos depois, Vander já tinha uma pequena empresa de tecnologia que montou graças ao salário que ganhava como empresário de Estela González das peças de teatro dela. A empresa estava crescendo um tanto devagar, mas constante. Mesmo assim, Vander não se sentia feliz naquilo que estava fazendo.
Algumas brigas também ocorriam, por causa do temperamento de Vander e também da depressão que estava tomando conta dele desde o tempo que morava no Brasil, antes de conhecer a esposa, criando um senso crítico de ver e analisar as coisas ao seu modo. A Estela sempre o aconselhava a procurar um médico, um psicólogo. Mas ao invés disso, Vander costumava descontar sua raiva de duas maneiras: uma era no computador, onde escrevia muito para fóruns de debate. A outra era praticando boxe com aparelhos na garagem montada na casa dele., mas ele também gostava de compartilhar momentos alegres e tentava dividir com eles, como uma conquista de seu time de futebol, as peças de teatro da esposa ou momentos com a família.
Mas teve um momento não tão alegre assim que marcou a vida de Vander. Era uma noite. Era a Copa do Mundo de Futebol, realizada no Brasil em 2014. Ele, como um amante do futebol, preparou a festa para chamar Estela e Karina, na época, uma garotinha de apenas 8 aninhos, para verem a Seleção Brasileira em ação na Copa.
Jogo decisivo e muito acirrado...
Vander:
– Oba, vamos ver o Brasil atropelar esses alemães feladaputas arrogantes que pensam que podem vir com tudo aqui. Eles têm uma time, mas nós temos uma seleção... já trouxe até a pipoca...
Karina, sentadinha no sofá, apenas pergunta:
– Por que temos que ficar acordados até mais tarde para ver o jogo do Brasil, mamãe???
– Ideia maluca de seu pai. A gente pode ver o VT de manhã, mas o seu pai quer assim, não sei por que...
– Ah, deixa de bobagens... VT não é tão emocionante quanto o jogo inteiro ao vivo. Não tenho culpa de o fuso horário ser diferente do nosso. E outra: sempre deu sorte, toda vez que a Andréia assiste jogo comigo de madrugada, o Corinthians ou a seleção sempre ganhavam... por falar em Corinthians, o técnico do Brasil resolveu afastar todos os corintianos do time...
Estela ouve apenas em silêncio e pensa consigo mesma:
- Ai, ai... essa mania de perseguição...
Bom, a partida começa. A torcida brasileira faz pressão enorme no estádio. Mas logo pinta o primeiro gol alemão. O Vander tenta manter otimismo:
- Tudo bem, podemos virar ainda isto daí. É começo de jogo...
O Brasil pressiona e tenta igualar a partida. Mas logo vai tudo por água abaixo quando a seleção brasileira toma o segundo. Depois o terceiro. O quarto e o quinto gols. Em trinta minutos de jogo, o Brasil já perdia de 5 a 0. Um silêncio no estádio. Torcedores chorando incrédulos com o que estavam vendo. Somente os alemães cantando e vibrando. O mundo não acredita no que está vendo. Um chocolate alemão em cima do Brasil.
Vander fica incrédulo e as mulheres da casa passivas, apenas observando depois o Brasil no Segundo Tempo tomar o sexto e o sétimo gols. O Brasil, no final ainda faz o gol de honra. Mas já ficou na história. A maior goleada sofrida pela seleção brasileira numa Copa do Mundo. Um acachapante 7 a 1 que o Brasil levou da Alemanha vestida com as cores do Flamengo.
Depois do desfecho da partida, com o Brasil eliminado da Copa, sendo obrigado a disputar o terceiro lugar, o narrador fala apontando os motivos para o fracasso da seleção em casa: menosprezo ao adversário e o apagão que o time sofreu foi um ponto que foi tocado em questão por eles:
- O Brasil lutou, jogou muito bem a partida, mas não se classificou. É evidente que o Brasil menosprezou o poder de força da seleção alemã. Não se deve fazer isso contra qual adversário for, e o Brasil fez isso...
Mas o Vander não quis nem saber. Ao ouvir essas declarações, ele imediatamente fechou a cara e se levantou imediatamente. A passos largos, visivelmente nervoso, ele bateu com força na porta da sala e se rumou direto para o galpão da casa.
Estela, olhando a cena, apenas pensa tristemente:
– Vander, Vander... para que tudo isso??? Foi somente um jogo...
Nisso, a Karina se levanta rapidamente do sofá e vai correndo atrás de seu pai, mesmo com o clamor da Estela:
– Não vai não, filha... por favor...
Karina ignora a ordem da sua mãe, indo até o galpão, para encontrar com o seu pai. Ela chega e para na porta do galpão.
E lá estava o Vander, esmurrando o saco de boxe, chutando-o e vociferando palavrões. Bom, o conteúdo deles é impublicável aqui...
– Eu falei que tinha que colocar jogador do Corinthians, Pôrra!!! Bando de imbecis, bastardos e energúmenos mercenários duma figa!!! Bando de feladaputas!!!!
Karina chegou no barracão, da porta observando apenas seu pai xingando e soqueando tudo. Vander se cansou de tantos golpes e tombou, de joelhos no chão, ofegante. Sua filha chegou perto dele e apenas disse, confortando-o:
– Pai... não fique triste... o Brasil perdeu porque não convocou jogador do Corinthians para a Seleção... por favor pai...
Ela, imediatamente abraça seu pai, talvez oferecendo conforto:
– Eu fico triste quando o senhor não fica legal... não deixe que a tristeza te contagie e te deixe tomar conta...
Ao ouvir as súplicas de sua única filha, Vander apenas tem forças para retribuir o abraço e chorar copiosamente, talvez um tanto envergonhado pelo vexame ou por causa das súplicas de sua filha...
Minutos depois, a Estela aparece, e talvez temendo o pior, se surpreende ao ver uma cena: Karina está ajoelhada perto de seu pai, que está deitado, com a cabeça repousada no seu colo. Estela apenas observa sua filha confortando seu pai e dizendo algumas palavras...
– Vem, filha... vamos deitar... deixa seu pai dormindo...
E elas vão embora. A Karina se recolhe nos braços de Estela e apenas diz:
– Papai vai ficar legal, mamãe... ele se esquecerá logo desse jogo...
– Espero que sim, filha... espero que sim...
Por uns instantes, a Estela desce as lágrimas em silêncio. Ela deve ter percebido que seu casamento estava por um fio...
(...)
– Só sei que depois desse jogo, eu confesso que pensei que o meu casamento tinha acabado. Pensei em voltar para o Brasil com minhas coisas e deixar vocês duas com a empresa para tocar. Mas aí eu tive um sonho maluco que envolveu vocês duas e aquilo me abriu os olhos...
– Conte-me esse sonho, pai. Talvez eu possa te ajudar nisso...
(...)
Ainda na garagem, Vander dorme sozinho no chão. Eis que uma luz enorme e brilhante aparece, fazendo-o despertar. Vozes são ouvidas:
– Vander... acorde, querido...
O Vander acorda ao ouvir essa voz e coloca o braço na frente dos seu olho. Ele tem uma certa dificuldade de ver quem está chamando-o nesta hora.
Duas pessoas aparecem desta luz. Uma das pessoas era a Estela, esposa do Vander, e a outra, uma moça aparentando uns 18 a 20 anos, ao lado de Estela:
– Vander... eu tenho muito para te falar...
O Vander, atônito, não acreditando no que está vendo, resolve então falar:
– Estela... querida... você está tão diferente... tão linda..., mas quem é essa linda moça que está aí do seu lado???
Nisso, a moça abre um sorriso e fala com o Vander:
– Pai... o senhor não está me reconhecendo??? Sou eu, a sua filha... Karina Andréia...
Surpreso e perplexo, o Vander diz:
– Andréia..., mas você adulta... está tão... linda... diferente...
– Obrigada, pai... nós estamos aqui para te deixar uma mensagem...
– Mensagem... para mim????
– Querido... sei que você está angustiado, depressivo, seu coração se sente assim, mas por favor, ouça a gente... algo muito bom acontecerá para nós e os próximos anos serão fundamentais para isso...
– Como assim??? Não entendi... algo de bom entre a gente???
– Sim, querido. É só perceber um sinal que a gente der e seguir o caminho do seu coração. Nós o amamos muito, querido. Somos abençoados...
– Pai... vamos seguir em frente... abandone esse ódio e anule a sua angústia... olha, pai... seremos muito felizes... nós faremos muito sucesso com algo que nós temos muito em comum... pense nisso...
– Algo muito em comum... o que seria isso???
– Isso nós revelaremos muito em breve... é só nos ouvir e aí seguindo o seu coração, estaremos num caminho de luz e tudo dará certo. Pense nisso, querido. Nós o amamos, do fundo do nosso coração...
– Nós estaremos junto com o senhor, pai... te apoiaremos no que o senhor decidir...
– E lembre-se, querido. Só seguir seu coração... o seu coração...
As luzes brilham intensamente e as duas somem da vista de Vander, com o brilho ofuscando a visão dele...
– Esperem... eu quero continuar... como seguir o coração...
Elas desaparecem de vez e o Vander, como num transe, cai novamente em sono profundo, com incertezas e questões sobre o que foi dito por sua esposa e sua única filha...
(...)
Continuando o papo:
– Talvez isso tenha sido um sinal de que coisas boas viriam, pai. E foi realmente o que aconteceu...
– Eu lembro muito bem. Aquilo abriu várias portas para a gente...
(...)
Num sábado, véspera da decisão da Copa entre Alemanha e Argentina, Vander não tem forças para reagir. Ele fica sentado na calçada, apenas observando um grupo de crianças brincando e se divertindo no meio da rua interditada para área de lazer. Sua filha brinca e pula animadamente durante um jogo de bola, misturando-se com outras crianças. Minutos depois, ela chega perto de seu pai e tenta animá-lo:
– Pai... estou me divertindo muito mesmo... vamos brincar...
O Vander se nega a vir junto e conclui:
– Ah, pode ir, filha. Eu só quero ficar olhando mesmo...
– Brigada, pai... vai dar tudo certo... eu amo muito o senhor...
Ela beija o rosto de seu pai e volta para a rua, brincando muito mesmo. Vander, ao ver a felicidade de sua filha, apenas sorri timidamente. Até que ele resolve se recolher até sua casa. Lá, ele encontra sua esposa na cozinha:
– Oi, Vander... o que te aflige???
Ele senta na cadeira e se apoia na mesa, abrindo a conversa:
– Eu pensei muito mesmo nesses últimos dias, eu pensei que estava tudo acabado e coloquei a felicidade de nossa filha em risco. Eu tenho até vergonha do que fiz depois do jogo do Brasil...
Sua esposa larga tudo e conversa com o Vander:
– Querido, nós superamos muitas crises juntos, chamei você para morar comigo quando eu não acreditava que você viria... nós vivemos muito bem, você me empresaria nas peças de teatro, nossa empresa está indo muito bem, crescendo e temos uma filha maravilhosa... por que a tristeza???
Vander abre o jogo e revela sua angústia:
– Eu sei, querida..., mas não estou satisfeito... eu sinto que falta algo para mim, mas eu não sei o que é... eu vou andar um pouco na rua e mais tarde a gente conversa novamente...
Ele deixa a cozinha e vai para a rua. Enquanto as crianças brincam, ele vai caminhando sozinho pelas ruas do bairro e estica sua caminhada. Eis que ele vê um barracão logo mais na frente, onde um barulho desperta a sua atenção e ele chega mais perto. Um grupo de jovens vai fazendo algo incomum: eles estão gastando muita gasolina com os seus karts, brincando numa pista montada improvisadamente pelos próprios jovens.
O Vander observa todos em ação e depois que os kartistas terminam, ele se aproxima deles e pergunta:
– Olá, amigos. Precisam de ajuda???
Um deles se identifica para ele:
– Prazer!!! Sou Mathias González e esse grupo aqui são aficionados por automobilismo. Nós estamos treinando sem compromisso aqui...
– Interessante... vocês nunca pensaram em se profissionalizar???
– Bem que queríamos..., mas não temos recursos para isso... nossos karts são velhos e defasados. A gente se vira como pode...
– E se alguém pudesse ajudá-los???
– Até que agradeceríamos, mas não sei se esse apoio viria para nós...
Eles conversam mais um pouco e Vander se despede, prometendo vê-los novamente em ação na semana que vem. Ele resolve voltar para casa e lá conversa com sua esposa:
– Eu vi um grupo de jovens bastante animados, mas com pouca grana... se alguém pudesse ajudá-los...
Estela se interessa pela conversa e puxa o assunto:
– Você me leva para ver eles??? Fiquei curiosa...
Promessa feita, promessa cumprida. Os dois na semana seguinte vão ao local. Estela observa atentamente a determinação desses jovens nos seus karts defasados. Fim de treino, Vander e Estela conversam bastante com o grupo, eles expõem seus objetivos, o que precisa ser melhorado e a Estela anota tudo. Pequenininha, nos braços de sua mãe, Karina apenas vê seus pais em ação.
– Eu vi o amor que eles têm pelo que fazem, querido. Talvez se nós mesmo pudéssemos fazer alguma coisa por eles...
– Como poderíamos ajudar esse grupo???
– Pode deixar que eu sei como fazer isso... e vou precisar bastante de sua ajuda. Nós temos os recursos para isso. Agora é só fazer a pesquisa...
Nas horas de folga, eles se dedicam a pesquisar mais sobre kartismo e corridas. O Vander entra com as informações e a Estela usa os seus contatos para viabilizar parcerias.
Pesquisando muito, eles olham tudo que uma competição de kart precisa. Eles viram a necessidade também de uma pista. Com os contatos que Estela tem, ela consegue também buscar interessados em montar uma pista num terreno em Santander. Eles pesquisam preços de karts e resolvem abrir uma representação de uma marca.
Logo, os nossos heróis resolvem arquitetar um plano e procurar fazer o que for possível nesse novo mercado que eles resolveram entrar. Fizeram pesquisa, verificaram cotas de patrocínio em corridas, direitos televisivos, rádios na Internet, serviço médico entre outras coisas. Vander, com os conhecimentos que tinha, criou um site especializado em corridas de kart, onde poderia colocar dados como perfil dos pilotos, informações sobre corridas, e tudo mais.
Nos dias seguintes, Vander e Estela chamaram os pilotos que frequentavam o local, abrem suas metas e coloca-se à disposição de todos:
– A pista, nós vamos conseguir com o apoio da rede privada. Já até temos a ideia de um terreno perto daqui. Quanto a vocês, se quiserem mesmo progredir, virar pilotos profissionais, temos uma ideia: vocês podem sim procurar patrocínios e criarem estratégias de marketing.
Estela começa a explicar para os pilotos:
– E também oferecemos material para isso. Esses livros e DVD´s ensinam como buscar patrocínio, explorar o marketing pessoal de cada um de vocês e esse outro dá dicas sobre pilotagem de kart profissional e outras coisas mais.
– E não é só isso: estaremos vendendo karts modelos novos para vocês substituírem os seus modelos defasados. Se vocês quiserem, aceitamos seus karts como entrada e o restante pode ser parcelado.
E a Estela abre uma caixa e mostra os produtos para todo mundo:
– E também vendemos capacetes, macacões, acessórios e tudo o mais que um piloto precisa para seguir em frente.
O tempo foi passando, os pilotos aprenderam muito como se faz e em pouco tempo, já dava para organizar um campeonato de verdade. O espaço reservado aos kartistas foi implementado, com barracas de vendas de acessórios, lanches e outras coisas mais, tudo administrado por Estela. Vários pilotos também criaram barracas onde puderam vender souvenires que lembrem os pilotos, servindo como fonte de renda para eles e também ajudá-los nas corridas.
Vander também criou como uma fonte de renda a venda de macacões, capacetes, karts e outros, sempre apoiado pela Estela, montando também uma equipe de apoio nas vendas. Os lucros eram divididos para os dois e deu para eles crescerem mais profissionalmente. Aliás, a própria atriz também montou uma barraquinha de quitutes doces e salgados, colocando-os à venda e a Karina foi servindo de apoio para ela.
– Você me ajuda a vender esses quitutes, filha???
Karina responde:
– Claro, mãe... eles devem estar deliciosos. Vão vender como água...
Karina, pequenininha, revelava-se ser uma ótima vendedora, tendo um jeitinho especial para isso e o público comprava os quitutes com satisfação e alegria.
– Vamos lá, gente. Aqui tem guloseimas deliciosas...
Os compradores vinham e se deliciavam com os quitutes. Karina ganhava o dinheirinho e guardava com carinho, graças à simpatia e carisma que arrebatava os clientes.
Realmente, os frutos foram acontecendo e os pilotos, evoluindo aos poucos, alguns já mostravam forças com patrocínios e expectativas de crescimento no automobilismo. O regulamento técnico também foi evoluindo, de acordo com as necessidades e as ideias dos pilotos. Para buscar patrocínios, Vander criou parcerias. Com sua empresa, ele foi divulgando sua marca a preços baixíssimos e vendia os espaços em valores de 20 a 50 vezes maior, dependendo do local e das ofertas das empresas que mostravam interesse no campeonato. Ou seja, foi bom para todos essa mudança radical e em pouco tempo, já tinham um produto que dava resultados e bons frutos.
Nisso, os nossos heróis ficavam felizes pelo trabalho apresentado:
– Nem sei como agradecer., disse Mathias González, que conclui:
- Nós mudamos muito nossa forma de pensar e agora muitos de nós já estamos pensando em ser profissionais. Meus parabéns mesmo...
– Bom, isso não foi nada. É que...
– Ah, querido. Deixa de modéstia. Nós fizemos um bom trabalho, graças ao empenho de todos. Essa conquista também é de vocês, amigos...
Eles apenas olham a movimentação e se deslumbram com os resultados. Mas a surpresa principal ainda viria para eles...
(...)
– E quando você falou que queria ser piloto, filha... o susto que nós tomamos...
– É... eu me lembro bem... o senhor e a mamãe ficaram surpresos...
(...)
Um certo dia, Karina estava olhando os pilotos andando no kart e reparou algumas crianças competindo. De tanto observar os karts em ação, ela já deu sua opinião aos seus pais, e convicta, disse:
– Pai... eu quero ser piloto de corridas também...
Essa declaração pegou os pais de surpresa. Vander e Estela se olharam entre si, perplexos. Pensaram muito e foi aí que Vander se abaixou e olhando para o rosto dela, resolveu conversar com sua filha:
– Diga-me, minha pequerruchinha. O que você viu para tomar essa decisão tão importante???
E Karina responde:
– Eu acho que tenho talento e posso ganhar corridas, pai...
E o Vander responde:
– Mas filha, você ainda é muito pequena para isso...
Karina ainda insiste:
– Mas, pai. Eu quero ser uma piloto de corridas...
O Vander pensa, e chega a uma conclusão, entrando em acordo com sua filha:
– Eu sei, filha. Você quer muito ser piloto, mas espere mais um pouco. Aproveite bem sua infância, não deixe essa época tão maravilhosa de você passar sem você brincar... aí quando for a hora certa, eu mesmo montarei uma equipe só para você. Feitcho???
A Karina pensa e resolve aceitar:
– Está bem, pai..., mas olha que eu vou te cobrar, hein???
– Fique tranquila, filha... eu amo muito você...
Os dois encerram a conversa com um abraço forte...
(...)
– É, eu disse isso mesmo..., mas o motivo não era esse: é que eu não tinha dinheiro ainda para te dar a equipe e a atenção que você tanto merecia, filha. Mas aí veio a hora certa...
– Eu lembro bem, pai... o meu primeiro kart, velhinho, mas muito cheio de histórias...
(...)
Em casa, Vander e Estela providenciaram uma festinha para Karina Andréia. Era o aniversário de 12 anos. Durante os parabéns, assoprar velinhas e o bolo servido, Vander lembrou do presente:
– Bom, filha. O meu presente é esse:
Ele entrega um papel e ela abre. É um mapa, onde ela tem que procurar o seu presente.
– Nossa, pai. O que será que é, hein??? Bom, vou procurar e depois eu te falo...
Ela segue todos os passos do mapa. Pula dali, daqui, tropeça, derruba coisas, chega até à garagem da casa. Dá alguns passos a mais e finalmente chega até o presente. Ao abrir, qual a felicidade da Karina ao ver o que ela estava tanto esperando: um kart de corridas.
Imediatamente ela corre até a casa e abraça os pais.
– Pai, mãe... finalmente era o que eu tanto queria. Brigado, gente. Eu amo vocês...
E entre os beijos dados aos seus pais e alguns pedaços de bolo, a Estela fala:
– Mas não é só isso, filha: temos isso daqui também...
– Ah, mãe. Não precisava...
Ela abre e vê o presente para ela: um macacão de corridas, um capacete e alguns acessórios.
Toda feliz, Karina imediatamente corre até o quarto e quando volta, aparece vestida como um piloto de corridas.
– E aí, pessoal??? Fiquei bem com macacão de corridas???
– É... ficou uma piloto de verdade mesmo. Depois, colocarei os patrocínios nele. E a pintura do capacete, vc. vai escolher e me passar depois para que eu possa depois personalizá-lo...
E logo depois, Vander já levava sua filha para treinar com o kart. Aproveitaram a pista vazia, ele foi observando-a em ação, dando dicas, molhou a pista para testá-la em condições de chuva. Nas corridas seguintes, ela ficou observando atenta os demais pilotos acertando seus karts, observava muito mesmo o paddock e outras coisas mais...
O primeiro campeonato que ela disputou foi ainda na última etapa daquele ano. Vander olhava para a pista e finalmente fazia o debut de Andréia López:
Logo na sua chegada, o público presente para prestigiar a corrida do final de semana e os nossos heróis chegam no paddock. Coisas arrumadas, kart pronto e a Andréia se mistura com os demais pilotos. O Vander fica um pouco preocupado porque chega perto da hora de ir para a pista:
– Ué... cadê a Andréia... ah, essa pirralha...
Ele anda alguns metros e encontra uma aglomeração. A sua filha está lá, com as mãos dentro de seu macacão, conversando com os demais pilotos que se impressionaram com a jovem espanhola:
– ... e hoje é a minha corrida de estreia no kart. Deve ser uma loucura mesmo disputar freadas... quero andar bem e me destacar bastante na categoria...
Os outros já se impressionam com a naturalidade encarada pela jovem debutante. Eis que o Vander se aproxima e intervém:
– Ah, você está aí, filha... bom, que ótimo saber que você já está se enturmando com a patota aqui. Bom, temos que ir. Vamos logo que a gente já vai para a pista...
Os dois deixam o local e vão para os boxes. A Karina comenta sua impressão antes de sua estreia:
– O pessoal aqui é bem simpático, pai. Já me senti bastante à vontade junto com meus novos colegas...
Vander apenas sorri e comenta:
– Que bom que você já conseguiu se adaptar bem à essa nova rotina. Agora vamos que já está na hora das baterias iniciais...
Eles finalmente se ajeitam, a Karina entra no seu kart e ouve os últimos conselhos:
– Bom, Andréia. Agora é com você. Vamos lá e tome muito cuidado nas divididas. Estamos com você...
Karina agradece e acelera. Na prova, sua estreia, ela foi um pouco discreta, mas terminou suas baterias no pelotão intermediário. Uma estreia positiva, segundo o Vander:
– Bom, filha. Isso é só o começo. Você vai evoluir ainda e ganhar corridas.
– É... até que não foi tão difícil. O senhor acha que tenho condições de um dia tornar-me campeã???
– Claro, filha... você vai ter todo o tempo do mundo para isso...
(...)
– Mas isso só seria um passo para que nós pudéssemos ir em frente nas pistas, filha... você passou a disputar e ganhar corridas e nós aqui de casa também progredimos muito...
– Eu lembro de nossos negócios e o quanto eu queria ajudar o senhor... aprendi muito mesmo...
E a saga continuaria...
(...)
Um dia, ainda nos seus 13 anos, Karina conversando com o seu pai, pediu para ele:
– Pai... eu queria trabalhar com o senhor para entreter o meu tempo... ficar muito sozinha em casa não é muito legal...
O Vander se surpreendeu com essa declaração e concluiu:
– Que bom que você quer ter responsabilidades, Andréia. Bom, acho que tenho um servicinho para você lá na empresa...
No dia seguinte, os dois foram para a sede da empresa de Vander e lá no escritório, eles abriram o jogo:
– Deve ser uma loucura mesmo essa correria do dia-a-dia...
– Bom, acho que já sei a sua função, mas antes quero conversar com você se está disposta a conhecer nossa rotina e se dedicar bem nesta função que vou lhe delegar...
– Pode falar, pai. Eu estou aqui para ouvir e aprender...
– Ótimo!!!! Sua função vai ser atender pedidos de fornecedores e lançar numa planilha aqui no Software da empresa. Você vai fazer o controle de nossas funções e detectar anormalidades. De Segunda a Sexta no período da tarde depois das aulas, e no Sábado, de manhã. Quinhentos euros por mês para começar...
– Quinhentos Euros, pai... eu acho...
– Qual o problema??? Eu não ganhava tudo isso quando tinha sua idade. E você vai aprender a administrar seu dinheiro com seus gastos. Aí com o tempo, você pode negociar aumento dependendo da dedicação sua...
– Está bem, pai. Eu aceito a ideia e quero aprender muito mesmo...
– Ótimo!!!! Amanhã você aqui às 13...
Trato combinado, Karina começou bem, apanhando um pouco no começo, mas a cada dia foi aprendendo mais e mais sobre suas funções e responsabilidades... com jeitinho, foi conquistando seu espaço dentro da empresa e dos negócios do pai. Durante uma negociação de aumento, ela dizia:
– Eu sei que estou realizando um ótimo trabalho e também sinto que mereço ganhar mais, Vander... se me atender, posso render muito mais...
Assim, foi ganhando a confiança e começando a ganhar cada vez mais vantagens, depois de muita dedicação, onde também negociava bem os ganhos que pretendia. Em pouco mais de um ano na empresa, já ganhava o dobro do inicial e também novos extras, de acordo com cada grau de responsabilidade das tarefas a que eram delegadas. Aprendeu muito mesmo e virou uma pessoa de confiança da família.
E nas horas que acelerava, continuava sua vida normal e o seu ritual de sempre: cumprimentando seus adversários e disputando freadas. Assim, ela também foi amadurecendo nas suas corridas e conquistando cada vez mais espaço...
Já Vander continuava a todo o vapor seus planos para o automobilismo. Com o tempo passando e os lucros acumulados do kartismo, ele resolveu ir mais além:
– Nossa, Estela. Compramos esse terreno enorme e agora com os lucros que obtivemos, vamos planejar um autódromo nessa região. Em cinco anos, esse complexo com pista oval, misto e kartódromo vai estar em pé e recebendo corridas de várias categorias.
– Vai dar tudo certo, querido. Nós estamos indo muito bem e com esse planejamento, a pista vai ser um sucesso...
– É... também temos que nos preocupar com parte hoteleira, se montarmos um resort para os fãs da velocidade, vai render um bom dinheiro...
– Já até estou vendo tudo isso em pé... com Deus nos orientando com a nossa fé e nós trabalhando, tem tudo para ser sucesso. Somos abençoados...
Os planos eram audaciosos, mas isso custou um certo endividamento entre eles, que foi facilmente administrado pelo casal, negociando os materiais e os serviços, cumprindo os prazos estipulados. Isso quase custou a carreira da Andréia, onde tiveram que administrar muito bem as dificuldades envolvidas tanto financeiramente quanto socialmente e para piorar, a saúde de Estela quase que ficou debilitada por um problema no coração. Isso seria o fim, mas logo Estela se recuperaria deste entrevero.
Lições foram aprendidas com esses episódios. Mas logo depois, mais tranquilos, deu para administrar melhor os planos, na maciota, como eles costumavam dizer. Tudo ficaria bem e a carreira de Karina continuaria, depois dos entreveros resolvidos.
E assim, ele montou o autódromo de Bilbao, uma pista que revelaria ser rápida e seletiva. Também mergulhou no ramo de hotelaria e turismo (experiência adquirida nos estudos no Brasil), construindo um hotel em Bilbao, alguns resorts e montando pacotes turísticos, incluindo as corridas no meio. Com isso, a fortuna da família foi-se acumulando e crescendo progressivamente. A empresa de Vander se tornou uma referência na Europa e classificada como uma das melhores para se trabalhar. Além, é claro, da Alana VEK Technology, criada como uma brincadeira de parentes da Estela, e que hoje fabrica carros de corrida.
(...)
Finalmente, os dois terminaram suas histórias. E eles chegam à uma conclusão:
– Bom, pai. Acho que voltamos muito nas histórias, o papo estava muito legal mesmo... e agora é tocar para a frente...
Os dois se levantam do muro, vão andando alguns metros e o Vander ainda conversa com ela enquanto algumas pessoas vão chegando perto:
– Pois é... 18 anos... quem diria... você pode aproveitar muito bem agora a sua vida... e vai começar agora mesmo... vamos lá, pessoal...
– O que... ai!!!!
Ele se afasta da sua filha, que fica parada e leva dos mecânicos uma saraivada de ovos e farinha, que são tacados na sua cabeça e fazem aquela mistura pelo corpo dela. A Karina fica toda suja e lambuzada de ovos e farinha, fazendo aquela confraternização típica de jogadores de futebol...
– Aaaaaaai... ô, pai... que é isso... estou toda lambuzada... ai, ai, ai...
Sem dúvida, um carinho a mais para ela que está se aperfeiçoando cada vez mais no esporte.
(...)
Autor(a): vanderson5808
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Depois de treinos exaustivos na semana, uma folga para eles. Chega finalmente o Domingo. Então, folga para avaliar os erros, ratificar os acertos e também um pouco de lazer. Em casa, Karina Andréia acompanha a decisão da Fórmula 1 pela televisão. Ela chama seu pai para assistir: – Pai, hoje é a decisão do t&iacut ...
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