Fanfic: Lost & Found (Faberry) | Tema: Glee
QUINN
Eu simplesmente esqueci como falar.
Era ela. Meu coração saltava tanto no peito que talvez até Rachel pudesse escutá-lo.
O cabelo chegava à cintura, e o rosto estava mais magro que me lembro, mas definitivamente era a mulher que eu amei a vida inteira. Que me olhava como se estivesse vendo um fantasma.
Ela estava tão bonita.
O que eu deveria fazer? Abraçá-la?
–Policial –Rachel me olhou de cima a baixo, e o sorriso falso que exibiu foi com jogar um balde de água fria nas minhas emoções –Não esperava por isso.
Era compreensível a aversão de Rachel referente a polícia de Wood Valley. Fomos paradas inúmeras vezes pelos policiais, pelo simples fato que um Berry na cidade era visto como um suspeito. Não suficiente as abordagens, também olhavam pra Rachel com inferioridade. Rachel praticamente herdou a raiva de policiais de sua família.
Mas eu não a via apenas como uma garçonete. Assim como ela não tinha que me ver como só uma policial.
E queria muito saber se ela já estava ali há muito tempo ou chegou agora?
–Essa foi a mesma frase que meu pai disse –Respondi automaticamente, só pra não parecer uma idiota completa.
–Uma coisa em comum com o Sr. Fabray então –Outro sorriso amargo. Ela ainda era incapaz de esconder suas emoções –Não preciso dizer que todos estão apreensivos com você aqui. O "Toca do Inferno" tem uma aversão bem forte a policiais.
–Então isso não mudou? –Decidi que seria melhor fingir que não frequentava ali.
Queria saber o que ela sabia. Queria saber sobre tudo.
–Duvido que um dia mude –Rachel olhou pro lado, e outra emoção transpareceu. Ainda tinha desprezo pelo bar da família.
–Você está linda –Deixei escapar.
–Obrigada –Suas bochechas esquentaram. Rachel deu uma boa olhada pra mim e respondeu –Você está... cansada.
–Uma legitima policial –Cocei a nuca –Agora sei porque Sr. Robert vivia dormindo na viatura.
–Rachel! –Um grito estridente surgiu da cozinha.
–Desculpa, tia. –Rachel virou–se em minha direção com um olhar urgente –Vamos lá, qual será seu pedido e por favor me diga que é pra viagem.
–Hum...
–Quinn! –Exclamou April se aproximando de nós.
–April!
–Quanto tempo que não vem aqui! –April beijou minhas bochechas e falou a Rachel em seguida –Rachel, fique tranquila. Essa é Quinn, ela vem aqui há anos! Quinn, essa é minha sobrinha Rachel.
–Nós já nos conhecemos, tia –Rachel cruzou os braços em cima do peito –Fui eu quem trouxe Quinn pela primeira vez, lembra?
–Oh verdade! Ela era sua namoradinha. –April apertou a bochecha de Rachel –Foi por isso que veio de uniforme? Estava ansiosa pra ver minha sobrinha?
–Tia.
–Na verdade, April, eu não sabia que Rachel estava na cidade. Você não me contou essa fofoca! –Bati levemente meu quadril na lateral de April.
Sempre gostei de April. Apesar de ser uma Berry, o que pra muitos policiais seria motivo pra jamais chegar perto dela, a mulher tinha um coração enorme. Nunca me julgou pelas noites que passei aqui depois que Rachel foi embora, ou nas noites que virei quando Harmony tornou a situação insuportável na minha casa, nem mesmo como nessas que eu só precisava de uma boa refeição e um caneco de cerveja.
April me oferecia um sorriso e discrição em todas minhas visitas. Com uma palavra dela ninguém seria capaz de me incomodar, nem mesmo quando um Berry aparecia de supetão.
Convenci Figgins que ela era minha espiã, o que justificava minhas visitas constantes, quando na realidade eu simplesmente gosto dela.
–Ela pegou todo mundo de calça arriada –Explicou jogando os cabelos pra trás. –Do nada estava sentada no meu balcão pedindo emprego.
–Temporariamente –Pontuou Rachel. –Tia, o Sr. Earl está esperando as cebolas empanadas.
–Jesus, Maria, José, eu as deixei no fogo! –April deixou um beijo na bochecha de Quinn –Foi bom te ver, Quinn.
–Igualmente –Sorri amável a mulher.
–Quer dizer que já vinha aqui antes –Rachel me encarou raiva.
–Nunca com essa roupa –Ergui os ombros, justificando minha meia verdade. –Deve ser por isso que os outros estranharam.
–Não há bares mais próximos da cidade? –Rachel ergueu a sobrancelha.
–Eu gosto daqui–Justifiquei. –Me traz boas memorias.
–Nick, pare! –Rachel segurou as mãos gordinhas do irmão, tentando impedir que ele continuasse a arremessar sua comida em mim.
Era o primeiro bebe que eu tive contato na vida. Meu pai não tinha irmãos, e minha mãe só tinha a Tia Ângela que não podia ter filhos apesar da minha mãe não explicar porque. Minha Tia Ângela é deficiente visual, mas pelo que li isso não a impede de gerar um bebê. Talvez isso fosse só mais uma mentira da minha mãe.
Enfim, foi uma tremenda surpresa quando a mãe de Rachel nos contou que estava esperando um bebê. Ela nos contou que ficou gravida enquanto visitava o pai de Rachel na prisão. Não nos contou como uma mulher fica gravida, mas Rachel também não quis mais informações.
Rachel amou a ideia de ter um irmãozinho. Mas acho que ela mudou de ideia pela forma que o encarava agora.
–Quinn, sinto muito. Esse menino é um terrorista! –Rachel limpou as mãozinhas de Nicholas.
–Não, ele é só um Berry mesmo –Comentou Shelby passando por elas enquanto limpavas as mesas vazias.
–Está tudo bem –Eu não ligo pra sujeira, e se escondesse bem o suficiente da minha mãe não teria problema nenhum. Passei o dedo pelo purê que escorria pela gola da minha blusa –Hum, está gostoso.
–Pronto, comam rápido e sumam daqui! Esse lugar não é pra crianças! –A tia de Rachel, acho que o nome dela é April, surgiu com dois pratos com hamburguer e batata frita.
Peguei o prato já ansiosa. Só aqui eu conseguiria comer uma comida dessa.
–A sua comida é sempre a melhor, Tia April –Elogiei enfiando as batatas na boca.
–Quinn, sua pequena garota charmosa –April piscou pra mim.
–Não somos pequenas, tia. Somos adolescentes! –Rachel reclamou olhando feio pra mulher.
Era legal ver que Rachel não tinha medo de enfrentar sua tia assim. Em casa eu nunca podia levantar a voz, muito menos dizer o que penso.
–É verdade! –Shelby concordou. Depois se aproximou de Rachel e beijou–lhe o topo da cabeça –E adolescente aqui tem que ir arrumar a casa.
–Mãe!
–Eu te ajudo, Rach –sussurrei, pra acalmá–la.
–Isso não vai me fazer gostar de limpar a casa, Quinnie –Rachel cruzou os braços e fez beicinho.
–Quinn é a rica, mas é sua filha que é a mimada –April negou com a cabeça –Você é uma Berry, menina. Não esqueça que não há espaço pra "mimo" em uma vida como a nossa.
RACHEL
–O que vai querer, Quinn?
Ela tinha que ir embora. Ela tinha que ir embora o mais rápido possível.
Porque, Puta que Pariu, a Fabray está gostosa demais. Ela sempre teve uma beleza que humilhava todas as garotas de Wood Valley, mas agora tinha um corpo gostoso pra acompanhar. Era difícil me concentrar em me manter fria quando ela estava na minha frente mais saborosa que uma torta de morango na vitrine.
Mas o que me destruía mesmo era aquele olhar, cheio de felicidade por me ver.
Eu não merecia nada que viesse dela, nem mesmo sua lembrança.
–Não se preocupe, querida. O de Quinn já está pronto –Tia April surgiu, carregando dois pratos de hamburguer e batata. –Deveria se sentar um pouco, está na hora da sua janta.
–Tia –Tirei o prato de sua mão, mas recuei um pouco. Eu não aguentaria mais nenhum minuto perto de Quinn.
–Agora, Rachel –April arregalou azuis pra mim.
E apesar de ser menor que eu jamais questionei nenhuma ordem vinda dela.
Quinn se ajeitou no sofá, e sorriu com doçura pra mim. E sem poder negar todo aquele esquema de April, me sentei a sua frente.
–Por que ela puxa tanto seu saco? –Questionei a loira. Até onde me lembro Quinn mal falava com April quando vinhamos ver minha mãe.
–April é minha informante desse lado da cidade –Quinn passou a comer as batatas enquanto me encarava. –Nós mantemos uma boa relação.
–E por que uma simples policial precisa de informante? –Comecei a comer minha comida o mais depressa, assim me livrava da situação mais rápido.
–Talvez seja porque eu não sou uma simples policial –Quinn ficou vermelha. –Sou a subxerife.
–Subxerife –Exclamei com surpresa. –Caramba!
–Não é como se fosse difícil ser subxerife de Wood Valley –Quinn revirou os olhos. –Tirando algumas multas de trânsito e gatos em arvores, meu trabalho é tranquilo. Exceto quando sua família resolve aprontar.
–Foi você que colocou Jake na cadeia? –Tia April só falou disso quando cheguei.
A essa altura ela já devia ter se acostumado com um Berry ou dois sendo preso no mês. Ainda mais sendo irmão mais novo do Puck.
–Foi –Quinn engoliu seco. –Ele roubou o mercado da Sra. Chang. Sinto muito.
–Está pedindo desculpas por fazer seu trabalho? –Duvido que qualquer policial se sentiria culpado em prender alguém da minha família.
–Não –Quinn negou com a cabeça. –Só sinto muito se a deixa triste.
–Jake é um otário que seguia Puck em tudo –Mexi os ombros. Eu mal me lembro do irmão mais novo de Puck, mas minha vó mencionou em nossas conversas que ele tinha "talento" pra encrencas –Ao que parece foi mais burro do que o irmão se conseguiu ser preso.
–Quero saber de você –Quinn me olhou atentamente, senti seus olhos varrendo minha alma –Quando sua mãe e você foram embora... Foi difícil.
Me esforcei muito pra não deixar transparecer nenhum nervosismo enquanto minha perna tremia rapidamente.
Ela merecia uma explicação. Ela merecia uma amiga melhor do que eu fui. Ainda me lembro de seu rosto em nossa despedida, o quanto estava decepcionada comigo por deixa–la quando a mesma fez tanto pra nos manter unidas.
Sou uma pessoa horrível por muitos erros. Mas se tem algo que acertei foi tê-la deixado.
E eu precisava me lembrar disso enquanto ela estava na minha frente e tudo que eu queria era lhe contar tudo.
–Aconteceu uma emergência –Respondi vagamente.
–Eu soube sobre a morte dela. Sinto muito –Quinn protegeu minha mão com a sua, e senti seu toque reconfortando minha alma.
Quando minha mãe morreu a primeira pessoa que eu queria ligar era pra ela. Pra ouvir a dor em sua voz, me fazendo sentir que ela realmente entendia o que eu estava sentindo.
–Está tudo bem agora –Afastei-me dê seu toque, antes que desmoronasse toda a posse que consegui sustentar até o momento. Desviei da conversa então. –E você? Além de policial tem mais outra surpresa?
Quinn me observou por um momento. Por favor mude de assunto, por favor mude de assunto, implorei com os olhos.
–A outra surpresa se chama Beth e tem oito anos –Quinn pegou sua carteira e tirou uma foto dobrada. –Olhe.
Na foto, uma linda garotinha sorria, enquanto abraçava as pernas de Quinn. O cabelo loiro arrumado em perfeitos cachos, e o vestido rosa, foi o que me fizeram dizer que aquela não era Quinn.
Quinn jamais aceitou ser colocada em um vestido depois dos seis anos. Sei disso porque ela fazia questão de me dar todos naquele tempo.
Meu coração torturado foi nocauteado mais uma vez. Quinn já tinha uma filha!
–Quinn! Ela é linda! –Sorri com tristeza observando a imagem. –Oito anos?
–Um pouco depois que foi embora –Quinn explicou.
–Vai me fazer perguntar quem é a mãe, não é? –Infelizmente não consegui soar menos ansiosa.
Quinn teve uma filha, com alguém... Quinn estava casada então?
–Você não conhece –Quinn ergueu os ombros e guardou a foto depois que devolvi. –Betty estuda na mesma escola que Nick. Eu o vejo sempre. Ele está tão grande!
–Pois é, apenas no tamanho –Deixei escapar.
Nick se achava um homem. Quando cheguei há uma semana ele falou comigo se fosse responsável por si mesmo, querendo tomar as rédeas de sua vida. Imagino que minha vó tenha o deixado a vontade demais pra sentir–se com toda essa autonomia e agora é difícil que ele me obedeça sem questionar ou sem brigarmos por isso.
–Foi por ele que voltou? Depois da morte de sua avó tornou–se a guardiã legal dele.
–É mais complicado que isso –Olhei pro meu prato e já tinha terminado metade. Era o suficiente pra April não me encher e conseguir fugir de Quinn. –E eu preciso voltar pro trabalho.
–Nós podemos sair um dia desses –Quinn ofereceu–se rapidamente.
Sim!, meu coração gritou.
Infelizmente deixei de escutá-lo a muito tempo.
–Não, não podemos. Foi bom ter esse momento nostalgia e tudo, mas o meu passado está enterrado. Pode seguir sua vida como se eu não tivesse voltado, tá bem? –Não consegui esperar que respondesse, e me retirei o mais rápido que consegui.
Infelizmente não tão rápido o suficiente pra não conseguir ouvi-la dizer:
–Não acho que consigo seguir minha vida desde que partiu.
Autor(a): blacksweetheart
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