Fanfic: Nossa literatura compartilhada | Tema: Drama, Escolar
Quando Ichihara Yukari acordou, seu café-da-manhã já estava pronto e havia um bilhete sobre a mesa: “Tenha um bom dia e não se esqueça do seu bentô”. Terminado o café, caminhou para seu colégio ainda ansiosa pela decisão de entrar no clube e como seria lidar com Homura a partir dali. Mas quando chegou perto da entrada, ela encontrou as duas que haviam lhe jogado um balde de água ontem, ela passou ao lado delas de cabeça baixa.
— Bom dia — elas disseram sarcasticamente.
Mas ela não respondeu e continuou o seu caminho. Depois que trocou seus sapatos no armário, guardou o resto de suas coisas junto com o uniforme que Homura lhe emprestou. Mas quando caminhou para a sala, as duas apareceram novamente e fingiram que se esbarraram por acidente e derrubaram seus materiais.
— Oh, desculpe — a namorada do menino que havia sido visto com Yukari falou.
Mas ela permaneceu calada enquanto se abaixava para recolhê-los.
— Nos vemos por aí — a outra menina falou ao pisar numa folha.
Mas ela se sentia aliviada, pois não era o formulário.
* * *
Nishima Homura acordou com o barulho de seu despertador e se arrumou para o colégio. Tomou o café-da-manhã juntamente com sua irmã enquanto sua mãe preparava seu bentô.
— Pode levar sua irmã hoje? — Nishima Naomi perguntou.
— Claro.
— Obrigada.
— Hoje vou junto com o onii-chan — Nishima Yumi falou alegremente.
— Mas tome primeiro seu café — ele falou acariciando sua cabeça.
— Tá — ela falou dando mais uma colherada.
Depois que terminaram, Homura retirou sua bicicleta para levá-la, geralmente, sempre caminha para o colégio, mas quando precisa fazer um desvio, vai pedalando. Durante o percurso, eles conversaram um pouco.
— Já fez novos amigos, onii-chan?
— Ainda não.
— Por quê?
— Porque já tenho um, lembra?
— Mas não é aquele do fundamental?
— Sim, por quê?
— Você precisa fazer amigos.
— Vou tentar.
— Promete?
— Prometo.
Apesar de só ter sete anos, Yumi se preocupava com seu irmão e percebia que, às vezes, ele parecia distante desde que algo aconteceu no passado, mas ele nunca falava e nem sua mãe.
Depois que ele a deixou na escola dela, Homura pedalou para seu colégio ainda pensando no que havia prometido e se Yukari aceitou seu convite.
* * *
Quando Yukari entrou na sua sala e se sentou perto da janela, sua única amiga, Tsujino Kiyoko, que se sentava ao seu lado chamou sua atenção.
— O que aconteceu com você ontem? — Kiyoko lhe cochichou. — Não íamos para casa juntas?
— Desculpe. Tive um imprevisto — Yukari cochichou.
— Não me diga que foram elas de novo? — Kiyoko falou ao observar as duas que haviam entrado.
— Deixe isso para lá, estou bem.
— Só porque aquele cara falou com você.
— Tudo bem, não quero nada com ele.
— Continuamos durante o intervalo, antes que a Hattori-sensei chame nossa atenção.
— Tem razão.
Elas terminaram a conversa e a aula seguiu normalmente.
* * *
Homura estava olhando o lado de fora da janela depois que entrou na sala e, de repente, alguém bateu em suas costas.
— Bom dia, Homura-san — Sakuma Akira falou. — Como vai essa força?
— Já falei pra parar de fazer isso, Akira-san.
— Calma aí, cara. Somos amigos, não?
— Sei.
— Não fique irritado. Por acaso, levou um fora de alguma garota?
— Claro que não.
— Hahaha, estou brincando. Lembra quando elas iam atrás de você durante o fundamental?
— Não me lembro disso. Mas acho que é você que chama a atenção delas agora, né?
— Não posso negar, mas você devia procurar alguém. Tem uma menina que quer te conhecer.
— Já falei para não me arranjar problemas. Só quero terminar meus estudos em paz.
— Conseguiu mais membros para o seu clube?
— Ainda não.
— Relaxa, cara. Sei que eles vão aparecer. Você consegue. Toca aqui — ele falou levantando a mão.
— Você é sempre tão otimista — Homura disse batendo na mão dele.
— Quando arranjar uma namorada, não esqueça de me avisar.
— A aula já vai começar — Homura respondeu de volta.
* * *
Durante o intervalo, Yukari contou para Kiyoko o que aconteceu na tarde de ontem e ficou indignada, mas ela a acalmou dizendo que tudo deu certo no final quando encontrou Homura.
— Ah, o garoto da sala 2–A.
— Você o conhece?
— Não que eu conheça, só ouvir que ele se recolhe sozinho depois das aulas na sala do clube. Dizem que ele sempre tira boas notas e é elogiado pelos professores.
— Vou encontrar com ele mais tarde.
— Yukari-chan, não me diga que...
— Não é isso — ela falou desviando o olhar. — Só vou agradecer por ter me ajudado ontem.
— Entendo. Boa sorte.
— Por que “boa sorte”?
— Nada, não. Esquece. O que achou dele?
— Ele é um pouco estranho, mas parece ser legal.
— Isso parece interessante.
Depois que ambas terminaram, desceram do terraço e foram para a sala.
* * *
No intervalo, Homura almoçou junto com Akira na sala.
— Vai para o clube de literatura depois das aulas?
— Sim, você tem treino hoje também, né?
— Sim, temos que nos preparar para o torneio interescolar.
— Entendo.
— Vê se consegue chamar mais pessoas.
— Mas eu... — Homura se calou lembrando sobre ontem.
— O que foi?
— Nada, esquece. Vê se não vai perder feio no torneio, hein?
— Que absurdo. Nós vamos ganhar com certeza.
— Estamos contando com isso.
Homura não sentiu que devia contar sobre o que aconteceu ontem, afinal, isso dizia respeito à Yukari e não queria falar mais do que devia.
* * *
No final das aulas, Yukari se despediu de Kiyoko, pois ela falou que iria entregar um formulário, contudo, a amiga não fez nenhuma pergunta a respeito, pois via que ela parecia feliz com isso.
Ao chegar lá, Yukari entregou nas mãos de Mochizuki Nana, a secretária.
— Que bom que aconteceu — Nana falou ao receber o papel.
— Por quê?
— O clube estava prestes a ser fechado pela falta de membros. Você é a primeira a fazer uma inscrição.
— O Nishima-san está lá a mais tempo?
— Desde o ano passado. Você o conheceu?
— Sim, pode se dizer que sim.
Mas Yukari não queria explicar as circunstâncias.
— Ele sempre fica sozinho lá desde que os antigos se formaram. Espero que vocês possam se dar bem.
— Entendo.
— Aqui, pegue sua cópia da chave e tenha uma boa tarde.
— Obrigada e até mais.
Depois de pegar a chave, ela caminhou até a sala do clube carregando na mochila o moletom emprestado, mas sempre se certificando de que ninguém a estava observando. Depois que subiu as escadas, parou na frente da porta, respirou fundo e entrou. Homura estava lendo normalmente como ontem.
— Boa tarde, Nishima-senpai.
Mas ele não respondeu.
— Eu trouxe seu moletom lavado — ela falou ao colocar sobre a mesa.
Mas ele continuava muito concentrado. Ela decidiu ir até a estante de livros, pois pensou que quando ele se sentisse mais confortável, talvez falasse mais tarde. Ela pegou um livro qualquer e começou a ler, mas, de vez em quando, olhava para o rosto dele. Ela não sabia explicar o porquê, porém gostaria de saber mais sobre ele.
* * *
Depois de quase meia hora, ele se espreguiçou, colocou um marcador no livro e falou com ela, que agora estava entretida com a leitura.
— Quer um pouco de chá?
— Hã?
— Você quer chá?
— Sim, pode ser.
Enquanto colocava para fazer, ele continuou:
— Entregou o formulário? Digo, não que eu esteja te obrigando a entrar nem nada disso.
— Entreguei antes de vir. Obrigada por ter me convidado — ela falou sorrindo.
— Entendo.
Em seguida, pôs duas xícaras sobre a mesa.
— Açúcar?
— Sim, obrigada.
Ambos tomaram o chá verde em silêncio. Depois ele continuou:
— Está do seu gosto?
— O quê?
— O chá.
— Sim, está ótimo.
— Não sei se vai gostar daqui, mas espero que possamos nos dar bem.
— Desejo o mesmo.
— A propósito, qual livro está lendo?
— Ah, eu peguei ao acaso: “História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar”, de Luís Sepúlveda[1].
— Oh, esse é o preferido da minha irmã.
— Sua irmã?
— Sim, ela tem sete anos.
“Isso foi inesperado”, ela pensou.
— O que achou?
— Hã?
— O que achou do livro?
— A parte do gato ter que cumprir uma promessa feita a uma gaivota bem interessante e também o modo como ele retrata as relações de laços de amizade de dois seres completamente diferentes. Além disso, buscando retratar nossos propósitos de vida e como elas determinam nossos comportamentos e condutas... Por que está me olhando assim? — Ela perguntou por causa que ele estava sorrindo.
— Só lembrei que minha irmã gostou tanto quanto você. Ouvir a opinião de uma kouhai recém-chegada parece fofo. O que houve?
Yukari abaixou a cabeça depois que ouviu aquelas palavras.
— Está se sentindo bem?
— Sim, bem — ela falou sem encará-lo.
— Vou continuar com minha leitura e que bom que você gostou.
— Sim, vamos continuar.
Homura recomeçou a ler e pensando na promessa que havia feito à Yumi naquela manhã. Ao mesmo tempo, Yukari pensava em como lidar com o repentino elogio.
[1] “História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar” (1996), Luís Sepúlveda: conta as aventuras de Zorbas, um gato “grande, preto e gordo”, cujo elevado senso de honra faz com que se comprometa a criar um filhote de gaivota. Assim estão presentes na obra valores como a honra dos compromissos assumidos, o espírito de grupo e a amizade. Zorbas é um gato de palavra e cumprirá suas promessas: cuidar do ovo, criar o filhote e o ensinar a voar.
Autor(a): Richard F. Writer
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Na manhã desta sexta-feira, houve aula de Educação Física e as turmas que iriam realizar as atividades juntas seriam as turmas 1–B e 2–A, de Ichihara Yukari e Nishima Homura, respectivamente. As turmas se dividiram entre masculino e feminino de lados opostos um do outro. Enquanto esperavam do lado das meninas, Kiyoko conversava junto c ...
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