Fanfics Brasil - Capítulo 4 Bilhetes de Ódio - Vondy (Adaptada)

Fanfic: Bilhetes de Ódio - Vondy (Adaptada) | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 4

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Gente, desculpa. Pensei que ninguém estava lendo hahaha! Lá vai mais um capítulo! 



— Droga!
Consegui segurar as lágrimas até encontrar um banheiro no saguão do Millennium Tower. Consegui até, de alguma maneira, mantê-las nos olhos enquanto entrava em uma das grandes cabines. Mas, quando cheguei lá, vi que não tinha mais papel higiênico, então abri minha bolsa e comecei a procurar por algum lencinho enquanto ainda estava conseguindo me controlar. Minhas mãos ainda não haviam parado de tremer depois da comida de rabo que eu tinha acabado de levar, e acabei me atrapalhando com aquela porcaria, fazendo com que tudo o que havia nela caísse e se espalhasse pelo chão. E... o meu celular rachou ao se chocar contra o azulejo chique. Foi aí que perdi o controle e comecei a chorar.
Sem mais dar a mínima para os germes, sentei-me no vaso sanitário fechado e coloquei tudo para fora. Eu não estava chorando somente pelo que havia acontecido no andar de cima. Aquele era um choro que estava iminente há muito tempo ― um choro pesado, alto, de soluçar. Se, ultimamente, as minhas emoções estavam em uma montanha- russa, essa era a parte em que você joga as mãos para cima e o carrinho desce de uma vez, a cem quilômetros por hora. Fiquei grata pelo banheiro estar vazio, já que eu tinha o péssimo hábito de falar sozinha quando estava muito chateada.
— No que diabos eu estava pensando?
— Surfe para cães? Deus, eu sou tão idiota.
— Será que eu não poderia ter ao menos feito aquele papel ridículo na frente de um homem menos intimidante? Talvez um que não fosse um Adônis alto, sombrio, confiante e cheio de marra?
— Por falar em homens, por que os bonitos sempre são tão babacas?
Eu não estava esperando uma resposta, mas acabei recebendo uma, mesmo assim.


A voz de uma mulher veio de algum lugar do banheiro, do outro lado da divisória onde eu estava.
— Quando Deus estava criando o molde para homens bonitos, Ele perguntou a uma das anjas o que mais deveria acrescentar para fazer um homem mais atraente a seus olhos. A anja não queria faltar com o respeito e usar uma linguagem chula, então ela apenas disse: “Dê-lhe uma vara bem grande”. Infelizmente, essa parte foi colocada ao contrário, e agora todos os homens bonitos nascem com uma vara bem grande enfiada na bunda.
Eu ri, no meio de uma fungada nada atraente, e falei:
— Não tem papel higiênico aqui. Você poderia me entregar um pedaço?
Uma mão surgiu por baixo da porta com um chumaço de papel. — Aqui está.
— Obrigada.
Depois de usar metade do papel para assoar o nariz e secar meu rosto, e a outra metade para me limpar, respirei fundo e comecei a recolher do chão as coisas que caíram da minha bolsa.
— Você ainda está aí? — perguntei.
— Sim. Pensei que seria melhor esperar para me certificar de que você está bem. Ouvi você chorando.
— Obrigada. Mas eu vou ficar bem.
A mulher estava sentada em um banco diante de um espelho quando finalmente saí da cabine onde estava me escondendo. Ela aparentava já ter mais de setenta anos, mas estava usando um terno e arrumada com muito requinte.
— Você está bem, querida?
— Sim, estou.
— Você não parece bem. Por que não me diz o que te deixou chateada?
— Eu não quero incomodá-la com os meus problemas.
— Às vezes, é mais fácil conversar com um estranho. Acho que deve ser melhor do que falar comigo mesma.
— Sendo honesta, eu não saberia nem por onde começar. A mulher deu tapinhas no assento ao seu lado.
— Comece pelo começo, querida.

Soltei um risinho pelo nariz.
— Você vai ficar aqui até a semana que vem. Ela abriu um sorriso caloroso.
— Tenho todo o tempo que precisarmos.
— Tem certeza? Você parece estar a caminho de uma reunião de diretoria ou prestes a receber uma homenagem em algum evento de caridade.
— É uma das vantagens de ser a chefe. Você determina o seu próprio horário. Agora, que tal começar pelo surfe para cães? Isso existe mesmo? Porque eu tenho um cão d’água português que pode estar interessado.
— ... e então, eu saí correndo. Quer dizer, não culpo o cara por ter se irritado por eu ter desperdiçado seu tempo. O problema foi que ele me fez sentir uma grande idiota por ter sonhos.
Eu estava conversando com a minha nova amiga, Iris, há mais de uma hora. Assim como ela disse, comecei pelo começo. Contei sobre o meu noivado, o término, meu emprego, a nova noiva do Paco, o formulário que preenchi bêbada, e a bronca que consegui com isso e me fez ir parar no banheiro às lágrimas. Por algum motivo, até contei que eu era adotada e o quanto desejava encontrar a minha mãe biológica, algum dia. Eu não achava que aquele fato tinha a ver com tudo o que estava me chateando, mas, mesmo assim, me vi despejando a informação junto com o meu relato de infortúnios.
Quando finalmente terminei minha história, ela se recostou no banco.
— Você me lembra alguém que conheci há muito tempo, Dulce.
— Sério? Então não sou a primeira fracassada desempregada, solteira, sem um tostão e a um passo de ter um colapso nervoso que você conheceu enquanto tentava lavar as mãos?
Ela sorriu.
— É a minha vez de contar uma história, se você ainda tiver um tempinho livre.
— Eu, literalmente, não tenho nada além de tempo livre.
Iris começou.
— Em 1950, uma jovem de dezessete anos se formou no ensino médio e sonhava em ir para a faculdade e estudar Administração. Naquele tempo, não eram muitas as mulheres que conseguiam ir para a faculdade, e muito poucas estudavam Administração, que era largamente considerada uma área de atuação somente dos homens. Certa noite, pouco depois de se formar no colegial, a jovem conheceu um lindo carpinteiro. Os dois tiveram um romance relâmpago, e não demorou muito até a garota mergulhar de cabeça no mundo dele. Ela aceitou um emprego de secretária, atendendo telefones na empresa de família para a qual o carpinteiro trabalhava, passava suas noites ajudando a mãe a tomar conta de casa, e deixou seus próprios sonhos e paixões em segundo plano.
“No dia do Natal em 1951, o rapaz a pediu em casamento, e ela aceitou. Ela pensou que, até o ano seguinte, estaria vivendo o sonho americano de ser uma esposa dona de casa. Mas, três dias após o Natal, o rapaz foi recrutado para o exército. Alguns de seus amigos também foram recrutados, e muitos deles iam se casar com suas namoradas antes de serem enviados para o exército. No entanto, o noivo carpinteiro dessa jovem mulher não queria fazer isso. Então, ela prometeu esperar por seu retorno e passou os próximos anos trabalhando na empresa de carpintaria do pai dele. Quando seu soldado finalmente voltou para casa, quatro anos depois, ela estava pronta para seu felizes para sempre. Só que, no dia que voltou, ele a informou que havia se apaixonado por uma secretária que trabalhava na base dele e queria terminar o noivado. Ele ainda teve a audácia de pedir de volta o anel que havia dado a ela, para que pudesse oferecê-lo à sua nova namorada.”
— Nossa — eu disse. — Eu mencionei que a nova noiva do Paco está usando o meu anel de noivado? Eu queria nunca tê-lo jogado na cara dele.
Iris continuou:
— Eu também queria que você não tivesse feito isso. Foi o que essa garota fez. Ela se recusou a devolver o anel, dizendo ao ex-noivo que ficaria com ele como pagamento por ter perdido quatro anos de sua vida. Depois de passar alguns dias se recuperando da mágoa, ela recolheu sua dignidade, ergueu a cabeça e vendeu o anel. Ela usou o dinheiro para pagar os primeiros semestres da faculdade de Administração.
— Uau. Que bom para ela.
— Bem, a história não termina aí. Ela terminou a faculdade, mas estava tendo muita dificuldade em encontrar um emprego estável. Ninguém queria contratá-la para administrar uma empresa quando sua única experiência era o trabalho de secretária na empresa de carpintaria da família do seu ex-noivo. Então, ela deu uma incrementada em seu currículo. Ao invés de dizer que foi secretária na empresa de carpintaria, ela escreveu que foi gerente, e ao invés de listar em suas obrigações coisas como digitar cotas e atender telefones, ela colocou preparar ofertas e negociar contratos. Seu currículo melhorado fez com que ela conseguisse uma entrevista de emprego em uma das maiores empresas de gestão de propriedades da cidade de Nova York.
— Ela conseguiu o emprego?
— Não. Ela descobriu que o diretor da empresa conhecia seu ex- noivo, sabia que ela havia mentido sobre suas responsabilidades na empresa de carpintaria e a repreendeu durante a entrevista.
— Ah, meu Deus! Assim como o que aconteceu comigo hoje com o sr. Ranzinza.
— Exatamente.
— Então, o que aconteceu?
— O mundo funciona de um jeito engraçado, às vezes. Um ano depois, ela estava trabalhando em uma empresa menor de gestão de propriedades e já havia sido promovida várias vezes, quando recebeu um currículo do Sr. Locklear, o homem que a censurou durante aquela primeira entrevista. Ele havia sido rebaixado do seu cargo e estava procurando um emprego. Então, ela o contatou com a intenção de fazer com ele o mesmo que ele havia feito com ela. Mas, no fim das contas, ela agiu de forma superior e o contratou porque ele era qualificado e, afinal de contas, ela havia mesmo mentido em seu currículo.
— Uau. O sr. Locklear se desculpou, pelo menos?
Ela sorriu.
— Sim. Depois que a mulher o fez amolecer, eles trabalharam muito bem juntos. Na verdade, acabaram abrindo a própria empresa de gestão de propriedades, que se tornou uma das maiores firmas do estado. Antes de ele falecer, os dois celebraram quarenta anos no mundo dos negócios, dentre os quais trinta e oito eles passaram casados.
Diante do seu sorriso, eu soube.
— Então, o seu nome é Iris Locklear, certo?
— É, sim. E a melhor coisa que me aconteceu na vida foi aquele soldado ter terminado o nosso noivado. Ser uma dona de casa não era para mim. Eu havia esquecido de todos os meus sonhos. Ser compradora em uma loja de departamentos era a carreira dos seus sonhos, Dulce?
Balancei a cabeça.
— Eu fiz faculdade de Artes. Faço esculturas.
— Quando foi a última vez que você esculpiu?
Meus ombros caíram.
— Faz alguns anos.
— Você tem que voltar a fazer isso.
— Não é bem o tipo de coisa que me ajuda a pagar as contas.
— Talvez. Mas você precisa descobrir como amar a vida que tem, enquanto trabalha para construir a vida que quer. Então, encontre um emprego que pague as contas e faça esculturas à noite. E nos fins de semana. — Ela sorriu. — Isso vai te ocupar e evitar que fique fuçando na internet e preenchendo formulários de corretagem com informações falsas.
— Isso é verdade.
— Tudo acontece por uma razão, Dulce. Aproveite esse tempo para reavaliar a sua vida e o que você quer dela. Foi o que eu fiz. Você só poderá encontrar a felicidade verdadeira dentro de si mesma, não dentro de outras pessoas, não importa o quanto você goste delas. Faça- se feliz, e o resto virá. Eu prometo.
Ela estava completamente certa. Eu estava tão focada em ficar triste e amuada que havia esquecido que existiam coisas que eu amava e me faziam feliz. Minhas próprias coisas. Esculpir, viajar... senti um impulso repentino de correr para casa e começar uma lista de coisas que eu queria fazer.
— Muito obrigada, Iris. — Eu a envolvi em um abraço enorme, sem me importar com o fato de que, até uma hora atrás, ela era apenas uma estranha.
— Disponha, minha querida.
Lavei as mãos e, usando o espelho, fiz o melhor que pude para limpar minha maquiagem borrada. Quando terminei, Iris ficou de pé.
— Eu gostei de você, Dulce.

Soltei um risinho.
— Claro, eu lembro você de você.
Ela me entregou um cartão de visitas.
— Tenho uma vaga aberta para o cargo de assistente. É sua, se quiser.
— Sério?
— Sério. Segunda-feira, às nove da manhã. O endereço está no meu cartão.
Fiquei boquiaberta.
— Eu não sei o que dizer.
— Não diga nada. Mas me traga uma peça de cerâmica que fizer nesse fim de semana.



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Autor(a): carol vondy

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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comentem que eu volto :)   Dulce   Esse lugar fazia o meu antigo escritório parecer uma lata de lixo.Eu sabia, pelas roupas que usava e o cartão de visitas cor de creme com caligrafia de acabamento dourado, que Iris Locklear era dona de um negócio bem-sucedido. Eu só não fazia ideia de que era tão bem- sucedido assim.Ol ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • amandaalbuqrq Postado em 19/04/2022 - 14:10:50

    Eu vou vir aqui todo dia atentar hahahaha

  • amandaalbuqrq Postado em 19/04/2022 - 14:10:10

    Vc tem q postar mais pra ela ficar evidente e a galera ver

  • amandaalbuqrq Postado em 19/04/2022 - 14:09:36

    Posta maisssss, eu reativei o perfil soh pra implorar

  • Srta Vondy ♥ Postado em 12/04/2022 - 23:37:30

    Só por que comentei você parou de postar ? Tô brincando kakaka mas sério, volta aqui, tô louca p acompanhar essa história

  • Srta Vondy ♥ Postado em 06/04/2022 - 21:15:20

    Tô amandooo! Amo a versão da Dulce desbocada e que bate de frente com o senhor arrogante, ainda vão trabalhar juntos? Amo. Totalmente presa nessa história. Vai ter pov do Christopher ? Queria muito saber o que se passa na cabeça dele após escutar isso tudo ? kakkaka Continuaa, por favor <3


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