Fanfics Brasil - Dias de primavera Jiyuuni

Fanfic: Jiyuuni | Tema: Free!


Capítulo: Dias de primavera

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Lentamente, Makoto deslizou do seu estado de sonolência, abrindo os olhos enquanto despertava. A luz do sol se infiltrava suavemente por uma fresta da cortina, deixando o quarto imerso na penumbra, salvando-o da completa escuridão. Já era dia, mas era domingo, e ele não tinha pressa para se levantar.


Havia sonhado com alguma coisa, mas Makoto não conseguia se lembrar do que era, só tinha a sensação de que havia sido um sonho bom.


Ao seu lado, Haruka ainda ressonava baixinho. Era impossível para Makoto não sorrir ao ver o rosto adormecido dele. Afastou uma mecha do cabelo de Haruka cuidadosamente com o indicador e sussurrou num tom quase inaudível com sua voz aveludada.


— Bom dia, Haru-chan!


Sorriu para si mesmo e deslizou para fora da cama sem fazer um único ruído. Pegou as roupas que estavam no chão, onde jaziam depois de terem sido descartadas na noite anterior. Vestiu as calças do seu pijama, deixou as roupas do Haruka sobre o seu lado da cama e saiu do quarto ainda vestindo a camiseta. Foi escovar os dentes e lavar o rosto, o banho poderia ficar para depois, queria preparar o café antes que Haruka acordasse. A cavalinha grelhada que Haruka tanto gostava, ovos mexidos para ele, e torradas e panquecas com frutas para os dois.


Makoto estava se acostumando rapidamente à nova cozinha e onde tudo estava guardado apesar do pouco tempo que estavam morando ali, no apartamento que agora ele dividia com Haruka.


Estava terminando de tirar a última panqueca do fogo quando Haruka emergiu do quarto, já vestido, mas ainda descabelado.


— Bom dia, Makoto.


— Bom dia, Haru! Você acordou bem na hora. Vamos comer antes que esfrie.


Makoto gostava de mimá-lo de manhã, e Haruka ainda não estava acostumado com isso. Mas vê-lo com aquele sorriso ao acordar, isso sim era fácil de habituar.


— Precisa de ajuda com alguma coisa? — Haruka também queria poder mimar Makoto se tivesse alguma oportunidade, ele pensava nisso.


— Não, está tudo pronto.


O sorriso de Makoto cedeu um pouco enquanto ele olhava para o cabelo bagunçado de Haruka, apenas para voltar com ainda mais força.


— O que foi? — Haruka não conseguiu entender bem aquele sorriso.


— Nada. — respondeu Makoto, tentando parecer inocente.


Makoto estava bem ciente de que Haruka era uma pessoa de sono tranquilo. Assim que adormecia, permanecia praticamente imóvel até a manhã seguinte. Aquele cabelo bagunçado não era indício de uma noite mal dormida, rolando na cama, mas do quanto ele foi rolado pela cama até a hora de dormir.


Haruka logo leu nos olhos de Makoto o que ele estava achando tão divertido, então Haruka limitou a lançar um olhar. Culpa de quem? Então se sentou à mesa, o que fez Makoto rir.


— Você está certo, Haru-chan. Desculpa.


— Não precisa se desculpar. — Haruka respondeu, mas Makoto sabia o que ele estava dizendo, você não aparece arrependido. Não havia do que se arrepender, nem dos cabelos bagunçados, nem das roupas espalhadas no chão do quarto. Nem dos pequenos detalhes da vida cotidiana ainda nova, as escovas de dente juntas no banheiro, ou as canecas de café combinando sobre a mesa. 


Makoto se sentou também e eles comeram em silêncio. Naquele silêncio confortável que não precisava ser preenchido constantemente por palavras.


O sol entrava pela porta de vidro da sacada, as cortinas quase totalmente abertas deixava o aposento claro com o brilho da manhã. Ainda estava muito frio para deixar a porta aberta, mas era uma pena não poderem deixar o cheiro da primavera entrar. A planta solitária na sacada crescia a cada dia, talvez devessem comprar outra para fazer companhia a ela.


— Eu ainda não reguei a planta. — comentou Makoto, pensando nisso, enquanto olhava para ela depois de pousar sua caneca de café na mesa.


— Você regou ontem à noite. Se der água demais ela vai morrer.


— Hã?! — Makoto olhou assustado para Haruka, e voltou a olhar para a planta.


— E se você regar enquanto ela está ao sol, ela também pode acabar morrendo.


— Eu não quero que ela morra!


Então é só não fazer isso, Haruka pensou.


Makoto ficou amuado, com uma cara, de tá bom, eu não vou fazer isso.


Continue regando à noite. Não se preocupe tanto, folhagens são mais resistentes do que flores em geral.


Haruka só havia falado uma coisa que ele achava óbvia, não pensou que Makoto ficaria triste por isso.


— Você cuida bem dos seus peixes, e peixes são mais difíceis de cuidar do que plantas.


O rosto de Makoto voltou a se iluminar.


— Os peixes que você me deu quando estávamos no segundo ano. Eu sempre vou cuidar bem deles!


Makoto, Haruka, Nagisa e Rei eram os nomes dos peixes de Makoto que Haruka havia pescado na feira que eles foram com Nagisa e Rei depois do torneio municipal. Haruka não queria deixar Makoto tenso, mas ele estava mais preocupado em deixá-los com Nagisa e Rei quando os dois viajassem para as competições do que gostaria de admitir.


Nagisa e Rei também estavam morando em Tokyo, agora. Rei havia entrado na universidade e Nagisa estava fazendo um curso de confeitaria, pretendia abrir uma pâtisserie no verão. Moravam relativamente perto de Makoto e Haruka, e eles estavam pensando em pedir para que cuidassem dos peixes quando fosse preciso.


Makoto havia deixado os peixes com Sousuke uma ou duas vezes no ano anterior, mas esse ano Sousuke havia se mudado para a Austrália, depois de conseguir uma transferência para uma universidade de lá, a mesma de Rin. Eles estavam morando juntos agora.


Havia ainda Kisumi, ele também cuidou dos peixes de Makoto algumas vezes. Mas ele sempre deixava os nervos de Haruka à flor da pele, provocando-o deliberadamente, ou tocando em Makoto só para ver a cara que Haruka faria. Não era que Haruka não gostasse de Kisumi, mas era meio difícil lidar com ele, ainda mais quando ele dizia coisas como: “Pode deixar que vou cuidar bem dos bebês de vocês,” quando Makoto deixava os peixes com ele.


Haruka suspirou. Ele conseguia imaginar Nagisa empanturrando os peixes e Rei estudando cuidadosamente como cuidar de um aquário, mas falhando terrivelmente ao seguir sua teoria. Makoto ficaria arrasado se os peixes morressem tão prematuramente.


— Acho que é melhor deixarmos os peixes com o Kisumi quando viajarmos.


— Hã? Mas não íamos falar com o Nagisa e o Rei para ficarem com eles?


— Kisumi ficou com eles ano passado, então ele já sabe o que fazer.


— Isso é verdade.


O pequeno aquário estava sobre uma mesinha na sala, onde poderia receber luz indireta da porta. Makoto ficou olhando para os kingyos por um momento, talvez ponderando a sugestão de Haruka, passando pelos mesmos pontos que ele.


Depois que terminaram o café, Haruka lavou a louça, apesar dos protestos de Makoto que ele mesmo cuidaria disso. Ao perder a discussão, Makoto foi alimentar os peixes.


— Você vai tomar banho, Haru?


— Sim, mas pode ir primeiro. — respondeu ele, enxaguando o último prato.


— Hum, você não quer vir junto?


Haruka ficou olhando para Makoto enquanto enxugava as mãos e tirava o avental. O rosto de Makoto foi avermelhando sob o olhar dele, até suas orelhas ficarem rubras.


Makoto entreabriu os lábios para falar alguma coisa, provavelmente retirar o convite antes mesmo de ouvir a resposta de Haruka, mas Haruka percebeu a sua intenção e foi mais rápido.


— Claro. — disse do modo mais natural possível, e se dirigiu ao quarto para pegar suas roupas.


Makoto seguiu atrás dele e permaneceu em silêncio enquanto iam ao banheiro.


Makoto já havia visto Haruka tirar as roupas incontáveis vezes para imergir seu corpo em água ou para despir-se para seus toques, mas naquela ocasião não era nenhuma das duas coisas. Não havia a inocência da paixão de Haruka pela água, nem o ardor da paixão de Haruka por Makoto.


Haruka também observava discretamente enquanto Makoto se despia, e ergueu levemente as sobrancelhas ao ver que ele não vestia nada por baixo do pijama. Devia ter deixado a roupa íntima para trás quando ele se vestiu no escuro do quarto. Havia algo sensual em pensar em Makoto usando apenas as calças do pijama, Haruka pensou.


O banho foi um pouco desajeitado, o banheiro não era tão grande para comportar dois homens adultos ao mesmo tempo confortavelmente, mas a banheira tinha espaço suficiente para os dois entrarem juntos. Makoto entrou primeiro, e quando ele achou que Haruka se sentaria do lado oposto, ele escolheu ficar entre as pernas de Makoto.


A água da banheira não era como a água da piscina ou a água do mar, era a água domada e sem presas, a água calma que apenas envolvia seu corpo suavemente. O corpo de Makoto também envolvia o de Haruka, o calor do peito dele em suas costas fez Haruka se aconchegar, apoiando a cabeça no ombro dele. As pernas dele junto as suas, as mãos deles na água, agitando-a levemente, espalhando-a sobre o peito de Haruka que fechou os olhos apenas se entregando as sensações.


— Você gosta mesmo de ficar dentro da água, né, Haru?


— Sim.


O barulho relaxante da água continuou, a sensação dela sendo derramada sobre ele e o calor da pele de Makoto.


— Gosto de estar na água com você.


O barulho parou com o movimento da mão de Makoto. Haruka abriu os olhos, virou o rosto o suficiente para encontrar os olhos verdes de Makoto que olhavam para ele.


— Eu também gosto de estar na água com você. — Makoto respondeu.


Haruka levou a mão ao rosto dele. O rosto da sua pessoa amada, o rosto daquela pessoa que sempre esteve ao seu lado, que sempre fez parte da sua vida. O rosto de Makoto.


Haruka deslizou a mão para a nuca dele e o puxou para um beijo. Eu amo você.


Agora havia bom dia todas as manhãs, e boa noite ao dormir. Havia beijos espalhados pela casa e sussurros na escuridão da noite. Havia ainda saudades, pois quanto mais tinham um ao outro maior a falta quando estavam separados, mesmo que apenas durante as poucas horas do dia.


A boca quente e molhada dele sobre a sua tinha gosto de pasta de dente e Makoto, e o beijo tinha gosto de amor e tantas coisas que havia entre eles, um universo inteiro ali, apenas entre eles dois.


Os braços de Makoto o envolviam, o convidavam a se perder nele, a fazer sua morada em seu corpo, em seu porto seguro.


A água da banheira transbordou quando Haruka se virou para ficar no colo de Makoto e envolver o pescoço dele com seus braços, enquanto as mãos deles ficaram em sua cintura. A água continuou transbordando quando eles começaram a se mover, roçando pele com pele, as respirações ficando ofegantes e os beijos famintos. E quando apenas isso já não era suficiente, quando Haruka quis sentir Makoto dentro dele, quando Makoto quis tomá-lo e consumi-lo. Quando fazer amor era tudo o que queriam, quando seus sentimentos transbordavam como a água da banheira, se espalhando ao redor deles.


A vida poderia ser assim, e agora ela seria. Viver de sonhos e amor, era o que haviam lutado para conseguir, juntos eles poderiam enfrentar o mundo se preciso fosse.


— Eu amo você.


Haruka precisava dizer, as palavras precisavam deixar seus lábios para encontrar os ouvidos de Makoto. Algumas coisas entre eles não precisavam ser ditas, mas essas palavras ele sempre diria.


— Eu também amo você. Sempre.


— Sempre.


Uma feliz manhã de domingo, a primeira de incontáveis outras, de incontáveis memórias que continuariam construindo juntos. Uma vida inteira se estendia diante deles, um caminho escolhido para fazer a dois. Afinal, Haru sempre foi a primavera de Makoto, e Makoto sempre foi o lar de Haruka.



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Autor(a): hokutoritsuka

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