Fanfics Brasil - O vento que o trem trouxe Jiyuuni

Fanfic: Jiyuuni | Tema: Free!


Capítulo: O vento que o trem trouxe

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Rei ficou um tanto chocado quando Makoto o nomeou como novo capitão, já que ele tinha quase certeza que Nagisa é quem seria escolhido como herdeiro da função de impulsionar o clube de natação. Além de Nagisa ser o fundador da nova fase do clube, ele era nadador há muito mais tempo do que Rei, e dominava os estilos com maior conforto do que ele.


— Eu confio em você como novo capitão, Rei. — disse Makoto aos questionamentos de Rei.


— Mas, Makoto-senpai, Nagisa-kun é um nadador mais qualificado do que eu. — Rei tentava explicar seu ponto de vista.


— Rei, você se esforçou mais do que qualquer um aqui. Em dois anos, você não apenas aprendeu a nadar todos os estilos como se tornou capaz de competir, e de chegar às nacionais. Sua objetividade vai fazer de você um bom capitão.


— Mas, e o Nagisa-kun...


— Nagisa apoia minha decisão, o Haru e a Gou, também. Além disso, Nagisa tem que se preocupar com os estudos, ainda mais agora que estão no último ano. Ele prometeu aos pais dele. Eu sei que você vai cuidar bem do Nagisa, da Gou e dos novos membros.


Rei ficou emocionado com a confiança que recebia dos amigos, ele que havia sido o último membro a se juntar ao grupo e que os fez passar por tantas dificuldades. Com o tempo, percebeu que apesar do nervosismo, ele estava indo bem com a tarefa que havia recebido, mesmo que uma pontada de insegurança o ferisse às vezes, quando pensava que alguns dos seus kouhais eram mais experientes do que ele. Enquanto isso, Nagisa se mostrou um vice-capitão bastante confiável que não o deixava desanimar.


Porém, o próprio Nagisa parecia desanimado ultimamente, passava mais tempo calado, apesar de treinar como sempre e sua atuação no clube não ter se alterado, mas depois que as atividades acabavam a situação mudava de figura. Muitas vezes, também ia para casa sozinho, arrumava alguma desculpa para ficar para trás e deixar que Rei fosse embora primeiro. Até as sessões de estudo haviam rareado. Isso começou a preocupar Rei, afinal, a última vez que Nagisa tinha agido de forma estranha havia culminado na fuga dele de casa.


— Nagisa-kun, você está com algum problema? — perguntou Rei, vendo Nagisa guardar suas coisas.


— Que problema, Rei-chan? — ele respondeu, parecendo não entender a pergunta.


— Eu que estou perguntando! Você anda estranho, está tudo bem na sua casa?


— Não tem problema nenhum na minha casa. Não precisa se preocupar, Rei-chan. — disse ele com sorriso opaco e forçado.


Aquela resposta em vez de tranquilizar Rei o deixou ainda mais preocupado.


— Ah, eu preciso passar em um lugar antes de ir para casa, então, já estou indo. Até amanhã. — Nagisa já estava saindo quando Gou passou por ele, entrando na sala. — Até amanhã, Gou-chan.


— Até amanhã, Nagisa-kun! — Gou ficou parada no lugar, vendo Nagisa partir. — Aconteceu alguma coisa, Rei-kun? — perguntou ela ao perceber o clima estranho que estava dentro da sala do clube, além da expressão preocupada de Rei, com o cenho franzido.


— Era isso que eu queria saber...


— Será que aconteceu alguma coisa na casa do Nagisa-kun?


— Eu perguntei, mas ele disse que não.


— Para onde ele disse que ia hoje para ter saído sozinho? — Gou já estava ciente do afastamento misterioso de Nagisa.


— Apenas disse que precisava passar em um lugar. Cada dia é uma história, isso está me deixando preocupado.


— Eu também estou ficando preocupada.


— Ele não está agindo como no ano passado, o problema pode realmente ser outro.


— Verdade. Ele também não está agindo como uma outra pessoa que teve uma fase bem suspeita ano passado. — disse Gou, estreitando os olhos para Rei.


— De quem você está falando? — perguntou Rei sem entender.


— De ninguém. — respondeu ela de um jeito que de forma alguma significava que era de ninguém que ela estava falando. — Ah! Já sei! Isso me deu uma ideia! Vamos segui-lo amanhã! Se ele sempre está indo para algum lugar, talvez descobrir para onde ele vai pode solucionar o mistério!


— Boa ideia, Gou-san!


Quando havia acabado de decidir o que fazer para tentar entender o que estava acontecendo com Nagisa, alguém entrou na sala do clube em um timing perfeito sem interromper a conversa dos dois.


— Ryugazaki-senpai, Matsuoka-senpai, posso falar um pouco com vocês?


Quem havia entrado era Shun.


— Pode falar, Shun-san. — disse Gou.


— Hum... Eu não sei como dizer isso... é que... Eu não queria que meu irmão fosse gerente do clube.


— O quê?! — perguntaram Rei e Gou em uníssono.


* * *


Rei estava refletindo como seus dias de calmaria haviam sido tomados pelo caos.


A imagem de uma praia veio à sua mente. Era como o tempo à beira mar. O céu limpo e claro poderia se tornar cinza e ameaçador em questão de poucos minutos. Isso o lembrou daquele verão dois anos atrás, quando ele tolamente decidiu entrar no mar sozinho durante a noite. Em um momento estava deslumbrado com a beleza das estrelas, e no outro, o mar revolto estava quase o engolindo. Aquilo, por muito pouco não acabou em uma tragédia e obrigou Makoto a enfrentar seu medo do mar para tentar salvá-lo, o que terminou em colocar todos os quatro garotos em perigo.


Primeiro, o comportamento suspeito de Nagisa, depois, o problema de Shun e seu irmão. Talvez Rei devesse pedir conselho a Makoto. Ele tinha alguma experiência nesse tipo de situação. Mas antes de falar com Makoto, ele e Gou seguiriam Nagisa. Com sorte descobririam o que estava acontecendo. Não queria preocupar Makoto. Uma coisa era pedir um conselho sobre o funcionamento do clube, outra era dizer que havia algo de errado no comportamento de um amigo, mas em último caso, teria que recorrer a Makoto, afinal ele conhecia Nagisa há mais tempo do que Rei.


Rei pensou também no incidente da fuga de Nagisa no ano passado. Nagisa procurou ajuda de Haruka e depois de Makoto, mas não procurou a de Rei. Ele se lembrou de quando foi avisado que Nagisa havia fugido de casa, de como correu todo o caminho da estação até a casa de Haruka, segurando seus óculos na mão para que não caíssem. Ele só queria encontrar Nagisa, ver que ele estava bem. Agora que Makoto e Haruka estavam em Tokyo, provavelmente Nagisa não tinha a quem recorrer.


Aquele pensamento entristeceu seu coração. Considerava Nagisa seu melhor amigo, será que aquilo não era recíproco? Por que Nagisa não se abria com ele?


— Nagisa-kun, vamos para casa juntos hoje? — Rei perguntou, e sua voz saiu mais grave do que pretendia.


— Desculpe, Rei-chan. Eu tenho que passar na biblioteca. — disse Nagisa, unindo as mãos num pedido de desculpa.


— Eu posso ir com você.


— Ah, não! Não precisa! Não precisa chegar tarde em casa por causa disso! Eu vou sozinho, não tem problema! Eu vou demorar lá, sabe.


Aquela forma de rejeitar sua companhia só fez Rei se sentir mais desconfortável e se encher de suspeitas.


— Se você insiste. — Sua voz lhe traindo novamente, mas agora através de um frio cortante.


Assim que Nagisa saiu, Gou foi falar com Rei.


— Então, para onde ele disse que vai hoje?


— Para a biblioteca.


— Mas a biblioteca...


— Eu sei. O horário de funcionamento da biblioteca não ultrapassa o horário das atividades dos clubes. Já está fechada.


* * *


Rei e Gou fecharam a porta do clube rapidamente e se colocaram a seguir Nagisa. Ele realmente estava indo em direção à biblioteca, para surpresa deles.


— Será que ele está indo se encontrar com alguém? — sussurrou Gou.


— Isso explicaria ir à biblioteca já fechada. Serviria como um ponto de encontro. — respondeu Rei no mesmo tom baixo.


— Ah! Será que ele está interessado em alguém responsável pela biblioteca?


— Interessado?


— É. Talvez ele esteja apaixonado por alguém.


— O quê?! — Rei acabou falando alto demais sem conseguir conter sua surpresa.


— Shhhhh! Você quer que ele perceba que estamos atrás dele?!


— Isso não é possível, Gou-san!


— E por eu não seria possível?


— Estamos falando do Nagisa-kun.


— E o que tem isso? Por que você acha que o Nagisa-kun não poderia começar a gostar de alguém?


— Mas... — Rei não sabia dizer a razão, mas para ele, pensar em Nagisa apaixonado por alguém era algo inconcebível.


Quando Nagisa chegou, a biblioteca já estava fechada. Ele permaneceu parado na porta. Às vezes, conferia a hora no seu relógio de pulso.


— Eu sabia! Ele está esperando alguém! — disse Gou ao ver o comportamento de Nagisa.


— Isso não pode ser... — Enquanto isso, Rei permanecia incrédulo.


— Olhe! Ele está indo embora! — Gou chamou a atenção de Rei que tentava desesperadamente entender aquela situação. — Ele não ficou nem cinco minutos! Será que a pessoa não vem?


— É pouco tempo.


— Anda! Vamos atrás dele!


Sorrateiramente, os dois seguiram os passos de Nagisa, e qual não foi a surpresa ao perceberem que ele apenas estava indo para a estação de trem, onde ficou parado, sozinho, na plataforma em que o trem que o levaria para sua casa deveria parar.


— Eu não entendo! Ele foi até lá, mas nem chegou a esperar! Também não recebeu nenhuma ligação, e agora parece que simplesmente está indo para casa!


Gou estava agitada com o fracasso da missão, enquanto Rei permanecia em silêncio, olhando para Nagisa de pé sozinho. Seus ombros estavam levemente curvados para baixo, e pelo movimento de suas costas, Rei percebeu que ele havia acabado de dar um profundo suspiro.


— O que está acontecendo, Nagisa-kun? — Rei sussurrou para si mesmo.


— O que você disse, Rei-kun?


— Eu vou falar com ele — respondeu, sem nem tirar os olhos da figura solitária —, eu vou pegar o trem com ele agora, então vou perguntar. Melhor você também voltar para casa, Gou-san, porque está ficando tarde.


De tão surpresa com a seriedade carregada na voz de Rei, Gou apenas concordou e deixou que ele se encarregasse de falar com Nagisa. O trem da linha que ela tomava já estava para chegar mesmo. Rei ainda tentou tranquilizá-la, mas Gou partiu reticente.


Rei se aproximou. No entanto, Nagisa só percebeu quando ouviu sua voz.


— Você perdeu o trem, Nagisa-kun?


— Waaaa! Rei-chan?! Que susto! O que você está fazendo aqui? Não era para você já ter ido?


— Você não havia dito que iria demorar na biblioteca?


— Ah é...?! Ah... foi mais rápido do que eu esperava. — disse ele com um sorriso forçado enquanto desviava o olhar. Rei nem precisaria tê-lo seguido para saber que estava mentindo.


— Talvez porque a biblioteca já estivesse fechada?


— Hã? É... Eu devo ter me confundido, sabe... — Nagisa começava a ficar meio nervoso com o interrogatório de Rei.


Os dois permaneceram em silêncio por alguns instantes. Rei encarava Nagisa tentando buscar qualquer pista que o levasse a entender o que estava acontecendo com o amigo. Já Nagisa olhava para algum ponto arbitrário além da plataforma, seu olhar vagando entre tantos outros pontos aleatórios que a única coisa que tinham em comum era não estarem nem perto dos olhos de Rei.


— Nagisa-kun, você perdeu o trem de propósito? — Finalmente Rei tomou coragem para verbalizar a pergunta que dominava sua mente.


Aquilo certamente pegou Nagisa de surpresa, tanto que o fez virar o rosto lentamente e encarar Rei com uma expressão um tanto chocada.


— Não... não, Rei-chan. — Aquelas poucas palavras tinham um tom desarmado e por um breve instante deixaram transparecer toda a vulnerabilidade de Nagisa.


— Então, por que parece que você ficou matando tempo para chegar aqui exatamente em tempo de não conseguir pegá-lo?


Nagisa não respondeu. Com as sobrancelhas curvadas, mordeu o lábio inferior. Rei sabia que ele poderia ter inventado uma mentira absurda, poderia tê-lo distraído, ou simplesmente ter mudado de assunto, mas Nagisa não fez nada disso. Apenas permaneceu em silêncio. Um silêncio inquietante.


— Nagisa-kun... Você está me evitando? — Aquelas palavras se formaram e escaparam tão rapidamente que Rei se sentiu perdendo o ar.


Nagisa não disse nada a princípio, mas não era preciso dizer. Sua expressão se encheu de um triste pesar, entreabriu os lábios, mas as palavras não saíram. E os olhos, seus olhos ficaram úmidos, marejados num frágil piscar. Rei engoliu em seco, um nó formando em sua garganta.


— Não é isso... Não é isso, Rei-chan. — Nagisa finalmente pôde dizer, pronunciando o nome dele como se estivesse prestes a se quebrar.


— Então, me diga o que é.


— Eu... Eu só preciso de um tempo.


— De mim? — Rei sentiu como se tivesse acabado de levar um tapa no rosto.


Nagisa assentiu fracamente e depois sussurrou um sim.


— Por quê? O que eu fiz? — indagou disse Rei, sua voz saindo um pouco estridente. Nagisa nada respondeu e Rei se sentiu desesperar. — Eu não entendo. Nagisa-kun, se você não disser, eu não vou entender. Por quê...?


— É minha culpa. Me desculpe.


A resposta de Nagisa apenas deixou Rei ainda mais confuso.


Naquele momento, o trem que os levaria para casa chegou à estação. O vento agitou seus cabelos e foi como se o tempo tivesse voltado a agir. Nagisa entrou no vagão sem dizer mais nada, sentou-se em um canto e permaneceu o tempo todo com o rosto virado para o lado. As costas curvadas e os dedos que vez e outra iam ao rosto, em um gesto que só poderia significar que estava afastando suas lágrimas.


* * *


Makoto havia adquiro o hábito de deixar o computador ligado enquanto estudava no começo da noite. Com o Skype aberto, poderia receber mensagens e ligações dos pais ou dos irmãozinhos, além, é claro, de Haruka e seus amigos que ficaram em Iwatobi.


Naquela noite, ouviu o aviso da mensagem de Rei.


 


[8:03 p.m.] Oi Makoto-senpai! Tudo bem? Está ocupado?


[8:03 p.m.] Olá Rei! Eu estou bem. Não estou ocupado. Pode falar ^^


[8:04 p.m.] Queria perguntar algo sobre o clube, tudo bem se eu ligar?


[8:05 p.m.] Tudo bem ^^


 


Logo apareceu a chamada, mas Makoto achou estranho que diferente do que acontecia normalmente, não era uma chamada de vídeo, apenas uma chamada de voz.


— Boa noite, Makoto-senpai!


— Boa noite, Rei! Aconteceu alguma coisa?


Rei falou sobre o problema no clube envolvendo os gêmeos e escutou o que Makoto tinha a dizer sobre o assunto. Parecia que realmente não havia muito a ser feito como o próprio Rei suspeitava.


— Mais alguma coisa, Rei?


— Era só isso, Makoto-senpai.  


Rei não conseguia deixar o hábito de chamar a ele e Haruka usando esse sufixo.


— Tem certeza?


— Sim.


— Está... tudo bem?


— Sim, está tudo bem.


— Como está o Nagisa?


Rei permaneceu em silêncio por um breve instante e sua hesitação não passou despercebida por Makoto, que era uma pessoa muito sensível aos problemas alheios.


— ...Ele está bem, acho.


— Você acha? Rei, o que aconteceu?


— Nada. Não aconteceu nada.


Aquele assunto só dizia respeito a ele e Nagisa, e deveria ser resolvido entre eles dois.


— Obrigado, Makoto-senpai. Eu ligo dizendo como as coisas estão indo.


Aquilo também se referia a sua conversa com Nagisa, quando as coisas estivessem resolvidas, ele diria a Makoto.


Porque Rei tinha certeza que resolveria aquela situação com Nagisa. Descobriria o que havia feito aquilo com o seu relacionamento com seu querido amigo, descobriria se ele mesmo havia feito algo de errado que o tivesse magoado, e teria Nagisa ao seu lado novamente.



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Autor(a): hokutoritsuka

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