Fanfics Brasil - Criaturas marinhas Jiyuuni

Fanfic: Jiyuuni | Tema: Free!


Capítulo: Criaturas marinhas

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Haruka havia acordado cedo naquele sábado. Agora, saía da banheira depois de um banho rápido, não estava usando seu traje de banho com costumava fazer. Não havia mais a antiga frustração quando precisava suprir sua necessidade de contato com a água, ficando horas de molho na banheira, tão pequena e apertada se comparada com as dimensões de uma piscina de verdade. Houve um tempo em que se contentava com a água estagnada e sem vida da banheira, mas aquela água não tinha presa, mesmo que reconhecesse sua existência, ela apenas envolvia seu corpo sem emoção alguma. Era verdade que tentou afogar seus problemas nela inúmeras vezes, mas ela nunca seria capaz de libertá-lo. Agora, seu traje de banho era usado nos treinos, e em dias como aquele, quando participava de competições.


Haruka saiu da banheira, a água escorria por seu corpo que continuava magro e compacto, mas agora, definido pelos treinos. Enxugou-se e vestiu-se, depois foi para a cozinha preparar um café da manhã leve, algo que pudesse comer acompanhado de cavalinha.


Antes de sair, verificou o celular e viu que a mensagem que esperava havia chegado, abriu-a, mas ela não trazia a resposta que ele queria:


“Gomen, Haru. Terei atividades da universidade hoje. Nos falamos depois.”


Outra competição que Makoto não assistiria. Haruka tentou não se importar, mas era difícil. Seria a primeira competição daquele porte que estaria participando, haveria universitários do país inteiro, e até alguns estrangeiros. Ficou um pouco aborrecido consigo mesmo por ter esperado que Makoto viesse.


Quando pequeno, Haruka nunca havia esperado que seus pais fossem assistir suas competições, que sem avisar, pudesse vê-los na arquibancada. Não teria esse tipo esperança vã. O desejo que mantinha em um canto da mente era mais simples e básico. Queria apenas que tivesse alguém em casa para dizer “okaeri” e perguntar como havia sido seu dia. Mas nunca se permitiria dizer algo assim, pessoas fortes não teriam esse tipo de carência, e Haruka odiava ser fraco. Haruka detestava ficar sozinho, mas abominava ainda mais pedir para não ser deixado. Então não fazia diferença se ele estava em Iwatobi ou em Tokyo, isso não mudava o fato que continuava sozinho.


Haruka apanhou sua bolsa e olhou novamente para o celular, pensando se o levava consigo. Seus olhos foram atraídos para o pequeno pingente em forma de golfinho que pendia dele. Haruka acabou, por fim, colocando o celular no bolso da jaqueta. O pequeno pingente ainda serviu de lembrete para que pegasse a chave da porta, que estava presa ao seu antigo chaveiro de metal, que também tinha a forma de um golfinho, e trancasse a porta antes de sair.


* * *


Observando toda a logística que envolvia o clube de natação da universidade era difícil imaginar que Haruka se envolveria em um meio assim, quando havia passado anos sem competir. Participaria dos eventos de 100 e 200 metros de nado livre, portanto, logo deveria se preparar para a primeira prova. Haruka havia chegado ao ginásio de esportes aquáticos com toda a delegação do clube, não tendo tempo nem oportunidade para encontrar algum de seus amigos que eventualmente pudessem ter vindo torcer por ele. Talvez por ser a primeira competição de grande porte que estaria participando, Rei e Nagisa disseram que viriam juntos, e Kisumi não parava de enviar e-mails e mensagens, quase fazendo Haruka se arrepender de ter levado o celular consigo. Ele devia estar procurando por Haruka no meio da multidão, pois não parava de perguntar onde ele estava e o que estava fazendo.


Haruka desceu daquele mar de pessoas que estavam na arquibancada depois de trocar algumas palavras com seu treinador e se dirigiu para o vestiário para se preparar para sua primeira prova.


O lugar estava surpreendentemente quieto, considerando a quantidade de pessoas que entravam e saíam dali, era possível ouvir algumas conversas baixas, mas todos pareciam muito concentrados. Era evidente de que ninguém estava ali para brincadeira.


Enquanto Haruka passava por um lance de armários, viu com o canto dos olhos um vulto se movendo em sua direção, mas antes mesmo que qualquer palavra fosse dita, ele sabia exatamente quem era a pessoa que espreitava à espera dele.


— Yo, Haru! Há quanto tempo! — disse o garoto, abrindo um sorriso de dentes afiados.


— Olá, Rin.


— Fiquei sabendo que você foi muito bem nas competições anteriores. — disse Rin enquanto caminhavam para um canto do vestiário onde puderam encontrar dois armários vagos um ao lado do outro.


— Eram apenas locais. — limitou-se a responder, Makoto continuava com seu hábito de dizer coisas desnecessárias.


— E como vai a vida em Tokyo? — perguntou Rin enquanto tirava a roupa.


— Bem — respondeu com um sorriso discreto no rosto —, e como está indo na Austrália?


Rin pareceu um pouco surpreso, mas logo abriu um sorriso malicioso e respondeu:


— Bem, muito bem. Hoje você vai ver o quanto estou indo bem, Haru.


— Certo,  Rin. Então me mostre. — respondeu Haruka com um brilho nos olhos.


— Hum, vejo que você também não está nada mal. — comentou Rin enquanto olhava de cima a baixo para o corpo seminu de Haruka.


Rin não perdia aquela mania de estar sempre o avaliando, pensou Haruka. Provavelmente ele ficaria constrangido se outra pessoa o olhasse daquele jeito, mas isso não acontecia se tratando de Rin, ele estava estranhamente acostumado a isso.


— Você também não está nada mal. — comentou Haruka enquanto fechava o armário e se virava, indo para a piscina, tentando não deixar que o amigo visse, que diferente dele, esse tipo de comentário o encabulava um pouco.


— Ei, Haru. O Makoto vem? — perguntou Rin o alcançando.


— ...Não.


Rin estranhou a resposta de Haruka, além disso, Makoto havia dado a entender que viria.


Continuaram o caminho para a piscina, conversando sobre os amigos em comum, imaginando se algum deles teria vindo torcer por eles, além, é claro, de Nagisa e Rei. Nenhum dos dois iria dizer isso em voz alta, mas era evidente como sentiam falta um do outro.


— Rin, como está o Sousuke? — perguntou Haruka suavemente, sabendo que poderia estar tocando em um assunto delicado, diante do fato de que Sousuke havia desistido do seu sonho de ser um nadador profissional devido à grave lesão no ombro, resultado do seu treino excessivo e negligente.


A expressão de Rin se tornou séria.


— Não tenha tido notícias dele.


Haruka abriu a boca para perguntar se aquilo era sério, se havia acontecido algo entre eles, mas desistiu. Não era hora nem lugar para um conversa dessas. Não que acreditasse que o nado de Rin ainda fosse afetado dessa forma, apenas era um assunto que demandava tempo. Continuaram andando sem falar, outros nadadores passavam por eles. Apesar da expressão abatida que surgiu no rosto de Rin diante daquele assunto, Haruka tinha certeza de uma coisa sobre eles.


— Vai ficar tudo bem, Rin. Afinal estamos falando de vocês dois. — disse Haruka, dando um leve sorriso ao lembrar-se da conversa que teve com Rin na praia quando foram juntos para a Austrália.


Rin olhou surpreso para Haruka, mas depois sorriu ternamente.


— Sim, vai ficar tudo bem.


Mas a seguir, a expressão suave de Rin mudou para algo mais agressivo, logo após um profundo suspiro, canalizando toda sua concentração. Estava chegando a hora. Rin colocou os óculos de proteção na cabeça e estava prestes a puxar o elástico, ele sempre achou que aquilo dava um ótimo efeito dramático.


— Haru... — mas foi interrompido assim que pronunciou o nome dele.


— Vamos, Rin. — disse Haruka.


— ...Hum... a sua expressão já está bem quente, Haru. — disse Rin, sorrindo, e então soltou o elástico, fazendo o estalo ecoar pela saída do vestiário.


                                                                   * * *


Haruka subiu no bloco de largada. Era um bom lugar, longe da borda e da turbulência que vinha com ela.


A imagem diante dos seus olhos era muito parecida com aquela que um dia o aterrorizou, que se infiltrou até em seus pesadelos. A arquibancada cheia. O barulho da multidão que estava ali para vê-los nadar.


Ele não podia ouvir, mas sabia que havia alguém gritando o seu nome. Não precisava vê-los para saber que seus amigos estavam lá, mas isso era estranho, porque também sentia que Makoto estava lá, mesmo sabendo que ele não estava.


Olhou para o lado com o canto dos olhos, e ali estava Rin, como não poderia deixar de ser, precisavam estar em raias vizinhas. Rin retribuiu o olhar, e Haruka sabia que era tão importante para Rin que Haruka estivesse ali como era para Haruka que Rin também estivesse ao seu lado.


“Take on marks.”


Haruka se abaixou, colocando o pé esquerdo na parte posterior do bloco, e o direito mais a frente, com os dedos do pé segurando a borda. Seus músculos tensionados e preparados. Sua concentração indo toda para seus ouvidos, para o seu centro de gravidade. O tempo de reação era muito importante. O ginásio foi tomado pelo silêncio cheio de expectativa.


O sinal deu a largada.


Haruka saltou, seu corpo descrevendo um arco perfeito. Logo ele estava dentro da água, começando as pernadas de golfinho. Ah, ele podia sentir, podia sentir Rin dentro da água. Rin havia melhorado muito sua eficiência. Agora ele era um verdadeiro predador. Haruka começou as braçadas do crawl sentindo a energia de Rin se intensificar, e isso impelia Haruka a ir ainda mais rápido.


Na raia ao lado, Rin também sentia a explosão de energia que era Haruka. Então esse era o nadador profissional Haru. Pôde vê-lo rapidamente quando virou o rosto para respirar. O nado de Haruka continuava lindo. Lindo e rápido como nunca. Era simplesmente perfeito. Mas não havia tempo para admirá-lo. Imerso na poderosa energia de Haruka, Rin era arrebatado por uma força incrível, sua própria força e seu desejo de seguir em frente.


Haruka havia tomado a dianteira pouco antes da virada dos 50 metros, mas Rin tinha pernas fortes, e o impulso que tomou na parede o catapultou para frente. Haruka sentia seu corpo deslizar pela água e a presença de Rin, era como nadar com um tubarão, e o próprio Haruka se sentia como uma criatura marinha. Rin também sentia como se nadasse com um ser do mar, o que fazia muito sentido, afinal Haruka era um golfinho. Não se sentiam restringidos pelos limites da piscina, longe disso, como se estivessem nadando em mar aberto, eles se sentiam livres dentro da água.


Nadando lado a lado, o golfinho e o tubarão. Suas braçadas estavam quase sincronizadas. Estenderam a mão para tocar na parede, na chegada dos 100 metros. Mas quem havia tocado primeiro? Todo o ginásio olhou para o placar luminoso, a diferença de poucos milésimos de segundo era impossível de perceber a olho nu.


Nanase Haruka foi o nome que apareceu em primeiro lugar. Matsuoka Rin vinha em segundo, mas com uma diferença generosa para o terceiro lugar.


A plateia gritava enlouquecida diante do espetáculo. Os presentes que já haviam ouvido os rumores sobre os dois nadadores, e que achavam que havia uma boa dose de exagero nas histórias, estavam boquiabertos com o que viam. Eles eram incrivelmente rápidos, e apenas um fazia frente ao outro.


Nada daquilo perturbou Haruka, ele apenas olhou para o lado e viu o sorriso de Rin, a mão esperando o toque.


— Vou tirar essa diferença na disputa pelos índices olímpicos, Haru.


— Estarei esperando ansioso por isso, Rin. — respondeu Haruka, dando um toque na mão de Rin.


* * *


Rin assistiu a corrida dos 200 metros de Haruka da saída do vestiário, pensando em como era diferente assisti-lo do lado de fora da piscina. A vontade de pular na água e nadar com ele se intensificava a cada braçada, mal podia esperar pela próxima vez que poderiam nadar juntos! Rin ouvia as exclamações de surpresa e admiração de outros atletas que estavam esperando sua vez de se apresentarem para suas competições, e lembrou-se quando ele mesmo o viu nadando pela primeira vez. Não poderia culpá-los por tal reação, era algo bastante natural, ficarem fascinados aos assistirem Haruka dentro da água. Se durante a prova, Rin sentiu como se nadasse com um golfinho, agora parecia que assistia a exibição de um tritão.


— Bom trabalho, Haru! — disse Rin, jogando uma toalha para Haruka, quando ele voltava para o vestiário, depois de conseguir outro primeiro lugar. — E parabéns!


— Obrigado. — respondeu Haruka, secando o cabelo de modo a esconder seu rosto com a toalha. Ser parabenizado por Rin ainda o deixava encabulado.


— Kisumi enviou uma mensagem perguntando se podemos ficar um pouco com o pessoal. Eu já tinha falado com meu treinador, mas tudo bem para você?


— Sim, eu também falei. Kisumi não teria me deixado esquecer. — disse Haruka, se lembrando das mensagens de Kisumi, o que ele não se lembrava, era dele ser tão grudento. Será que ele era assim com Makoto o tempo todo? Em vez de ciúmes, estava começando a sentir pena do namorado. — Nagisa e Rei devem estar aqui também.


Na verdade, o grupo era maior do que eles esperavam: por algum motivo, Kisumi havia trazido seu irmãozinho Hayato, provavelmente o garotinho havia ficado fascinado com a natação depois das aulas que teve com Makoto no ano anterior e que o fizeram perder o medo da água; Aichirou, Momotaru e alguns outros meninos do Instituto Samezuka; Nagisa, Rei, Gou e três de seus kouhais, que queriam ver o famoso nado livre de Haruka e sua disputa com Rin.


— Haru-chan! Rin-chan! A corrida de vocês foi incrível! Dava para perceber que todo mundo na arquibancada estava prendendo a respiração! — disse Nagisa, pulando sobre eles assim que se aproximaram.


— Foi tão belo que ainda estou emocionado! — disse Rei ainda com os olhos brilhando.


— Você estava ótimo, onii-chan! E você também, Haruka-senpai! Os 200 metros também foram incríveis! Os músculos de vocês dois se destacaram entre os demais nadadores! — dizia Gou com entusiasmo, uma das poucas pessoas que conseguiam deixar Rin sem jeito. — Os músculos do onii-chan estão totalmente no nível profissional! Não é, Nitori-kun? — terminou ela, se virando para o capitão do Samezuka.


— Certamente, Matsuoka-san! — respondeu Ai, aparentemente criando uma afinidade estranha com Gou. — Rin-senpai! Isso foi incrível! Mal posso esperar para ver a prova de bata! [bata é a contração de batafurai, pronuncia japonesa de butterfly, que se refere ao nado borboleta.] — Nitori também deixava evidente sua empolgação.


— Rin-buchou!! [buchou é o capitão de um clube escolar.] Foi tão legal! — Momotaru também falava em meio às exclamações de admiração dos amigos que haviam ido até Tokyo para verem mais uma vez, a rivalidade amistosa de Haruka e Rin.


Os dois nadadores sabiam que os amigos viriam torcer por eles, mas não esperavam uma recepção tão calorosa. Ter toda aquela confiança e torcida os deixava profundamente felizes. Era a amizade que importava, e o apoio deles. Porém, por mais que estivessem felizes, cada um deles desejava, no fundo do seu coração, ter uma pessoa especial ali com eles naquele dia, apenas isso faria aquela felicidade completa.


Continuaram conversando enquanto aconteciam as corridas de nado livre de longa distância, até Kisumi soltar uma exclamação de surpresa ao olhar para o relógio.


— Oh! Está quase na hora!


Os outros olharam para ele sem entender, afinal, a prova de 100 metros do nado borboleta de Rin só seria no final da manhã. Kisumi ignorou os olhares curiosos e puxou Haruka pelo braço.


— Haru, tem algo que você precisa ver. — disse ele baixinho no ouvido de Haruka.


Sem entender do que Kisumi estava falando, ele apenas o olhou confuso, e então ao seguir a direção que ele apontava discretamente, viu, entrando em uma fila junto à piscina, tomando seu lugar diante do bloco de largada, estava Makoto.


* * *


Rin foi o primeiro a perceber que havia algo de diferente acontecendo com Haruka, que olhava completamente atônito para a piscina de competição. Kisumi, ao lado dele, mostrava um sorriso satisfeito e seu irmão tinha os olhos brilhando, os dois olhando para a mesma direção que Haruka. Rin entendeu muito rapidamente o que estava acontecendo quando seguiu os olhos deles, o que significava Haruka lhe dizendo que Makoto não viria mesmo que ele próprio tivesse dito que veria Rin nesse dia. Rin abriu um sorriso largo.


Nagisa arregalou os olhos de surpresa, estrelas cintilavam neles, então agarrou o braço de Rei. Os dois trocaram um olhar e sorriram amplamente.


Gou cobriu a boca com as mãos abafando um “oh!”.


Todos os outros foram notando, antes mesmo que a corrida começasse, devido à reação dos que já o tinham identificado.


Todos olhavam atentamente Makoto pular na água, agarrando a borda da piscina, preparando-se para a largada para a prova dos 100 metros de nado de costas.


* * *


Makoto evitava olhar para a arquibancada, mesmo que Kisumi tivesse deixado bem claro em que setor todos eles estariam. Fora o próprio Kisumi quem havia se oferecido para cuidar que Haruka o visse entrar na água, quando percebeu que Makoto ainda não havia contado para o namorado que tinha entrado para o clube de natação da universidade. Pensando bem, fazer uma surpresa dessas seria emocionante!


Primeiro, Makoto teve medo que seu ingresso ao clube de natação fosse um fracasso. Queria contar para Haruka quando tivesse alguma certeza de que teria qualquer sucesso, não fazia ideia se conseguiria acompanhar o ritmo daqueles atletas. O momento de falar apenas foi passando, e Makoto não sabia como abordar o assunto, até Kisumi sugerir em surpreendê-lo no próprio dia da competição. Afinal, aquele também era um dia especial para Makoto, além de voltar à natação competitiva, sua permanência dependia diretamente do resultado daquela prova. Ele havia conseguido o melhor tempo do clube naquela modalidade, mas um bom resultado o lançaria ao mesmo patamar de atletas recrutados, algo que infelizmente não havia acontecido com ele durante o ensino médio.


Makoto tentava relaxar um pouco de sua tensão enquanto estava sobre o bloco de largada, esperando o sinal para pular na água, então, algo que Haruka havia lhe dito há muito tempo voltou a sua memória: “Eu estarei nadando com você.”


Ele ouviu aquelas palavras quando assumiu o lugar de Haruka nos 1500 metros nado livre, quando estavam no clube de natação durante o primeiro ano do ginásio. Ele teria se sentido sozinho, estando tanto tempo dentro da água, onde só poderia ouvir o barulho dela, e ver o fundo da piscina. Chegou a sentir aquela coisa maligna que ele tanto temia e que se escondia dentro da água, pronta para atacar e que estava prestes a deitar suas presas sobre ele. Porém, Makoto não se sentiu sozinho, e aquela sombra se acovardou e desapareceu, porque Haruka estava com ele.


Então, Makoto ergueu o rosto, e como se uma força atraísse seus olhos, ele encontrou os olhos de Haruka. E mais do que isso, Makoto pôde ver que ele sorria.


Makoto retribuiu, sorrindo de volta para Haruka, então, pulou na água.


Não importa se era na piscina ou fora dela, Haruka sempre estaria com ele. Podia sentir quase fisicamente a presença de Haruka, mantendo cada célula de seu corpo elétrica. Segurou a barra, preparando-se para a largada. Seus sentidos pareciam amplificados. Seu corpo respondeu imediatamente ao sinal de largada, chutando a parede a estendendo seu corpo. O teto do ginásio ondulava sobre a água durante a pernada de golfinho, e Makoto avançava veloz e selvagem, emergindo muito à frente de seus adversários. Suas braçadas poderosas abriam caminho pela água, deslizado rapidamente por ela. Sentia Haruka dentro da água. Sentia como se a presença dele o envolvesse. Haruka estava nadando com ele.


* * *


Haruka entrou correndo no vestiário, atraindo os olhares de quem encontrava pelo caminho. Não foi preciso muito esforço para encontrar Makoto perto de um armário, ainda segurando a medalha que tinha acabado de ganhar. Nem ele mesmo podia acreditar que havia conseguido.


— Makoto!


Ele se virou ao ouvir seu nome sendo chamado pela voz da pessoa que tanto amava. O que ele diria? Quais seriam suas primeiras palavras? “Por que não me contou?” seria algo assim?


— Haru... — pôde vê-lo ofegante, a mão apoiada no armário, recuperando o equilíbrio.


— Parabéns... Makoto! — ele disse, puxando o ar entre as palavras.


“Eu queria ser o primeiro a dar os parabéns.”


Makoto abriu um sorriso deslumbrante, ele não poderia estar mais feliz.


— Obrigado, Haru! — respondeu Makoto com os olhos úmidos de alegria. — Eu vi você nadando! Você parece mesmo um golfinho, Haru-chan.


Havia ternura e carinho em sua voz. Haruka nem se importou com o uso do sufixo, ele também tinha os olhos marejados agora. Mesmo quando achava que estava sozinho, Makoto estava se esforçando para  acompanhá-lo. Makoto estava ao seu lado.


Sem se importar com as outras pessoas no vestiário, Haruka se adiantou e abraçou Makoto.


* * *


— Então foi por isso que o Kisumi insistiu tanto para que Haru e eu ficássemos aqui — comentou Rin depois que Makoto e Haruka já haviam se juntado a eles na arquibancada —, com certeza conseguiu surpreender todos nós! — Kisumi apenas respondeu com uma risada cristalina, sendo o único cúmplice de Makoto, havia executado sua tarefa com perfeição. — Mas já ficamos muito tempo aqui, temos que voltar para as nossas delegações, não é, Haru?


Haruka apenas confirmou com um movimento de cabeça, a verdade era que ele gostaria de ficar com seus amigos mais um pouco, mas não poderia ficar o resto do dia com eles, infelizmente.


— Ah... É sério? — choramingou Nagisa. Era tão bom ver seus amigos reunidos, queria desfrutar disso apenas mais um pouco.


— Podemos nos encontrar depois da competição. — sugeriu Makoto.


— Ótima ideia, Makoto-senpai! — Rei e os outros se empolgaram com a ideia. — Ah... — mas logo em seguida sua expressão esmaeceu. — Vai ficar muito tarde... temos que voltar para Iwatobi...


Chegariam muito tarde em casa se estendessem sua permanência depois do torneio.


— Então me deixem tirar uma foto de vocês com suas medalhas... — pediu Nagisa, sacando seu celular. — Eu queria tirar depois da prova do bata do Rinrin, mas se não tem outro jeito... — completou Nagisa, fazendo bico.


— Oi. — disse Rin chamando a atenção dele por usar aquele apelido bobo na frente de tantas pessoas.


Mesmo assim, os três ficaram lado a lado, com Haru no meio. Nagisa apontou seu celular pêssego, agora também usava um pingente nele que chamou a atenção de Makoto. Gou e Ai também ficaram do lado dele e aproveitaram para tirar suas próprias fotos. Cópias das fotos rapidamente se espalharam de celular em celular, e Makoto aproveitou para olhar melhor o pingente de Nagisa, sem que ele percebesse. Logo, Makoto puxou o canto da jaqueta de Haruka, chamando sua atenção, e indicou com os olhos, enquanto Nagisa enviava a foto para o celular de Rei. Do celular de Nagisa pendia um pingente em forma de borboleta, e do de Rei, um em forma de pinguim, e isso fez os dois sorrirem.


Enquanto todos conversavam e se despediam, Kisumi se aproximou de Rin.


— Rin, tem certeza que você não pode ficar nem mais um pouco?


— O que foi, Kisumi? Vocês que moram aqui em Tokyo não vão se encontrar depois? Eu posso sair com vocês, minhas provas são todas hoje.


— Não é isso. Eu só queria que você ficasse mais um pouco.


— O quê? Tem uma surpresa para mim também? — disse Rin de brincadeira, mas Kisumi não disse nada. — Você ainda está escondendo alguma coisa? — perguntou, ficando desconfiado.


— Não fale como se eu estivesse fazendo algo errado. — Kisumi respondeu meio sem jeito.


— Kisumi... — Rin esperava que ele desmentisse a brincadeira com uma risada, mas em vez disso, Kisumi desviou o olhar. — Kisumi, você consegue enganar o Haru, mas não a mim. O que foi? — uma pequena ideia começou a se formar na mente de Rin... Se Kisumi havia preparado uma surpresa para Haru descobrir apenas na hora que Makoto estava participando do torneio, isso poderia ser...?


Rin o segurou pela blusa antes que percebesse. Era apenas fruto da sua imaginação que corria desenfreada. Isso não tinha chance alguma de estar acontecendo de verdade. Rin sabia de tudo isso, mas ainda assim, e se fosse possível?


— Kisumi, por favor...


Kisumi o olhou com pesar.


— Calma, Rin.


Rin o soltou imediatamente.


— Me desculpe.


Kisumi não respondeu, apenas viu Rin levar uma mão ao rosto.


— Eu que peço desculpa, Rin. 


Rin apenas fez um gesto com a mão para dizer que estava tudo bem. Ele realmente precisava se acalmar ou isso poderia afetar sua prova logo mais. Por um breve momento, por poucos instantes, ele acreditou. Acreditou tanto que aquilo poderia ser verdade. Acreditou de tanto desejar que fosse possível. A ilusão criada e destruída em questão de segundos apenas serviu para sangrar uma ferida aberta, algo que estava sendo difícil de superar.


— Rin, eu... — Kisumi via como o amigo estava triste e a tristeza dele refletia em seu próprio rosto — Rin... —, ele ainda tentava chamar a atenção do ruivo que continuava em silêncio. Finalmente, Rin olhou para Kisumi. Mesmo contra sua vontade, seus olhos estavam marejados com as lágrimas que ele se esforçava tanto para segurar. — Não faz sentido se você está assim... Rin, tem uma coisa que eu preciso dizer...



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Autor(a): hokutoritsuka

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