Fanfics Brasil - Segredos Jiyuuni

Fanfic: Jiyuuni | Tema: Free!


Capítulo: Segredos

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A única vez, até então, que Makoto havia precisado guardar um segredo de Haruka tinha sido quando tentou esconder seus próprios sentimentos durante sua infância e pré-adolescência. Não que fosse de todo segredo, dado o modo como sempre cercava o amigo de cuidados, que era uma pungente demonstração de seu afeto. A extensão dessa afeição era o que ele tentava cobrir com um manto cheio de buracos.


O segundo segredo que ele havia tentado guardar fora sua volta à natação competitiva, não que houvesse necessidade disso, mas Makoto ainda estava muito inseguro sobre seus limites como nadador. Era verdade que havia dito a Haruka que sentia que ele mesmo não havia sido feito para ser um atleta profissional, mas deixar de fato a natação havia sido mais difícil do que imaginou. No final do colegial, enquanto Haruka continuava treinando no clube para manter a forma física, Makoto precisou se concentrar nos estudos para o vestibular. Era triste não poder acompanhar Haruka, apesar de o namorado ter tentado ficar do seu lado e apoiá-lo tanto quanto fosse possível.


Por muito tempo teve medo da água, medo do que se escondia dentro dela, mas havia superado esse temor graças aos seus amigos. Quando criança, Makoto estava tentando se especializar no crawl e no nado de peito quando Rin o chamou para o revezamento. A ideia inicial era que ele ficasse com o nado de peito e que encontrariam outra pessoa para o nado de costas. No entanto, Nagisa estava se saindo muito bem com aquele estilo e Makoto passou o treinar o nado de costas.


Enquanto nadava, Makoto só conseguia ver o fundo da piscina, e logo sua mente começava a lhe pregar peças. Ele via um vulto negro no fundo da água perseguindo-o, então, Makoto nadava unicamente para fugir dessa ameaça submersa. Foi só quando passou mais tempo treinando o nado de costas que percebeu como podia ver o lado de fora mesmo estando dentro da água. Imaginava o céu acima dele, além do teto do ginásio, podia ver um azul infinito com nuvens graciosas flutuando por ele.


Não era de forma alguma que Makoto odiasse a água, seria impossível para ele odiar algo que Haruka amava tanto. Makoto gostava da sensação de estar dentro da água, de deslizar por ela, e durante o revezamento, ficou totalmente cativado por poder sentir Haruka próximo dele. Um sentimento tão íntimo, os dois juntos dentro da água, a presença de Haruka o envolvia. E havia as presenças de Rin e Nagisa, como uma luz a afastar as sombras, quente e protetora. Sentia o carinho dos amigos. Era por isso que havia sido tão especial aquele revezamento, por ter lhe ensinado tanto sobre amizade, companheirismo, natação e sobre si mesmo.


Makoto queria ajudar outras crianças a descobrirem os encantos que a água tinha, mas isso não o impedia de sentir falta da presença desse sentimento em sua vida, de estar na água, nadar com todo o seu poder e não estar sozinho. Quando Kisumi o convidou para entrar para o clube de basquete, ele viu que o tipo de fascínio que Kisumi tinha pelo basquete era o mesmo que Makoto tinha pela natação. Então, timidamente, tentou visitar o clube de natação, e era ainda mais incrível do que o treino que havia visto no Instituto Samezuka.


— Está interessando? — perguntou um homem com uma prancheta na mão e que havia se aproximado sem que Makoto percebesse.


— Ah, sim! Queria ver como era o treino de um clube universitário.


— Você não me é estranho... É calouro? — disse ele, demonstrando um interesse inesperado.


— Sim, senhor.


— Onde estudava?


— No Colégio Iwatobi, em uma cidade pequena no litoral...


— Ah, eu conheço! Havia um nadador que se destacava, era... Nanase-san, não é?


— Sim! Haruka Nanase. — confirmou com um sorriso orgulhoso.


— Você estava no revezamento, não é? No campeonato nacional.


— Sim! Eu estava! — Makoto ficou feliz por ter sido reconhecido.


— Você... não está nadando? — perguntou o homem, incerto.


Makoto foi pego de surpresa pela pergunta, e seu sorriso desbotou no mesmo instante.


— Bem, não.


— Mas ainda está interessado. — E aquela não foi uma pergunta.


Makoto não soube como reagir àquela afirmação, não naquele momento. Mas aquele foi seu primeiro passo e quando conheceu seu futuro treinador.


Certa vez, quando Haruka o visitou, quase o surpreendeu com sua bolsa de treino. Entrou em pânico escondendo-a atrás do próprio corpo, ainda parado na porta de entrada do seu próprio apartamento, depois a jogando dentro do guarda roupa enquanto Haruka estava distraído na cozinha. Sentiu-se culpado por esconder algo do namorado, e cada vez que recusava sua presença nas competições, incluindo na manhã daquele mesmo dia. Não poderia faltar ao treino estando em período de teste. Sentia a decepção de Haruka, mesmo que ele tentasse não demonstrar.


Makoto ia contando tudo isso para Haruka no caminho para estação de metrô, depois que todos se despediram. Rin e Sousuke haviam feito o mesmo percurso, mas propositalmente, as duas duplas saíram separadas. Sousuke e Rin tinham muito que conversar, assim como Makoto e Haruka.


— Vamos para minha casa — disse Haruka quando chegaram à estação, o que fez Makoto olhar para ele com as sobrancelhas levemente erguidas —, tem algo que você queira comer? Podemos passar no mercado no caminho.


— Você não prefere ir a um restaurante?


Haruka olhou fixamente para Makoto por alguns instantes antes de responder com outra pergunta:


— Você não quer comer na minha casa?


— Não é isso. Só achei que você ia querer comemorar. A sua medalha, sabe?


Hakura desviou o olhar, franziu o cenho contrariado.


— Temos a sua para comemorar também, é por isso que eu queria ir para casa e fazer algo que você gosta. — resmungou, e mesmo com o rosto virado, era possível ver que ele estava corado.


— É sério, Haru? — respondeu Makoto um pouco alto demais, segurando Haruka pelos ombros.


Algumas pessoas que passavam olharam rapidamente, mas ninguém pareceu se importar. Essa era uma das vantagens de uma cidade grande, ninguém gastaria o próprio tempo para cuidar da vida deles.


Haruka ruborizou ainda mais e a vontade de Makoto era abraçá-lo, envolvê-lo em seus braços e mantê-lo assim para sempre.


— Então, você não quer ir? — perguntou Haruka em vez de responder a pergunta de Makoto.


— Quero sim! É claro que quero!


No metrô, os dois se sentaram lado a lado, seus ombros se tocando. Makoto voltou a falar depois de uns momentos de quietude, sua voz baixa e cheia de pesar.


— Me desculpa, Haru. Quando nós viemos para Tokyo, eu disse que iria assistir todas as suas competições, mas não consegui ir a nenhuma.


— Você foi hoje. E eu sei que você estava assistindo.


— Então... Você já sabia?


— Não, mas de algum modo eu senti. E acho que essa valeu por todas.


Makoto abriu um sorriso incrível, contagiante, e Haruka também sorriu.


Logo chegaram à estação próxima à casa de Haruka. No mercado, decidiram juntos o que preparar enquanto escolhiam os ingredientes necessários. Dividiram as sacolas e seguiram pelo resto do caminho. Lembrava muito quando voltavam para casa depois da aula, ou das atividades do clube em Iwatobi, andando pela orla, Haruka sempre ficava mais próximo do mar do que Makoto. Makoto achava que Haruka escolhia essa posição porque queria estar perto da água, só percebeu depois de um tempo, em um dia que voltavam ao entardecer já na penumbra do crepúsculo, que talvez Haruka quisesse protegê-lo do mar. Os dois estavam sempre cuidando um do outro, pensando um no outro, já fazia parte de quem eles eram.


Entrar no apartamento de Haruka era como se voltasse para aqueles dias. Estava organizada exatamente como a casa de seus pais, ou sua antiga casa, mesmo que de modo geral elas não fossem nada parecidas. Havia algo na atmosfera que parecia não pertencer à Tokyo, mas apenas a Haruka. Não importa onde estivesse, Haru continuaria sendo Haru. O chinelo de Makoto estava na porta-sapatos que ficava no genkan, esperando por sua chegada.


— Haru, o que posso fazer para ajudar? — perguntou Makoto enquanto esvaziavam as sacolas de compras.


— Você não precisa...


— Mas eu quero. — insistiu com aqueles olhos brilhantes de filhotinho, e não restava nada para Haruka fazer a não ser aceitar.


Makoto tinha certa consternação por não estarem dividindo um apartamento em Tokyo, mas a verdade era que os pais deles ainda não sabiam da relação que os dois tinham, embora Makoto tivesse a impressão que os seus pais, pelo menos, desconfiassem. Se morassem juntos, poderiam passar mais tempo na companhia um do outro, não voltariam para um apartamento vazio no final de cada dia, e mesmo que, eventualmente, um ou o outro estivesse viajando para alguma competição, aquele ainda seria o lar deles.


Contariam sobre a real natureza do relacionamento deles aos seus pais quando fossem independentes, maiores de idade, adultos. Essa era a decisão que haviam tomado há muito tempo. Como será que os pais de Haruka reagiriam ao descobrirem que seu único filho era gay?


Colocaram o jantar pronto sobre a pequena mesa que ficava na sala de Haruka, onde se sentaram um de cada lado, naquele clima doméstico e aconchegante que já eram acostumados. Fizeram uma celebração particular, saboreando o jantar simples, mas especial. Brindaram com chá mesmo, porque nenhum dos dois bebia, e como sempre, eles pareciam um casal antigo como de fato eram.


Diferente do apartamento de Makoto, o de Haruka era no estilo oriental, com a mesa baixa na sala, o tatame cobrindo o chão da sala e do quarto onde Haruka estendeu dois futons, um ao lado do outro, enquanto Makoto estava no banho. Depois que os dois estavam de banho tomado, continuaram conversando no quarto, mas o dia havia sido longo e estavam cansados. Logo o sono veio de mansinho, um bocejo e depois outro. Haruka desligou a luz. Deitados no quarto escuro, parecia que o tempo não havia passado, que ainda eram crianças e Makoto havia ido passar a noite na casa de Haruka. Naquela época, na tenra idade, 19 anos parecia uma idade tão madura, mas eles continuavam sendo eles mesmos, aquelas crianças que cresceram juntas e se amavam desde sempre.


Makoto bocejou mais uma vez antes de fechar os olhos, o coração leve por finalmente ter Haruka sabendo o que ele esteve fazendo escondido dele. Não gostou daquela sensação de guardar segredos do namorado, e o peso dos momentos que o deixou triste não passava. Um dia o recompensaria por isso, de algum modo. Sua mente divagava.


— Eu senti falta de nadar, muito mais do que achei que sentiria — disse Makoto num desabafo, a mente turva pelo sono e sem nem saber se Haruka ainda ouvia —, eu estou feliz agora.


— Eu também estou feliz, Makoto. — respondeu Haruka suavemente.


Haruka havia respeitado a decisão de Makoto de deixar a natação, mas a sua volta o deixou indescritivelmente feliz.


— Fiquei muito feliz por você ter voltado a nadar. — disse Haruka baixinho.


— Queria ter contado para você no momento em que entrei no clube, mas tive medo de não conseguir continuar.


— Makoto, você é forte. Mais forte do que imagina.


— Não, eu não sou. Se consigo ser forte, é porque você está comigo.


Haruka virou o rosto para olhá-lo, mesmo no escuro, mas tudo o que conseguia ver era o contorno do perfil de Makoto. Ele devia estar sonolento, falando sem perceber. Talvez ele nem se lembrasse do que tinha dito pela manhã. A respiração de Makoto ficou mais calma, devia ter adormecido, finalmente. Haruka virou o corpo de frente para ele, para continuar olhando-o em meio a escuridão do quarto.


Os dois estavam deitados sobre futons separados, mas, estando um do lado do outro, bastou Haruka estender o braço para conseguir tocá-lo. Makoto tinha o sono pesado, confiando nisso, Haruka tentou tocar o rosto dele com as costas dos dedos, acariciando-o.


Makoto sempre fora uma pessoa tão independente, mas que superestimava Haruka. Como não via que todas as pessoas tinham seus próprios fantasmas como ele? Que quem estaria perdido se estivesse sozinho era Haruka e não ele? Antes de começarem a namorar, Haruka teve muito medo que sua presença problemática não fosse mais bem-vinda na vida de Makoto. Enquanto Makoto guardava seu amor em segredo, Haruka guardava o medo de perdê-lo.


Agora, Makoto estava ali com ele, podia senti-lo com seus dedos, podia ouvir sua respiração bem perto de si.


— Hum... Haru?


Haruka ficou surpreso por Makoto ainda estar acordado.


— Makoto... — respondeu baixinho.


— Vem — chamou Makoto, levantando o lençol que cobria seu corpo, convidado Haruka para seus braços —, eu quero dormir com você.


Haruka se aproximou e se aconchegou bem perto. A cabeça apoiada em um dos braços dele, o outro o envolveu com carinho. Um beijo foi depositado no topo de sua cabeça. A mão de Haruka descansava no pescoço de Makoto, fazendo carícias com o polegar. Poderia adormecer assim, e quantas vezes já não haviam adormecido antes. Voltou o rosto para Makoto, a ponta do seu nariz tocando a linha do maxilar dele, Makoto também voltou seu rosto para ele e suas testas se tocaram. Seus hálitos colidindo.


Os lábios de Makoto procuraram os de Haruka, leves, macios, carinhosos. Sorvendo seu doce respirar de pouco em pouco.


— Você não estava como sono?  — sussurrou Haruka sobre sua boca.


— Apenas um beijo... — respondeu Makoto, beijando-o novamente.


— Um...?


— Só mais um...


— Será que você está mesmo sendo tão inocente?


— Será...?


— Eu acho que não.


— E você?


— Eu?


— Sim, você.


— Hum, não sei.


Os beijos continuaram doces. Beijos e mais beijos. Toques de sensualidade, intensos.


Haruka se aproximou mais, uma das mãos sobre o peito de Makoto. Realmente foi um tolo por não desconfiar, estando Makoto com aquele físico, adquirindo a estrutura de um atleta de alto nível. A outra mão estava no rosto dele, gostava tanto de sentir as linhas de seu rosto.


Makoto o abraçava como teve vontade de fazer tantas vezes naquele dia, mas nem sempre isso tinha a ver com desejo.


Os beijos continuaram, beijos trocados no escuro do quarto, às vezes Makoto deixava escapar uma risada entre os beijos, com aquela alegria que não cabia em si.


— Hum... espera... — disse Haruka depois de um tempo, afastando-se. Então, ele tirou a camiseta do pijama, e puxou a de Makoto para que ele tirasse a dele também.


No escuro, as sensações eram um pouco diferentes. Haruka mapeava o corpo de Makoto com o tato, reconhecendo cada detalhe. As pernas entrelaçadas. Cobriu o corpo de Makoto com o seu, era fácil ficar deitado sobre seu peito, sentindo-o respirar, sentindo seu coração pulsar. Sentia as mãos de Makoto sobre suas costas e isso era incrível. Sentou-se sobre o quadril dele e as mãos de Makoto vieram subindo por suas coxas, pela barra da bermuda que ainda vestia, passando pelo abdômen até o peito, então o pescoço, até chegar finalmente ao rosto, segurando-o com ambas as mãos. Eles podiam ver um ao outro no escuro, podiam atravessar a escuridão. Makoto guiou o rosto dele para o seu, mostrando o caminho para seus lábios, para consumi-lo com seus beijos.


Tinham que se livrar das roupas e pegar as coisas que Haruka tinha escondido sob o futon, o lubrificante e os preservativos.


Haruka voltou a deitar sobre o peito de Makoto, e ele o preparou com os dedos enquanto se beijavam. O movimento do quadril de Haruka friccionava suas ereções que ficavam quentes entre o baixo ventre dos dois, e antes que ficassem molhados demais, Haruka os cobriu com os preservativos. Estava pronto para cavalgar Makoto. Queria ser penetrado, ser preenchido. Sentiu deslizando-o para dentro de si, depois de guia-lo com as próprias mãos, enquanto as de Makoto estavam pousadas sobre suas coxas, sem forçar o movimento, apenas o acompanhando. Quando Haruka passou a se mover sobre ele, as mãos de Makoto foram para o quadril, para as nádegas, sentindo-o, ajudando-o a se mover, a controlar seu peso, a deslizar até Haruka perder o controle, suas mãos agora espalmadas sobre o peito de Makoto, cada estocada era um choque de deleite, atingindo sua próstata e fazendo-o gemer baixinho. Podia sentir o pênis de Makoto ficando mais grosso e mais duro enquanto se aproximava do orgasmo, isso foi suficiente para fazer Haruka gozar, mas não parou de se mover, mesmo sensível. Mordeu o lábio para não gemer alto. Makoto estremeceu, seus dedos apertaram sua pele.


Será que se morassem juntos eles poderiam fazer amor todos os dias? Foi o que passou pela mente de Haruka enquanto desabava sobre o peito ofegante de Makoto. E foi o que pensou Makoto enquanto deslizava os dedos pelo cabelo macio de Haruka. Eles esperavam que sim, sem vontade de serem racionais sobre treinos e estudos. Não naquele instante, não no escuro, não quando estavam abraçados.


— Haru, sabe o quanto eu te amo? — sussurrou Makoto como quem conta um segredo. — Te amo tanto que transborda de mim.


— Eu sei. Eu também te amo assim.


Sussurrou de volta Haruka antes de voltarem a se beijar.



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Autor(a): hokutoritsuka

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