Fanfics Brasil - o mundo caiu Segredos

Fanfic: Segredos | Tema: Negro, Gay, Sexo, Romance, Morte, Amizade.


Capítulo: o mundo caiu

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Domingo, 03 de dezembro de 2017 - 9:00 horas da manhã


NARRADO POR RAFAEL:


Acordo com celular tocando, minha cabeça dói depois da bebedeira da noite passada, foi uma excelente ideia do Pedro essa nossa vinda para a Capital para assistir ao show do Gil e Caetano e ainda estendemos a noite até um barzinho e lá relembramos quando eramos jovens, pego meu celular e estanho, mas não conheço esse número e só pessoas próximas sabem dele, pois é um número pessoal, atendo:


- Alô bom dia, quem é? - Pergunto.


- Olá bom dia, Sr. Rafael? - Responde com uma pergunta a pessoa do outro lado.


- Sim, quem é e o que gostaria tão cedo em um domingo? - Pergunto.


- Aqui é da polícia, ligamos para avisar sobre o seu filho. - Diz o policial me deixando nervoso.


- O que aconteceu com o meu filho? - Pergunto gritando e acordando Dóris que até então dormia ao meu lado.


- O que Pedro aprontou dessa vez meu bem? - Dóris me pergunta.


- Tô tentando descobrir. - Respondo aflito e me levantando.


- Ele foi encontrado morto hoje pela manhã no pátio da escola onde estudava. - O policial me fala com uma certa naturalidade.


Eu não consigo falar mais nada, uma dor se instalou dentro de mim que até deixo o celular cair e começo a chorar descontroladamente Dóris vem até mim e me abraça tentando entender o que está acontecendo:


- O que aconteceu com o Pedro? - Minha mulher me questiona.


- Foi encontrado morto dentro da escola. - Respondo chorando compulsivamente.


- É o quê? - Dóris pergunta sem entender.


- Morto Dóris! Nosso menino está morto. - Respondo sentando no canto do quarto.


Meu irmão entra no nosso quarto desesperado e corre até minha direção para tentar me consolar, mas me deixa ainda mais nervoso:


- Mataram nosso menino da pior maneira possível! - Ele fala se sentando ao me lado e me abraça.


- Como assim? Como você sabe o jeito que ele morreu? - Pergunto surpreso.


- Tem fotos do corpo dele, espalhadas pela internet. - Minha cunhada fala.


- Quero vê para poder acreditar. - Peço


- Acho melhor não irmão, você vai ficar ainda mais nervoso. - Meu irmão me aconselha.


- Quero vê. - Peço mais uma vez.


- Está aqui cunhado. - A mulher de meu irmão entrega o celular.


Quase não acredito no que vejo: é uma foto dele preso no mastro onde a escola costuma colocar a bandeira do Brasil estou horrorizado com aquela imagem, meu filho com vários machucados e com metade do corpo queimado, a foto tinha uma mensagem: "É isso que acontece quando você não anda com Deus. Negros, gays, prostitutas e todos os outros pecadores vão ter o mesmo destino que esse pederasta e todos que caminham e compactuam com esse tipo de coisa vão ter o mesmo fim. Ele é só o primeiro de muitos que vão morar com o Diabo". Começo a me tremer de tão nervoso que estou, mataram meu filho pela cor da pele dele, por conta da sexualidade dele, mataram meu filho por ele ser quem ele é, entrego o celular para a minha cunhada me levanto e faço um pedido:


- Vamos para casa, precisamos vê tudo isso de perto. - Falo olhando para a janela.


- Também acho melhor meu cunhado, vamos fazer quem fez isso com o meu o sobrinho pagar. - Marta concorda comigo.


- Vocês precisam falar com a Dona Josefa sobre o ocorrido. - Meu cunhado avisa.


- Essa mulher não faz mais parta da nossa família e não tem nada a ver com o meu filho ela que continue no buraco que ela se meteu. - Minha esposa fala com raiva.


- A sua briga com a Dona Josefa já foi longe de mais Dóris, meu filho morreu sem ter tido a oportunidade de conhecer a própria avó por algo que aconteceu antes mesmo dele nascer e ela tem todo o direito do mundo de se despedir do neto. - Falo.


- Mas existe uma medida contra ela que impede que ela chegue perto de qualquer uma de nos e dos nossos filhos, impossível ela ir a qualquer lugar. - Minha cunhada me lembra.


- Media essa que nós nunca deveríamos ter assinado, todos nos aqui sabemos que a culpa de tudo que aconteceu de ruim nessa família não era da sua mãe e sim do seu pai, se for preciso nesse momento vocês vão retirar sim essa medida e como meu irmão bem falou eu não quero que algo aconteça com a nossa filha que prive ela de conhecer a própria avó. - Pela primeira vez na vida vejo meu irmão enfrentando a mulher.


- Isso não eu não permitir. - Minha cunhada grita.


- Nem eu, essa mulher não é bem-vinda em nada que envolva a nossa família ela já atrapalhou muito a minha vida. - Minha mulher diz concordando com a irmã.


- Quero que vocês duas parem com isso, Dona Josefa vai se despedir do neto e está decidido vou embora agora vê o meu menino, pois esse debate não vai levar a gente a lugar nenhum. - Falo começando a arrumar as minhas coisas.


- Eu vou ir no meu quarto e aproveito e ligo lá embaixo para agilizarem a nossa saída, te encontro lá em baixo mano e olha aqui para mim, sei que não tá sendo fácil, mas lembra de uma coisa, eu to com você até em baixo de água, seja forte. - Ele fala me abraçando e me fazendo voltar a chorar.


- Obrigado por tudo que você fez pelo meu menino, ele te amava muito. Vamos ser fortes, juntos. - Falo retribuindo o abraço.


- Vamos que vou com você meu bem, tudo vai ser resolver. - Marta fala levando o marido embora do quarto.


- Não quero brigar agora Rafael sei que está sendo difícil para você, mas lembre-se de que eu também perdi um filho e isso ta me doendo muito. - Minha esposa fala sentando na cama e começando a chorar.


- Eu tenho mil razões para não acreditar em você, mas agora realmente não é o momento para qualquer coisa que não seja a nossa união, por isso peço desculpas, mas não vou mudar de opinião em relação a sua mãe. - Falo fechando nossa mala.


- Tudo bem, vou tomar um banho. - Ela fala indo para o banheiro.


- Vou te esperar lá em baixo. - Falo saindo do quarto.


- Então vamos meu amor. - Disse meu marido.


NARRADO POR DÓRIS:


Tento pensar em tudo que está acontecendo com a minha família e só me vem lembranças do passado. Acredito que minha família sempre vai ser perseguida por esse fantasma e que nunca vamos nos livrar dessa carma. Peço a Deus sabedoria nesse momento e que isso sirva de alguma forma para aproximar ainda mais eu e meu marido. Acabo meu banho, junto todas as minhas coisas e desço para ir de encontro com a minha família, ou o que restou dela.


NARRADO POR MARTA:


Estou aqui cancelando uma viagem no meio por causa do meu sobrinho, mas desta vez a culpa não foi totalmente dele. Me pego pensando que eu sempre briguei com Pedro por conta do senso de justiça que ele tem, por sempre quer defender que não merecia e talvez isso venha de nós, uma família de advogados da nisso. Ele infelizmente escolheu um caminho sem volta para a vida dele, eu sei bem o que pessoas como ele, passam e sofrem, mas não acredito que meu sobrinho deveria passar por tudo o que passa e ser exposto dessa forma tão baixa. Faço tudo que tinha para fazer a recepção e apenas estou no aguardo da minha família que finalmente chega agora podemos ir enfrentar a nossa dura e triste realidade, seguro a mão da minha irmã e vamos embora.


NARRADO POR RAFAEL:


Fomos o caminho todo calados, em alguns momentos vejo que meu motorista está chorando e que meu irmão está abalado de uma maneira inconsolável, minha esposa está junto de sua irmã e eu estou a todo custo tentando falar com Maria, mas não consigo. Chego em frente de casa a primeira coisa que faço e correr até o quarto de Pedro, tudo estava do jeito que ele deixou antes de ir para a festa, deito em sua cama e choro como uma criança, ontem foi o nosso último momento juntos e eu não pude aproveitar não consigo imaginar como vai ser daqui para frente sem o meu filho. Dóris vem até mim, mas peço para ficar sozinho e ela mesmo revoltada entende e sai.


Domingo, 03 de dezembro de 2017 - 12:00 horas


NARRADO POR TIANA


Acordo e olho meu celular e já está marcando 12 h, noto que há várias mensagens e ligações perdidas, mas ignoro todas, pois tudo que eu preciso agora é de um banho ontem cheguei em casa tão cansada que nem tive coragem para tomar banho, apenas tirei meu salto e me joguei na cama. No meio do banho penso no meu primo e na dor que ele deve estar sentindo depois da humilhação de ontem, mas vou ajudar ele a descobrir quem fez aquilo com ele. Termino meu banho e começo a me arrumar na intenção de ir até casa do Pedro saber como ele está, vejo que meu celular está tocando e é a Maria que trato logo de atender para saber se ela tem alguma novidade em relação ao meu primo:


- Oi Maria, bom dia, alguma novidade? - Pergunto esperançosa.


- Você não sabe de nada ainda? - Me pergunta Maria com voz de choro.


- Não sei o que Maria? - Questiono entrando em desespero.


- É o Pedro... - Maria fala começando a chorar.


- O que aconteceu com o meu primo Maria? Anda me diz, por favor. - Peço desesperada.


- Ele está aqui na escola... - Fala Maria sendo interrompida por mim mais uma vez.


- Ainda bem que acharam ele, não deixa ele sair dai que já estou indo. - Falo deixando no viva voz e começo a me arrumar.


- Tiana me esculta por favor, não vem para cá, já levaram ele daqui. - Maria fala chorando cada vez mais forte.


- Levaram ele para onde? Porque você está chorando? - Pergunto tentando entender.


- Estão levando ele para o hospital! - Maria me avisa.


- MEU DEUS, O QUE ACONTECEU COM ELE, MARIA PARA DE ENROLAR E ME FALA LOGO. - Peço gritando.


- Ele está morto, mataram nosso menino. - Maria fala quase como um suspiro.


Não consigo ouvir mais nada, o telefone cai da minha mão e eu apago completamente.


NARRADO POR MICHEL:


Não consegui dormir a noite toda, fiquei ligando para o Pedro e nada com toda certeza ele havia desligado o telefone, liguei na casa dele e quem atendeu foi dona Neide que me disse que ele não havia dormido em casa eu não faço ideia de onde ele poderia estar, eu sei que ele estava se relacionando com a alguém, mas por algum motivo ele nunca me contou quem era, eu estou muito preocupado e para ajudar ainda mais meu telefone acaba de descarregar e estou tão pilhado com essa história que esqueci de colocar ele para carregar, deixo ele no carregador e vou tomar banho. Durante o banho começo a chorar igual uma criança, estou me sentindo um bosta por não poder ajuda meu amigo, decido ir à casa da Tiana tenho quase certeza de que ele deve estar lá, pois sempre foi assim quando tem alguma treta ele sempre se esconde na casa dela ou aqui em casa e como ele não está aqui o único lugar que ele pode estar é lá. Tomo o banho mais rápido da minha vida, me troco e pego meu celular com o carregador sem nem ligar ele minha avó está na cozinha, mas resolvo sair sem falar com ela, pois conhecendo dona Nanci sei que ela iria ficar muito nervosa, aproveito que seu Batista está com o carro estacionado na frente de casa e peço para que ele me leve até a casa de Tiana. Vou rezando o caminho todo para que o meu melhor amigo esteja na casa de sua prima. Chego lá, toco a campainha e Dirce é quem atende a porta (Dirce é a faxineira da família da Tiana), estranho o fato dela estar lá sendo que é domingo e ela me conta que como os pais da minha amiga tinham ido viajar pediram para que a moça ficasse por lá para cuidar da garota, pergunto por Tiana e se tem mais alguém com ela e Dirce me conta que Tiana está no quarto dela, mas que não sabe se tem alguém com ela, aviso para ela que vou para o quarto da minha amiga e assim que entro no quarto encontro Tiana caída no chão, corro até ela e tento fazer com que ela acorde:


- Tiana, acorda o que aconteceu? - Chamo, mas não tenho resposta.


- Tiana cacete acorda. - Dou vários tapinhas no rosto dela, até ela acordar.


Ela olha para mim, começa a chorar e me abraça muito forte, tento saber o que aconteceu:


- Tainá o que aconteceu? Porque você estava desmaiada no chão? - Pergunto devolvendo o abraço


- O Pedro! - Ela chora com mais vontade.


- O que aconteceu com ele, onde está ele? - Pergunto começando a me desesperar.


- Ele está morto! - Diz ela me abraçando mais forte.


- Você está doida garota? Da onde você tirou isso? Não brinca com esse tipo de coisa - Pergunto não acreditando no que ela está me falando.


- A Maria... na escola... eu não estou acreditando que meu primo se foi. - Ela me fala no meio dos soluços.


- Isso não pode ser verdade, não pode. - Digo abraçando ela e começando a chorar.


Pego e ligo meu celular tento falar com Maria para tentar saber melhor de história, há várias chamadas perdidas e mensagens no WhatsApp, vejo uma do Pedro e abro pensando que é alguma notícia, mas algo que eu nunca queria ter visto na minha vida, o que recebi é uma foto dele preso no mastro onde colocamos a bandeira do Brasil fico horrorizado com aquela imagem: meu melhor amigo com vários machucados e com metade do corpo queimado, a foto tinha uma mensagem (a mesma que mandaram para Doris)**. A única coisa que consigo fazer é apagar a foto e abraçar ainda mais minha amiga, é verdade que Pedro está morto! Sinto a Tiana saindo dos meus braços e indo pegar o celular, vejo ela sorrindo e olhando para mim:


- Uma mensagem do Pedro, ele não está morto, ele me mandou uma mensagem. - Ela fala secando o rosto.


- Tiana não abre... - Tento impedir ela, mas tarde, ela vê e deixa o celular cair.


- O que fizeram com ele? Porque fizeram isso com ele? - Ela me pergunta chorando.


- Eu não sei ainda, mas vamos descobrir. - Falo tentando consolar ela e a mim ao mesmo tempo.


Pego o celular dela e vejo que é a mesma foto que mandaram para mim e mais uma vez do celular do Pedro tento ligar, mas nem chama, abro meu WhatsApp e vejo que a foto está em todos os nossos grupos e todos enviados pelo whats do Pedro. Desligo o meu celular e o da Tiana faço ela levanta e ir para a cozinha e peço para Dirce fazer algo para Tiana comer, ela diz que vai fazer para os dois percebo que a mulher também chorava e a única coisa que consigo fazer é ir até ela e abraça-la que me devolve o abraço com muita força, diz que está muito triste e sente muito apenas fico calado, ela se solta e vai até à geladeira pegar as coisas para fazer o lanche que eu havia pedido, mas eu não deixo ela continuar, pois, sei que a mesma está completamente abalada com a notícia, aviso que ela pode ir para o quarto dela que eu mesmo iria fazer. Faço nosso lanche e me sento ao lado de Tiana para tentar comer, não conseguimos falar nada o único som que emitimos é o nosso choro, às vezes ele aumenta em outras é silencioso, não consigo mais comer e vejo que Tiana também não me levanto para ir até à pia lavar os pratos e sinto Tiana me abraçando por trás e chorando muito forte, viro e abraço ela, a porta da casa abre e a mãe da Tiana entra pela porta correndo e abraça nos dois:


- Meus amores, como vocês estão? - Ela nos pergunta mesmo já imaginando a resposta.


- Destruída. - Tiana fala me soltando e abraçando a mãe.


- Sem saber para aonde ir. - Respondo saindo do abraço e sentando novamente na mesa.


- Vocês vão ficar bem, fiquem calmos. - Avisa tia Marta.


- Como? Vocês vão trazer ele de volta? - Questiona Tiana saindo do abraço.


- Você sabe que isso é impossível, mas vamos encontrar que fez isso com o Pedro e essa pessoa vai pagar. - Marta nos informa.


- Como a senhora está sabendo? - Pergunto


- A polícia ligou para o Rafael pela manha para poder informar ele do acontecido e também vimos a foto dele que está em todo o canto na internet. - Ele responde meio impaciente.


- Nós vimos também, o que fizeram com ele foi muita crueldade! - Falo sem acreditar muito em tudo que está acontecendo.


- Como os meus tios estão e cadê meu pai? - Tiana pergunta para a mãe.


- Estão inconsoláveis e seu pai ficou lá junto deles e eu vim aqui vê como você está. - Responde Tia Marta.


- Acho melhor todos irmos para lá. - Sugiro.


- Tiana e eu vamos, mas acredito que é melhor você ir na sua casa conversar com a sua avó e contar o que aconteceu para ela, pois liguei la e ela me parecia tão calma que duvido que Nanci sabia de algo. - Tia Marte me avisa.


- Ela não sabe mesmo eu só fiquei sabendo porque vim aqui atrás dele aqui. - Respondo.


- Então vamos que eu te levo e te deixo em casa e sigo para a casa da minha irmã. - Tia marta me avisa.


- Vou junto você é que agora somos só nós dois né? - Tiana fala voltando a chorar.


- Eu até prefiro isso. - Falo segurando a mão dela.


- Sendo assim eu também vou para não deixar vocês dois sozinhos contando uma coisa dessas para a sua avó - Marta fala pegando sua bolsa e indo até o carro.


Estou indo o caminho todo pensando em como contar isso para a minha avó (Dona Nanci é uma senhorinha baixa, loira e dos olhos claros), ela é muito amiga da família do Pedro e conhece eles desde da barriga de suas mães para ela Tiana e Pedro são como netos e ela é uma avó para eles, o que sei que ela vai sofrer muito com notícia e tenho medo disso. Chegamos na minha casa e eu chamo por ela que me avisa que está na cozinha vou até ela e quando a vejo não aguento e começo chorar e corro para os braços dela, ela me não entende nada até que fala comigo:


- O aconteceu meu menino, porque vê está chorando? - Pergunta minha avó passando a mão em meus cabelos.


- Aconteceu uma coisa muito ruim vó, eu perdi meu melhor amigo. - Respondo chorando.


- Não estou te entendendo, o que aconteceu com o Pedro? - Ele me questiona tentando entender.


- Ele foi encontrado morto na escola. - Respondo sem pensar muito.


- Meu Deus do céu! - Ela fala se sentando na cadeira e começando a chora.


- Vó a senhora está bem? - Pergunto me ajoelhando na perna dela.


- Não sei muito bem, mas me dá um copo de água por favor e deixa eu absorver isso direito me explica essa história, direito meu filho. - Ela me pede.


Nesse momento, Tia Marta entra na cozinha e avisa que vai conversar com a minha avó para poder explicar para ela tudo o que está acontecendo e me manda ir ficar com a Tiana, eu vou, mas antes dou um beijo na minha avó e digo que a amo. Chego na sala e Tiana está sentada olhando para o nada, ela chora, mas não emite som me sento junto dela segurando a mão dela até que ela fala comigo:


- O que vamos fazer agora sem o Pedro? - Tiana me pergunta.


- Eu também não sei, mas vamos dar um jeito em tudo. - Respondo.


- Você vai ter que me prometer duas coisas. - Avisa Tiana.


- Quais? - Pergunto curioso.


- A primeira é nunca me abandonar e não deixar os nossos projetos morrem com o Pedro, vamos realizar todos até mesmo os dele, promete? - Tiana me pede.


- Prometo com toda a certeza. - Respondo.


- E a outra coisa é me ajudar a descobrir quem fez isso com o Pedro e se vingar dessas pessoas e só depois disso tudo vamos começar a concretizar nos projetos. - Tiana segue me pedindo.


- Descobrir quem fez isso com o Pedro vai ser minha motivação de vida, estamos juntos nessa. - falo dando um abraço nela.


Tia Marta vem com a minha avó até a sala e sei que ela está incomodada comigo e Tiana abraçados. Minha avó está mais branca que o normal como era de se imaginar ela está inconsolável, não consigo pensar em nada para tranquilizar minha amiga, tia Marta me sugere que eu dê algum calmante para fazer com que ela descanse, mas a senhorinha avisa que não quer nada, tento argumentar:


- Vó se a senhora não se acalmar vou ter que ir até o hospital com a senhora. - Falo tentando convencê-la.


- Não vou tomar remédio e nem vou ir em hospital nenhum, vou ficar bem podem ficar tranquilos eu só preciso lidar com isso. - Ela fala se sentando ao meu lado no sofá.


- Eu preciso ir à casa da minha irmã para ficar com ela nesse momento, mas qualquer coisa que acontecer vocês podem ligar para mim. - Tia Marta nos avisa.


- Tudo bem minha filha, eu só não vou com você lá, pois não vou conseguir entrar naquela casa sem o Pedro lá e ainda mais ter de olhar para Dóris e Rafael vai ser muito difícil para mim, me desculpe. - Minha avó fala tentando se explicar.


- A senhora não precisa se desculpar vó, eu também não sei como vai ser entrar naquela casa eu, na verdade nem queria ir, prefiro ficar aqui com vocês. - Tiana fala olhando para a mãe.


- Você não vai ficar aqui! Nós vamos ficar na casa dos seus tios e eu não vou poder vir te buscar. - A mãe da minha amiga avisa para ela.


- Eu durmo aqui. - Tiana avisa para a mãe.


- NEM MORTA VOCÊ DORME AQUI COM ESSE MENINO. - Marta grita com a filha.


- Qual é o seu problema e por que você está gritando dentro da minha casa? - Pergunto deixando a mulher surpresa.


- Olhe como você fala comigo seu moleque. - Marta tenta me intimidar.


- Você que tem que prestar atenção na maneira que você fala dentro da minha casa. - Respondo enfrentando ela.


- Estou falando com a minha filha, se meta na sua vida. - Ela me repreende.


- Poderia estar falando com o seu marido, aqui dentro da minha casa eu não admito você gritando com ninguém principalmente com a sua filha e ainda mais nesse momento. - Falo.


- Chega vocês dois, respeitem a dor das pessoas. - Minha avó nos pede.


- Me desculpa vó. - Falo sentando de volta no sofá.


- Eu vou com você mãe, mas já aviso que não vou dormir na casa dos meus tios. - Tiana se levante avisando a mão.


- Tudo bem Tiana, vamos logo que seu pai está la sozinho com seus tios e do jeito que é mole não deve está dando conta de cuidar dos dois. - Ela fala em tom de deboche.


- A senhora não respeita meu pai nem nesse momento, vamos logo embora antes que eu surte com a senhora. - Tiana fala empurrando a mãe para a porta.


- Mantenha a calma Marta. - Minha avó pede para a mãe da minha melhor amiga.


- Vou tentar dona Nanci, tchau até amanhã. - Marta fala indo pra fora.


- Ei você fique calmo e não deixe minha mãe te provocar. Tente ficar bem e vamos se falando pelo celular, te amo muito e nunca duvide disso. - Tiana fala me abraçando.


- Eu peço desculpas e você também tente ficar bem, precisamos ficar bem e cuida um do outro. Amo muito você. - Respondo devolvendo o abraço que é interrompido pelo barulho da buzina do carro da Marta.


Dou um beijo na minha avó e subo para o meu quarto, preciso ficar sozinho um pouco.


NARRADO POR TIANA:


Entro no carro, coloco meu fone e minha mãe entende que não quero conversar ainda mais depois do show que ela acabou de dar na casa de Dona Nanci. Vamos durante do caminho até a casa de Pedro em silêncio, ela acaba de parar o carro em frente a casa do meu primo e frio percorre o meu corpo, peço para ela me deixar sozinha e que eu já estava entrando ela aceita e entra na minha frente. Não sei como agir ou pensar, agora tudo vai ser diferente, entrar nessa casa sabendo que o Pedro está morto não vai ser nada fácil, mas agora estou pensado no meu tio e o quanto ele deve estar sofrendo e precisando de mim, como minha mãe e minha tia dizem ele e meu pai são duas manteigas derretidas, penso no meu pai e lembro como ele amava o Pedro e sempre dizia por aí que ele era o filho homem que meu pai não teve e o quanto meu pai sempre falava que tinha orgulho do Pedro é realmente vai ser difícil. Por falar no meu tio ele acaba de sair na porta e olhar para mim saio do carro e corro até ele pulando no seu pescoço, abraço ele e só sei chorar:


- Eu sinto muito tio. - Falo tentando dizer algo para consolar ele.


- Eu sei minha filha, sei que você mais do que ninguém dessa casa sente muito. - Ele fala me dando um abraço apertado.


- Eu amava muito ele tio, muito mesmo! - Falo com a cabeça no seu pescoço.


- E você pode ter certeza que ele também te amava muito, não tinha nada na vida dele que eu você não estivesse no meio. - Ele fala tentando me consolar.


- Ele também te amava viu. - Falo olhando bem no olho dele e fazendo ele chorar mais ainda. - Ele sempre deixou isso bem claro para nós e eu sei como foi importante para ele, tudo que o senhor disse para ele quando o mesmo se assumiu, ele tinha muito medo da sua reação. - Agora ele que chora no meu pescoço.


- Obrigado por me dizer isso minha filha. - Ela diz me agradecendo.


- O senhor que sentar aqui na frente um pouco? - Pergunto para o homem que está na minha frente, mas que, na verdade, parece uma criança acuada.


- Acho melhor entrarmos antes que sua mãe e minha esposa venham atrás da gente você sabe bem como elas são e eu só vim aqui atrás de você - Ele fala rindo e me levando pela mão.


- O senhor nem vai acreditar que minha mãe e o Michel quase se atracaram na casa da vó Nanci. - Eu conto para ele enquanto está entrando na casa.


- Pois a senhorinha vai me contar agora o que aconteceu. - Ele ordena.


- Eu queria dormir lá e minha mãe simplesmente surtou, começou a gritar e o senhor sabe que o Michel não gosta nem um pouco de gritos, ai já viu a treta né. - Eu conto para ele.


- Mas a sua mãe também não dá uma folga, seu pai falou para ela que não tinha necessidade de trazer você aqui para casa hoje. - Ele fala.


- Vocês sabem com ela é mandona e tudo tem que ser do jeito que ela quer. - Eu lembro meu tio.


- De quem vocês estão falando? - Minha mãe me pergunta quando chego na cozinha com o meu tio.


- De você e do show que tu deste hoje na casa do Michel. - Falo procurando o meu pai.


- Ele tem que saber o lugar dele, menino folgado. - Ela fala revirando o olho.


- Você parece uma criança birrenta mãe! Onde esta o meu pai? - Pergunto para a mulher.


- Ele deve estar no banheiro. - Ela me responde


Em questão de segundos meu pai entra na cozinha e corre para me abraçar, acredito que nem um de nos dois temos mais forças para chorar, eu amo tanto o abraço do meu pai que nem preciso falar nada para ele, só de estar ali já me sinto bem. Chego bem perto do ouvido dele e peço uma coisa sem que minha mãe ouça:


- Pai ta ficando tarde e eu não consigo ficar nessa casa, vamos embora por favor? - Falo bem baixinho.


- Vamos sim minha filha, você nem deveria ter vindo até aqui né Marta. - Ele me responde alto para que a minha mãe possa ouvir.


- Mas nesse momento temos que ficar juntos como uma família. - Minha mãe retruca.


- Vocês podem ir para casa, Dóris está dormindo por conta do remédio que tomou e só vai acordar amanhã e eu vou fazer a mesma coisa. - Meu tio fala do canto da cozinha.


- Se o senhor quiser, eu fico aqui ou o senhor pode ir para a minha casa e minha mãe fica aqui com a tia Dóris. - Eu faço o convite mesmo sabendo da resposta.


- Você sabe muito bem que eu nunca deixaria a sua tia sozinha e ainda mais em um momento como esse. Mas você pode ir e se lembre da nossa conversa que tivemos lá na frente. - Ele fala me dando um beijo na testa.


- Eu te amo cara. - Eu falo retribuindo o beijo.


- Vamos então meninas. - Meu pai fala pegando a chave do carro.


- Olha Rafael se vocês precisarem de qualquer coisa pode me ligar a qualquer hora viu, se cuida. - Minha mãe fala se despedindo do meu tio.


- Pode de deixar Marta, obrigado. - Ele agradece com um sorriso meio falso.


- Irmão seja forte, amo você e to contigo até o fim! Sempre. - Meu pai fala abraçando meu tio.


- Eu te amo e obrigado por tudo. - Meu tio responde abraçando o irmão com força.


- Tchau tio, te amo e força. - Falo abraçando ele.


- Eu também te amo pequena e se cuida viu, qualquer coisa grita que o tio vai correndo. - Ele fala me apertando.


De volta ao nosso carro, olho para essa casa e lembro de tudo que vivi com o meu primo nesse gramado, solto o choro que estava segurando por causa do meu tio, percebo que minha mãe tenta falar, mas meu pai não deixar ela falar nada. Vou até minha casa em silêncio, subo minhas escadas, entro no meu quarto, tomo meu remédio e deito para dormir. Pedro eu já sinto sua falta. 


NARRADOPOR RENATO


Estou agora dentro do meu apartamento, sozinho e com uma dor enorme dentro do meu peito. Pedro foi morto de uma forma cruel e teve seu corpo exposto no pátio da escola, não sei o que fazer nem para aonde ir. Pedro foi o primeiro amigo que fiz nessa cidade e agora estou me sentindo tão sozinho porque interromperam a vida dele. Não tenho fome e sei que ainda é dia, mas tomo um remédio para pode dormir quero sonhar com o meu amigo, amanhã vai ser um novo dia e eu não vou deixar isso passar em branco, quem fez isso com ele vai pagar.


NARRADO POR HANNA


Hoje minha casa está muito movimentada, meu pai é o pastor da maior e mais respeitada igreja da cidade, por esse motivo tem várias pessoas ligando e vindo até aqui para saber da trágica morte do meu colega de turma Pedro, nunca fomos próximos, mas eu estava sentida com a morte dele, oramos o dia todo para que ele tenha um julgamento divino digno e para que Deus possa perdoar os seus pecados. Mamãe e papai estão tentando ligar para os pais de Pedro, mas descobrimos que eles não querem falar com ninguém, me recolho para dormir, mas antes oramos mais uma vez pela alma de Pedro, deito em minha cama tranquila e pensado que cada vez mais o mundo está ficando livre de pessoas como ele.


NARRADO POR MARCO


Dormi durante o dia todo, pois passei a noite toda curtindo a vida sem a minha namoradinha chata e acordo com essa notícia que o viadinho do Pedro está morto, estou tranquilo por saber que um gay a menos na terra, grilado com o fato se ser negro, mas prefiro um negro gay morto do que vivo, ele era uma vergonha para a nossa raça. Tento ligar para a Tiana, mas ela não me atende, e quer saber? Problema dela vou é tomar um banho, pois tenho um encontro com uma menina da cidade vizinha que está doidinha para sentar no colo do papai.


NARRADO POR JOE


Estou deitado na minha cama, consegui controlar o choro por uns instantes, desde que eu soube da morte do Pedro não consigo para de chorar, sempre nutri um carinho por ele que foi se transformando em amor. Eu era apaixonado por ele e agora o amor da minha vida está morto! Eu só ia para a escola para ver ele, pois tudo que tinha a ver com ele me encantava, eu amava o jeito dele de lidar com as coisas e que ele sempre foi muito forte e sempre se preocupou com os outros, não consigo acreditar que ele não vai estar na escola pilhado por conta da nossa formatura. Meu tio me chama para comer, mas não sinto fome, prefiro ficar deitado na minha cama chorando e lembrando do amor da minha vida. Pego um remédio do meu tio para poder dormir e antes de tomar faço uma promessa olhando para o céu: Eu vou vingar a sua morte, meu amigo, meu amor.


NARRADO POR ROBERTO:


Estou em frente ao computador escrevendo um artigo sobre a morte do Pedro, era para falar sobre a nossa festa de despedida, entretanto a morte dele vai render mais visualizações no blog da escola. Ele que sempre gostou de ser o centro das atenções agora vai ter um artigo todinho para ele, hoje não vou carimbar ninguém, vou ficar a noite toda escrevendo um post totalmente dedicado ao Pedro.


NARRADO POR BERENICE


Saber da morte do Pedro para mim, é indiferente, eu e ele nunca fomos próximo e se tem uma coisa nessa vida que eu não fiz foi gostar dele. Pedro é inferior a mim, pessoas como ele negro e gay não merecem nada além da miséria, a pessoa que fez o favor se acabar com ele merece um prêmio e a única coisa que temo é que essa história pode acabar prejudicando a campanha de reeleição do meu pai para prefeito. Me deito para dormir, mas recebo uma mensagem pedindo para eu ir até à nossa cabana.


NARRADO POR GABRIEL


Eu ainda estou tentando acreditar em tudo o que está acontecendo, o Pedro está morto e eu nunca mais vou poder olhar ele, não vou poder mais admirar aquele jeito alegre e corajoso, com todas as suas palhaçadas para fazer a turma rir. Pedro sempre defendeu a todos e nunca deixou que ninguém de lado nas atividades da escola, ele não merecia uma humilhação igual a de ontem e nem uma morte tão horrorosa quanto essa. Minha mãe veio do hospital ficar comigo, mas eu preferi ficar sozinho no meu quarto, sei que ela também está triste, pois foi ela que constatou a morte dele e sei que isso mexeu com ela, pois conhecemos o Pedro e família dele desde sempre e tenho certeza que ela se colocou no lugar da Tia Dóris. O pior de tudo é que não perdi só um amigo, Pedro era quase um irmão que eu abandonei por causa desse namoro, pego essa aliança que está no meu dedo e arremesso longe, amanhã espero que tudo seja diferente, deito em minha cama na esperança de sonhar com o Pedro.


NARRADO POR JOÃO:


Saber da morte do Pedro para mim, foi um alívio, porém ler aquela mensagem que estava junto de seu corpo meu deixou preocupado, Pedro sabia coisas demais sobre pessoas poderosas e uma hora ou outra isso iria acontecer. Negros como eu e ele precisamos ficar quietos no nosso canto, pessoas como nos estamos nesse mundo para servir os brancos e tenho convicção disso, por isso mesmo sabendo de muitas coisas eu preferi ficar calado. Conheço Pedro há muitos anos, mas a morte dele não vai significar muito na vida, negro e gay tem mesmo é que morrer, são as regras da vida por isso ando protegido por pessoas brancas fora que ele sempre ameaçou contar meus segredos para Maria. Vou dormir agradecendo a Deus pelo sangue branco que corre e minhas veias e pedi para ele julgar a alma de Pedro da maneira mais sensata.


NARRADO POR PAULO:


Hoje acordei mais leve e ainda recebo a notícia de que o Pedro foi morto, me vem um misto de emoções. Pedro de alguma forma mexia comigo, talvez por conta da nossa historia no passado, mas só sei o que é melhor para mim e ele nunca entendeu isso. Fico em paz, pois o mundo está livre de um ser como ele. Hoje tenho um encontro com uma garota e agradeço que esse viadinho nunca mais vai me atrapalhar.


NARRADO POR BERENICE.


Chego na cabana vejo que o dinheiro está em cima da mesa e com ele um recado: "estou bem feliz com o trabalho de vocês e aqui está o pagamento, descubra se mais alguém sabe de alguma coisa e acabe com essa pessoa, o Pedro foi só o primeiro porque era o mais perigoso, aguarde as instruções do próximo passo e vamos acabar com o restante dessa raça, mas a partir de agora vocês vão fazer exatamente o que eu mandar ou vão acabar como ele". Pego o envelope e vou embora, eu sou a única pessoa que sei realmente de toda a verdade por trás da morte de Pedro e agora vamos dar continuidade no nosso plano ter que se preocupar com risco de tudo falhar, mando uma mensagem no nosso grupo e aviso que a fase 2 do plano vai começar a entrar em ação.


 



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Autor(a): ferreiracaios

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