Fanfic: Ammiratore | Tema: Romance platônico, lua, gato, drama
"Á todos aqueles que admiram o que seu coração clama, ao longe, sem nunca poder tocar aquilo que se deseja."
Me estiquei preguiçosamente, aguardando a pouca luz que o sol irradiava sumir no horizonte. O cair da noite fez as poucas gotículas de água brilharem no meu pelo negro, refletindo a luz estática dos postes que pouco a pouco se acendiam pelas esquinas.
Eu os odiava.
Quebraria cada lâmpada e entortaria cada poste que se erguia arrogante entre as ruas de concreto se fosse fisicamente capaz disso.
Por um motivo simples: Eles ousavam tentar desprender a sua luz, fraca e enjoativa, competindo com a escuridão da noite.
Competindo com a minha amada.
Era uma competição completamente inútil, pensei comigo mesmo enquanto saltava de um telhado para o outro. Nem todas as luzes do planeta acesas ao mesmo tempo seriam capazes de ofuscar o seu encanto.
Ninguém escrevia músicas sobre velas, nem sobre claraboias e muito menos sobre os malditos postes.
Já ela colecionava poemas, canções, livros e obras de arte que tentavam capturar uma fração de sua graciosidade.
Até mesmo fiéis possuía, e eu me via encaixado no mesmo lugar que eles. Como poderia negar que era divina se eu mesmo separava um lugar especial em minha mente e coração para adorá-la?!
Um cão, em algum lugar que não podia enxergar começou a uivar. Me empertiguei de raiva e inveja, fazendo cada pelo do meu corpo se arrepiar, e soltei um grito miado alto.
Ele parou de uivar e começou a latir ao longe.
Sorri convencido, pulando entre os muros de mais algumas casas até chegar a um telhado especialmente alto.
Ele poderia uivar o quanto quisesse, mas eu duvido que em um bilhão de anos a lua já tenha respondido algum cão uivando de volta.
Me equilibrei no parapeito e esperei, até que a minha amada estivesse pronta e espantasse as nuvens que a cobriam.
Me balancei de um lado para o outro nervosamente. Haviam dias como aquele, em que ela me castigava com a sua timidez e se recusava a aparecer, se escondendo atrás das cortinas negras e carregadas.
Odiava esses dias também. Mas entendia e esperava que todos eles passassem, e então, na noite seguinte, nem que fossem por alguns momentos ela aparecia, talvez apenas para ver se eu já havia desistido ou me cansado de esperar.
Eu nunca desisti e muito menos me cansei.
Depois de alguns momentos as nuvens deram espaço e com todo o seu brilho ela me recebeu.
Suspirei aliviado quando a vi, brilhante e formosa no céu, e me ajeitei para observá-la.
Meu âmago se encheu com uma paz morna, porque de uma coisa estava convicto:
Cães podiam uivar para a lua sem receber resposta.
Mas quando eu estava sob a sua luz tinha certeza que ela me contemplava de volta.
Sentir sua luz branca sob meu pelo era como ser correspondido, e isso já bastava para que pudesse alimentar o nosso amor impossível em meu coração.
Um gato e a Lua.
Tão impossível quanto isso.
Autor(a): laresssa
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