Fanfics Brasil - Medos do passado Um novo começo - Ponny.

Fanfic: Um novo começo - Ponny. | Tema: RBD,Anahi,Alfonso Herrera


Capítulo: Medos do passado

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ANAHI POV


 


— Entre… — ofereço passagem ao homem que não desgruda os olhos sérios de mim. Parece saber que o que tenho a dizer vai mudar a forma como me enxerga.


Não consigo enfrentá-lo por mais tempo.


Viro-me e ando para a sala sentindo o peso do que vou lhe contar.


Sua presença silenciosa vem atrás de mim,me seguindo. Sento-me no sofá, cabeça baixa, e respiro bem fundo.


Não é algo fácil de dizer, talvez por isto eu não fale, mas mesmo que eu viva cem anos esta parte da minha vida sempre me acompanhará.


Eu teria feito melhor, se pudesse. 


Voltaria no tempo e agiria diferente. Contudo, nada disso é possível.


— Há algo que você precisa saber sobre mim,Poncho— a distância em minha voz não é planejada.


Ele senta-se ao meu lado.


— E, pelo jeito, você pensa que isso mudará a maneira como me sinto sobre você — não é uma pergunta. 


Seu tom sustenta uma confiança tranquila, difícil de derrubar (eu só não sei por quanto tempo).


Sorrio, sem vontade.


E olho bem no fundo de seus olhos.


— Talvez sim.


Encaramo-nos profundamente por um tempo.


— Eu já fui casada, Poncho… — revelo, sem quebrar nosso contato — E tive uma filha…


Filha


Esta palavra ainda é dolorosa de pronunciar.


Tenho de segurar minha garganta para tentar amenizar a sensação de queimação. 


Fecho os olhos e viajo de volta àquele lugar que se parece como um sonho ruim, o pior que alguém poderia ter.


 


Sentada na poltrona do quarto de Clara, confiro o relógio digital na base da babá eletrônica.


Já se passa das três da manhã. 


Esfrego meu rosto, exausta. Estou há mais de quarenta e oito horas sem dormir, vigilante… pois a cada vez que fecho os olhos por mais de cinco minutos, tenho a falsa impressão de escutá-la chorar. A ausência de sono está me confundindo, acho que esta é a verdade.


Sinto-me uma bagunça.


Confiro meu celular para ver se há alguma ligação ou mensagem de Rodrigo. 


Desde que ele foi à esta convenção, na quinta,ainda não nos falamos.


Eu gostaria que ele estivesse aqui… na verdade, eu gostaria mesmo era que as coisas voltassem ao normal entre nós.


Sinto que ele tem me evitando, e...


Chega, não posso pirar, é provavelmente uma fase de adaptação. 


Essa gravidez veio de maneira inesperada, foi uma surpresa para todos nós. Acho que ele ainda não teve tempo de assimilar, passou praticamente minha gestação inteira entre uma viagem a trabalho e outra.


Estamos juntos desde o colegial, sempre apoiamos os sonhos um do outro, foi assim que o segui para vir morar num país onde não conheço ninguém, longe de meus irmãos, dos nossos amigos, de todos. 


Era uma grande oportunidade para seu início de carreira. Certo, não contávamos que eu engravidaria, mas Clara está aí, agora temos uma linda bebezinha. 


No final, as coisas vão se encaixar, eu sei que sim.


O som agudo de seu chorinho me faz saltar da poltrona novamente. 


Vou até o berço e a retiro dali, coloco-a descansando no meu ombro para acalmá-la, conforme a enfermeira recomendou.


— O que você tem, filha? — sussurro enquanto a nino em meu colo — Mamãe já não sabe mais o que fazer…


Mais choro.


Deus, eu gostaria de ter alguém aqui comigo para me orientar.


Já levei Clara ao médico três vezes esta semana. Provavelmente, o pessoal do consultório me vê como uma mãe despreparada que mal sabe lidar com sua bebezinha de trinta dias…


Fato é que estou ficando maluca de não saber como resolver isso. Ela não dorme praticamente nada.


Quando a deito no berço, tenho logo que retirá-la,normalmente vermelha, quase sem fôlego de tanto fazer força para chorar.


E-eu… Eu sinto estar fazendo alguma coisa errada, mas não consigo saber o quê, e isso causa uma sensação frustrante de completa impotência.


Em nenhum desses livros de maternidade disseram que seria tão difícil.


Ando de um lado para o outro sem que isso a acalme. 


Sento-me com ela na poltrona novamente,desabotoo o molambento pijama de flanela (em meu corpo há, pelo menos, dois dias, pois não consegui nem uma pausa mínima para um banho) e abro o fecho frontal do sutiã. Aproximo a bebê de meu seio direito e somente assim o choro cessa,quando se agarra à minha pele. 


Sua boquinha, tão pequena e avermelhada, me suga em desespero.


Poderia pensar que é fome, se ela não tivesse feito isso há pouco tempo.


Tomo o raro momento silencioso para observá-la. Tão pequena, tão frágil.


As mãozinhas e nariz se parecem com os de Rodrigo. As sobrancelhas e cabelo loiros são totalmente meus. Uma coisa curiosa é a maneira como ela franze o cenho, tal qual meu irmão mais velho, Daniel.


Roço sua bochechinha suavemente com os nós dos meus dedos, e ela aprecia o carinho.


 Seus globos oculares passeiam por baixo das pálpebras fechadas, pesados de sono.


Por Deus, meus olhos também pesam tanto.


Bocejo, apreciando o valioso sossego, mesmo que seja apenas momentâneo. 


Estou tão cansada…


Tantos dias sem dormir têm me deixado realmente exausta…


Bocejo mais uma e outra vez… e… fecho os olhos, só um pouquinho. Será apenas por um minuto.


 


Todo o resto é apenas pânico. O pior momento da minha vida.


Ela não acorda. Ela não se mexe, não chora.


Não respira.


Minha filha está morta.


— Não, não, não… por favor, não!


 


— Eu adormeci… — revelo. A dor é tão presente que posso sentir cada segundo daquele dia vividamente — Eu não sei bem por quanto tempo,cinco, dez, trinta minutos… Eu simplesmente adormeci.—Uma lágrima quente desliza pela minha bochecha, chegando ao canto da minha boca.Lambo o gosto salgado. Já derrubei tantas.— Acordei com minha bebezinha sem vida,agarrada a mim…


— Anahi… — o som grave de sua voz me chama do estupor.


Pisco em meio ao borrão marejado.


— Ela não acordou mais. Não havia ninguém para me ajudar. O socorro veio e a levou embora,me deixando ciente de que eu nunca mais escutaria seu chorinho… — deixo o peso de minha cabeça cair entre as mãos — Meu Deus, como eu pude?Como eu pude não cuidar dela?Como eu pude?


— Anahi, isso não foi…


— Você não sabe o que é essa sensação,Poncho de falhar com o serzinho que dependia unicamente de você — a dor me sufoca — Eu a matei. Eu matei minha bebezinha.


Suas mãos quentes afastam as minhas e seguram meu rosto de frente para ele… 


Não consigo enfrentar seus olhos.


Eu apenas ouço o chorinho.


Aqui.


Do meu lado.


Minha bebezinha…


E, como uma fortaleza querendo romper suas águas (é assim que sinto isso crescendo em mim),não consigo evitar: desabo num pranto copioso pelo meu erro. Eu fui incapaz de protegê-la. Incapaz.


Eles dizem que eu não a matei. Que havia um problema nela e isso aconteceria de qualquer jeito.


Não, não aconteceria se eu tivesse zelado por minha menininha.


 


ALFONSO POV


 


Embalo Anahi em meu colo até que a última lágrima finalmente deixe de cair e apenas o som de sua respiração permeie a sala. 


Jesus Cristo,nunca pensei que a veria desta forma. 


A mulher forte e independente mostrou esta noite um lado frágil que eu não imaginei existir.


Tudo o que sinto é a forte necessidade de mantê-la comigo.


— Venha, me deixe cuidar de você —sussurro com os lábios colados à sua testa,carregando-a em meus braços até seu quarto.


Deito-me com ela, sua cabeça em meu peito, e afago seus cabelos dourados por um longo tempo.


— Poncho… — por fim, ela quebra o silêncio.


Não gosto do que percebo em sua voz.


— Sim, Anahi… — controlo meu timbre.


— Você entende o que isso significa, não entende? — o murmúrio na penumbra me faz fechar os olhos.


Inferno. As coisas começam a se encaixar gradativamente. 


Ela ter me contado justamente agora que estamos mais próximos tem uma razão de ser.


Anahi pensa que isto pode me afastar dela.


Abraço mais forte sua cintura contra mim.


— Que todos nós temos nossos momentos ruins, Anahi.


Ela se remexe, querendo sair de meus braços.


E eu permito.


— Eu tenho medo de… você sabe…


Inspiro calmamente, apesar de tudo. 


E acendo a luz do abajur. Quero encará-la de frente, em seus olhos, e fazê-la ciente de que eu estou nesta por inteiro.


Anahi se senta, rígida.


Escoro-me contra a cabeceira de sua cama.


— Eu já te falei como foi que Ana se acidentou, não falei?


Ela assente. 


Os dentes cravados nos lábios, olhos cobertos por pequenas bolsas de inchaço,visíveis mesmo na pouca iluminação.


— Você se lembra do que me disse naquela noite?—Seu olhar se desvia de mim.— Você me disse que eu não tinha como prever, que coisas ruins também acontecem com pessoas boas. O que faz da sua história diferente?


— É diferente, Poncho…


— Não, não é. Você estava cansada, sozinha, inexperiente, tendo de lidar com uma recém-nascida. Infelizmente, aconteceu. Não se pode voltar atrás. É como me sinto sobre Ana.


Sua garganta bonita se movimenta, engolindo a saliva. 


A mão vai para o local, na base do pescoço.


Inclino-me mais perto, tiro os fios de cabelo de seu rosto e a faço me encarar.


— Não nos afaste de você por isso, Anahi.Não use uma situação ruim de seu passado como barreira contra o que podemos ter…


— Mas a Ana… E se eu…? — os azuis exuberantes se enchem de lágrimas novamente.


Ela não precisa concluir o que tem em mente para eu entender seu temor.


— Nada vai acontecer — afirmo com total confiança.


E, antes que mais destas besteiras saiam de seus lábios, eu a envolvo com os meus. Beijo-a, no começo suavemente, até que nossa urgência fala mais alto, uma fogueira acessa por combustível.


Quero arrancar da maior à menor de suas dúvidas a respeito de nós, e provar que somos certos juntos.


Anahi nunca faria mal à Ana. Eu vi a maneira protecionista como ela age com a pequena.


Ela não se deu conta ainda, mas sua reação à minha filha é instintiva. A mulher tem isso nela. E não vou permitir que seu medo estrague o que estamos construindo. 


Não vou.


 


ANAHI POV


 


Poncho salpica beijos por meu rosto, até acomodar a cabeça na curva de meu pescoço. Ele respira profundamente, encostado à minha pele, parecendo querer sorver meu cheiro.


Emocionalmente cansada, desabo minha testa contra sua clavícula e ficamos assim, unidos.


Dividir meu passado com ele, diferente do que eu esperava, me reconforta. Botei para fora um pedaço do grande peso constante em minha vida.


Por mais que eu tenha aprendido a conviver com a dor, sempre me sentirei culpada. Não poderia ser de outra forma. Descuidei de minha bebê, adormeci e não pude acudi-la quando mais precisou. 


Às vezes, eu me pego pensando em cada detalhe, em tudo o que eu poderia ter feito diferente. 


Se eu não tivesse dormido, se eu tivesse levado ela a outro médico que faria o exame certo e saberia que Clara nasceu com uma cardiopatia congênita, sua dificuldade de respirar provinha disto.


Se eu tivesse percebido que Rodrigo não estava mais naquela comigo e tivesse voltado para o meu país, para junto de minha família…


 Há tantos “e se”… Infelizmente, nenhum deles muda nada.


Eu me casei por impulso, com um homem egoísta que, antes mesmo de eu perceber, já havia abandonado o barco. 


Depois da morte de minha filha, permaneci junto dele por quase dois anos,fingindo estar bem, sorrindo e sendo agradável enquanto administrava minha dor silenciosa, sem saber que a pessoa ao meu lado não merecia o esforço – ele havia seguido em frente há muito tempo. 


Precisou uma de suas muitas amantes iludidas vir à minha casa para a ficha realmente cair. E, ainda assim, ele negou e se recusou a me dar o divórcio, o bastardo. 


Acho que aquela foi a primeira vez que extravasei com alguém. 


Quebrei um vaso de cerâmica em sua cabeça… e a sensação foi libertadora.


Mas não foi isso que me fez levantar a cabeça e continuar a vida, mesmo que um pedaço dela


houvesse morrido. Foi… um… anjo.


 Sim, parece loucura. Mas foi um anjo.


Quando eu estava no fundo do poço, me sentindo sozinha, quebrada pela dor, empurrada pela culpa… um anjo veio falar comigo. 


Eu não sei dizer se foi um sonho ou, sei lá, uma experiência divina, mas ela apareceu pra mim e aquilo foi tão real, tão intenso… Não me lembro de seu rosto, por mais que eu me esforce, porém, se eu fechar os meus olhos, ainda ouço sua voz suave, macia, reconfortante, me dizendo que eu tinha de seguir em frente, ser feliz.


 “Prometa pra mim”, ela pediu,


Prometa pra mim, Anahi”.


Diego é a única pessoa que sabe dessa história. Ele acha que o anjo era Clara.


 Imaginação ou não, eu prometi e senti que deveria me esforçar para cumprir. Assim, tenho vivido meus dias tão plenamente quanto posso, conhecendo pessoas, fazendo o que minha intuição manda, enfim, tentando… e parecia ser o suficiente, até Poncho surgir.


— Não me afaste de você… — ele pede uma última vez; o som sai abafado em meio a minha pele. 


Suas palavras carregam um misto de clamor e paixão inquietantes.


Não me afaste de você”.


Se eu for bem sincera e olhar para dentro do meu coração, não preciso refletir para responder.


— Eu não vou…


Não.


Eu não quero me afastar deste homem ou de sua filha.


E, mesmo se quisesse, já não conseguiria.


 



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Autor(a): ItsaPonnyWorld

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 86



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  • cxlucci Postado em 04/11/2024 - 10:06:19

    voltando aqui depois de mais de ano ver se teve update 😭😭😭

  • mileponnyforever Postado em 16/10/2023 - 00:14:09

    Cadê você?!

  • mileponnyforever Postado em 15/06/2023 - 08:34:04

    Pelo amor de Deus, volta a postar!

  • beatris_ponny Postado em 03/06/2023 - 02:56:34

    Cadê vc????

  • mileponnyforever Postado em 31/05/2023 - 11:41:45

    Cadê você?

  • mileponnyforever Postado em 01/05/2023 - 21:48:54

    Cadê você?

  • beatris_ponny Postado em 16/04/2023 - 16:33:12

    Continua....

  • beatris_ponny Postado em 16/04/2023 - 16:33:01

    Que bom que voltou, já tinha desistido kkkk

  • mileponnyforever Postado em 10/04/2023 - 01:03:59

    Meu Deus que capítulo cheio de emoção. Não some assim, você ainda vai nos matar de ansiedade!

  • mileponnyforever Postado em 16/03/2023 - 13:49:54

    cade voce? Posta pelo amor....


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