Fanfic: Um novo começo - Ponny. | Tema: RBD,Anahi,Alfonso Herrera
ALFONSO POV
O alarme do batalhão soa alto, colocando-nos na posição de partida.Pelo rádio, escuto o código do chamado.
Acidente de trânsito.
Nossa cidade é cortada pela rodovia interestadual que liga ao menos três estados,todos os dias há chamados para o local e, ainda assim, as autoridades se recusam a tomar uma providência quanto a coibir o excesso
de velocidade no trecho.
Atendimentos naquele local específico têm,particularmente, um peso maior sobre mim. Foi onde Ana se acidentou.
Mesmo que seja inerente ao trabalho, a cada vez que tenho de estar lá, ainda vinculo com minha filha.
É inevitável.
— Pronto? — Roberta rasga um sorriso,assumindo o volante.
— Tenho de estar… — aceno, apertando meu sinto e conferindo o tempo em que chegaremos lá.
Ela sai com a ambulância do batalhão e
aciona a sirene.
— Você sabe, Poncho, esta parte é a que mais gosto — refere-se ao fato de todos os carros no
trânsito movimentado darem-nos passagem,reagindo ao som estridente — Eu gostaria de ter um destes no meu carro, nos horários de pico — dá de ombros, sem constrangimento.
— A ideia não é ruim — resmungo, atento às informações do sistema sobre o número de vítimas e gravidade da situação — É um 10-13…
Ela suspira.
— Eu odeio 10-13
Para ser honesto, eu também.
Mais de uma vítima em estado grave, isto é o que representa o código.
Outra ambulância também está à caminho.
Conforme nos aproximamos, as pessoas, ao lado de veículos enfileirados formando um corredor,vão se afastando, dando passagem na rodovia parada. Pelas expressões, o cenário não é promissor.
Trazendo a mochila de equipamentos em mão,salto da ambulância rapidamente.
— Abram caminho! — Roberta ladra, dando ordens aos curiosos enquanto caminhamos entre eles — Oh, merda, Poncho… — silva, hesitando por um instante.
De frente ao estado do utilitário,conseguimos saber exatamente o quão mal é.
O carro de modelo popular é agora uma lata amassada e revirada.
No banco do motorista, o condutor desacordado tem sua cabeça debruçada contra o volante em uma poça de sangue. Ao seu lado, uma mulher semiacordada geme com fraqueza, o rosto parcialmente coberto por uma linha de sangue escorrendo a partir da têmpora.
A cena retesa meus músculos. A mulher,
grávida em estágio avançado, talvez sete, oito meses, está imprensada contra as ferragens.
— Cheque-o. Eu fico com ela — instruo Roberta e me aproximo da lateral.
Meu cérebro foi treinado para estes momentos,sou preparado para administrar situações como esta.
A adrenalina corre por meu corpo,obrigando-me a
agir quase mecanicamente… no entanto, porra, tenho de respirar fundo para o que vejo.
— Senhora, eu me chamo Poncho e estou aqui para ajudar — abaixo-me à sua janela, avaliando-a melhor; preciso mantê-la consciente — Como é o seu nome?
Ela emite resmungos inaudíveis.
Embaixo de seu corpo, no assento, mais sangue em quantidade preocupante.
Não consigo ver suas pernas, obstruídas pelas ferragens. Subo meu olhar para Roberta, que testa o pulso da outra vítima enquanto chama por ela.
Seu olhar encontra o meu e sei o que significa. Morto. O cara está morto.
— Vamos nos concentrar nela — oriento.
Passamos os próximos momentos numa agonizante busca por fazer o possível para salvar as duas vidas em nossas mãos: uma mãe e seu bebê.
Além de nossa capacidade, é impossível removê-la de dentro, e quanto mais passa o tempo, menos ela tem.
Roberta aciona um chamado para auxílio e, em
questão de minutos, temos bombeiros cortando as ferragens, na medida do possível. Outra ambulância também nos auxilia.
Mas as respostas indicativas de vida da mulher vão ficando cada vez mais distantes.
Inconsciente, pulso fraco, pressão em queda.
Os sinais vitais estão se perdendo.
Nós estamos lhe perdendo.
-
Lavo-me e troco o uniforme.
Este é o procedimento. Minha cabeça está distante, ainda na vida que não pude salvar. Inferno, “dias bons e dias ruins”, tento me lembrar que esta profissão é assim,constantemente, mas não diminui em nada a sensação de incapacidade.
— Dia difícil, irmão? — Derrick segura meu ombro, vindo por trás — Eu ouvi o chamado pelo rádio.
Bato a porta do armário.
— A mulher não aguentou chegar ao Central… — revelo, sem vontade de conversar agora, e contorno seu corpo para calçar as botas.
Ele grunhe.
— Quantos mais vão morrer até o prefeito de merda tomar uma atitude e colocar um maldito radar ali?
Sentado, encaro minhas mãos.
Três vidas perdidas hoje.
Três vidas e eu não pude fazer nada.
— Senhores… — Raled Saleh, o chefe deste batalhão, entra no vestiário.
— Chefe… — Derrick cumprimenta.
Levanto a cabeça num aceno.
— Você fez um bom trabalho lá, filho, não havia muita solução — recebo dele também uma batida nas costas.
Não respondo, mas sei do apoio destes caras.
Somos uma família aqui.
Este tipo de resultado numa ocorrência é uma merda para todos.
O chefe coloca as mãos nos bolsos, do modo que faz quando tem algo a mais a dizer.
— Há uma pessoa querendo falar com você lá fora.
Avalio sua expressão mais séria e não sei
bem como interpretar.
— Quem?
O olhar cansado do experiente senhor me
encontra.
— Um oficial de justiça, filho.
Depois do plantão, vou direto ao apartamento
de Anahi.
Ana está com ela, recebi a mensagem
avisando.
Faz quase um mês que ela me contou sobre
sua filha, sei da confiança que a mulher depositou em mim para se abrir, acho que isso nos uniu um pouco mais. Mas ainda há sua relutância em assumir que estamos juntos para o resto do mundo,e principalmente para Ana. Temos nos revezado entre dormir na minha ou na sua cama, mas o final é sempre o mesmo: ela se esgueirando para fora logo nos primeiros raios do sol, ou me fazendo ir.
E, ainda assim, todas as manhãs, nos encontramos tomando café juntos, nós três, em minha cozinha.
Uma família.
E agora temos a chave do apartamento um do
outro.
Abro a porta e entro, satisfeito por finalmente estar aqui. Hoje, tudo o que preciso é tê-las por
perto, apenas isto, para esquecer este dia de merda.
Esquecer que perdemos aquela mãe e seu bebê...esquecer o que minha ex-mulher estúpida está tentando fazer.
Notando o ambiente muito silencioso,caminho pelo corredor até a suíte, e logo sou atraído pela conversa vindo de seu banheiro.
Sem me fazer notado, escoro-me contra a porta para observá-las.
Acho que nunca me cansarei de vê-las assim, tão submersas em um mundo que parece ser só delas, como se fossem parte uma da outra. A
verdade é que essa conexão toca profundamente em meu peito.
Não quero precipitar as coisas, atropelar etapas com esta mulher depois de tudo o que sei
dela.
Anahi precisa descobrir sozinha o que,para mim,é visível aos olhos: ela tem um forte instinto maternal, uma coisa destas não se pode simular ou omitir.
— Eu gosto de todos eles… — minha filha segura, indecisa, alguns frascos de esmaltes em
suas mãos.
Sentada à borda da banheira, tendo rolinhos coloridos enrolados por toda a cabeça, os olhos da pequena brilham calorosos na mulher,parecendo esperar por sua opinião.
Tenho a impressão de que Anahi representa um tipo de princesa real para Ana.
Pouso meu olhar na loira, no centro da banheira, rodeada de espumas.
O cabelo dourado preso no alto da cabeça, fios úmidos caem soltos,bagunçados, deixando sua nuca lindamente exposta.
Sim,ela é bonita pra caralho,incontestavelmente,mas é o que enxergo em seus atos que vem arraigando-a em mim.
Deus é testemunha, não consigo pensar nela de outra forma que não seja em minha vida,permanentemente.
— Hum… acho que estou tento uma ideia.Que tal então pintarmos uma unha de cada cor? —ela alisa o pé de minha filha descansado em suas mãos.
— Sim, Anahi!
A risada satisfeita de Anahi pela reação da criança retumba gostosa através do banheiro.
— Ótimo. Mas… antes de começarmos, há
uma coisa muito, muito importante que tenho de
fazer, Ana…
Expectador, estreito meus olhos, curioso pelo repentino suspense em sua voz (minha filha
também fica).
— Preciso saber se este dedinho aqui é forte para aguentar o esmalte, princesa!
Surpreendido, assisto à Anahi levar o dedo do pé da criança à boca, morder de leve, com diversão, arrancando risadas altas da menina.
Porra, os gritinhos extasiados da pequena lançam ecos de energia a fluir por todo o ambiente. E meu coração de pai é diretamente atingido.
Estou feliz quando minha filha está, é simples assim.
O maldito papel pesando em meu bolso não
vai mudar isso.
Não vou permitir que Ana fique vulnerável à Belinda novamente.
Juiz nenhum me obrigará.
Receber a intimação foi uma piada, uma maldita piada de mau gosto!
Quem aquela mulher pensa que é para pedir a guarda compartilhada, sem mal conhecer a própria filha? Minha ex perdeu a cabeça se pensa que pode ter Ana vivendo com ela e aquele maconheiro.Perdeu a cabeça!
Inspiro fundo, afastando a irritação.
As duas mulheres da minha vida estão aqui.
Nesta noite, eu quero apenas curti-las, sem mais nada no caminho.
Belinda é um problema que pretendo resolver em breve.
— Será que eu interrompo? — deixo elas tomarem ciência de minha presença.
Ainda em seus sorrisos, ambas me olham.
Anahi o faz por cima de seus ombros.
Jesus Cristo, a mulher tem suas bochechas belamente coradas. As íris enormes parecem sorrir também.
— Papai! A Anahi vai pintar minhas unhas!
Aproximo-me passo a passo. Beijo a testa da pequena.
— Que bom, filha. E o que é tudo isso em sua cabeça? — brinco, alisando o rostinho animado.
— São para fazer lindos cachos, né, Anahi?
A loira sorri, aquecida, exuberante.
Não me contenho.
Inclino-me e capto seu rosto.
Sim, em frente à Ana. Já é hora da pequena tomar conhecimento de que estamos juntos. Seguro-a e colo meus lábios nos seus, macios, quentes. Não é demorado, mas é o suficiente para ela saber que ansiei por isto o dia todo.
Ouço o gritinho surpreso e ao mesmo tempo alegre de minha filha, e rio com nossas bocas ainda unidas.
— Boa noite, amor — arremato, para que não haja dúvidas.
O rubor que deixo na face da mulher me instiga a repetir a dose.
Por muito pouco não o faço.
— Noite, Poncho… — ela morde o sorriso,entre envergonhada e satisfeita.
Sento-me no chão, ao lado da banheira, e apenas me deleito por estar junto delas, mesmo que num banheiro.
Anahi leva a tampa do frasco de esmalte à boca e o torce entre os dentes, abrindo a embalagem – depois de minha filha determinar a cor –, e começa seu trabalho cuidadoso nas unhas de Ana.
A mulher leva jeito.
Vez ou outra, seu olhar aquecido vem ao meu, e eu o sustento.
Num momento, percebo-a estreitando as íris exóticas para mim.
— Como foi seu dia? — enganosamente despretensiosa, Anahi lança esta, à princípio uma pergunta simples, não fosse pela maneira como me olha parecendo enxergar por trás de minha aparência tranquila.
Eu deveria compartilhar a notícia com ela,dizer que aquela infeliz teve a coragem de me enviar um oficial de justiça.
Mas não quero este clima pairando entre nós, não hoje.
Hoje eu só quero a paz de estar com elas.
Autor(a): ItsaPonnyWorld
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
ANAHI POV Entro no apartamento de Poncho, atrasada. Eu poderia ter ido direto ao trabalho sem passar aqui antes, mas tomar café da manhã juntos com Ana é importante para ele, além de que meus dias têm sido melhores depois que adotei este hábito. Dormi em sua casa, de novo, e para variar acordei um pouco mais tarde do ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 86
Para comentar, você deve estar logado no site.
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cxlucci Postado em 04/11/2024 - 10:06:19
voltando aqui depois de mais de ano ver se teve update 😭😭😭
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mileponnyforever Postado em 16/10/2023 - 00:14:09
Cadê você?!
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mileponnyforever Postado em 15/06/2023 - 08:34:04
Pelo amor de Deus, volta a postar!
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beatris_ponny Postado em 03/06/2023 - 02:56:34
Cadê vc????
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mileponnyforever Postado em 31/05/2023 - 11:41:45
Cadê você?
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mileponnyforever Postado em 01/05/2023 - 21:48:54
Cadê você?
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beatris_ponny Postado em 16/04/2023 - 16:33:12
Continua....
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beatris_ponny Postado em 16/04/2023 - 16:33:01
Que bom que voltou, já tinha desistido kkkk
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mileponnyforever Postado em 10/04/2023 - 01:03:59
Meu Deus que capítulo cheio de emoção. Não some assim, você ainda vai nos matar de ansiedade!
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mileponnyforever Postado em 16/03/2023 - 13:49:54
cade voce? Posta pelo amor....