Fanfics Brasil - Um pesadelo Um novo começo - Ponny.

Fanfic: Um novo começo - Ponny. | Tema: RBD,Anahi,Alfonso Herrera


Capítulo: Um pesadelo

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Sim,estou viva.


E para compensar os dias sem post irei postar pelo menos dois capítulos hoje.


Obrigado por acompanharem a história e desculpe a demora.


 





ALFONSO POV


 


Sirvo-me na máquina de café. Uma dose fortep ara combater o sono a esta hora da manhã é mais do que bem-vinda. 


A cidade nunca para, mas,estranhamente, hoje o movimento parece menor.


Eu deveria aproveitar o raro intervalo de descanso para ir ao escritório do maldito advogado de Belinda, ouvir a proposta que ele diz ter. Seja lá o que for, Ana passar qualquer tempo com aqueles dois está absolutamente fora de cogitação.


— Você viu o noticiário? — Roberta pergunta,enquanto enche seu próprio copo, elevando o queixo para a pequena televisão ligada na copa do batalhão.


Na tela, uma reportagem sobre o festival de música que acontecerá na fronteira do estado.


Quatro dias de festa com público estimado em trezentas mil pessoas. A reportagem dá conta dos problemas envolvendo o número de adolescentes que passaram mal na edição anterior, comumente pelo excesso do uso de drogas que correm livres em eventos assim. 


O secretário de segurança pública,entrevistado no momento, fala das medidas adotadas para assegurar a integridade física do público. Haverá reforço no policiamento e no pronto atendimento médico…


— Isso vai refletir na gente — ela lamenta.


— Bem, já refletiu — o velho Raled se pronuncia, escorado contra a porta de entrada. Não notei sua chegada antes — Bom dia, senhores.


Roberta lança um olhar pra mim e volta a encarar seu copo.


— Bom dia, chefe…


— Chefe — aceno de volta.


O sargento retira um copo de isopor da pilha e o abastece quando Roberta desocupa a máquina.


— Acabo de receber uma ligação da secretaria de saúde. Querem-nos reforçando este evento. Todo o batalhão foi convocado.


— Mas e como ficarão os atendimentos aqui?— minha colega questiona, tomando a bebida quente.


— Os chamados serão transferidos para o 43º.


— Eles ficam do outro lado da cidade —observo o evidente.


O chefe adoça seu café com excessivas três colheres de açúcar.


— Nem me diga, filho. Argumentei isso, mas ninguém se importa. O governador só está pensando em sua reeleição e este prefeito obedece a tudo sem questionar.


— Em pensar que votei nele… — Roberta resmunga.


Reflito por alguns instantes, assimilando a notícia. 


E então me dou conta de que há um pequeno problema nisso. Mari viajou há uma semana, minha irmã e mãe estão fora da cidade.


Tenho Anahi, mas não sei se ela…


— Chefe, eu não posso me afastar agora —nego — Ana ficará sozinha.


Raled Saleh absorve a bebida, pensativo.


A ideia também é ruim para ele, reconheço quando o velho está descontente com uma ordem.


— Deixe-a com Nadja, se quiser, Poncho.Minha esposa adora aquela criança. Serão poucos dias. Dependendo de como estiver lá, eu te libero para que retorne antes — ele bate em minhas costas— Precisamos de todos cobrindo aqueles jovens irresponsáveis, filho.


Comprimo meus lábios.


 Deixar Ana com Nadja não é uma opção. Apesar de eu gostar da esposa do chefe, minha filha não a conhece direito.


— Eu tenho que pensar…


E conversar com Anahi. 


Não quero jogar esta responsabilidade sobre ela.


 


ANAHI POV


 


Alfonso massageia meus pés, descansados em seu colo. Nesta semana, estamos ainda mais unidos.


Passei a maior parte do tempo em seu apartamento,até minha escova de dente agora está em seu banheiro. Vou à minha casa somente pra me vestir para o trabalho, de manhã.


— E quando você vai? — indago ao receber a notícia de que ele está sendo chamado para um trabalho fora da cidade.


Noto-o hesitar, o lábio comprime-se em uma linha estreita.


— Ana… — diz, parecendo explicar um ponto.


Por um instante, fico sem compreender… Até que…


— Poncho — arrasto-me pelo sofá, ficando em sua frente — Eu posso ficar com a Ana, não há problema nisso… — aliso seu peito — Quatro dias passam rápido, logo você estará de volta.


Há alguns meses, a ideia de ficar sozinha com uma criança seria aterrorizante, mas já me habituei tanto a ela que cuidar da Matraquinha soa natural.


 Ela criou esta sensação em mim, a confiança da criança me fortalece. Noto Poncho inspirar longamente. Seus olhos fixam-se nos meus, mas é como se sua mente estivesse em outro pensamento. 


Então me toca,alisando, carinhoso, a maçã do meu rosto, ganhando caminho para minha nuca.


— Você é muito importante pra mim,Anahi— há tanta convicção em sua fala que praticamente me convida a fechar os olhos e me deleitar com o momento.


— Posso te dizer o mesmo… — mordo um sorriso para o pensamento que me ocorre, e baixo o tom para o de uma gatinha charmosa (droga, de onde foi que isto saiu?) — Deveríamos fazer alguma coisa sobre ficar todo esse tempo longe,bom doutor.


Ele sorri, mas não aquele que rasga seus lábios; é algo mais intenso, contemplando a energia a nos cercar quando estamos assim, juntos.


— E o que você tem em mente, Annie?


Arrepia-me até o último dos pelos ouvi-lo me chamar desta maneira, e Poncho sabe disso.


— Matarmos a saudade antecipadamente? — monto em seu colo, sussurrando em seu ouvido,enquanto prendo o lóbulo macio entre meus dentes.


Sinto suas mãos passearem por baixo da


minha camiseta, encontrando o fecho do sutiã. Em um instante, a peça é aberta.


— Habilidoso, hein… — murmuro, sugando sua pele.


Devagar, vou balançando meu quadril em busca do atrito entre nossos jeans. O homem já está


rígido sob a peça. Deslizo meus lábios, indo para


sua boca, e tomo dele um beijo profundo, de tirar o fôlego.


 Parece que cada vez fica melhor, não me lembro de já ter beijado alguém que causasse uma reação tão imediata.


Num piscar de olhos, Poncho me gira e paira sobre mim.


 Os amassos ganham intensidade até estarmos nos arrastando para o quarto, em silêncio,.um consumindo os gemidos do outro.


E nos amamos durante longas horas, marcando nossos corpos, que não se encontrarão pelos próximos dias.


Não vou mentir, já estou sentindo sua falta.


 


ALFONSO POV


 


Entro no quarto de uma Ana ainda dormindo.


Afasto os cabelos grudados em sua testa, e beijo o topo da cabeça de minha filha.


 A menina só acordará pra valer daqui a algumas horas.


— Vou sentir sua falta, pequena — murmuro, antes de apagar a luz do pequeno abajur ao lado da cama.


Cubro-a melhor e saio do quarto para


encontrar Anahi na porta, vestindo apenas minha camiseta, que caí até o início de suas coxas bem torneadas. 


Passa pouco das cinco da manhã, ela tem mais algumas horas para dormir e eu insisti que não se levantasse, inutilmente. 


Ela se pôs em pé junto comigo. Devo confessar que a atitude me agrada muito; revela uma mulher tão descontente com a ideia de ficarmos longe quanto eu.


Não resisto, coloco seu cabelo bagunçado atrás da orelha e a beijo com paixão, querendo que sinta a sua importância. 


A mulher enrosca pernas contra minha cintura num aperto cerrado;posso sentir a quentura de seu corpo, e, por um momento, tudo o que quero é voltar para nosso quarto e consumi-la novamente.


Tão linda, tão calorosa.


— Eu te amo… — rosno, encontrando a curva de seu pescoço.


— Não demore para voltar — choraminga,


abraçando-me com força.


— Não vou.


Com muito custo, andamos até a porta da frente. 


Coloco-a no chão e olho no fundo de seus olhos.


— Cuide dela por mim, Anahi.


— Cuidarei,Poncho. Ana é tão importante para mim quanto você.


Sorrio, franco. Eu sei que nenhuma outra afirmação poderia ser mais verdadeira.


— Eu sei.


 


ANAHI POV


 


Às vezes, a vida da gente dá tantas voltas que mal se pode acreditar.


 É como se tudo realmente tivesse algum propósito, estivesse destinado a acontecer. Quando perdi minha filha, senti que algo em mim havia quebrado irremediavelmente, e nunca mais poderia ser consertado. 


Eu não esperava amar daquela maneira novamente, aquilo era especial e estava reservado somente a uma pessoa, Clara, morrendo junto com ela.


 O luto durou um longo tempo, depois veio a fase da rejeição, de odiar a tudo e, principalmente, a mim mesma. Em seguida, a fase da aceitação, de


entender que as coisas são como são. 


E hoje, olhando para Ana (de mãos dadas comigo, caminhando animadamente pelo shopping), acho que por fim estou na fase da superação, de seguir em frente de verdade.


De uma forma muito bonita, sei que a Matraquinha e Poncho são os responsáveis por isso, por fazer aquele tipo de amor brotar mais uma vez,como uma flor obstinada no meio de um terreno hostil, ganhando espaço dia a dia.


Eu amo a menina, simplesmente amo. Não sei bem quando aconteceu, mas é um fato. 


Passar esses dias com ela será bom pra gente.


Fiz tudo o que eu precisava de manhã no trabalho e tirei a tarde para passearmos. 


Sei que estou passando tempo demais longe da empresa.


 E, quanto mais tempo fico, mais quero ficar. A LeCher, um dia foi o meu grande sonho, lutei para estar lá; hoje, mal posso suportar a presença daquele diretor e suas investidas. 


Vejo-o como um sanguessuga, disposto a tragar tudo de você:criatividade, determinação, capacidade de inovar.


No final, é apenas um projeto com a assinatura dele.


 Tudo se resume a um incompetente que tem medo de ser substituído e sufoca suas ideias até não restar mais nada. Ele está transformando o que era prazeroso em algo sem vida.


Eu preciso tomar uma atitude. 


Mas, por agora, concentro-me apenas em ouvir as tagarelices de Ana para cada vitrine vista. 


Algo importante sobre a danadinha: ela adora rosa, azul, branco e todas as demais cores, desde que estejam em formato de vestido (não há uma cor que não a faça lembrar alguma princesa – pergunto-me quantas existem ao todo). Seu bom gosto é comovente.


Diante de uma joalheria, paro de andar,dominada por uma ideia imediata.


— Nós vamos entrar aí, Anahi? — indaga,parecendo muito empolga.


— Vamos sim, Ana…


— Eu adoro joias! — exprime com uma energia muito impressionante.


Eu me pergunto o que a pequena espertinha fará quando tiver um cartão de crédito ao seu alcance e idade suficiente para utilizá-lo. 


Pobre Alfonso, ele não vai nem saber o que lhe atingiu.


Balançando a sacola em sua mão, muito satisfeita, ela entra comigo na loja. 


Curvo-me para ficar na linha de seus olhos.


— Ana, você sabe que letras são estas? —mostro a pulseira em meu braço com a plaquinha dourada, que seu pai me deu — Aqui tem a primeira letra do nome do seu pai e o meu… Eu gostaria muito que sua letra também estivesse junto — aliso as inicias — O que você acha?


Olhos verdes brilham de contentamento. 


Não preciso de resposta.


— Oh, vai ficar tão lindo, Anahi! —afirma em êxtase, tocando o objeto em meu pulso.


Sorrio e ajeito minha postura. 


Vou até a vendedora, converso e explico o que quero. 


Não é um serviço que a loja costuma fazer na hora, porém, como estamos numa tarde de um dia de semana, o pouco movimento permite que ela abra uma exceção. 


Retiro a pulseira de meu braço, entrego e… logo, algo que vejo na vitrine me chama a atenção.


— Ei, será que você poderia me mostrar aquela peça, por favor?


Ela destranca o mostruário e traz o acessório até mim. Vejo uma joia semelhante à minha, uma plaquinha igualmente dourada, poucos detalhes diferentes,que serviria perfeitamente na Matraquinha.


— Você consegue gravar nesta aqui as mesmas três letras?


— Podemos sim, senhora — afirma sem pestanejar.


— Espere um minuto… — subo Ana na cadeira para ficar na altura do balcão — Vamos colocar nela e você já pode ajustar o tamanho.


A mulher toma cuidadosamente o pulso da menina, mede a pulseira e faz a marcação do que precisa ser removido.


 Enquanto isso, Ana assiste a tudo em expectativa, fascinada.


— Agora eu vou ter duas, né, Anahi… —cochicha como se somente eu pudesse ouvir, em referência à outra pulseira que lhe dei — Ainda bem que eu tenho dois braços…


Mordo meu lábio para não rir. 


Apesar de trágico, isto pareceu uma piada, mas a inocência da Matraquinha ainda não vê desta forma. 


Por um instante, apenas a observo melhor. Ana me lembra muito a personagem Pollyanna, da série de livros da autora Eleanor H. Porter, uma história sobre a menina que cria o jogo do contente e vê somente o lado bom das coisas, mesmo que tudo conspire para o oposto. 


Deus, espero que ela nunca perca isso.




Passeio com Ana por mais algumas horas


pelo shopping até finalmente voltar à loja.


Nossa encomenda está pronta.


— Podemos colocar já, Anahi?


— Devemos. Seu nome é lindo, Ana Carolina— toco-lhe a pontinha do nariz — Eu o adoro e vou


amar tê-lo sempre comigo.


Admiração e satisfação são tudo o que se pode ver em seu rostinho.


 Espero que ela pense sobre isso, sobre seu nome real.


— Sua filha é uma graça— a vendedora arremata, suspirando pela criança.


Ana e eu nos olhamos com cumplicidade, mas nenhuma de nós a desmente.


 




Abro a porta para Diego. 


Ele ligou avisando que daria uma passada aqui e traria pizza. A ideia era tentadora, mas, em vez disso, pedi que passasse no restaurante aqui perto e trouxesse frango com todos aqueles legumes que eles preparam. 


Não é porque Poncho não está vendo que vou deixar sua filha se empanturrar de besteiras. Só espero que ela não dê com a língua nos dentes sobre todo aquele milkshake com batatas fritas desta tarde.


Quando ele entra, emite um longo assovio para o quartel-general da moda estabelecido em minha sala.


— Minha nossa…


— Estamos fazendo um vestido — explico.


Mal se pode ver Ana em meio a todos os tecidos que ela retirou das embalagens.


— Olá? Tem alguém aí? — ele brinca, dando um passo de cada vez em direção a ela.


A criança emite gritinhos de alegria envolvida em uma peça de paetê dourado.


— Eu trouxe este jantar chato, todo cheio de legumes… mas… — faz suspense, o que deixa Ana olhando-o com curiosidade — trouxe sobremesa!


— Eba! — o som é um gritinho empolgado.


— O que você tem aí? — questiono,desconfiada.


— Sorvete — ele ri, triunfante pela transgressão.


— Eu adoro sorvete! — Ana já está na nossa frente.


— Ótimo… — lanço um olhar reprovador para meu irmão — Dê-me aqui, vou guardar no freezer e colocar os pratos pra gente.


Enquanto sirvo a comida, escuto a conversa


de meu irmão sobre querer se abaixar a receber um beijo de Ana, mas todo o batom dela (que, diga-sede passagem, está em todos os cantos menos em seus lábios) vai deixar ele manchado e as namoradas do “tio” não vão ficar felizes.


— Namoradas? Você tem muitas namoradas?— pergunta, inocente.


— Algumas, mas este é um segredo só nosso, ok?


Tenho de rir. Meu irmão não existe.


Jantamos tranquilamente em meio às gracinhas de Diego e as risadinhas da Matraquinha.


No entanto, uma olhada para o relógio e sei que Ana tem de ir pra cama, amanhã ela terá aula cedo.


Aviso os dois e sou metralhada por sonzinhos de lamento de ambos.


— Podemos, pelo menos, tomar o sorvete?— o imbecil me provoca como se também fosse uma criança que precisa disto para dormir.


— Podemos, Anahi? — a danadinha entra no embalo. Suspiro.


— Certo, certo. Mas só um pouquinho.Depois disso, vamos escovar os dentes e ir pra cama, combinado?


Os armadores, unidos, concordam com acenos de cabeça.


— Eu me pergunto se ela não é sua filha —resmungo desgostosa ao caminhar até o freezer.


Retiro o pote, três vasilhas pequenas,colheres e vou com eles para a sala.


— Este é o meu sabor preferido — ele se gaba para a menina.


— Qual, Diego? — ela pergunta daquele jeito de chamar pelo nome como uma adulta.


— Amendoim — diz, satisfeito — Homens precisam de muito amendoim.


Noto a expressão da menina se alterar sutilmente, é quase um hesitar.


— Você gosta de amendoim, Ana? —questiono, estranhando o que vi.


Ela pensa por um segundo e então sorri.


— Eu também preciso de muito amendoim,Anahi.


Precisa, não é? Belisco meu irmão, sem que a menininha veja.


Não muito tempo depois do sorvete,escovamos os dentes juntas e a acomodo na minha cama, ao meu lado. 


Apago as luzes e abraço a menininha.


Meu irmão já foi embora.


Eu amo aquele cara.


Na verdade, amo meus dois irmãos. Daniel, por ser o mais velho, sempre cuidou de nós, foi superprotetor e, às vezes,teve de ser um tanto chato.


Diego, por outro lado, era meu cúmplice das armações, aliás, é assim até hoje: graças a isso, Dan tem uma esposa. Gostaria muito que Diego também encontrasse alguém especial… Pensando por este lado, começo a entender Ana Brenda e sua persistência em querer que eu mesma tenha isso na vida. 


Você quer tanto o bem do outro, que deseja que ele seja amado, protegido, cuidado como merece.


— Ain… — escuto o gemido baixo e imediatamente abro meus olhos, atenta.


Aguço meus ouvidos para outro ruído,seguido do som de uma respiração sufocada, parecendo ter dificuldade para sorver o ar.


 Não espero um único instante antes de saltar e acender o abajur ao seu lado para checá-la.


Os olhos da menina estão fechados.


Oh, minha nossa… Seus lábios… Seus lábios parecem, não sei, inchados?


— Ana?


Olho para o movimento do peito subindo e descendo ruidosamente, como se a passagem de ar estivesse obstruída.


Sinto todo o sangue sendo drenado do meu corpo num milésimo apavorante de segundo, um maldito déjà vu.


— Ana… — murmuro, sem voz


— Anah… — ela mal consegue falar. Tenho


de ler isso em sua boca.


— Por Deus, Ana, o que você tem?


A menina leva a mão à garganta.


E eu sei que ela não pode respirar.


Seu corpo está amolecendo, ela está perdendo a consciência.


Tudo acontece ao mesmo tempo: grito seu nome; sacudo seus ombros; a bile amarga vem à boca, querendo romper todo o jantar de meu estômago; e meu coração recebe a fúria de uma manada de elefantes.


Ela não está respirando.


Por Deus, de novo não, de novo não! Não!Não! Não!


Pego meu celular de cima do móvel ao lado da cama. Tremendo como uma doente, vou manejando os números na tela enquanto mexo coma menina aparentemente desfalecida.


— Emergência… — a voz profissional responde do outro lado.


— Eu preciso de ajuda, preciso de ajuda!


— Senhora, por favor, se acalme, me diga seu nome e qual é a situação.


— E-eu sou, sou Anahi, a minha, a minha filha, ela está passando mal, ela não está respirando!


— Senhora, ela está consciente?


— Não, pelo amor de Deus não, ela não me responde, os lábios dela estão inchados!


— Senhora, ela tem alguma alergia?


— E-eu não sei, por favor, pare de perguntar e mande alguém! — não enxergo nada em minha frente além de Ana pálida. 


Grito meu endereço para a atendente sem nem saber se ela teve tempo de anotar.


É um pesadelo!


— Senhora Anahi, por favor, mantenha a calma, eu vou precisar de sua ajuda. Estou enviando uma unidade ao endereço, é possível que ele demore cerca de dez minutos por estarmos deslocando de outra região. Preciso que você faça alguns procedimentos junto comigo enquanto a equipe não chega.


Faço tudo o que a mulher manda.


Abro a boca de Ana para desobstruir a passagem de ar. 


Sua língua e amígdalas estão praticamente com o dobro do tamanho. Sopro minha respiração em sua boca com toda a minha capacidade, massageio seu peito, sopro novamente em seus lábios, colando os meus a eles, tudo conforme a socorrista vai dizendo. 


É um pesadelo, um pesadelo horrível, o pior deles.


Vou fazendo isto e não recebo nenhum sinal da menina.


Ana está morrendo.


Ouço as batidas na porta. São eles.


Largo ela por um instante, corro até a sala na velocidade máxima de minhas pernas e abro.


— No quarto, ela precisa de ar! Ela não está respirando!


Dois deles entram e correm para onde indico.


Debruço-me no chão, de joelhos, na beira da cama, e acompanho eles colocarem uma máscara de oxigênio sobre o nariz e boca dela.


— Choque anafilático — um deles diz.


O outro paramédico prepara uma injeção e entrega agilmente ao primeiro.


— O que… o que é isso?


— Adrenalina, senhora. A criança está tendo uma reação alérgica.


No instante que aquilo entra em seu sistema,o peito da menina se move sozinho para uma respiração mais profunda, por conta própria.


E tudo o que eu faço finalmente é chorar, em profundo pânico.


— Nós vamos levá-la, precisamos que a senhora venha conosco.


— C-claro — apresso-me em meio ao soluço,sem pensar em mais nada.


A viagem ao hospital acontece em poucos minutos.


 Eles descem Ana na maca e correm com a menina para dentro. Sigo tudo até onde me permitem. 


Uma enfermeira me faz diversas perguntas: sobre alergias (que não sei responder), sobre o que Ana comeu (e detalho tudo). Ela anota e pede que eu espere, mas não diz nada sobre como a criança está.


Alfonso, eu preciso avisar o Poncho.


Droga, não há nada aqui comigo, documento,


celular, nada!


— Telefone. Eu preciso de um telefone —intercepto, desnorteada, a primeira pessoa que vejo.


Ela me aponta para um aparelho público instalado na parede perto de mim.


Ligo a cobrar para Poncho, ele não atende.


Ando de um lado a outro, não consigo parar de chorar. 


Eu fiz isto com ela. 


Ana estava sob meus cuidados e eu quase a matei. Eles não dizem como ela está, ninguém diz nada!


Minhas pernas estão fracas demais. Sinto-me prestes a vomitar.


Deslizo para o chão, miserável, inundada de tanto, tanto medo.


Não sei bem quanto tempo depois, pés em um calçado branco caminham até mim.


 Limpo as lágrimas utilizando o pulso, e, apressada, levanto meus olhos borrados para encontrar… um rosto familiar. Diana, a amiga de Max. De jaleco branco sobre uma roupa azul típica de médicos.


— C-como ela está? — coloco-me rapidamente em pé.


— Ana recebeu a medicação necessária e agora está sob observação — sua voz é tão profissional que soa até fria.


— E-ela… ela vai ficar bem?


A mulher emite uma inspiração curta, talvez impaciente.


— Precisamos que ela acorde para sabermos se houve algum dano em decorrência do tempo sem oxigenação.


— O-o-quê? C-como como assim dano,Diana? — se antes eu estava em pânico, agora nem sei descrever a sensação. Preciso apoiar a mão na parede para não cair.


A mulher me lança um olhar repreensivo,como se eu fosse uma estúpida irresponsável. 


E eu mereço.


— Pelo que li no atendimento, ela ficou alguns minutos sem oxigenação, Anahi. Este tipo de situação pode ocasionar lesões ao cérebro.


Um soco diretamente em meu estômago, esta é a sensação, e me faz cambalear para trás, feito uma barata tonta.


— Você deu a ela sorvete de amendoim. Ela poderia ter morrido — acusa com plácida frieza.


— Eu não sabia… — que ela tinha alergia a isso, é o que tento dizer, mas o som não sai, em choque.


Não controlo minhas pernas por muito tempo.


 No segundo seguinte, estou escorrendo pela parede até o chão.


— Poncho? — digo sem voz.


De cima, sinto seu olhar reprovador.


— Eu passei um rádio para o lugar onde ele está. Poncho virá para cá assim que conseguirem avisar ele.


Sem poder evitar, arrasto-me cerca de dez centímetros para a lixeira ao meu lado e vomito nela. 


Destruída.


Aquele homem me pediu para cuidar de seu bem mais valioso e eu quase a matei. Ela pode ter


uma lesão no cérebro que a marcará para o resto da vida, por minha culpa.


Alfonso nunca me perdoará.


Eu nunca me perdoarei.


 


 



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Autor(a): ItsaPonnyWorld

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 86



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  • cxlucci Postado em 04/11/2024 - 10:06:19

    voltando aqui depois de mais de ano ver se teve update 😭😭😭

  • mileponnyforever Postado em 16/10/2023 - 00:14:09

    Cadê você?!

  • mileponnyforever Postado em 15/06/2023 - 08:34:04

    Pelo amor de Deus, volta a postar!

  • beatris_ponny Postado em 03/06/2023 - 02:56:34

    Cadê vc????

  • mileponnyforever Postado em 31/05/2023 - 11:41:45

    Cadê você?

  • mileponnyforever Postado em 01/05/2023 - 21:48:54

    Cadê você?

  • beatris_ponny Postado em 16/04/2023 - 16:33:12

    Continua....

  • beatris_ponny Postado em 16/04/2023 - 16:33:01

    Que bom que voltou, já tinha desistido kkkk

  • mileponnyforever Postado em 10/04/2023 - 01:03:59

    Meu Deus que capítulo cheio de emoção. Não some assim, você ainda vai nos matar de ansiedade!

  • mileponnyforever Postado em 16/03/2023 - 13:49:54

    cade voce? Posta pelo amor....


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