Fanfic: Improvável | Tema: Stranger Things
~Max~
Fechei rápido a porta atrás de mim.
– O que você está fazendo aqui? – perguntei meio surpresa e preocupada; como se eu já não tivesse problemas o bastante com Billy agora mais essa...
– Eu tenho provas – Lucas respondeu simplesmente.
– O que? – perguntei confusa.
– Provas de que o que eu disse é real – com tudo o que tinha acontecido entre Billy e eu e a festa da noite anterior, eu nem tinha pensado naquela historinha idiota sobrenatural que Lucas tinha me contado no fliperama... – Mas a gente tem que correr.
– Mas que tipo de prova?
– Você tem que vir comigo agora – Lucas segurou meu braço, se preparando para me puxar com ele.
– Não posso – puxei meu braço de volta; Billy ia surtar comigo se eu saísse assim, do nada, ainda mais com Lucas...
– Quer provas ou não? – essa era uma situação muito complicada... é claro que eu estava curiosa para saber que provas eram essas, mas não podia sair de casa assim.
– Me encontra nos fundos – falei; eu podia sair pela janela do meu quarto e, depois de ver o que quer que ele fosse me mostrar, poderia voltar pelo mesmo lugar. Billy não ia nem perceber.
– Espera, o que? – revirei os olhos.
– Fundos. Agora – repeti, sem a menor paciência e tempo de explicar; se Billy desconfiasse que Lucas estava na nossa porta e que eu estava conversando com ele...
Entrei em casa de novo; dei de cara com Billy. Eu estava decidida a passar reto e não falar nada, estava brava e isso não ia mudar; mas ele bloqueou a passagem, entrando na minha frente.
– Com quem você estava falando? – merda. Ele suspeitou, claro que suspeitou... passei muito tempo lá fora.
– Agora você se importa? Pensei que eu fosse uma inútil.
– Você não é uma inútil, Max... – ele suspirou. – Podemos conversar direito?
– Você passa os dias me evitando e agora quer conversar? Bom, agora eu não quero – na verdade, eu até queria... seria melhor se conversássemos, mas, naquele momento, eu queria mesmo saber quais eram as provas que Lucas tinha sobre aquela história de mundo invertido e ele disse que precisava ser rápido.
– Por favor, Max, escuta. Quero pedir desculpas... – Billy parecia mesmo querer resolver as coisas, infelizmente era uma péssima hora.
– Já disse que não quero conversar agora – interrompi e passei empurrando o braço dele.
– Quem era na porta, Max?
– Mórmons – lembrei desses religiosos que adoram ir em casas e pregar “a palavra do senhor” e foi a primeira coisa que me veio à cabeça; ao menos soava como uma desculpa plausível.
– Mórmons? – Billy não pareceu convencido.
– Que gostam de falar – completei um segundo antes de fechar a porta do quarto. E trancar, caso Billy pensasse em procurar por mim. Se ele me chamasse, ia pensar que eu ainda estava com raiva e o ignorando.
Corri para abrir a janela; Lucas estava na bicicleta, esperando por mim.
– Anda, sobe aqui – ele chamou. Eu estava começando a ficar muito boa em sair pela janela; sem querer, acabei lembrando da noite de Halloween, quando entrei pela janela do Billy... Ali que tudo começou a dar errado... – Vem.
– É bom ser verdade, sombra – falei assim que subi na garupa da bike, me apoiando nos ombros dele, meio desajeitada e desconfortável. Era bom que valesse a pena.
Esperava que não fosse nenhuma brincadeira desses garotos... A última coisa que eu queria era ter ignorado Billy como eu fiz só para ser uma palhaçada qualquer... Realmente queria ter ouvido o que ele tinha para falar.
Lucas e eu seguimos por um caminho até o meio do mato, depois começamos a subir um tipo de morro. Não trocamos uma palavra. Eu não estava muito afim de conversar, estava ocupada demais pensando em tudo o que tinha acontecido nas últimas horas e me perguntando se Billy iria querer voltar naquele assunto ou se eu tinha perdido essa chance para sempre simplesmente para ver Dustin e Steve Harrington numa espécie de ferro velho no meio do nada, jogando um monte de carne crua no chão. Eu devia ter ficado em casa.
Se Billy sonhasse com isso... eu estava com Lucas e Steve... duas pessoas por quem ele parecia nutrir um ódio inexplicável.
– Eu pedi a carne ao ponto! – Lucas gritou para eles enquanto acenava.
Cruzei os braços e andamos na direção deles. Steve e eu trocamos uma olhar significativo e cumprimentei Dustin.
Dustin e Lucas se afastaram de nós e Steve me pediu para ajudar a carregar umas coisas... Nunca vi tanta tralha... nem nos ferros velhos da Califórnia.
– Então, Max... – Steve falou enquanto carregávamos uma tábua de ferro. – Sobre o Halloween... O que aconteceu...
– Achei que não íamos mais falar sobre isso – mal tinha pensado naquele beijo totalmente aleatório desde que aconteceu.
– Não, é sério, eu...
– Nós bebemos, conversamos, rimos e agimos como bêbados, só isso – aquilo sim era algo que eu preferia fingir que nunca tinha acontecido.
– É o que o seu irmão....
– Billy falou com você? – contive a vontade de gritar que ele não era meu irmão... eu meio que tinha dito ao Steve que estava “apaixonada pelo meu irmão”, então não podia nem ficar irritada com isso...
– Ele fez um pouco mais do que falar... – Steve apontou para um pequeno corte no topo da cabeça; arregalei os olhos. Billy tinha mesmo batido nele por minha causa? Senti que devia odiá-lo por isso, mas, na verdade eu só estava surpresa... e não era necessariamente uma surpresa ruim.
– Eu sinto muito mesmo – falei.
– Tudo bem... só agradeceria se não comentasse com ele que você e eu nos vimos. Para evitar desentendimentos... sabe? – evitar outra surra... Estava na cara que Billy tinha acabado com ele.
– Claro, não vou comentar – assenti. – E nem precisamos considerar que alguma coisa aconteceu no Halloween.
– É, acho que podemos fazer de conta que não rolou nada –Steve deu um sorrisinho e eu retribuí. Era melhor assim.
Ele era bonito, não era à toa que era tão popular... Era meio bobo às vezes, mas era bonito; claro, estava longe de ser o ideal para mim. Ouvia as garotas comentando sobre ele, mas, aparentemente, desde que chegamos, o assunto principal entre as picuinhas de meninas fúteis era o Billy. E, depois de um tempo, os comentários delas me começaram a me incomodar.
Eu não tinha o direito de me incomodar com essas coisas, afinal, tecnicamente, as pessoas acreditavam que Billy era meu irmão – ao menos as que sabiam que tínhamos alguma ligação um com o outro. Ninguém poderia sonhar da verdade... Só Steve. Mas eu duvidava que ele fosse comentar sobre isso com alguém.
Steve e eu continuamos arrumando o que ele disse ser um tipo de armadilha, enquanto Dustin e Lucas estavam sei lá onde, fazendo sei lá o quê, menos ajudando.
Quando o sol começou a se por, Steve, Dustin, Lucas e eu entramos num ônibus velho, todo enferrujado, com a porta rangendo e caindo aos pedaços. Aquilo parecia mesmo um tipo de pegadinha, nem sei porque ainda estava ali... Será que Steve participaria disso também? É, pensando bem, apesar de mais velho, ele ainda era meio infantil, então não duvidava que poderia fazer parte sim de uma dessas brincadeiras.
Não sei quanto tempo exatamente passou, mas já estava escuro lá fora e eu estava perdendo o pouco que sobrava da minha paciência; Lucas subiu até o teto do ônibus, com um binóculo, vigiando ao nosso redor. Dustin andava de um lado para o outro, claramente ansioso e agitado. Eu estava sentada, de braços cruzados e ainda sem ter ideia no que acreditar. Steve estava sentado no chão, brincando com um isqueiro que ia supostamente ser usado para tocar fogo no tal Demogorgon que, segundo eles, o Dart tinha virado. Como é que um cara do colegial começou a andar com um grupinho de nerds e caçar criaturas de outra dimensão?
– Vocês lutaram mesmo com uma dessas coisas? – perguntei, ainda desconfiada; mesmo que fosse verdade, como é que só esse grupo de patetas tinha enfrentado essa merda sem ajuda? Steve olhou para mim e assentiu. – E tem 100% de certeza que não era um urso? – quero dizer, talvez, uma coisa enorme no meio das sombras pudesse ser um animal selvagem com o qual eles lutaram, faria bem mais sentido.
– Porra, deixa de ser idiota, tá? – Dustin de repente falou, parecendo irritado comigo; me lembrava um pouco o Billy falando quando se estressava comigo, só que era diferente. Dustin me incomodou falando assim. – Não era um urso. Por que você está aqui se não acredita? – ótima pergunta, eu devia ter ficado em casa, na minha cama confortável e resolvendo um problema bem mais urgente. – Vai para casa.
Uau. Parecia mesmo que eu não era muito bem-vinda, agora não era só o Mike. Como eu me arrependia... como queria ter escutado o que Billy tinha para dizer... Ele tinha os motivos dele para ser um idiota comigo, apesar de eu não gostar, entendia que ele tinha uma relação difícil com o pai, além de uns mil problemas... E nas última vezes, fui eu quem gritei com ele, eu quem fugi dele, não o contrário. Billy tinha até sido legal comigo... Inferno.
Já Dustin estava sendo um merda gratuitamente... Era de se esperar que eu tivesse dúvidas, que fosse duvidar daquilo tudo... Afinal, era uma história bem fantasiosa. Ele esperava o que? Que eu fosse acreditar e confiar cegamente em tudo o que diziam?
– Que horror, nervosinho – levantei de onde estava sentada e comecei a subir as escadas para sair; Lucas parecia possivelmente a única pessoa do grupo a me aceitar. – Já passou da hora de dormir? – provoquei.
Lucas estava abaixado entre alguns pneus no teto do ônibus, observando a escuridão com um binóculo. Sentei ao lado dele, vendo a névoa que se envolvia entre as latarias e veículos enferrujados, totalmente abandonados; numa escuridão, um ar um tanto mórbido e bastante sombrio.
Essa imagem fez com que eu me lembrasse um pouco das praias da Califórnia... Gostava de ir à praia a noite, observar a lua e as estrelas caindo no horizonte, aquela imensidão azul marinha... Era um pouco mais frio e caótico, mas ainda lembrava.
– É meio legal – comentei. – Essa névoa, sabe... Parece até o mar.
– Tem saudade?
– Do que?
– Do mar. Das ondas? Da Califórnia? – dei de ombros. Eu gostava da Califórnia, foi minha casa por toda a minha vida... Mas não sei bem se sentia falta; sentia saudades do meu pai, não do lugar em si. – Hawkins deve ser chata, eu aposto – Lucas riu.
Chata? Não sei. Eu era de uma cidade grande, claro que estava acostumada com coisas bem diferentes, mais opções de lugares, mais pessoas em volta... Mas no fundo não fazia muita diferença, nunca fui cercada de amigos e nem estava acostumada a sair todos os dias. Para Billy sim, era uma grande diferença, foi uma mudança drástica e ele não escondia como preferia a Califórnia...
– Não... Não, não é isso. É que... – comecei, sentindo o tom melancólico que aquela conversa estava tomando, sem conseguir evitar. – O meu pai ainda está lá, então... – senti um alívio enorme ao poder falar do meu pai de novo. Eu sempre tentava fazer ligações e me comunicar com ele, mas não falava sobre ele com outras pessoas, nunca me sentia confortável para isso.
– Por que?
– É um termo jurídico chamado “divórcio” – e um termo que eu pesquisei a fundo em livros quando ouvi pela primeira vez; levei um bom tempo para entender e ainda tinha dúvidas. – Quando duas pessoas casadas não se amam mais, elas...
– Sei – que bom que não precisei terminar a frase. Na verdade, eu ainda não sabia por que eles tinham se casado para começo de conversa... sempre acreditei que o amor não acabava, mas, se acabou, não era amor. E, se não era amor, nunca deviam ter se casado e muito menos ter tido uma filha.
– Minha mãe e o meu padrasto – odiava essa palavra – queriam recomeçar longe do meu pai... Como se... como se ele fosse o problema... Que palhaçada...
E eu imaginava que esse fosse o motivo pelo qual Billy me culpava tanto por essa merda de mudança. Achava que, na cabeça do Sr. Hargrove, o fato de eu continuar vendo o meu pai acabaria o reaproximando da minha mãe... e ele não queria isso de jeito nenhum.
Não teríamos esse problema se eu simplesmente pudesse morar com o meu pai... ele me perguntou uma vez se eu queria. Eu respondi que não, mas devia ter dito sim... naquela época, não era tão ruim. Eu ainda não escutava os gritos do Sr. Hargrove e Billy e eu mal nos falávamos. Era suportável e eu podia ir para a casa do meu pai sempre que quisesse...
Só depois tudo piorou e só agora eu vejo o quanto queria ter ficado na Califórnia, morando com ele. Suspirei. Eu estava conversando sobre isso com um garoto que mal conhecia, que, no geral, também não era o melhor dos amigos... ainda assim, ele parecia estar interessado no que eu tinha a dizer e eu só deixei as palavras saírem. Precisava disso.
– E agora... Está tudo pior... – agora eu estava confusa sobre meus sentimentos a respeito do Billy, estava com saudades do meu pai, com raiva da minha mãe e do meu padrasto, sem saber se podia acreditar nos meus supostos novos amigos e ainda tinha o Mike, que me odiava... Estavam acontecendo tantas coisas e eu tinha acabado de me mudar. – Meu... – procurei a palavra certa para me referir ao Billy, mas era difícil – irmão postiço sempre foi um babaca, mas agora ele vive irritado, o tempo inteiro e... Bom, ele não pode descontar na minha mãe, então...
Então ele descontava em mim. E eu deixava. E agora que ele finalmente parecia me tratar melhor, depois de tudo que aconteceu entre nós, eu tinha literalmente o ignorado, falado que não queria conversar e saído de casa para me enfiar num ferro velho. Mas essa parte eu não podia dizer em voz alta.
– Então ele desconta tudo em você? – antigamente eu achava que era coisa de irmão mais velho, mas ele nunca foi meu irmão de verdade. Eu passei a entender melhor esse lado babaca dele depois de um tempo... O Sr. Hargrove o tratava daquele jeito; a pessoa que mais deveria ensiná-lo e amá-lo, o pai dele, tinha essas atitudes, então era de se esperar que ele achasse esse tipo de comportamento normal. Era a única forma de “amor” que ele conhecia e eu não podia ficar com raiva dele por causa disso.
E, ainda assim, ele cuidou de mim; ficou do meu lado, me deixou dormir com ele... tentou me pedir desculpas e eu escolhi estar ali ao invés de com ele. No final, Billy era alguém tão ruim assim ou as pessoas ao redor dele que vacilavam? Eu me sentia péssima por ter agido assim e não o culparia se ele passasse o resto do ano gritando comigo.
– Eu não sei nem porque estou te falando isso – me sentia meio boba por estar contando tudo ao Lucas. Ele nem me conhecia direito, nem sabia se podíamos nos considerar amigos... mas eu precisava. Estava sufocada com tudo aquilo e ele não estava me julgando. – É que... eu sei que sou babaca que nem ele as vezes – principalmente naquele dia. Eu fui escrota, muito escrota com o Billy... – e eu não quero ser igual a ele. Nunca.
Apesar de eu entender os motivos de Billy ser como era, eu queria poder ter o controle da situação melhor do que ele teve, não descontar em ninguém as merdas que aconteciam. Queria conseguir controlar essa raiva, ser menos explosiva.
– Acho que eu também estou irritada – e muito confusa... Mesmo que por motivos diferentes. Irritada por não estar entendendo o que acontecia, sentir que as coisas estavam fora do meu controle e os meus pensamentos estavam misturados. Mas Lucas não tinha nada a ver com isso – Desculpa... – nos olhamos fixamente por alguns segundos até eu cair na real do quanto estava sendo ridícula. Senti os olhos começarem a ficar marejados. – Ai, Deus, qual é meu problema? – sequei as lágrimas e desviei o olhar.
Lucas era a última pessoa do mundo que precisava saber da minha crise existencial.
– Ei – Lucas falou pela primeira vez em um bom tempo. – Você não é que nem o seu irmão, ouviu? – Billy não era meu irmão e esse não era o problema principal da conversa. – Você é legal – Lucas falava aquilo olhando nos meus olhos, com um sorriso no rosto. – E diferente e superesperta. Você é tipo... Tubular total – não pude conter um sorriso. Ele falava com naquela noite do Halloween, quando ele e o Dustin começaram zoar com isso.
– Ninguém fala isso lá, sabia? – mesmo assim, era muito bom ouvir.
– É, agora eu já sei...
– Mas faz você parecer legal – e Lucas era mesmo uma pessoa legal, diferente de muitas que conheci. Ele estava se esforçando, tinha que admitir.
– Eu gosto de falar com você, MadMax – então ele sabia que era eu quem usava o apelido nos videogames... Sorri de novo.
– Eu gosto de falar com você, sombra.
De repente, ouvimos um tipo de rugido muito alto, que tirou o foco da conversa.
Olhamos ao redor, mas eu não consegui ver nada além da névoa densa.
– Lucas! – ouvimos Dustin gritando de dentro do ônibus. – O que está acontecendo?
– Espera aí! – Lucas respondeu procurando algo na neblina, usando o binóculo; me esforcei para tentar ver também, mas estava escuro e nada parecia fora de ordem. – Estou vendo! Noroeste, ali, noroeste! – não enxerguei nada.
Lucas me entregou o binóculo; eu via uma sombra escura se arrastando em meio a névoa, mas não parecia nada demais.
– Você tem certeza que não é um cachorro? – perguntei.
– Quê? – ele me olhou como se eu tivesse falado o maior absurdo.
Steve saiu do ônibus, segurando um taco perfurado por parafusos na ponta, atento, como um predador caçando; e eu estava ansiosa para saber o que ia acontecer ali. Agora aquela história estava começando a parecer cada vez mais real.
Lucas e eu observamos enquanto Steve assobia e falava mesmo como se fosse um cachorro escondido entre os carros do ferro velho.
– O que ele está fazendo? – perguntei a Dustin quando desci da parte de cima do ônibus.
– Variando o cardápio – espiávamos o lado de fora através de uma grade quadriculada; estava ficando meio agitada olhando tudo de cima, me sentindo exposta demais.
Continuamos ouvindo grunhidos, enquanto Steve continuava chamando pelo... O que quer que fosse. Eu olhava incrédula.
– Ele é louco – falei. Se fosse verdade mesmo, se oferecer como isca humana era loucura e burrice.
– Ele é incrível – Dustin rebateu parecendo realmente admirado, sem tirar os olhos de Steve.
De repente, Lucas começou a gritar para Steve tomar cuidado, indicando o lado direito... O que é que eles estavam vendo? Eu ainda só via neblina para todo lado.
– Steve! – Dustin saiu correndo e escancarou a porta do ônibus, gritando desesperado. – Steve! Abortar! Abortar! – ele berrava.
E então eu finalmente vi. Parecia um cachorro... um cachorro enorme e cinzento. A cena foi muito rápida, ele tentou atacar Steve, que se jogou no capô de um dos carros... Eram vários... vários cachorros gigantescos. Estreitei os olhos. Eram estranhos. Eu não conseguia distinguir os focinhos e eles rugiam muito alto e eram muito rápidos para cachorros normais.
Lucas, Dustin e eu estávamos na porta do ônibus, gritando para Steve voltar logo; ele acertou um dos cães com o bastão e correu para onde estávamos, batendo a porta do ônibus. E aquelas coisas lá fora rosnavam, tentando entrar, enquanto Steve segurava a entrada com os pés.
– Será que eles têm raiva? – perguntei, mesmo sabendo que naquela confusão ninguém me responderia; era plausível pensar que aqueles cachorros tinham alguma doença daquele tipo. Ou alguma mutação ou sei lá, eles não eram normais.
Steve colocou uma placa de metal, tentando reforçar a entrada.
– Não deixa eles entrarem! Não deixa! – Lucas gritou; ele estava na minha frente.
De repente, um deles pareceu ter quebrado a barra de metal; Dustin correu para um lado e Lucas me puxou para o outro. Steve acertou o bicho com o bastão várias vezes, ouvíamos os gemidos de dor dele.
– Tem alguém aí? Mike? Will? Meu Deus! Alguém! – Dustin tentava comunicação pelo walkie talkie, sem sucesso. – Merda! A gente está no ferro velho e a gente vai morrer! – ele gritava.
Ouvi passos no teto, começando a distância e se aproximando de... mim... Estava se aproximando de mim. Fiquei paralisada.
Prestes a pular da escada que dava para a parte de cima do ônibus, vi o que parecia ser mesmo um cão, mas com “patas” alongadas, como se tivessem dedos... E, ao invés de um rosto com olhos e focinho, era um tipo de... Uma flor fechada grunhindo... Parecia um alienígena.
Comecei a gritar, apavorada. Steve me empurrou para trás e provocou o bicho, que escancarou uma boca enorme, cheia de dentes afiados, rugindo com ferocidade... Meu coração parecia prestes a sair do peito, eu tremia loucamente. Que merda era agora?
E então, tão rápido quanto tinha surgido, a coisa apareceu mudar de ideia; ela se voltou para o lado, com a boca fechada, como se algo estivesse chamando sua atenção... Então ela simplesmente saiu.
Nós quatro ficamos atentos, sem baixar a guarda... Foi quando percebi que, instintivamente, sem nem ter pensado, eu estava segurando a mão de Lucas. Assim que me dei conta, eu o soltei. Talvez ele fosse um garoto legal, quem sabe um amigo. Mas só. Dar as mãos já era um passo grande demais para a situação.
Até porque, ainda não tinha me resolvido com Billy e, se tinha alguém com quem eu definitivamente queria estar de mãos dadas naquele momento, esse alguém era ele.
Steve foi o primeiro a sair do ônibus, pronto para atacar qualquer coisa... Nós três fomos atrás; eu estava totalmente sem palavras, ainda tremendo, respirando com dificuldade e em estado de choque, olhando para todos os lados e esperando que a qualquer momento aquela coisa ia pular das profundezas da neblina direto em cima de nós.
– O que aconteceu? – Lucas perguntou em voz baixa ao ver que todos eles tinham ido embora.
– O Steve assustou eles? – Dustin sugeriu.
– Não. Impossível – realmente era difícil de acreditar; aquela coisa estava pronta para engoli-lo inteiro há poucos segundos; Steve parecia um gatinho em comparação. – Eles tão indo para algum lugar.
Autor(a): nirvana666
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
~Billy~ Max deixou bem claro que não queria falar comigo. Eu ia pedir desculpas, mesmo sem entender totalmente por que ela estava brava; eu finalmente estava disposto a conversar sobre o que tinha acontecido entre nós nos últimos dias. Seria uma conversa difícil e ia admitir que sentia um pouco mais do que só atração; ia dize ...
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