Fanfics Brasil - Repetição Improvável

Fanfic: Improvável | Tema: Stranger Things


Capítulo: Repetição

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~Max~


Tinha sido um final de semana interessante. Billy e eu não conversamos muito, mas também não brigamos; ele dormiu comigo nas duas noites em que ficamos na fazenda e eu não tive mais nenhum pesadelo. Eu não sabia bem como agir perto dele, nem o que falar; as coisas pareciam voltar a ser como eram antes e aquilo não podia acontecer.


– Isso tem que parar assim que chegarmos em Hawkins – falei para Billy. Ele me olhou pelo canto do olho enquanto dobrava algumas roupas que antes estavam espalhadas no chão.


– Quantas vezes a gente vai ter essa conversa? – suspirei.


– Agora é sério – cruzei os braços.


– E das outras vezes não era?


Revirei os olhos. Billy parou o que estava fazendo e chegou mais perto de mim.


– O que você quer, Max? Que eu te trate como a minha irmãzinha caçula?


– Não é isso...


– Ótimo, porque não ia rolar – Billy parecia extremamente calmo e racional, muito diferente de quando nos mudamos para Hawkins; ele estava diferente. Ainda parecia claramente abalado com as mudanças de humor do pai, mas não era mais a mesma coisa.


– Eu só... é que... – pensei nas palavras certas para dizer. Ele esperou pacientemente, me encarando. – Acho que podemos ser amigos agora, não podemos?


– Acho que já deixei bem claro que não tenho a intenção de ser seu amigo – já tivemos aquela conversa antes e ele estava certo, isso começava a ficar repetitivo. Me preparei para a explosão que ele teria assim que eu dissesse a próxima frase.


– Lucas e eu vamos voltar – achei que ele fosse gritar ou arremessar alguma coisa... mas Billy deu uma risadinha.


– Então vocês terminaram mesmo... – merda. Me esqueci que não tinha mencionado isso diretamente.


– Não importa. Nós dois vamos voltar, é melhor assim. É o que eu quero – Billy ficou sério de novo, mas continuou em silêncio. – Significa que você e eu temos que ser apenas amigos.


– Max, não estou disposto a ser seu amigo.


– Vai voltar a me ignorar?


– Não – descruzei os braços, confusa. Ele não queria ser meu amigo, nem me ignorar, nem me tratar como irmã... o que é que ele queria, afinal?


– Então... – Billy se aproximou mais, colocando uma mão em cada braço meu. Senti sua respiração na minha bochecha.


– Então... – ele baixou o tom de voz – você vai ter que lidar comigo te provocando de todas as maneiras possíveis até me pedir... aliás, me implorar para beijar você.


Era difícil raciocinar com ele tão perto... com as mãos dele em mim...


– Não vai acontecer – tentei soar firme.


– Veremos, Maxizinha – ele deu um sorriso de canto de boca e beijou meu rosto vagarosamente, se afastando numa velocidade menor; então virou de costas e continuou a organizar as roupas.


Ele não acreditava em mim. Merda, nem eu acreditava em mim... Não podia passar os próximos anos da minha vida perto de Billy; não sabendo do efeito que causava em mim, como eu ficava totalmente fora de controle. Era minha vez de evitá-lo; já tinha decidido que não poderíamos ficar juntos, não nos termos dele e ele não cederia aos meus. Nós dois nunca iríamos dar certo por várias razões, mas Billy ia insistir e eu tinha que ficar longe até que as provocações dele parassem de mexer tanto comigo.


Se eu precisava ficar com Lucas e suportar o Mike para isso, que fosse. Mesmo que tivesse que ir a encontros onde Dustin e Will fossem juntos, como velas ambulantes...


 


~Billy~


Eu não ia desistir da Max. Fiquei irritado a princípio, odiava o fato de ela ter escolhido voltar para Hawkins e queria esquecer tudo e qualquer coisa que tivesse a ver com ela, mas agora ficara bem claro que ainda tínhamos uma chance. Talvez não do jeito convencional, mas eu sabia que tinha algo entre nós. E decidi também que não ia ser um pirralho que ficaria no meu caminho.


Eu ia fazer tudo, tudo mesmo para atrapalhar esse relacionamento; não que eu achasse que precisaria de muito, esse namorinho por si só já parecia ir mal. E eu não estava nada convencido de que Max ia mesmo aguentar Lucas Sinclair por muito tempo.


Ela ia se render a mim e, quem sabe, eventualmente nós poderíamos ir embora daquela cidade de merda.


Sim, estava definido. Eu ia ficar mais uns meses em Indiana, trabalhar como salva-vidas, juntar mais dinheiro e reconquistar a Max; ia convencê-la a ir embora de Hawkins e poderíamos ser livres em outra cidade. Quem sabe em outro estado. A Flórida ainda parecia uma boa opção, mas Nova York estava em aberto... E nunca mais teríamos que ver meu pai de novo.


Era um bom plano. Só mais alguns meses em Hawkins, só até as férias de julho... era o suficiente. Nós dois iríamos embora depois disso. Juntos.


 


Chegamos a Hawkins domingo à noite. O final de semana não tinha sido um completo desastre; na verdade, foi esclarecedor e razoavelmente tranquilo. Meu pai passou um bom tempo ocupado criticando cada frase que o irmão dele dizia, julgando tudo como se fosse dono da verdade; pelo menos com isso ele estava ocupado demais para ficar no meu pé. E, com exceção de uma dúzia de crianças remelentas correndo e gritando como idiotas, foi uma viagem agradável.


Mas agora estávamos de volta a Hawkins... Eu me apegava à esperança de que passaria boa parte dos meus dias fazendo o curso para salva-vidas, assim evitaria cruzar com meu pai e o namoradinho babaca da Max. Eu estava disposto a não surtar com a presença dele; isso poderia acabar afastando a Max e era o oposto do que eu queria.


O plano era tentar ser a pessoa mais paciente e compreensiva e, ao mesmo tempo, mostrar que ela não era a única. Garotas ficavam mais motivadas com concorrência, principalmente a Max, que era ciumenta e odiava admitir.


Na segunda-feira fiz o teste para salva-vidas. Não foi difícil, mas não importava muito como eu tinha me saído; sabia que Heather Holloway era influente na cidade por causa do pai e ela queria muito que eu fosse aprovado no teste. Tinha certeza de que ela mexeria os pauzinhos, mesmo se eu tivesse sido um fracasso – o que eu não fui.


 


~Max~


A campainha tocou. Billy tinha saído havia um tempo, provavelmente para fazer o teste para salva-vidas que tinha perdido no sábado. Ele tinha levado as chaves e, mesmo assim, a porta costumava ficar destrancada – vantagens de cidade pequena –, então eu não tinha ideia de quem era.


Espiei pela janela. Era Lucas. Bom, talvez eu não devesse ficar tão surpresa.


Ótimo, ele tinha me procurado primeiro, era um bom sinal. Eu queria fazer as pazes, mas não queria ser a primeira a ligar.


Abri a porta, me esforçando para ficar séria; queria que ele pensasse que eu ainda estava brava pelo jeito que tinha falado comigo.


– Oi, Max – ele disse com um sorrisinho sem graça. Estreitei os olhos. – Eu vi que seu irmão saiu... estava criando coragem para vir falar com você.


– Ele não... – desisti no meio da frase. Não importava quantas vezes eu dissesse que Billy não era meu irmão, que não tínhamos parentesco nenhum, Lucas e a maioria das pessoas sempre se referia a nós como irmãos. – O que você quer?


– Vim conversar. Posso entrar? – ponderei por um tempo e, em seguida, gesticulei para que ele entrasse. Fechei a porta e fomos para o meu quarto. Cruzei os braços e lancei a ele um olhar inquisitivo.


– O que você quer conversar?


– Eu... acho que vim pedir desculpas...


– Você acha? – provoquei.


– Não, eu vim pedir desculpas – ele disse rápido, me olhando, esperando uma resposta.


– E...?


– E... – Lucas olhou para os lados, tentando pensar no que dizer. – ... dizer que sinto muito.


– Pelo quê? – ele pigarreou.


– Por ter sido grosseiro com você.


– E o que mais?


– Desculpa por ter dito que a culpa era sua por perder a estreia. Sei que queria ir assistir com a gente – assenti. – Olha, nós nem fomos.


Descruzei os braços. Agora parecia bem melhor.


– Não foram?


– Não. Nós decidimos ir essa semana, para assistirmos todos juntos – sorri. Bom, ao menos ele tinha tomado uma boa decisão. – O que você acha?


– É – dei de ombros –, parece um bom plano.


– Então você me perdoa? – fingi pensar por um momento.


– Tudo bem, eu perdoo.


– E podemos voltar a ser namorado e namorada?


– Podemos – ele deu um sorriso de orelha a orelha e me deu um abraço.


Só um abraço. E se afastou. O que foi aquilo? Eu tinha acabado de dizer que voltamos a namorar e ele só me abraçou?


– Espera – falei, segurando sua mão. – Você não vai me dar um beijo?


– Ah... é... claro, claro – Lucas pareceu um pouco constrangido. Ele se aproximou de mim e beijou minha bochecha; sério isso?


Tudo bem, seriam longos e cansativos meses... quanto tempo ia demorar para Lucas se dar conta do que eu queria?


Podia julgar Billy em quase todos os aspectos possíveis, mas não podia negar que ele sabia exatamente o que fazer, quando e como nesse quesito... Não podia reclamar mesmo.


 


~Billy~


– Você fez o teste para salva-vidas hoje? – Max perguntou mais tarde quando cheguei.


Cheguei mais perto dela; quanto mais eu me aproximava, mais Max ia para trás, sem me olhar nos olhos, vermelha, claramente sem saber como reagir.


– Fiz sim – respondi. – Acho que serei um dos salva-vidas da piscina comunitária de Hawkins...


Parei quando suas costas encostaram na bancada da cozinha; ela parecia perdida e agora finalmente olhou para o meu rosto.


– O que está fazendo, Billy? – perguntou em voz baixa.


– Eu disse que não desistiria de você – respondi, num tom ainda mais baixo. Estiquei o braço na direção da bancada – Mas, por agora, só estou pegando uma maçã – recolhi o braço, segurando uma maçã verde na mão. 


Era muito conveniente direcionar Max exatamente até onde estava a fruteira; claro que ela pensaria que minha intenção era outra... Me afastei.


Max me olhou confusa. Era exatamente o que eu queria.


– Você deve estar empolgado com a ideia, não é? – agora eu tinha ficado confuso. Ela parecia ter se recuperado rápido demais.


– Que ideia?


– De ser salva-vidas... Te faz lembrar das praias na Califórnia? – aquilo me pegou de surpresa. Não era bem o que eu estava esperando.


– Um pouco – admiti. – Mas nunca vai ser a mesma coisa. Não tem as ondas, nem a areia... e é um lugar minúsculo.


Max sentou na bancada, agora olhando para as próprias mãos.


– Eu sinto muito – olhei para ela. Seu cabelo estava preso em uma trança ruiva, usava uma camiseta roxa e laranja e um shorts jeans. Ela parecia angustiada, diferente do habitual.


– Pelo que você sente muito? – cheguei mais perto, dessa vez não com a intenção de mexer com ela.


– Por ter feito você voltar para cá. Sei o quanto gostava da Califórnia e como odeia Hawkins... – bufei.


– Sério, não vamos entrar nesse assunto agora – de certa forma, a escolha foi minha. Max quis voltar por razões que não entendo, mas foi minha escolha voltar com ela.


Eu poderia ter deixado que ela ficasse aqui, com meu pai doente de merda... Essa teria sido uma escolha dela, Max sabia do que ele era capaz e quis voltar mesmo assim. Eu não precisava ter vindo... Mas vim. Foi minha decisão e teria que lidar com isso. Por enquanto.


– Mas você me culpa por isso também, não é? – coloquei a maçã e os óculos escuros na bancada. Segurei o queixo de Max, fazendo-a a olhar para mim. Seus olhos azuis tinham um brilho intenso e me doía perceber que não era um brilho de alegria.


– Maxine, não culpo você por nada – falei. – Nós dois tomamos decisões e agora estamos aqui. Vai ficar tudo bem, eu vou cuidar de tudo.


E eu queria manter essa promessa. Queria ser alguém melhor e levar a Max para longe daquela cidade bizarra e da nossa família problemática de merda. Queria ter o que vivemos em Malibu, quase como o sonho americano... Eu podia fazer tudo se encaixar e sabia que ela ia acabar aceitando. Hawkins não era uma cidade para nós.


Max tocou suavemente no meu braço, onde estava a tatuagem recente; eu estava tentando ser o mais paciente e controlado que pudesse, mas ficava difícil não pular em cima dela com aquele toque...


– Por que fez essa tatuagem? – era para ser um toque inocente, uma pergunta qualquer... mas eu já estava ficando louco.


– A caveira significa a morte – Max arqueou as sobrancelhas. – A morte de uma parte de mim; alguém que deixei para trás.


– Isso é bom?


– Ainda não sei. Tem dias bons e ruins... – ela continuou deslizando pelo contorno do desenho.


– E o cigarro? – Max sempre fora meio irritante, mas estava excepcionalmente inquisitiva hoje.


– Quero parar de fumar – mais uma vez, ela pareceu intrigada.


– Por que tatuar algo se quer fora da sua vida?


– Porque, talvez, se tiver isso marcado na pele, eu não sinta tanta vontade de usar de novo – Max não parecia muito convencida.


– Está funcionando?


– Eu diria que sim – tirando um ou outro cigarro eventualmente, já que não dá para mudar o mundo do dia para a noite.


– Isso é bom... – ficamos em silêncio por um tempo, numa troca de olhares que pareceu infinita.


– Max, eu...


– Eu vou andar de skate, tá bom? – ela interrompeu, levantando e indo até o quarto.


Max era inteligente; ela sabia o que eu ia dizer e fazer a seguir e estava fugindo disso. Era frustrante, mas tinha seus pontos positivos... Significava que, de alguma forma, querendo ou não, ela sentia a necessidade de correr para não se render. Era só questão de tempo...



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Autor(a): nirvana666

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Pessoas lindas da minha vida, tenho alguns recados importantes para dar. O primeiro é que eu fui retardada... como vocês sabem, eu tenho essa fic há uns dois anos e voltei a escrever ela recentemente... como sou idiota, não me liguei que entre a segunda e a terceira temporada de ST tem uma diferença de 8 meses na cronologia kkkkkkkkk ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • merophe Postado em 13/08/2022 - 19:52:52

    Boa sorte com os ADMS da plataforma!


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