Fanfic: Improvável | Tema: Stranger Things
~Max~
Os últimos meses tinham sido uma loucura e passaram voando... De dezembro até o final de junho, foi como um piscar de olhos e, ainda assim, muita coisa aconteceu.
Lucas era um garoto legal... ele me ouvia bastante, sempre me dava presentes, conversava muito comigo... Quase tínhamos uma boa amizade. O problema é que não era para sermos amigos.
Minha mãe e o Sr. Hargrove tinham passado muito tempo viajando, o que significava menos brigas e eu me sentia menos culpada por ter feito Billy voltar para Hawkins... além de que tínhamos a casa só para nós.
E isso não foi nada bom. O grande problema com Lucas era a nossa relação, além da amizade, era conturbada; nós brigávamos muito às vezes, ele nunca ficava do meu lado quando Mike começava discussõezinhas idiotas, era grosseiro comigo de vez em quando, não tirava um tempo para passarmos juntos – só nós dois –, sempre enfiava o Will, o Dustin e o Mike no meio... Além das brincadeirinhas infantis, das palhaçadas, da imaturidade e, acima de tudo, ele não dava nenhum passo a mais.
Meses, teoricamente, juntos e ainda estávamos nos selinhos e andando de mãos dadas. Só. Nada a mais, nenhum um beijo mais profundo, nenhum toque... nada. Achava que essa era a pior parte...
E era a parte que mais me deixava vulnerável, já que, com isso, Billy tinha exatamente tudo o que precisava para me ter nas mãos. Eu sentia falta dos beijos calorosos e dos toques e de todo o resto e ele fazia questão de me provocar... Mesmo passando tanto tempo fora, por causa do tal curso para salva-vidas, Billy sempre dava um jeito de me encurralar e fazer de tudo para que eu cedesse ao charme encantador dele...
Eu cedi algumas vezes. Não que me orgulhasse disso, na verdade, sentia um pouco de peso na consciência... mas também não me arrependia. Perdi a conta de quantas vezes terminei com o Lucas nesses meses e, na maioria desses momentos, me deixei levar pelo Billy. Ficava mais difícil resistir à medida que o verão se aproximava, considerando que agora eu precisava vê-lo andando seminu pela casa, frequentemente molhado por causa da piscina...
Era errado, eu sabia que poderia acabar mal... mas era tão bom e eu queria muito. Ao menos podia dizer que não traí ninguém; só aconteceu nas vezes em que Lucas e eu terminamos, então não podia ser assim tão errado... podia?
Nesse tempo, Billy e eu acabamos desenvolvendo uma relação meio peculiar... não éramos exatamente amigos, muito menos irmãos... Também não brigávamos como antes, nem estávamos tão próximos quando estivemos na Califórnia. Mas era algo estável. Eu gostava dessa estabilidade, dessa segurança; Billy estava muito mais calmo, talvez tivesse algo a ver com a ausência constante do pai ou até com as aulas de salva-vidas.
Fosse como fosse, eu estava confortável assim, só não queria mais me deixar render pelas provocações dele. Eu ainda estava confusa... não conseguia entender se sentia alguma coisa pelo Billy ou se era apenas por conta dos beijos e... das vezes em que ele me fazia gozar. Com certeza sentia muito a falta disso na minha relação com Lucas.
Podia ser por isso que terminávamos tanto, talvez esse fosse o ponto-chave para começar a dar certo... Ou podia não ser.
Eu precisava ter certeza absoluta, precisava testar como seria com Lucas e, se continuasse sentindo falta do Billy, talvez fosse melhor terminar e começar a cogitar outras opções.
– Steve disse que vai deixar a gente entrar pelos fundos de novo – Lucas disse, sentado na beirada da minha cama.
Steve tinha começado a trabalhar numa sorveteria do shopping, o que dava acesso a ele a vários galpões e entradas de estabelecimentos pelos fundos... Assim passamos o último mês inteiro assistindo filmes no cinema sem pagar.
Robin estava trabalhando com ele, mas ela não parecia ter a menor paciência com os garotos, ela fechava a cara e não falava com ninguém. No entanto, parecia muito mais receptiva comigo quando eu ia sozinha, especialmente quando eu falava de como às vezes era um saco namorar com o Lucas... E Robin fazia questão de dizer que garotos são complicados, no geral e era exatamente por isso que ela preferia garotas.
– Ótimo – respondi. – Mike convidou a El para ir com a gente?
Eleven não frequentava a escola, eu raramente a via... O Hopper não a deixava ficar saindo de casa por causa dos poderes, com medo de que ela perdesse o controle ou algo assim. Então Mike ia sempre à casa dela. Eles ainda pareciam ir muito com a minha cara, o que eu não entendia, mas não ficava questionando.
Só achava que El não podia ficar o tempo inteiro presa dentro de casa, ela tinha que conhecer o mundo, ver pessoas... Ela foi criada num laboratório do governo, mal sabia sobre a vida real. Eu achava trágico e injusto mantê-la assim, por isso, sempre que podia, pedia ao Lucas para convencer o Mike a ir para os lugares com a gente.
Além do que, seria muito melhor sair em um encontro duplo do que deixar Will e Dustin como velas particulares, como Lucas insistia em fazer em todos os nossos “encontros”.
– Ele convidou, mas ela não pode ir a lugares com tantas pessoas assim... – revirei os olhos. Hopper e Mike eram controladores demais.
– Mas vai ser legal... Eu, você, o Mike e o Will...
Dustin estava há duas semanas na colônia de férias, o que significava que finalmente se livrou de ser vela... Não era possível que Lucas não se importasse nada com a presença de outros garotos quando saíamos...
Vai ver era por isso que não me beijava.
Me aproximei dele. Precisava entender o que eu sentia de verdade pelo Billy e se só tinha mesmo a ver com o toque físico...
– Lucas – chamei. Tinha que aproveitar uma das raras ocasiões em que estávamos sozinhos, no começo das férias, no meu quarto. Era um ótimo momento.
– O que foi?
– Quero um beijo – pedi, com um sorriso, chegando ainda mais perto dele.
Lucas ficou meio sem graça, mas, se aproximou e encostou os lábios nos meus e, no segundo seguinte, se afastou. Me controlei para não gritar com ele.
– Um beijo de verdade – agora sim ele parecia totalmente envergonhado.
Todos os nossos beijos, até então, eram só selinhos rápidos e, na verdade, podia contar nos dedos quantos foram desde aquele baile... E, ainda assim, nenhum deles podia chegar aos pés dos que tive com Billy.
– Um... um beijo... de... de verdade? – Lucas gaguejou; concluí que não ia explicar isso a ele, simplesmente iria agir.
Puxei seu braço e acabei com a distância curta entre nós. Lucas parecia bem inexperiente com garotas, não me surpreenderia se eu fosse a primeira garota que ele beijava de verdade; não podia ficar incomodada com isso, dizer que garotos demoram mais para amadurecer e ainda tinha o fato de que ele era mais novo que eu.
Passei meus braços ao redor do seu pescoço; ele demorou um pouco para abrir a boca e pareceu até se assustar quando nossas línguas se encontraram.
Tudo bem. Tentei não perder a paciência com aquilo; a culpa não era dele. Eu também não tinha lá muita experiência... Me afastei, mas continuando a alguns poucos centímetros dele.
– Sou a primeira garota que você beija? – perguntei, meio que já sabendo a resposta, mas precisava ouvir com todas as letras. Lucas não me olhava nos olhos e eu senti o calor em suas bochechas.
– Não – arqueei as sobrancelhas; ninguém acreditaria nisso. – Sim – ele admitiu.
– Tá, olha, você coloca as mãos aqui – coloquei suas mãos na minha cintura – e me puxa, mas não tão forte.
Ele assentiu.
– Espera – ele disse – eu não sou o primeiro garoto que você beija?
Que situação. Como é que eu poderia explicar que, além dele, já tinha beijado o Billy – que Lucas e todo mundo consideravam como meu irmão –, Steve – que era nosso amigo e, praticamente nossa babá – e Robin, que era uma garota mais velha e agora trabalhava com Steve na sorveteria do shopping? Não ia pegar bem nem para mim, nem para nenhum dos três... Mas eu também não queria mentir, então simplesmente sorri, fechei os olhos e voltei a beijá-lo. Parecia melhor, ele estava começando a se adaptar.
Babava um pouco mais do que eu estava acostumada, nossos dentes se bateram uma vez, mas, tirando isso, estava sendo... razoável. Pensei poderia ser uma questão de costume.
Será que para Steve, Robin e Billy foi desse jeito comigo também? Eu era tão... ruim?
De repente, ouvimos a porta da frente abrir. Lucas me olhou, os olhos arregalados. Merda.
– Vai – sussurrei, apontando para a janela, desesperada. Lucas parecia em estado de choque absoluto. – Vai embora, eu te encontro mais tarde no shopping – eu o empurrei para a janela, que já estava entreaberta.
Me recompus, enquanto Lucas silenciosamente pulava a janela e saí do quarto. Billy não parecia mais prestes a surtar toda vez que via o Lucas, mas eu também estava fazendo tudo ao meu alcance para não deixar os dois um na vista do outro; o mesmo com Steve... Não podia arriscar outra surra nele.
Olhei para a porta da frente; Billy estava com o cabelo molhado, sem camiseta, usando óculos escuros dourados e uma toalha ao redor do pescoço.
Não consegui evitar olhar. Era, sem dúvidas, uma visão do paraíso; e pensar que mais de uma vez já corri as mãos por aquele corpo absolutamente divino, que gostava da sensação da pele dele na minha... Anos de treino renderam muito. Billy tinha músculos, mas não em excesso; seu abdômen era perfeitamente esculpido, bronzeado e perfeito...
Ele tirou os óculos.
– Quer uma foto, Max? – me forcei a desviar o olhar, sentindo meu rosto corando assim que ele falou. Que saco. Por que eu não conseguia me conter? E por que ele tinha que andar daquele jeito pela casa?
~Billy~
Tive que conter um riso. As reações dela era hilárias, melhores do que eu poderia imaginar.
Assim que descobri como era fácil e divertido provocá-la, comecei a fazer com uma certa frequência... Sabia que Max ainda vivia para lá e para cá com o pirralho do Lucas Sinclair, mas ele era mais um enfeite do que uma ameaça em si.
Claro, a presença dele ainda me incomodava e meu humor ficava consideravelmente afetado quando ele estava por perto, mas nada que não pudesse controlar.
Os últimos meses tinham sido bons... Eu estava tentando manter a linha nos estudos e o curso de salva-vidas tinha chegado ao fim, eu passei nos testes e já estava trabalhando, o que era ótimo, me mantinha ocupado. Mas o melhor foi que eu aprendi, meticulosamente, a identificar quando Max estava mais irritada do que o normal e, geralmente, nesses dias, era porque tinha terminado – pela milésima vez – com o Sinclair.
Isso me dava um pouco mais de chance... Eu já estava mais do que decidido; Max estava cedendo a mim e cada vez mais eu tinha mais certeza do que queria...
Sabia que, se em um desses dias que ela estivesse irritada, eu pedisse, Max iria embora comigo. Só mais um mês. No final de julho poderíamos sair de Hawkins, ficar longe de Indiana...
Eu queria ficar com ela, estava disposto até a, quem sabe, passar a vida com ela... E sabia que, no fundo, Max também queria, ela só tinha que perceber... E eu ia ser paciente e mostrar.
– Espero que esteja gostando de ser salva-vidas... – Max falou, desviando os olhos, corada.
Me aproximei dela.
– Eu apito toda vez que uma criança da idade dos seus amiguinhos corre na borda da piscina... é bem empolgante – ela esboçou um sorriso, mas continuou sem olhar para mim.
– Não deve ser tão ruim... – peguei uma mecha de seu cabelo e enrolei no dedo.
– Não é... tem uma garota que vai lá e, todos os dias, insiste em se afogar justamente no meu turno... Preciso fazer respiração boca a boca nela em todas as vezes – Max finalmente olhou para mim, os olhos semicerrados.
– Não está falando sério... – sorri e toquei sua bochecha.
– Como eu disse, é um trabalho empolgante – abaixei a voz e encostei os lábios no ouvido dela; Max estremeceu. – Mas sabe que pode me chamar sempre que estiver se afogando, não sabe, Max?
– Billy...
– Quantas vezes vou ter que dizer que não vou me controlar se continuar dizendo meu nome assim? – Max se afastou um pouco, o rosto vermelho, mas os olhos azuis fixos em mim.
– É verdade essa história? – ri de novo.
– Descubra, Maxizinha – me afastei dela e fui para o quarto.
Esse era o meu jeito favorito de irritá-la... deixar claro que eu não era exclusividade dela, já que ela não era minha. Ainda assim, não era bem verdade.
Por mais que eu fizesse esses comentários e eles geralmente funcionassem, a única outra garota com quem eu tinha ficado nos últimos meses foi Heather Holloway.
Nós nos aproximamos desde que comecei o treinamento para professor e salva-vidas, ela se tornou quase como uma amiga, se é que eu podia chamar assim...
E nós ficamos. Uma vez. Só uma.
Heather era legal, ela era inteligente, bonita, sabia conversar e parecia se importar com o que acontecia comigo; era a única garota, além da Max, que eu via assim. E eu não queria usá-la como costumava fazer...
Ficar com ela foi um erro que eu não voltaria a cometer; Heather gostava muito mais de mim do que eu jamais seria capaz de gostar dela e eu sabia que continuar seria dar esperanças... Ela acabaria magoada, então fiz o que julguei ser o mais sensato e me afastei.
Não completamente, nós ainda conversávamos, só que deixei claro que não passaria disso.
Eu me importava o bastante para saber que Heather merecia uma pessoa melhor, merecia alguém que gostasse dela na mesma intensidade... Max também merecia isso.
A diferença era que eu amava Max e agora sabia exatamente o que isso significava... E eu não estava disposto a abrir mão dela, mesmo sabendo que não era a decisão mais correta.
Mesmo que eu adorasse perturbar a Max dando a entender que ela não era a única, e que fosse eficiente para ela se incomodar, ainda não parecia ser o bastante...
Talvez eu precisasse mesmo, de fato, ficar com alguém e esfregar isso na cara dela para que Max finalmente caia em si e perceba que também gosta de mim e parar de uma vez de sair com o Sinclair.
~Max~
Eu odiava quando Billy fazia isso. Tudo bem, eu estava sendo extremamente egoísta e hipócrita, já que estava meio que namorando com o Lucas – ou quase isso. Ainda assim, detestava saber que Billy provavelmente ficava com outras garotas...
Ele não as levava mais para casa, como fazia antes, nem ficava na escola... mas sempre fazia comentários insinuando que estava com alguém, especialmente na piscina... Isso me incomodava e muito, mesmo sabendo que eu não tinha o direito de ficar com raiva.
Respirei fundo e me recuperei dos últimos minutos; estava empolgada para assistir a estreia de Dia dos Mortos no cinema e não ia deixar Billy me provocar.
Lucas e eu tínhamos combinado de ir juntos ver esse filme, claro, junto com Will e Mike... há séculos estávamos especulando sobre ele e eu estava ansiosa para assistir, então ninguém, absolutamente ninguém, ia estragar meu humor.
A não ser o imbecil do Mike.
Lucas, Will e eu já estávamos esperando há um tempão quando ele finalmente apareceu de bike.
– Tá atrasado – disse Lucas, de braços cruzados.
– Desculpa – disse Mike. Eu já estava irritada demais e, se abrisse a boca, seria para gritar com ele.
– De novo – Lucas continuou.
– A gente vai perder o começo – disse Will indignado.
– Só se continuarem reclamando. Vamos! – Mike largou a bicicleta e começou a caminhar para a entrada.
– “Só se continuarem reclamando” – Lucas o imitou numa voz fina; eu teria rido, se não estivesse tão incomodada com o atraso.
– Ai, por favor, para com isso – Mike reclamou.
Nós quatro entramos no shopping. Lucas e Mike na frente; Will e eu atrás.
– Deixa eu adivinhar... Estava ocupado – Lucas imitou sons de beijo.
– Como você é maduro...
– “Ai, El, eu queria te beijar para sempre e nunca mais sair com nenhum dos nossos amigos...” – ele continuou numa imitação estúpida.
– Lucas, para – falei. Talvez eu até preferisse ser mais como Mike e El... eles pareciam curtir muito bem um momento a dois.
– Will achou engraçado – disse Lucas.
– Porque é – Will concordou, rindo. Revirei os olhos.
– É, muito engraçado eu querer um momento romântico com a minha namorada... – eu não gostava muito do Mike, mas ele até que parecia mandar bem nessa coisa de ficar com a namorada.
– Eu estou num momento romântico com a minha namorada – Lucas colocou um braço ao redor dos meus ombros. Bom, finalmente um gesto realmente romântico ou, ao menos, algo que um namorado faria, porque, até aquele momento parecíamos mais amigos saindo em grupo do que um casal em si.
O que durou pouco mais de um minuto, porque logo nós quatro estávamos nos apressando, abrindo caminho entre as pessoas para chegarmos mais rápido à sorveteria. No caminho, Mike empurrou uma garota, que gritou “cuidado”.
Pouco mais a frente, havia um grupo de garotas segurando casquinhas de sorvete; no centro delas estava Erica, a irmã caçula de Lucas.
Ela nos olhou, de cara fechada.
– É, cuidado, nerd – Erica gritou para Lucas.
– Já não está na sua hora de dormir? – Lucas provocou.
– Já não está na sua hora de morrer?
– Maluca – conforme continuávamos o caminho, a troca de farpas entre Lucas e Erica ficava mais alta.
– Rata de shopping – ele virou e andou de costas para continuar encarando a irmã.
– Peidão!
Lucas fez uma careta. Eu o puxei pelo braço.
– Quanta maturidade... – murmurei. Pareciam duas crianças da mesma idade discutindo.
Entramos na sorveteria Scoops Ahoy. Robin estava no caixa; Mike tocou a campainha de mesa várias vezes.
– Ô, bocó – chamou Robin, cantarolando num tom de deboche, encarando Mike –, suas crianças chegaram.
Steve abriu a janela que dava para o lado interno da sorveteria, parecendo meio incomodado.
– De novo? É sério isso? – nós quatro o encaramos; Mike tocou a campainha mais uma vez, como que para confirmar o que queríamos.
Steve nos guiou para os fundos da loja, onde tinha um corredor cheio de portas.
– Anda, anda – ele nos apressou. – Eu juro, se alguém ficar sabendo disso...
– A gente morre – nós quatro dissemos em coro. Steve dizia isso todas as vezes que usávamos aquela entrada para não ter que pagar pelo ingresso.
Entramos na sala de cinema; suspirei, aliviada, ao constatar que o filme ainda não tinha começado.
– Viu, Lucas? Deu certo – disse Mike depois que nos sentamos. Lucas e eu na frente, Will e Mike atrás; por um momento pensei que Lucas iria me deixar sentar com o Will enquanto ele e o Mike conversavam.
– Mas perdemos os trailers – Lucas reclamou.
– Mas deu certo, seu peidão – provoquei rindo; ele fez uma careta e riu também.
Mike e Will levaram uma mochila cheia de comida e foram passando para nós. O filme estava começando.
– Skittles – disse Lucas, empurrando o pacotinho de bala na minha direção.
– Valeu – sussurrei.
Estávamos todos tensos assistindo aos primeiros momentos do filme... Quando, de repente, a tela começou a rodar e simplesmente apagou. A sala inteira reclamou.
– Caramba! – falei irritada. Tínhamos chegado até ali para nada...
Parecia que o shopping inteiro tinha tido um apagão.
Mas durou pouco; na mesma velocidade que a energia acabou, ela voltou e o filme voltou a passar na tela. Sorri.
O filme foi simplesmente incrível. Melhor do que estava esperando; Lucas se assustou mais que eu. Não entendia como ele podia enfrentar demogorgons e demodogs e ter medo de um filminho de terror.
Dustin voltaria de um acampamento no dia seguinte e combinamos de fazer uma surpresa para ele; Eleven estaria lá também. Eu quase não a via, estava um pouco ansiosa com tratamento dela comigo.
Mas Lucas e eu combinamos que, pela manhã, eu iria na casa dele para assistirmos Mad Max. Eu esperava que essa experiência fosse, talvez, esquentar as coisas entre nós. Me incomodava um pouco saber que eu era a primeira a garota com quem Lucas tinha namorado e beijado, ou seja, ele era inexperiente em tudo, o que era ruim, já que eu estava acostumada com Billy que, ao contrário, era muito experiente em tudo.
Quis acreditar que não era grande coisa e que, em pouco tempo, Lucas aprenderia tudo... E, quem sabe, esse fosse o jeito de esquecer de vez o Billy.
Estava juntando paciência para aturar as bobeiras do Lucas. Até gostava de jogar videogames e passar um tempo com os meninos, mas não dava para passar a vida jogando D&D e implicando com a irmã mais nova; fora o fato de que ele reclamava do jeito que Mike passava tempo com a Eleven, o que só mostrava a visão nada romântica dele sobre relacionamentos. Eu queria aquilo também, um tempo a sós, só nós dois... como Billy e eu fazíamos em casa... Merda. Será que acelerar as coisas com Lucas mudaria mesmo alguma coisa? Era realmente isso que eu precisava para sentir por ele o que eu sentia pelo Billy?
~Billy~
Eu estava deitado no sofá, assistindo televisão quando Max entrou e trancou a porta; com um sorriso radiante no rosto.
– Onde estava? – perguntei.
– Cinema. Foi a estreia de Dia dos Mortos – cinema, claro. Um lugar onde nós dois nunca poderíamos ir como um casal; ao menos não em Hawkins, não onde as pessoas nos conhecessem.
Eu sabia que a Max estava com aquele pateta do Sinclair e os outros merdinhas... Sabia que ela passava muito tempo com eles agora e estava tentando ver o lado positivo nisso, se é que havia um.
Eu ficava irritado com aquilo. Meu pai e a mãe dela estavam viajando, o que possivelmente fazia Max pensar que podia chegar a hora que quisesse... Tudo bem, não era como se eu fosse brigar com ela por causa disso ou algo assim, mas me incomodava saber que ela estava chegando mais de dez da noite e que era Lucas Sinclair quem a acompanhava.
E agora estava decidido. Eu ia sim ficar com outra pessoa e ia mostrar para Max exatamente o que tinha feito... Ela ia me ver sair de casa e só voltar na manhã seguinte; concluí que só assim ela se daria conta do que sentia de verdade.
Eu já sabia exatamente com quem eu ia sair. Não era a melhor das opções, obviamente, mas não importava muito a pessoa, desde que Max percebesse. Karen Wheeler, a mãe de um dos amigos babacas da Max e da Nancy Wheeler, ex-namorada do Steve Harrington. Claro que, a princípio, Nancy foi minha primeira opção; irritaria Max e Steve Harrington. Dois coelhos numa cajadada só.
Mas ela parecia num bom relacionamento com outro caipira nerd de Hawkins. Ainda tinha a Heather, mas eu prometi a mim mesmo que o ponto final que coloquei na minha história com ela não ia virar uma vírgula. Eu não estava com a menor vontade de conhecer outras garotas, seria fácil demais seduzir qualquer uma delas, eu queria um desafio.
Me sobrava então Karen Wheeler.
Sabia que era arriscado; uma mulher mais velha, casada... mas ela e as amigas iam à piscina para me ver, como um joguinho proibido. E não seria a primeira vez que eu flertaria e ela retribuiria. Além disso, ela seria bem melhor que as garotas do colegial.
~Max~
Já estava na metade do filme e Lucas ainda parecia mais vidrado na tela do que em mim. Na verdade, ele sequer me olhava; quero dizer, eu achava que tínhamos marcado aquele filme na casa dele, no quarto dele, enquanto os pais dele não estavam para fazer muito mais do que assistir um filme que nós dois já tínhamos visto antes.
– Lucas... – chamei.
– Espera, espera. Está na melhor parte... – suspirei e esperei até que a cena acabasse.
– Nós vamos ficar só vendo filme?
– Ah... você quer comer alguma coisa? – me segurei para não arremessar o travesseiro na cabeça dele.
– Não... eu acho que poderíamos, sabe, fazer outra coisa...
– Achei que quisesse assistir Mad Max... é o seu filme favorito... – às vezes eu me perguntava se valeria a pena ser presa por acabar com a raça dele.
– Exatamente, eu já assisti tipo umas mil vezes – ele piscou, sem entender onde eu queria chegar. – Só me beija, idiota – falei, desistindo de fazê-lo entender sem precisar ser explícita.
– Ah... você quer que a gente faça isso de novo?
– É, acho válido continuar de onde paramos... – ele assentiu.
Lucas colocou as mãos na minha cintura; nós dois estávamos sentados na cama dele, de pernas cruzadas, então a posição não era exatamente confortável, mas o beijo estava melhor do que da primeira vez.
Coloquei meus dedos entre seus cabelos e o puxei, deitando de costas; ele estava em cima de mim, claramente ainda meio perdido. Deus, como é que eu ia dar um jeito nesse garoto?
– Lucas – falei; ele abriu os olhos, o rosto a milímetros do meu. – Quero que você me toque.
– O que? Tipo... assim? – ele colocou a mão no meu rosto. Tive que lutar contra cada neurônio meu para não revirar os olhos.
– Não – respondi, tentando soar calma. Peguei a mão dele e levei mais para baixo, deslizando pela minha barriga. – Assim.
Lucas parecia perplexo. Que inferno, eu ia ter muito mais trabalho do que poderia imaginar... Voltei a beijá-lo, imaginando que, talvez, aquele processo pudesse ser mais natural se estivéssemos nos beijando.
Mas não foi. Lucas não tinha a menor ideia do que estava fazendo; seus dedos passavam pela minha calcinha de um jeito totalmente desastrado e desconfortável, além da falta de coordenação motora, nossos dentes bateram algumas vezes no processo e ele me mordeu.
– Lucas, para – falei. – Para, já chega – eu o empurrei de leve para que ele saísse de cima de mim.
– O que foi? – ele perguntou, sem entender nada. Levantei da cama, arrumando minha camiseta. – Para mim estava bom...
– Para mim não. Sério, eu prefiro ficar solteira a passar por isso, você está muito mais preocupado com um filme do que passar um tempo comigo – abri a porta do quarto e comecei a ir na direção da porta.
– Espera – Lucas veio atrás de mim –, está terminando comigo?
– Estou.
– Max, espera aí... não vai...
– Terminamos, Lucas – Erica colocou a cabeça para fora, dando risadinhas.
– Ouviu, nerd? Vocês terminaram – Erica mostrou a língua, rindo.
– Você não devia estar na creche?
– Você não devia estar num hospício?
– Chata.
– Tonto – aquela discussão ainda ia longe; simplesmente bati a porta.
Não tinha a menor paciência para aquilo. Lucas precisava aprender o que era prioridade na vida dele; um filme que ele já tinha visto e discussões bestas com a irmã caçula ou a namorada. Bem, ele tinha os objetivos bem claros em mente... E eu não era o foco.
Autor(a): nirvana666
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
~Billy~ Eu tinha acabado de colocar o uniforme de salva-vidas, embora ainda faltasse um tempo para assumir o posto; Heather ainda estava na cadeira. Fechei a porta do armário e dei um pulo ao identificar uma figura baixinha e ruiva atrás da porta. – Max? – constatei, surpreso ao vê-la ali. – Oi, Billy – ela não parecia m ...
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