Fanfic: Improvável | Tema: Stranger Things
~Max~
Eleven e Hopper moravam praticamente no meio do mato; mas eu não estava com medo. El tinha poderes, podia nos proteger de qualquer coisa, então eu me sentia segura perto dela.
– Posso perguntar uma coisa? – falei enquanto caminhávamos, de braços dados.
– O que foi? – olhei para ela.
– Antes você não gostava muito de mim, não é? – El deu de ombros e balançou a cabeça.
– Eu vi você com o Mike uma vez... achava que você queria ser namorada dele. Aquilo me incomodou...
– Ai, que nojo! Eu gostar no Mike? Nunca – fiz uma careta. Ela deu risada. – Bem, agora você sabe que não tem nada a ver... Tem tipo milhões de pessoas que eu iria preferir namorar.
– Sei. Tipo o Lucas... – ponderei.
– É... – talvez não fosse a melhor comparação no momento, mas era melhor que o Mike, ainda assim. – Tipo o Lucas.
El me olhou pelo canto do olho.
– Ou o Steve? – arregalei os olhos.
– Você é esperta! – ri. – Entendeu sem eu precisar explicar...
– Então você e o Steve já namoraram também?
– Não, não. Com certeza não. Foram só... um beijo, sabe?
– Só beijo?
– É, só para a gente se divertir... – foi mais ou menos aquilo, ela não precisava saber detalhes. – Mas é segredo, não pode contar a ninguém. Nós juramos que nunca mais falaríamos sobre isso, principalmente porque tínhamos bebido.
– Como assim bebido? – às vezes eu me esquecia que Eleven não sabia muito sobre a vida.
– Tem alguns tipos de bebida que deixam você... feliz. Tipo, muito feliz, empolgada e meio tonta. E aí as coisas só... acontecem.
– Acontecem – repetiu El.
– Um dia você e eu podemos beber juntas, vai ser legal.
Eleven destrancou a porta da casa com a mente, o que era simplesmente genial; constatamos que Hopper não tinha chegado, o que significava que eu poderia ficar e era ótimo, porque não estava nada afim de voltar para casa e encarar Billy. Acho que podia aproveitar mais algumas horas sem preocupações.
– Então você prefere o Steve? – perguntou El.
– Ah... ele é mais bonito, sim. Mais velho e mais experiente, mas o Lucas me trata bem, ele faz tudo que eu quero. Acho que ainda colocaria o Lucas antes. Claro, tem outras pessoas que seriam minha primeira opção...
Pensei em Billy. Ele seria a primeira opção se as circunstâncias fossem outras?
Coloquei algumas revistas que comprei no shopping em cima da cama dela, tirei os tênis e sincronizei o rádio numa música legal. El ficava olhando as revistas enquanto eu cantava e dançava pelo quarto.
Eleven abriu uma das revistas no pôster do Ralph Macchio, um dos caras mais gatos que já existiu. Possivelmente perdendo apenas para o Billy, já que eu realmente gostava dos olhos verdes.
– Ah, você achou o Ralph Macchio – falei, sentando no chão, ao lado da cama, observando o sorriso bobo de El; quem podia culpá-la por babar num garoto como aquele? Mil vezes melhor que Mike ou Lucas ou qualquer um daqueles garotos da escola.
– Macchio? – perguntou El.
– É, ele é o Karatê Kid – um filme ótimo, que eu só acabei assistindo por causa do ator. El riu. – Ele é lindo, não é? E aposto que ele beija muito bem...
Eleven franziu o cenho. Levantei e sentei na cama, na frente dela; o assunto estava prestes a ficar mais interessante... Eu nunca tive uma amiga próxima e achava que El também não, o que significava que podíamos falar sobre qualquer coisa e não seria estranho... Coisas que eu não podia falar com Lucas ou Dustin ou qualquer outro garoto, mas uma garota entenderia.
– Vem cá... – falei, observando El. – O Mike beija bem?
– Eu não sei... – Eleven respondeu meio sem graça. – É meu primeiro namorado.
– Mas não precisa namorar para beijar, sabe. Eu disse, às vezes as pessoas beijam só por diversão...
– Você beijou muitas pessoas? – dei risada.
– Não acho que “muitas” seja a palavra mais adequada – Steve, Billy, Robin e Lucas. Quatro, no total; era mais do que El, sem dúvidas, eu tinha mais parâmetros.
– E qual beijo foi o melhor?
– O do Billy – respondi sem pensar duas vezes. El me olhou, com uma expressão meio estranha.
– Mas... ele não é seu irmão?
– Não, de jeito nenhum – suspirei. – Minha mãe é casada com o pai dele, mas não somos irmãos, não temos literalmente nenhum parentesco, então não tem nada de errado... – acabei falando rápido demais.
– Entendi... Você gosta dele? – respirei fundo.
– Gosto sim – admiti.
– Por que não namora com ele, então?
– É complicado, El... é uma relação meio difícil... Billy tem questões com as quais eu não sei lidar. E ele quer ir embora de Hawkins, eu quero ficar... além disso, as pessoas acham estranho por causa da diferença de idade e todo mundo pensa que somos irmãos, mas não é bem assim. E ele também gosta de ficar com várias meninas, isso me deixa mal.
– Ah... – El pensou por um momento. – E o Lucas? Beija bem?
– Ele está aprendendo... aliás, esse é um conselho valioso: garotos mais velhos beijam bem melhor e, sabe, fazem outras coisas muito melhor também... – ela arqueou a sobrancelha.
– Que outras coisas? – merda, como eu ia explicar? Limpei a garganta.
– Acho que você e o Mike ainda não chegaram nesse ponto... e eu nem recomendo, considerando a idade dele e que você é a primeira garota com quem ele ficou também, seria péssimo... Mas, quer saber? Na hora certa você vai entender, não se preocupe com isso agora, principalmente porque ele é seu ex-namorado – dei ênfase à palavra “ex”.
O sorriso de Eleven sumiu.
– Ei, não liga para isso, ok? – toquei seu ombro. – Ele volta rastejando para você rapidinho, implorando por perdão. Garotos são assim mesmo, especialmente os que não ficam com várias meninas – tentei animá-la. – Eu te garanto que ele e o Lucas estão lá, todos tristes e choramingando, falando “Ah, elas têm que aceitar a gente de volta!” – fiz uma imitação patética de um choro forçado; deu certo. Eleven voltou a rir. – Nossa! Eu daria tudo para ver a cara idiota deles...
Eleven pareceu pensativa, mordendo os lábios, com um sorriso malicioso.
– O que foi? – perguntei.
– Acho que podemos espionar eles – ela falou, sorridente. – Posso usar meus poderes...
Aquilo parecia uma ideia incrível. Não era certa, com certeza, mas era genial. Por que não?
Eleven disse que precisava do rádio numa frequência ruim, como um chiado e eu levei um tempo até conseguir sincronizar. Ela sentou de pernas cruzadas no chão e usou uma venda para tampar os olhos.
– Isso funciona mesmo? – perguntei sentada na cama. Ela fez que sim. Imagine poder espionar quem e quando quisesse, sem preocupações... – Caramba! Que chocante!
– Max! – El chamou.
– Tá. Estou quieta, desculpa.
Eleven se concentrou, respirando fundo várias vezes, em silêncio, apenas com o barulho do rádio chiando.
– Estou vendo eles – ela disse de repente. Saí da cama e sentei no chão ao lado dela.
– Estão fazendo o que? – eu sabia que El tinha poderes diferentes, mas era bem difícil acreditar que podia realmente ir até onde as outras pessoas estavam, em tempo real, sem que essas pessoas a vissem e pudesse espiar.
– Comendo – ela respondeu. Olhei ansiosa para El. – Disseram que somos uma espécie.
– O quê? – falei, confusa.
– “Emoção, não lógica”.
– O quê? – repeti agora enojada. Eles eram ridículos.
O nariz de El começou a sangrar e ela tirou a venda, com uma cara assustada.
– O que aconteceu? – perguntei, curiosa. Ela começou a rir. – O que? O que houve?
Mas El teve uma crise de riso, se jogando no chão e rindo como louca. De repente, escutamos um carro lá fora. El e eu nos entreolhamos, assustadas.
– É o Hopper! – ela disse. – Ele não pode saber que estou usando meus poderes.
Assenti. Limpei o sangue de El com a venda e a joguei para debaixo da cama; voltei a sincronizar uma música normal em som baixo na rádio. Eleven usou telecinese para bater a porta. Peguei duas revistas da cama o mais rápido que pude, abri em páginas aleatórias e entreguei uma para El.
– Rápido – falei, escutando a porta da frente bater.
– Ei! – ouvimos a voz alta de Hopper. – Ei! Dez centímetros de distância! – o que?
Nós duas deitamos de barriga para baixo no chão, fingindo que estávamos lendo tranquilamente as revistas bem a tempo de Hopper escancarar a porta.
– Dez... – ele parou assim que nos viu. Estava usando uma camisa ridícula e segurando uma garrafa nas mãos e eu podia apostar que estava bêbado.
– Não sabe bater? Credo! – falei, abismada.
– É, credo! – El concordou.
– Ah... Oi – ele disse, agora em voz mais baixa, surpreso. – Desculpe... Eu pensei que... – eu sabia o que ele tinha pensado.
– O Mike não está aqui – falei, irritada.
– A Max veio dormir aqui em casa – disse El; eu olhei para ela. Não era esse o combinado, mas eu realmente não me importaria de dormir com ela. – E então? Pode ser?
Hopper passava os olhos de mim para El, ainda chocado. Claro que era um choque; uma evolução tremenda ficar com Mike dentro de um quarto e ficar comigo no quarto.
– Pode – Hopper respondeu, mais tranquilo. – Pode, pode. Claro. Seus pais estão sabendo? – perguntou para mim.
Meu pai estava na Califórnia, há meses sem falar comigo; minha mãe e meu padrasto estavam trabalhando sei lá onde, também sem dar um telefonema. Eles não davam a mínima para onde eu estava ou o que estava fazendo; no máximo, Billy era quem ia se importar com isso, mas ele também não parecia realmente interessado em mim desde o dia anterior.
– Estão – respondi.
– Ah, claro. Pode – repetiu Hopper. Ele com certeza estava bêbado e eu conhecia bem a sensação. – É... isso é bem legal, né?
Nós duas o encaramos e ele nos encarou de volta, com uma cara de pateta.
– Você quer alguma coisa? – perguntei.
– Não – ele respondeu rápido. – Não, eu já vou... – ele gaguejou. – Eu vou deixar vocês, vou deixar vocês... – Hopper saiu, fechando a porta.
Eu quase podia vê-lo comemorando através da porta. Tudo bem, eu também estava comemorando por dentro aquele término entre El e Mike. Ela estava claramente mais feliz sem ele.
– Qual é o problema dele? – perguntei em voz baixa. – Será que ele acha que garotas não beijam umas às outras também? – ri. El arregalou os olhos.
– Elas beijam?
– Claro que sim... às vezes até melhor que os garotos – comentei, lembrando de quando Robin e eu nos beijamos na festa do Billy.
Foi só por causa do jogo da garrafa, não tinha nada demais, mas foi bom. Ainda preferia o Billy, se tivesse que escolher, mas Robin beijava bem.
– Tive uma ideia – falei, lembrando do jogo daquela noite.
Nós fomos até a geladeira e pegamos uma garrafa de vidro de coca e bebemos juntas. Eu expliquei a El como se jogava o jogo da garrafa e disse que poderíamos adaptar, já que estávamos apenas em duas e não teria graça jogar; pegamos vários pedaços de papel e escrevemos nomes de pessoas que conhecíamos. Íamos girar a garrafa e usar os poderes de El para espionar a pessoa em quem caísse. Eleven pareceu empolgada com a ideia.
Escrevemos Nancy, Steve, Sr. Clarke, Dustin, Sr. Wheeler e Sra. Wheeler. Ainda tinha sobrado um espaço para outro nome; El olhou para mim. Tudo bem, qual era a chance? Escrevi o nome de Billy. Eu estava curiosa e com medo para saber o que ele andava fazendo, mas resolvi dar essa chance ao destino, se fosse para ser, seria.
– Cara, eu não acredito que estamos fazendo isso – falei, colocando o nome de Billy na roda por último. – Pronta? – El assentiu.
– Pronta – ela girou a garrafa.
– Sr. Wheeler – falamos juntas. Que sem graça... devíamos ter escolhido pessoas mais interessantes... – Ai, que chato... – reclamei.
– É, chato – ela concordou, rindo.
– Gira de novo – sugeri.
– É contra as regras? – El perguntou, com as sobrancelhas erguidas. Dei de ombros.
– A gente faz as regras.
Eleven girou a garrafa de novo e senti meu coração errar as batidas quando apontou para o nome de Billy. El olhou para mim.
– Quer que eu gire de novo? – suspirei.
– Não, tudo bem – eu agora estava incerta se queria mesmo saber o que ele estava fazendo e porque estava tão ocupado para implicar comigo; eu sentia falta das discussões.
Levantei e fui pegar o rádio, trêmula. Aquilo parecia ter sido uma péssima ideia.
– Já vou avisando – falei, voltando para a cama –, se ele estiver com alguma garota ou fazendo algo... – como eu ia explicar isso a ela sem deixá-la assustada ou traumatizada? – ...algo estranho, vai embora.
– Por que?
– Porque... sabe como você se sentiu quando achou que eu gostava do Mike? – ela fez que sim. – É daquele jeito que eu vou me sentir. Talvez até pior.
– Você tem certeza que quer fazer isso? – não. Eu sabia que Billy devia estar com outra garota e eu não devia estar tão cismada com essa ideia... fui eu que o dispensei, eu disse que queria ficar com Lucas.
Droga, eu estava sendo uma menininha mimada e extremamente egoísta. Eu não tinha o direito de ficar com raiva se Billy tivesse decidido seguir em frente e me esquecer. Mas precisava fazer isso tão rápido? Sério, não tinha nem dois dias e ele já estava me evitando, não tinha nem voltado para casa...
– Max? – El chamou.
– Vamos fazer – falei. – Mas, sério, se ver qualquer coisa fora do normal, sai de lá na mesma hora – comecei a tagarelar, meio que enrolando, mas também prevenindo El; se ela não tinha passado de alguns limites com Mike, poderia ficar meio... apavorada. – Sério, El, só estou avisando...
– Max! – ela falou de novo. – Eu entendi.
– Tudo bem, eu vou calar a boca.
Sincronizei o rádio de novo na estação com chiado e El pegou uma nova venda, posicionando-a nos olhos. Eu a encarei com uma certa expectativa; as mãos suadas e o coração batendo mais forte. Estava começando a me arrepender daquela ideia...
O sangue começou a escorrer pelo nariz de El.
– Achei ele – ela disse.
– O que ele está fazendo? – perguntei, meio aflita, sem saber se queria mesmo a resposta.
– Eu não sei... Ele... está no chão... – franzi o cenho. – Falando com alguém...
Ótimo, era tudo o que eu precisava saber. Billy estava mesmo com alguém e eu não podia ficar irritada com isso.
De repente, Eleven tirou a venda, com uma cara assustada e ofegante.
– O que foi? – perguntei preocupada. – O que houve?
– Tinha uma garota lá... ele estava com uma garota.
– Ah... – falei, menos empolgada. – Eu disse para sair de lá se ficasse esquisito...
– Max, ela estava gritando – senti o coração afundar no peito; eu tinha que me controlar, tinha que me recompor e respirar fundo. Eu estava bem.
Levantei da cama.
– É... eu avisei – falei.
– Mas, Max, ele estava machucando... – El parecia bem apavorada. Comecei a andar de um lado para o outro no quarto, controlando a respiração.
– Eu sei o que pode parecer, El, mas, confia em mim, ele não estava machucando ela – na verdade, era muito pelo contrário; eu tinha certeza que ela estava adorando... Eu estaria adorando.
Mas que inferno. Acho que eu preferia não saber o que ele estava fazendo... Não. Era melhor assim. Agora eu sabia que nós tínhamos que seguir rumos diferentes; Billy já aceitou e agora era a minha vez.
Eu dei um ponto final nisso e tinha que lidar com as consequências. Eu também precisava seguir em frente; talvez não com Lucas, talvez com alguém novo... precisava conhecer pessoas novas. Mas Lucas me tratava bem geralmente, quando não estava sendo infantil... Eu estava perdida.
– Max...
– Está ficando tarde, acho melhor irmos dormir – falei, querendo acabar com aquele assunto.
– Mas o Billy...
– Acredite, ele não estava machucando a garota. Eu juro, El.
– O que ele estava fazendo então? – senti meu rosto começar a esquentar; não dava para explicar isso... eu mal sabia como Billy tinha me explicado...
– Podemos falar sobre isso amanhã?
Eleven concordou; assim eu teria mais tempo para pensar exatamente o que dizer e como dizer e ainda superar o fato de que Billy estava com outra pessoa. Eu era passado para ele, estava decidido.
– Max? – El cochichou depois de um tempo; nós duas estávamos na cama dela e já devia ser madrugada.
– O que foi? – perguntei, torcendo para que ela não voltasse em nenhum dos nossos dois últimos assunto.
– Eu estava pensando...
– Hum... – murmurei, com medo de onde essa conversa poderia chegar.
– Como eu sei que alguém beija bem? – tudo bem, sobre isso podíamos conversar. Virei para ela; ficamos uma de frente para a outra, apoiadas no travesseiro, sob uma distância razoável.
Consegui distinguir seus olhos no escuro; El me encarava com curiosidade.
– Você sente... coisas quando uma pessoa sabe como beijar.
– Que tipo de coisas? – pensei um pouco.
– É difícil explicar... você se sente bem, fica confortável, sente arrepios, vontade de continuar... – era o oposto do que eu sentia quando estava com Lucas. – Sente isso quando beija o Mike?
– Eu... eu não sei... nunca prestei atenção nessas coisas – eu também não prestava muito, mas sabia quando era bom e quando não era.
– Posso mostrar se quiser.
– Se eu te beijar, você pode ter uma comparação e parar para pensar no que sente quando beija alguém...
– Mas, Max, isso não é errado?
– Por que seria errado?
– Porque somos duas garotas... – respirei fundo.
– Eu já beijei uma garota antes, não tem nada de errado nisso... Eu disse, garotas podem se beijar – El ergueu as sobrancelhas.
– Mas somos amigas...
– Amigas fazem isso às vezes.
– Sério?
– Eu acho que sim... Pelo menos eu já fiz. Já beijei o Steve e continuamos amigos – Robin também, mas essa parte eu preferi não contar a ela.
– Então... acha que pode me beijar? – me aproximei dela; eu honestamente não achava uma má ideia. Eleven era legal, inteligente e linda... Não seria nenhum sacrifício.
– Se você quiser...
– Acho... que eu quero – levantei um pouco a cabeça e coloquei uma das minhas mãos sobre o seu pescoço, acariciando sua bochecha, como lembrava de Billy fazendo comigo.
– Tem certeza, El? – ela fez que sim com a cabeça e fechou os olhos.
Senti seu perfume adocicado e seu rosto quente sobre meus dedos antes de encostar nossos lábios. Eu não tinha ideia de até onde ela e Mike já tinham chegado, se é que aquele banana teve, pelo menos, a coragem de beijá-la de verdade... Fosse como fosse, eu ia dar o meu máximo para mostrar o que era um beijo a ela.
Deslizei a língua sobre seus lábios, bem devagar, sentindo o gosto refrescante da pasta de dentes... Era diferente de quando Robin me beijou... Talvez fosse porque agora era eu quem estava tomando essa atitude, ou, quem sabe, fosse porque Eleven era muito mais delicada e sutil nos movimentos...
Lentamente, deixei que nossas línguas se encontrassem; El colocou a mão sobre o meu braço, me mantendo mais perto dela; deixei que ela seguisse o meu ritmo, movimentos vagarosos e suaves, como se tivéssemos todo o tempo do mundo...
Era muito diferente dos outros beijos que já dei, me sentia muito mais à vontade... era como se, finalmente, depois de tanto tempo, eu tivesse o controle... eu dava as coordenadas e El seguia. Era incrível.
Aprofundei um pouco mais o beijo e ouvi um gemido baixo do fundo de sua garganta; era isso que eu queria. Duvidava que Mike seria capaz de algo assim...
Me afastei, mordendo seu lábio inferior com leveza e, finalizei com um selinho.
– Tudo bem? – perguntei, ainda perto dela.
– Sim... – El arfou. Ainda sentia suas bochechas pegando fogo sobre os meus dedos.
Voltei a deitar no travesseiro, mas numa distância menor do que estava antes.
– Isso foi... bom – ela disse, meio ofegante. – Tenho certeza que você beija bem...
– Obrigada, El – não pude conter um sorriso; eu sabia que meu beijo não era de todo mal, mas era ótimo ouvir uma confirmação.
– Com o Mike é... diferente... Não é assim...
– É, com os garotos é diferente para mim também – embora, se fosse para ser sincera, eu sentia muito a falta daquele beijo possessivo do Billy... Era intenso, cheio de desejo, firme.
Claro, beijar Eleven foi realmente bom... Era tudo tranquilo, leve, confortável até demais. Eu me sentia bem com ela.
Comecei a pensar que era por isso que tudo ia tão mal nas minhas relações... Com Lucas, faltava o desejo, a intensidade... Com Billy, faltava a calmaria e os momentos mais tênues.
– Max? – El sussurrou, depois de um tempo; eu já estava de olhos fechados.
– O que?
– Você... acha que eu beijo bem? – sorri de novo.
– Sim. Você beija muito bem – coloquei a mão sobre seus cabelos e passei os dedos devagar por eles.
– Isso é bom... – ela chegou um pouco mais perto; senti sua respiração no meu rosto, mas não abri os olhos.
– Boa noite, El – sussurrei, ainda acariciando seus cabelos.
– Boa noite... – ela sussurrou de volta.
~Billy~
Eu ainda esperava aquela coisa pegar Heather quando senti outra presença. Aquele celeiro era medonho... quantas daquelas criaturas ainda estavam ali? Olhei para trás, tentando ver o que estava nos interrompendo.
Ouvia Heather gritando e se debatendo no chão; talvez aquela interrupção tivesse sido boa afinal. Eu não queria mesmo vê-la passar pelo que eu passei e agonizar daquele jeito...
Atrás de mim não consegui distinguir bem, mas parecia uma sombra... uma fumaça colorida. Forcei a visão para enxergar melhor; era quase o contorno de alguém...
Max. Por que minha mente divagava até ela? Qualquer coisa me fazia lembrar dela... Me forcei a afastar o pensamento; se ele soubesse sobre Max, ia querer ir atrás dela e eu não podia deixar.
Eu tinha que pensar em outra coisa, em outra pessoa... Precisava de uma lembrança forte e dolorosa como a que Max me proporcionava, mas sem a possibilidade de arriscar a vida dela...
Senti mais uma pontada aguda na cabeça e gritei, ao mesmo tempo que os gritos de Heather cessavam; estava acabando, para nós dois. E ele queria mais...
~Max~
– Max – ouvi alguém me chamar, enquanto me cutucava. Resmunguei. – Max!
Abri os olhos, demorando um tempo para me localizar. Eu estava na casa do Hopper, onde Eleven morava; ela tinha me emprestado uma roupa larga e masculina e dormimos na mesma cama. E nos beijamos. Bocejei.
– O que foi? – perguntei, esfregando os olhos.
– Eu estou preocupada – disse El, aflita. Olhei no relógio; eram nove da manhã.
– Se for por causa da garota de ontem...
– É sim – bom, ao menos não era por causa do beijo... eu não saberia lidar se ficasse uma situação constrangedora entre nós. – Eu ouvi quando ela...
– El, não era nada demais, tá bom?
– Você disse que ia explicar... – resmunguei de novo. – Max...
Levantei, suspirando.
– Tudo bem, eu vou explicar – falei, cedendo. El me olhava com os olhos brilhando de curiosidade. – Mas não vamos ter essa conversa aqui...
– Por que?
– Porque seria muito constrangedor se o Hopper nos flagrasse falando sobre isso... e sabemos que ele tem o péssimo hábito de entrar sem bater – levantei da cama. – Vamos para a minha casa.
Eleven me seguiu.
– Você pode dormir lá hoje. Aliás, você vai ser a desculpa perfeita para eu não falar com o Billy hoje...
– Você não quer falar com ele?
– Não. E se ele estiver em casa quando chegarmos, nenhuma de nós vai sequer dar “oi”, entendeu? – Eleven fez que sim. – Vamos.
– Hopper ainda está dormindo... Preciso esperar ele acordar para perguntar se posso dormir na sua casa.
– É só deixar um bilhete – falei, me trocando. Ouvi um trovão lá fora. – É melhor sairmos logo.
Autor(a): nirvana666
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
~Max~ O céu estava acinzentado, um tempo realmente feio. Os trovões e clarões no céu continuavam. – Já vai começar a chover – falei, tentando enrolar, fazendo o que pudesse para evitar ter aquela conversa. – A gente devia ir para o shopping, ver um filme ou sei lá... – Você não acredita ...
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