Fanfic: Improvável | Tema: Stranger Things
~Max~
El levou um tempo para se acalmar e regularizar a respiração. Ela me chamou para ir até o banheiro com ela e eu fui, meio confusa; senti os olhos dos outros em nós quando fechei a porta.
– El? Tudo bem? – perguntei meio preocupada, já pegando outra toalha molhada para enxugar o suor e o sangue do rosto dela.
– Max, ele se gosta de verdade de você – ela disse em voz baixa. Senti um nó começando a se formar na garganta.
– O que você quer dizer com isso?
– Ele falou comigo. O Billy... me fez prometer que ia cuidar de você. Ele está preocupado... – não respondi. Não sabia nem o que responder...
Billy estava possuído pelo Devorador de Mentes, eu o vi sofrendo, sabia que aquilo devia doer muito... e ele estava pensando em mim, preocupado comigo. Queria gritar que ele tinha que se importar consigo mesmo, em se manter vivo e bem e não perder tempo pensando em como eu ficaria; eu estava ótima...
Ao mesmo tempo, era um alívio saber que Billy ainda estava ali, que aquela coisa não o tinha dominado por completo. Uma parte dele estava consciente, viva... tinha esperanças. Ele poderia ficar bem.
– Ele disse que ama você na Califórnia – El continuou, cuidadosa. Assenti, embora não fosse uma pergunta; como ela sabia daquilo? Que outras memórias Billy tinha mostrado? Não que eu me importasse tanto, Eleven e eu éramos amigas, eu não me importava de ela saber das coisas que tinham acontecido comigo e com Billy, mas estava curiosa. – O que isso significa?
– Não sei direito, ainda estou tentando entender... Mas é uma coisa forte, muito forte. Amar alguém é... acho que é colocar essa pessoa acima de qualquer coisa no mundo. Não sei, El, é confuso...
– Por que não disse que também o ama?
Respirei fundo, contendo as lágrimas.
– É complicado – falei enquanto passava a toalha úmida no rosto dela. – Eram outros tempos... eu era uma pessoa diferente – aquela conversa com Billy já fazia meses e muita coisa tinha mudado desde então.
– Você não o ama?
– Amo – respondi sem pensar duas vezes. – Amo e muito. Só que demorei para perceber isso... isso me deixava assustada.
– Por que?
– Não sei. Eu queria voltar para Hawkins, queria viver aqui com os nossos amigos e o Billy queria uma coisa diferente... Achei que ele não fosse vir comigo.
– Mas ele veio.
Uma lágrima escorreu pela minha bochecha e El estendeu a mão para enxugá-la, com o olhar preocupado.
– Ele veio... – minha voz falhou. – E agora estamos nessa situação... e eu nem tive coragem de dizer o que sentia...
Eleven me deu um abraço forte. Enterrei minha cabeça no seu ombro e senti suas mãos acariciarem as minhas costas. Eu não queria chorar, estava evitando pensar nisso, mas naquele ponto, não podia mais. Eu tinha nos trazido de volta para Hawkins. O Devorador de Mentes chegou até o Billy por minha causa... Billy estava sofrendo porque eu fui egoísta e quis voltar para uma cidade de merda.
– Estou com medo, El – murmurei. – Vir para cá era para ser um recomeço, eu deveria estar feliz... mas sem o Billy... se alguma coisa acontecer com ele... e se...
– Max, nós vamos tentar salvar ele. Eu vou tentar, tá bom? Vai ficar tudo bem – sua voz era suave, o abraço confortável.
Eu quase conseguia acreditar nela. Quase. Mas alguma coisa estava errada.
– El, quando o Mike disser que te ama... diga que também o ama, se sentir o mesmo, ok? – pedi; eu sabia o arrependimento que seria se Eleven não dissesse no momento certo e não tivesse oportunidade de dizer outro dia.
– Ele não vai dizer...
– Ele vai – afirmei; não cabia a mim contar que Mike já tinha tocado no assunto, isso era entre eles.
Ouvimos uma batida forte na porta.
– El! Você está bem? – era o Mike.
Me afastei e enxuguei as lágrimas, respirando fundo. Ninguém precisava saber o quanto eu estava abalada.
– Max... – El chamou.
– Eu estou bem, vamos lá falar com eles.
Abrimos a porta. Nos sentamos ao redor da Eleven para sabermos o que exatamente ela tinha visto.
– Ele disse que estava montando alguma coisa. E que era para mim...
– Montando uma coisa? – questionei ao lado dela. – Ele está falando dos devorados?
– Só pode ser – disse Nancy.
– Então está montando um exército, como a gente achava – disse Lucas; aquilo era medonho.
– É, mas não está montando o exército para se espalhar – disse Mike.
– Está fazendo isso para vencer a Eleven – disse Will, de braços cruzados.
– Ano passado, a El fechou o portal. Eu acho que isso deixou ele bem irritado – Mike continuou.
– Bastante – afirmou Lucas.
– E o Devorador de Mentes sabe que ela é a única que pode vencer ele. Mas com ela fora da jogada...
– Fim de jogo – Lucas concluiu.
– Ele também disse... que ia matar todos vocês – disse El, atordoada. Todos a encararam assustados.
– Ah, poxa. Que legal – falei num tom meio irônico, embora também estivesse com medo. A ironia era a melhor saída.
De repente, Nancy deu vários passos para frente, atenta, olhando para o lado de fora da janela da sala.
– Vocês ouviram isso? – ela perguntou.
Nós nos inclinamos para frente, olhando para o mesmo ponto que Nancy olhava. Escutei uns barulhos estridentes e abafados, vindos de bem longe.
– São só os fogos – disse Jonathan.
– O Billy – Nancy virou de repente para El, agitada. – Quando falou com ele, era aqui, nessa sala?
El fez que sim. Ouvimos outro barulho, dessa vez parecia mais perto. Agora o clima estava tenso, ninguém sabia o que pensar. Encarávamos o teto e as paredes, como se esperássemos um ataque a qualquer momento.
– Sabe que estamos aqui – disse Will, com a mão na nuca.
Nós seis levantamos rapidamente e fomos para o lado de fora; estava escuro e a floresta era densa, ainda mais assustadora durante a noite. Vimos o que pareciam ser lampejos vermelhos de fogos de artifício entre as árvores, mas, logo abaixo deles, uma coisa vinha na nossa direção.
Parecia muito com a criatura que vimos no hospital, mas, mesmo de longe, estava maior... muito maior e com muito mais raiva. Se movia como uma aranha, andando em tentáculos, arrancando árvores do chão como se arrancasse flores de um jardim.
Corremos de volta para casa. Nancy e Jonathan foram para o celeiro, procurar coisas que pudéssemos usar para nos defender; o resto de nós entrou em casa e estava usando bancos, mesas, estantes pedaços de madeira e qualquer coisa que pudéssemos para cobrir as janelas e portas.
Não achava que nada daquilo seria páreo para aquela merda lá fora, mas foi tudo tão automático... estávamos desesperados.
Nancy voltou segurando uma espingarda e Jonathan um machado. Terminamos as barricadas e nos reunimos no centro da sala, num pequeno círculo, todos de costas uns para os outros e de frente para as paredes, esperando ansiosos um ataque.
– Sai de perto da janela – disse Nancy a Mike.
Franzi o cenho; aquilo estava tão estranho... O abajur preso à parede piscou uma vez e mexeu; eu sentia um pequeno tremor, como se estivéssemos passando por um terremoto de baixíssima intensidade. Era sutil, mas o pânico que aquilo causava era devastador.
Começou a ficar mais forte; os pratos na pia batiam uns nos outros e as luzes começaram a piscar com frequência.
– Está chegando – disse Will. É, dava para saber... não precisava dizer em voz alta para causar ainda mais ansiedade.
As árvores lá foram faziam ruídos, as xícaras começaram a cair e... e parou.
– Para onde foi? – perguntei aflita. Pior do que ser atacada por todos os lados era esperar uma emboscada que não chegava nunca.
Podíamos ouvir nossas respirações pesadas e entrecortadas, todos nós tremíamos e olhávamos para todos os lados. Nada acontecia até...
Até que, sem aviso prévio, um tentáculo esburacou uma das paredes e invadiu a casa. Gritamos e nos encolhemos no canto, em outra parede. Aquela coisa grunhia, tateando cegamente, com o que pareciam dentes ou garras afiadas, uma boca no centro. Arregalei os olhos quando veio na nossa direção., especificamente, da Eleven.
Jonathan, porém, com um movimento rápido, enfiou o machado naquilo. Na primeira vez não pareceu resolver, então ele fez de novo e de novo... E o tentáculo o acertou em cheio, derrubando-o no chão e quebrando uma das estantes. Prendi a respiração; o machado estava longe e o tentáculo ia direto até ele, silvando.
Nancy se posicionou, mirou e atirou uma vez. E outra e mais uma... direto na boca da criatura. Mas aquilo também não funcionou; a arma falhou e Nancy pareceu assustada, encurralada contra a parede. Ela fechou os olhos, esperando que aquilo fosse devorá-la.
Eleven usou seus poderes para impedir que o tentáculo continuasse; ela parecia fazer muito esforço para torcê-lo e dividi-lo em dois, cortando a parte principal, a que grunhia.
Deu certo.
O tentáculo se recolheu rápido como um chicote e, por pouco, não me acertou. Deixei um grito escapar quando aquilo passou por mim, voltando pelo buraco de onde tinha vindo.
– Que merda! – falei.
Mas mal tivemos tempo de nos recuperarmos quando outro tentáculo invadiu, fazendo outro buraco na parede, indo na direção de El; a mão dela ficou a milímetros da boca daquela coisa. Se ela tivesse demorado um milésimo de segundo a mais, teria sido atingida.
Mais um tentáculo invadiu, pelo lado o oposto do outro; agora Eleven estava com as mãos estendidas, entre os dois, numa posição extremamente comprometedora, de dar calafrios.
Estávamos todos em estado de choque, qualquer movimento poderia piorar as coisas... ninguém sabia o que fazer ou como ajudar; nem tiro, nem machadada parecia vencer aquela porcaria...
Eleven deu um grito e, mais uma vez, torceu os tentáculos usando a mente, dividindo as bocas e fazendo-as cair no chão. Mas o Devorador de Mentes não cedeu.
Agora ele abriu um buraco no telhado e puxou Eleven pelo tornozelo; ela gritava, desesperada, de ponta cabeça. Mike foi rápido e correu para segurar seu braço; logo, todos nós começamos a puxar também. Ele estava irritado, era muito forte e estava decidido a levar Eleven.
– Puxa! – gritou Mike. Eu me agarrei à El, usando toda a minha força para puxar, mas era difícil.
Agora podia ver perfeitamente bem o rosto daquela coisa... ele usava uma espécie de língua para segurar Eleven, uma boca com dentes infinitos, rosnando com raiva, babando. Era ainda pior do que os monstros que vimos no ano passado... era pior do que qualquer coisa que eu já tivesse presenciado...
Ouvimos um tiro. Nancy estava atirando diretamente na coisa, várias vezes.
– Lucas! – gritei para ele. Ele estava parado, com os olhos vidrados num canto da sala, mas era o mais próximo do machado que Jonathan deixara cair.
Lucas o pegou, subiu num banco e acertou com tudo a língua da coisa; ele gemeu de dor, rugindo, ainda mais bravo. Lucas repetiu o movimento; mais um pouco e daria certo, ele ia conseguir soltar a Eleven... Nancy continuava atirando, nós continuávamos puxando e ninguém tinha a menor ideia do que aconteceria, mas não íamos desistir.
O Devorador de Mentes rugia ainda mais alto, com a boca escancarada quando, com um golpe final, Lucas conseguiu dividir a língua dele. Nós caímos para trás, El nos braços do Mike.
– Tudo bem, El? – ele perguntou, olhando para ela. Não pude ver a resposta, mas escutei que ela estava respirando... ao menos isso.
Escutamos grunhidos baixos. Mike levantou rapidamente e viu que um pedaço daquela coisa ainda estava grudado ao tornozelo de El, como se sugasse o sangue dela. Sentei no chão, observando em choque a cena.
Mike usou as duas mãos para puxar aquela coisa com força, espalhando sangue no chão. El deu um grito agudo; eu nem podia imaginar o quanto aquilo deve ter doído... O pedaço do tentáculo saiu se rastejando para fora de casa.
A coisa ainda nos olhava pelo buraco do teto; El levantou, mancando, encarando o Devorador de Mentes com ódio no olhar. Ela estendeu as duas mãos para ele, deu um grito de raiva e, com os poderes, dividiu a cabeça dele em dois, fazendo gosma jorrar para todo lado.
El caiu para trás e eu a segurei, com dificuldade, impedindo que ela caísse no chão de novo. Aquela merda continuava a rugir... como ainda estava vivo?
– Corre, corre, corre! – Nancy gritou. Meio desajeitada, comecei a arrastar El para longe do buraco.
– Vamos embora! – gritou Jonathan. – Rápido! – ele tomou a dianteira e começou a desfazer a barricada que fizemos na porta principal.
Mike se posicionou do outro lado da Eleven e nós a ajudamos a caminhar, praticamente a carregando enquanto corríamos até o carro.
De alguma forma, só Deus sabe como, todos entramos no carro.
– Vai, vai, vai! – Jonathan gritava.
– Vai logo! – Mike gritou.
Todos estavam agitados e apressados. Nancy deu partida o mais rápido que pode e acelerou, desviando das árvores na floresta, o carro pulava, cambaleava e era extremamente desconfortável, mas era eficiente. El resmungava, chorando. Aquele machucado no tornozelo parecia bem feio.
– Temos que cuidar disso – falei, olhando para o tornozelo dela.
– Agora não é hora de... – Mike começou.
– Pode infeccionar e ficar pior! – gritei. – A gente precisa cuidar agora!
– Nancy... – disse Jonathan.
– Já sei, já sei, não precisa falar.
Nancy derrapou o carro e conseguiu parar quase em segurança na frente de um enorme mercado, desses que vende de tudo, o Bradley’s Big Buy. Ali com certeza acharíamos as coisas certas para cuidar do ferimento... um ferimento causado pelo Devorador de Mentes. Será que precisávamos ter algum cuidado especial?
Descemos do carro, Mike e eu ainda ajudando El a ficar de pé e caminhar. Nancy pegou uma pedra enorme na rua e atirou contra a entrada de vidro do mercado, que estava com as luzes apagadas. Era quatro de julho, todos estavam no festival da independência que acontecia em Hawkins, nenhum lugar estaria aberto e era um caso de extrema urgência, ninguém ali estava se importando muito se seríamos presos depois.
Entramos, passando pelos cacos de vidro nas portas; El gemeu.
Fomos direto ao corredor de produtos de higiene e primeiros-socorros. Nancy pegou álcool e curativos e olhou para nós.
– Vai, deita ela – falou.
Mike e eu ajudamos Eleven a sentar, com as costas na prateleira; ela parecia cansada e com muita dor. Era uma cena horrível de se ver, me deixava angustiada.
– Aqui – disse Nancy, levantando um pouco a barra da calça de El. – Deixa eu ver...
Era um corte realmente horrível, perturbador. Era profundo, estava inflamado, com hematomas ao redor e encharcado de sangue.
– Que merda... – falei. Mike ficou branco como um fantasma, se é que poderia ficar mais branco do que o normal.
Nancy tirou uma gaze da embalagem e aproximou da perna de El, mas eu impedi.
– Ei, o que você vai fazer? – perguntei.
– Limpar a ferida – Nancy gaguejou.
– Não – falei convicta. – Primeiro você para o sangramento, depois limpa, depois desinfeta e aí põe o curativo.
Todos me olharam, perplexos.
– Eu ando de skate, eu sei! – além disso, já tinha cuidado de machucados do Billy em mais de uma ocasião.
– Tá – respondeu Nancy.
Não sabia se feridas causadas por criaturas de outra dimensão deviam ter o mesmo procedimento, mas era isso que eu conhecia e era isso que ia aplicar e ninguém ia me impedir.
– Mike, segura – pedi, colocando as gazes em cima do machucado de El e fazendo pressão. Mike colocou as mãos onde as minhas estavam antes. El resmungou. – Mantenha a pressão, deixa firme, ok?
Ele fez que sim. Olhei para Nancy e Jonathan, que me encaravam, ainda meio atônitos.
– A gente precisa de água e sabão – falei. – Vai!
– Beleza – os dois responderam ao mesmo tempo, levantando apressados.
De repente, ouvi um barulho e virei para trás assustada. Lucas tinha acabado de despejar todo o conteúdo que tinha na mochila que carregava no chão. Franzi o cenho.
– Alguma coisa ajuda? – ele perguntou. Fiz que não.
– Não – respondi. – Pega um paninho e uma tigela.
– Tigela? – nossa, mas que idiota.
– Lucas! – falei com raiva. Will o cutucou.
– Cara, vem – eu nunca tinha deixado de ver Will como uma moca morta, mas às vezes ele era uma pessoa bem útil e sensata.
– Ok, ok... – os dois também saíram de lá.
El se contorcia por causa da dor, enquanto Mike pressionava o machucado. Eles estavam demorando demais... por que estavam demorando tanto?
– Eu já volto – falei, levantando e indo na direção em que Will e Lucas tinham ido.
Os dois estavam parados, observando... fogos de artifício? É sério? O mundo estava desabando lá fora, nossa amiga estava gemendo de dor e era com isso que estavam preocupados? Me aproximei a passos largos.
– Isso não é uma tigela – falei.
– Não, é muito melhor – disse Lucas, sorrindo como uma criança no Natal. – Tem um motivo para venderem isso só para maiores de dezoito anos... – ele apontou para a embalagem.
Cruzei os braços. Ele era inacreditável.
– Esse monstro é carregado com 150 grãos de pólvora – ele falava como se eu me importasse muito com isso, como se fosse relevante. – Ou seja, explosivo.
Ele jogou o negócio nas minhas mãos e, instintivamente, eu segurei, olhando para aquilo com desprezo.
– Se juntar dois fogos desse, fica mais forte que uma M-80 – ele continuava explicando como se eu desse a mínima para isso; Eleven estava agonizando no chão, sangrando e Lucas estava ali falando sobre fogos de artifício; ele definitivamente tinha que aprender a ter prioridades. – Cinco desses... aí já é uma banana de dinamite.
– Você quer matar a coisa com fogos, então? – questionei, incrédula.
– Você tem uma ideia melhor?
– Ah... tenho – falei. Era literalmente a coisa mais óbvia do mundo. – A Eleven – joguei a caixa de volta para Lucas.
– Contra aquela coisa? Ela vai precisar de reforço – claro, um show de fogos de artifício era mesmo um ótimo reforço.
Revirei os olhos. Aquela conversa só ia acabar ainda mais com o meu humor.
– Will, pode me ajudar a achar uma tigela, por favor? – pedi. Ele trocou um olhar rápido com Lucas e, em seguida veio para o meu lado.
Começamos a andar pelos corredores, inicialmente em silêncio, até que resolvi falar.
– Will... – comecei. – Se precisar conversar sobre alguma coisa...
– Eu estou bem – parei e ele fez o mesmo, ficando de frente para mim.
– Vi o jeito que ficou quando o Mike disse que ama a El – Will corou e encarou os próprios pés, pigarreando. – Não é fácil ver alguém que gostamos com outra pessoa, acredite, eu sei muito bem disso...
Embora eu quisesse acreditar que Billy não fazia aquilo exatamente por vontade própria, ainda doeu muito vê-lo com a Heather naquela noite.
Will ergueu os olhos de novo para mim.
– Você e a El...
– Não – não contive um sorriso. – Quer dizer, eu não gosto do relacionamento dela com o Mike, mas não é por isso. Nós somos só boas amigas...
– Não entendo. Como você poderia saber como é? O Lucas não está com ninguém... – Will arregalou os olhos; eu gostava disso nele, o fato de não ter que explicar tudo e dizer com todas as letras... Will era inteligente e percebia as coisas sozinho. – Não é o Lucas, não é?
– Não.
– Eu sinto muito. Seja lá quem for, não tem ideia da garota incrível que está perdendo... – sorri de novo.
– É... o Mike também não tem ideia do que está perdendo... é raro achar um amor e um amigo na mesma pessoa... – Will sorriu também.
Eu fiz menção de continuar andando, mas ele me chamou, um pouco mais sério agora.
– Max, eu não estou pronto para... assumir isso ainda. Nem sei se um dia vou estar, então, se você...
– Relaxa – interrompi, sorrindo. – Eu nunca contaria – Will ainda parecia preocupado; me aproximei dele. – Vamos fazer um acordo; você guarda o meu segredo e eu guardo o seu.
Arqueei as sobrancelhas e estendi o dedo mindinho para ele. Will finalmente deu um sorriso genuíno e entrelaçou o mindinho no meu, me puxando para um abraço no segundo seguinte.
– Obrigado – retribuí o abraço.
Eu realmente não esperava por aquilo, mas foi bom. Will era uma pessoa gentil e sensível; nunca tínhamos sido próximos até então, ele sempre ficava quieto e eu sentia que não tínhamos muito em comum... Naquele momento, porém, algo pareceu nos conectar, de alguma forma. E eu me senti confortável.
Autor(a): nirvana666
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
~Max~ – Cinco minutos – repeti. – Cinco minutos que eu saio para pegar uma tigela e você está dizendo que o Dustin brotou no walkie talkie falando sobre uma base militar secreta e sobre o portal? Nancy, Jonathan, Lucas, Will e eu encarávamos Mike. – É... eu não sei, não entendi direito, mas acho que o ...
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