Fanfics Brasil - Russos Improvável

Fanfic: Improvável | Tema: Stranger Things


Capítulo: Russos

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 ~Max~


– Cinco minutos – repeti. – Cinco minutos que eu saio para pegar uma tigela e você está dizendo que o Dustin brotou no walkie talkie falando sobre uma base militar secreta e sobre o portal?


Nancy, Jonathan, Lucas, Will e eu encarávamos Mike.


– É... eu não sei, não entendi direito, mas acho que o Dustin sabe de alguma coisa. Precisamos encontrar ele – disse Mike, olhando para El.


Bufei. Fiz o melhor que consegui para desinfetar e fazer um curativo descente no tornozelo de Eleven; a faixa ainda estava meio manchada de sangue, eu teria feito melhor se não estivesse sendo apressada.


Will trouxe uma bandeira que poderia ser usada como venda e Mike e eu levamos El perto dos refrigerados, que emitiam um chiado baixo.


Esperamos El tentar localizar Dustin. Lucas e eu estávamos lado a lado, apoiados em uma fruteira. Ele abriu uma lata de refrigerante, fazendo barulho.


– Fica quieto – cochichei, brava, sabendo como isso podia atrapalhar a El.


– Foi mal – ele cochichou de volta, bebendo a coca-cola, mas ainda fazendo barulho.


– Como você consegue beber isso? – Mike questionou.


– Porque é deliciosa – arqueei as sobrancelhas.


– O que? – Mike e eu perguntamos ao mesmo tempo.


– É tipo um enigma do outro mundo. O original é um clássico, não tem a menor dúvida... Mas a nova versão... – Lucas deu outro gole ruidoso; Mike estava boquiaberto, olhando com uma cara de nojo. – Ah... – Lucas saboreou. – Mais doce, ousada, melhor... – ele concluiu com um sorriso.


– Você é maluco – assisti a cena, perplexa. Como eles podiam pensar naquilo num momento como aquele?


– Então, quer dizer que prefere o filme original?


– O que? Não, não estou falando do filme... Estou falando na nova coca.


– É o mesmo conceito, cara – nossa, eu ia matar aqueles dois.


– Na verdade, não é o mesmo conceito – fechei os olhos, tentando canalizar a minha raiva para não amassar aquela lata de coca na cabeça do Lucas.


– É o mesmo conceito sim!


– Não é não!


– É sim!


– Ei! – El gritou, tirando a venda e encarando os dois bem brava; finalmente, alguém tinha que tomar uma posição nisso...


– Desculpa – Mike e Lucas pediram.


– Você... achou ele? – Mike perguntou, meio inseguro. Ela suspirou.


– Cinema.


Lucas pegou um carrinho e o encheu com fogos de artifício e agora estávamos andando pelos corredores mal iluminados do mercado.


– No cinema? – Lucas repetiu, perplexo. – O Dustin está tão apavorado com o portal que decidiu ver um filme? É, faz todo o sentido...


– Tem certeza que ele disse “portal” e não “legal” – perguntei para Mike; eu não confiava muito na palavra dele.


– Algo como “o filme que estou vendo é legal”? – sugeriu Will.


– Eu ouvi “portal” – disse El, que andava ainda se apoiando em Mike, mas parecia melhor. Eu confiava mais nela do que nele.


– Isso explica por que o Devorador de Mentes voltou – disse Mike.


– É, é só fechar o portal de novo – disse Nancy.


– E o monstro morre – Will completou.


– Se não der certo, ainda temos os fogos do Lucas – falei, irritada, enquanto passava o carrinho cheio de coisas pela porta quebrada do mercado.


– Pode debochar do plano, Max, pode debochar. Eu quero ver você debochar porque você está duvidando... mas esses fogos vão salvar a gente – revirei os olhos.


– Que ridículo – falei.


 


~Billy~


Eu sabia onde ela estava, ou, ao menos por onde tinha passado. Ele a infectou com alguma coisa quando a mordeu, como se fosse um tipo de vírus... um rastreador.


Merda. Max estava lá também... ela parecia bem quando ele os atacou, mas me dava desespero saber que ela poderia ter se machucado muito. Achei que Eleven iria mantê-la longe, garantir que ela não entrasse nessa missão suicida... Claro, eu devia prever que Max seria teimosa demais para ficar longe.


Pisei nos cacos de vidro da entrada do mercado, sentindo a presença dela ali. Eleven não estava mais lá, mas já tinha estado; era um bom começo.


Ajoelhei em um dos corredores, diante de gazes ensanguentadas e poças de sangue no chão; toquei o líquido vermelho e viscoso e uma pontada atingiu minha cabeça. Era ela sem a menor dúvida.


Eu o senti se remexer dentro de mim, com muito mais raiva do que antes; ele queria muito matar aquela garota, eu estava começando a achar que não seria capaz de impedir. Porra, Max... porra, porra, porra... por que não se afasta disso tudo? Se ela estivesse longe, eu não teria que me preocupar, não precisaria ficar tentando lutar contra ele e aquilo não seria tão doloroso...


Gritei, sentindo as veias fervendo no corpo. Ele não precisava fazer isso, podia assumir o controle sempre que quisesse, mas gostava de causar dor.


 


~Max~


Nancy dirigiu rápido até o shopping; várias pessoas estavam saindo, provavelmente da última sessão de cinema da noite.


– O governo deve estar atrás deles – sussurrou Mike quando entramos; agora o shopping parecia quase completamente vazio. – El...


– Já sei – ela disse.


Subimos no segundo andar e começamos a procurar; as lojas estavam completamente vazias, várias luzes apagadas.


– Ali – cochichou Jonathan.


No andar de baixo, quatro homens enormes, vestidos de pretos e armados pareciam vasculhar o lugar, procurando alguém. Eleven se posicionou na nossa frente e estendeu as mãos, fazendo um daqueles carros de promoção de shopping disparasse o alarme e começasse a balançar.


Os homens viraram, assustados; demoraram um tempo para entender o que estava acontecendo e colocar os olhos em El e, quando isso aconteceu, ela arremessou o carro em cima deles, derrubando-os de uma vez, como pinos de boliche.


Quatro pessoas saíram de trás de um balcão e olharam para nós; Steve, ainda vestido com o uniforme ridículo de marinheiro, com um rosto machucado perceptivelmente até de longe.


Dustin, que sorria aliviado ao nos reconhecer. Robin, também de uniforme e meio atordoada e... Erica? A irmã caçula do Lucas... como é que ela tinha ido parar ali?


Nós descemos para um reencontro que deveria ser histórico. E eu só conseguia pensar que porra era aquela. Como tínhamos chegado nessa situação?


Dustin gargalhava.


– Você chegou o carro, que nem Hot Wheels! – Dustin veio correndo, sorrindo e abraçou El e Mike ao mesmo tempo. El riu também.


– Lucas! – disse Erica, sorrindo.


– O que é que você está fazendo aqui? – Lucas indagou, preocupado.


– Pergunta para eles, a culpa é deles – disse apontando para Steve e Robin, sem deixar de sorrir.


– Pois é, é verdade – disse Steve –, é tudo culpa nossa – ele parecia ainda pior mais de perto; o olho estava inchado e roxo, assim como o lábio, que também estava cortado e manchado de sangue.


– Eu não entendi o que aconteceu com o carro – disse Robin, olhando para todos os lados.


– A El tem superpoderes – explicou Dustin com naturalidade. Eu não tinha me dado conta de como tudo isso poderia ser extremamente perturbador para quem era de fora... como é que poderes telecinéticos e monstros de outras dimensões com conspirações militares e portais tinha se tornado “normal” para mim?


– Como é que é? – Robin questionou, olhando para El.


– Superpoderes – Steve repetiu. – Ela jogou com a mente. Presta atenção.


– Essa que é a El? – Erica perguntou, encantada.


– Quem é El? – Robin perguntou.


– É... desculpa, quem é você? – Nancy perguntou para Robin. Era isso que acontecia quando juntava todos os grupos de amigos dos quais fazia parte ao mesmo tempo.


– Sou a Robin. Trabalho com o Steve.


– Ela desvendou um código ultrassecreto – disse Dustin. Robin sorria e assentia.


– Foi assim que ficamos sabendo dos russos, na verdade – disse Steve.


– Russos? Que russos? – perguntou Jonathan.


– Os russos – Steve apontou para os caras caídos no chão.


– Eles eram russos? – perguntei em choque. Já tinha ouvido falar que não se brincava com o governo russo, seria retaliação na certa.


– Alguns eram – respondeu Erica com naturalidade. Arregalei os olhos.


– Do que vocês estão falando? – perguntou Lucas.


– Não ouviram o alerta vermelho? – Dustin questionou.


– Sim, mas eu não entendi nem metade do que você falou – Mike respondeu.


– Que merda de bateria fraca!


– Quantas vezes eu te avisei da bateria fraca?


– É, mas deu tudo certo, não deu, Steve?


– Tudo certo? – Erica repetiu, indignada. – Nós quase morremos!


Era difícil acompanhar tudo.


– Mas não morremos, não é? – Dustin tentava contornar.


– É, mas chegamos perto – disse Steve, de braços cruzados.


– Espera aí – Lucas interrompeu de novo. – Russos? Gente trabalhando para o governo russo?


– O que vocês ainda não entenderam? – Dustin perguntou, já sem paciência. – Estou falando grego? Nós ficamos presos, eu dei o “alerta vermelho” e vocês chegaram aqui. Essa é a história!


– Isso não é nada bom – murmurei.


– É, nada disso é bom!


– Mas então não tem portal... – Mike começou.


– Não, tem tudo a ver com o portal. O governo russo está conspirando para abrir o portal e...


De repente, El, que tinha se afastado um pouco do grupo, caiu no chão, com um baque surdo. Nós todos corremos até ela, Mike na frente.


– Ah, não! El, El! – Mike gritou, ajoelhando ao lado dela.


– O que houve com ela? – Erica perguntou.


– O que houve? O que houve? – Mike repetia.


– Minha perna... minha perna... – El gemeu, se debatendo, o nariz sangrando.


Nancy e Jonathan levantaram a calça e começaram a tirar o curativo, agora encharcado de sangue.


Parecia muito pior, como se tivesse infeccionado há dias. Todos fizeram caretas e viraram a cara, enojados; era realmente grotesco... Mas ficou ainda pior quando algo pareceu se mover ali dentro.


Todos arregalamos os olhos, boquiabertos, olhando assustados enquanto El gemia de dor no chão, apertando os olhos com força.


– El! El! El, tudo bem? – que pergunta idiota, claro que ela não estava bem.


Eu não sabia o que fazer, era uma cena desesperadora. El gritava e todos nos entreolhávamos confusos, sem saber o que devíamos fazer. Um pedaço daquela merda estava vivo dentro da El? Isso era péssimo. Ela chorava em agonia, gritava, ainda se debatendo e Mike tentava acalmá-la.


– O que é isso? – Erica perguntou, encarando descaradamente aquela coisa se mexendo dentro de El; parecia um verme, só que maior.


– Meu Deus do céu – disse Dustin.


– Falem com ela – disse Jonathan, levantando. – Deixem ela acordada! – e saiu correndo.


Engoli em seco. Como é que íamos resolver aquilo?


– Respira, respira, respira – pedia Dustin.


– Não dorme – falou Mike.


– Coloquem ela de lado – sugeri para os dois.


– Vira ela, vai – disse Mike.


– Devagar – gritou Nancy, ajudando a posicioná-la, enquanto o resto de nós assistia em desespero.


Mike a apoiou no colo.


– Olha – disse Robin, de pé –, não está tão ruim. Tinha uma goleira no meu time de futebol, a Beth Wildfire e outra garota deu um carrinho nela e o osso todo saiu do joelho uns 15 cm – nós olhamos para ela. – Foi bizarro.


– Robin – chamou Steve.


– O que foi?


– Não está ajudando.


– Desculpa.


– Aqui – Jonathan voltou, segurando uma faca. Merda... – Olha, El, isso vai doer para caramba, ok?


Ao menos ele foi sincero.


– Tá legal – ela respondeu chorando. Aquilo me deixava angustiada; El não merecia passar por algo assim.


– Mas tem que ficar paradinha – Jonathan disse, colocando luvas de plástico. – Toma – ele estendeu uma colher de madeira na direção dela –, morde isso aqui para mim, tá?


Mike pegou a colher e colocou na boca de El.


– É para a dor.


Jonathan respirou fundo, segurou a perna de El e aproximou a faca da pele dela.


– Merda... – ele murmurou, com medo.


– Pode ir – disse Mike.


Eleven ainda chorava e gemia, claramente assustada.


Jonathan começou a enfiar a lâmina no lugar onde esvata inchado e infeccionado, fazendo escorrer sangue; El tentou gritar, rangendo os dentes contra a madeira e emitindo um som de dar arrepios. Todos observávamos a cirurgia amadora e inescrupulosa que Jonathan fazia ali, no meio do shopping. No geral, eu me considerava uma pessoa forte e sem frescuras para ver machucados, mas senti meu estômago embrulhar e minha visão ficar embaçada.


Lucas tocou meu braço, me olhando um pouco preocupado; balancei a cabeça, gesticulando que estava bem.


– Merda... – Mike falou.


Jonathan largou a faca no chão, também controlando a respiração e piscando várias vezes, como se ele mesmo estivesse passando mal.


– É agora... – disse Jonathan, aproximando lentamente a mão enluvada do corte.


Ele começou enfiando os dedos, tateando; aquela ferida parecia estar piorando, ficando mais arroxeada, vasos escuros ao redor dela. Aquilo eu sabia que era típico do Devorador de Mentes. Ele tinha colocado um sanguessuga dentro da El...


– Jonathan! – Nancy gritou.


– Cala a boca! – ele gritou de volta. – Droga! – ele continuava tateando dentro da perna dela.


Todos nós expressávamos puro pavor, e agonia... e El estava ainda pior. Aquilo não parecia certo.


– Já chega! – berrou El, largando a colher de madeira. – Para! Para! – ela implorou. Steve colocou a mão no ombro de Jonathan para que ele parasse.


Ele se afastou.


– Deixa que eu tiro – disse El, chorando, tentando sentar. – Eu tiro.


Nenhum de nós disse nada. Não havia o que ser dito, era perturbador demais, inédito demais...


El conseguiu ficar com a postura ereta e encarou a própria perna. Ela esticou a mão e aquela coisa dentro dela começou a se mover vagarosamente; parecia doer muito, eu não podia nem imaginar.


El finalmente conseguiu fazer com que o verme saísse, os vidros ao nosso redor se quebraram com um estrondo e ela gritava ainda mais alto. Parecia uma réplica em miniatura do tentáculo do Devorador de Mentes, era gosmento, coberto de sangue tinha uma boca escancarada cheia de dentes. Senti mais um arrepio ao pensar naquele troço se rastejando debaixo da pele.


El o arremessou longe. Ele continuou se rastejando, como se tentasse fugir, quando, de repente, alguém o esmagou com um pisão. Todos nós olhamos.


Hopper estava lá, com uma camisa ridícula, como de costume e um corte perto do olho. Joyce, a mãe do Will, estava um pouco atrás dele e, do outro lado, um homem barbudo. Os três nos encararam de volta.


Eleven estava ofegante, se recuperando. Não houve muitas cerimônias ou apresentações, o assunto era sério.


– Contem exatamente o que aconteceu – Hopper pediu. Sentamos ao redor da fonte de água do shopping e Mike começou a explicar. El estava deitada, apoiada em Hopper, enquanto ele limpava o sangue no rosto dela; era fofo, ele parecia um pai para Eleven.


– O Devorador de Mentes construiu esse monstro em Hawkins para atacar a El... para matar ela e abrir caminho para o nosso mundo.


– E quase conseguiu – falei. – Isso era só um pedacinho dele.


– Qual é o tamanho desse bicho? – Hopper perguntou.


– É grande – disse Jonathan. – Pelo menos uns dez metros.


– É – disse Lucas. – Ele quase destruiu a sua casa... – Hopper suspirou. – Não leva a mal...


– Calma aí, só para ficar claro – interrompeu Steve. – Essa... essa aranhazona de carne morta que machucou a El... é tipo uma... gigantesca arma?


– Isso – Nancy assentiu.


– Só que, ao invés de ter pregos e metal, o Devorador de Mentes faz a arma dele com gente derretida? – senti náuseas de novo. Isso queria dizer que ele poderia derreter o Billy para usá-lo?


– Isso, exato – Nancy assentiu de novo.


– Ok... tá, legal. Era só para saber mesmo – Steve deu de ombros.


– Tem certeza de que esse bicho ainda está andando vivo por aí? – perguntou Joyce, refazendo o curativo na perna da El.


– A El deu uma lição nele, mas... é, ainda está vivo – respondi.


– Mas se o portal fechar de novo... – começou Will.


– A gente corta o cérebro do corpo – continuei.


– E ele morre – Lucas concluiu. – Em tese.


De repente, o esquisitão que Hopper e Joyce tinham trazido fez uns barulhos estranhos ao longe; viramos para ele. Ele vinha acenando para o alto com papéis nas mãos, como um idiota.


– Muito bem – ele disse, colocando os papéis em uma das mesas da praça de alimentação. Eram plantas de algum lugar. – Isso foi o que o Alexei chamou de “central” – ele apontava para as áreas nas plantas. – Essa central nos leva à sala do cofre.


– Ok, e onde é o portal? – Hopper perguntou.


– Logo aqui – o homem apontou de novo. – Eu não sei qual é a escala da planta, mas acho que fica bem perto da sala do cofre, talvez uns quinze metros mesmo.


– Está mais para 150 – Erica disse, se aproximando dele. – Que é? Está achando que vai entrar assim como se fosse a Disneylândia comunista?


– Desculpa, quem é você?


– Erica Sinclair – ela respondeu com bastante convicção. – Quem é você?


– Murray – o homem respondeu, perplexo. – Bauman.


– Escuta aqui, Sr. Bundão, não estou querendo te ensinar nada, mas eu passei minhas últimas 24 horas naquele buraco – Lucas olhou rápido para a irmã, boquiaberto. – E, com todo o respeito, se caírem na lorota desse moço aí, vão todos morrer.


– Desculpa – disse Murray –, por que essa garota de quatro anos está falando comigo?


– Eu tenho dez, seu careca babaca!


– Erica! – Lucas corrigiu.


– Mas é verdade! – ela retrucou.


– É verdade – Dustin concordou. – Vocês vão morrer, mãos não precisam. Licença – ele se aproximou das plantas, olhando para Murray. – Desculpa, posso? – pediu.


– Por favor – respondeu Murray com um sorriso meio sarcástico.


– Vamos lá – Dustin pegou a planta e começou a gesticular com um lápis. – Está vendo essa sala? Aqui é o depósito deles; tem um alçapão que vai dar no sistema de ventilação subterrâneo. Dali, vocês saem na base da arma. É meio que um labirinto lá embaixo, mas eu e a Erica mostramos o caminho.


– E vocês mostram o caminho? – repetiu Hopper, balançando a cabeça em negação.


– Relaxa – disse Dustin, com um sorriso. – Você fica com a luta e a parte perigosa de herói. E a gente fica aqui... guiando vocês.


– Não – disse Hopper, decisivo. Os sorrisos de Dustin e Erica sumiram. – Não – ele repetiu.


Nós nos espalhamos. Hopper foi até alguns dos homens que estavam caídos e pegou as armas.


– É, está decidido – disse Erica. – Ele vai morrer. Eles vão morrer.


– É, provavelmente – concordou Dustin.


– Vocês sobreviveram – disse Lucas.


– Por pouco. Precisávamos de vocês lá – Dustin nos olhou.


– Precisávamos de você aqui – disse Mike, num tom meio melancólico.


– É, cara, você faz falta – disse Lucas.


– É, pra caramba – Will concordou.


Os quatro se abraçaram.


– Senti falta de vocês – disse Dustin. – Pra caramba.


– Depois as garotas é que são sentimentais – murmurei para El e ela deu uma risadinha.


– Por favor, não chorem, nerds – Erica interrompeu.


– Erica! – Lucas cruzou os braços.


– Fala o meu nome de novo para ver o que é bom para a tosse! – era muita marra para pouca idade, mas até que Erica era legal.


– Ei, pega aí – Hopper se aproximou de nós, arremessando um walkie talkie para Dustin. – Podem guiar a gente, mas de um lugar seguro.


– Não é tão simples – Dustin indagou.


– O sinal não alcança – disse Erica.


– Não com isso. Precisa de uma frequência mais alta para pegar a torre de rádio dos russos. Para funcionar, precisa conhecer alguém que já viu as comunicações deles e tenha acesso a uma torre de rádio caseira e superpoderosa – revirei os olhos; não dava para ir direto ao ponto? – De preferência, que já esteja montada no ponto mais alto de Hawkins. Ah, espera! Eu tenho.


Hopper parecia tão estressado quanto eu com aquele falatório inútil.


– Se quiser, a gente guia vocês. Mas precisamos de um tempo – Hopper fez que sim. Dustin e Erica trocaram um olhar. – E de um carro.


Hopper o encarou por um tempo, suspirando.


Steve, Robin, Erica e Dustin pegaram o carro que Hopper estava usando, com o objetivo de ir até o Topo do Vento, onde Dustin tinha montado o “Cérebro” para falar com a suposta namorada uns dias antes.


Murray estava dando instruções a Nancy e Jonathan sobre um molho de chaves; Joyce e Will conversavam calorosamente e se abraçavam. Hopper e El também conversavam, de mãos dadas; Hopper parecia mesmo preocupado com a El. Ele cuidava bem dela. Senti uma pontada no peito; lembrava de quando meu pai e eu conversávamos assim também.


– Ei – Mike chamou El e Hopper. Mike, Lucas e eu estávamos mais afastados dos outros. – É melhor ir.


Eleven abraçou Hoppe e eles sorriram um para o outro. Mike e eu nos aproximamos dela e a ajudamos a caminhar.


– Mike – Hopper chamou; nós três nos viramos para ver o que ele queria, mas logo, El e eu continuamos andando, já que parecia meio particular.


Nós continuamos carregando Eleven para fora do shopping, ela ainda mancava bastante.


– El, você está sangrando – falei.


– Tudo bem? – Mike perguntou. Ela respirou fundo.


– Tudo.


– Aqui, entra – me estiquei para abrir o porta-malas do carro de Nancy.


Seria mais confortável e espaçoso El ir na parte de trás. Nancy não conseguiu ligar o carro; ela tentava dar partida, mas o motor falhava. Com tudo indo uma merda, era só aquilo que faltava...


– Está de brincadeira? Pega! – Nancy gritou, irritada, ainda tentando ligar o motor.


– Sua mãe não acabou de comprar o carro? – Lucas perguntou.


– Sim... não deve ser nada!


– Você deixou o farol aceso? – Will perguntou.


– Não!


– Tem gasolina? – Lucas.


– Tem! – Nancy parecia à beira de um colapso nervoso, forçando a chave do carro. – Pega!


– Para – Jonathan pediu, tocando o braço dela. Nancy parou. – Abre o capô.


Jonathan e Nancy foram para a parte da frente do carro.


– Como assim? – Jonathan perguntou.


– O que foi?


– O cabo de ignição sumiu! – eu sabia o que aquilo significava.


Então, de repente, escutei um barulho de motor bem conhecido. Eu reconheceria aquele ruído a milhares de quilômetros de distância, em qualquer lugar do mundo. Senti minha boca secar e meu coração congelar.


Era o carro do Billy. Ao longe, via os faróis apontados para a nossa direção e o motor rugia. Era ele no volante, eu sabia que era, mesmo que estivesse longe demais para que eu visse seu rosto. Merda... eu não estava preparada para vê-lo, estava com medo do que poderia encontrar...


– Para o shopping! – Nancy gritou, batendo na janela e abrindo a porta. Will, Lucas e eu demos um pulo. – Para o shopping! Vai, vai, vai!
– Corre! Rápido – Jonathan nos apressou.


Fui até o porta-malas para ajudar El a descer, junto com Mike.



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Autor(a): nirvana666

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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~Billy~ Eu nem sabia como, mas tinha chegado dirigindo ao shopping. Eleven estava lá. O vidro do carro ainda estava quebrado, desde o acidente quando aquela coisa me atacou. Encarei o carro na minha frente. Max estava lá também; eu podia vê-la... A única coisa que me restava era torcer para que ele quisesse muito a outra garota, quisesse t ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • merophe Postado em 13/08/2022 - 19:52:52

    Boa sorte com os ADMS da plataforma!


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