Fanfic: Improvável | Tema: Stranger Things

Decidi seguir o conselho do Will, mas... Isso dói demais... e eu só queria que parasse. Parece uma dor física, mesmo que não tenha nada fisicamente errado comigo. Não consigo respirar, parece que tem um nó na minha garganta e o peso de um elefante sobre o meu peito. Eu não consigo fazer isso parar... Só quero que a dor acabe, só quero que essa agonia, essa angústia do desespero dentro de mim acabe.

Por que a morte parece a solução perfeita? Por que eu só consigo ver essa saída? Por que não consigo entender nada e resolver tudo como uma pessoa normal? Como a Joyce, ou El, o Will... Eu só quero fugir e a minha válvula de escape é inviável.

Dói tanto... isso me corrói por dentro, está acabando comigo, me consumindo de dentro para fora todos os dias, cada vez mais... não sei por quanto tempo vou ser capaz de lidar com essa situação sem me machucar.

Estou tão cansada de lutar.... tão cansada de continuar tentando e escondendo de todo mundo... eu não estou bem. Não quero mais continuar, só quero dar um fim a tudo...

Mãe, pai, me desculpem. Desculpem por eu não conseguir lidar com essa pressão, por não ser forte o bastante, por decepcionar vocês... Eu queria ser a filha que vocês sonharam, aquela pessoa incrível e doce de quem vocês tanto falam... mas essa não sou eu. Não mais. Não sei mais quem eu sou, eu estou perdida, estou com medo.

A morte não me assusta mais desde que ele se foi. Eu não quero causar outra rachadura na família, não quero causar a dor de outra perda... mas e quanto ao que eu sinto? E a dor insuportável que está em mim agora? O que eu faço? Tenho pensamentos ruins o tempo inteiro e o único jeito de me desligar deles é usando coisas que alguém da minha idade não deveria nem chegar perto...

Existe um vazio dentro de mim, uma angústia que às vezes me domina. Não consigo me desligar disso, não consigo fazer parar... e quando para, eu não sei do que sou capaz porque não sou mais eu.

É como uma sombra... uma sombra cruel e dominadora, que me machuca, me queima, me deixa sem ar, agonizando no chão...

Billy, você se foi e eu sinto a sua falta. Você se foi e me deixou com a nossa família problemática de merda e agora eu preciso cuidar de tudo... Você não entende... não posso lidar com isso, não sei ser como você.

Você sempre cuidou de tudo, sempre cuidou de mim... mesmo com todas as nossas brigas e diferenças, você estava do meu lado. E agora não está mais...

Sinto saudade do seu perfume, da sua risada, dos seus olhos verdes, das suas provocações e até dos seus gritos. Às vezes eu até consigo fugir disso, fazer de conta que não aconteceu, me desligar por um momento... mas só quando tomo aqueles remédios e isso não soa nada bem, não é? Billy, o que eu faço? Preciso de você... eu ainda preciso de você aqui...

Uma parte de mim morreu com você naquela noite. Uma parte do meu coração sempre vai estar com você, nunca vai se recuperar totalmente. Eu não sei lidar com essa dor, Billy, não sei viver sem você aqui.

Eu sinto muito, Billy. Sinto muito por ter sido egoísta com você... por não ter dito que te amava, mesmo sabendo que amava. Me desculpa, por favor, me desculpa por todos os momentos em que te afastei sem pensar.

Eu amava e ainda amo você. Sempre vou amar e se pudesse voltar no tempo, eu voltaria. Sinto muito por ter feito você voltar para Hawkins... eu passo os dias evitando pensar nisso, mas essa é a verdade pura e absoluta: você está morto por minha causa. O Devorador de Mentes chegou até você porque eu quis voltar para cá. Meus pesadelos não são mais sobre demodogs, são sobre você me implorando para fugir e eu recusando.

Eu faria qualquer coisa no mundo para voltar no tempo, dizer que te amo e que poderíamos ficar juntos, que não precisaríamos voltar para Hawkins. Viajaríamos o país inteiro de carro, em férias eternas...

Mas isso não vai acontecer. Nunca vai acontecer. Nós dois poderíamos ter sido um casal perfeito... mas nunca vamos saber.

Acabou, Billy. E eu estou com muita dificuldade de aceitar isso. Tem sido cada vez mais doloroso levantar da cama todos os dias e mais difícil achar uma razão pela qual viver.

Você não está mais aqui e isso me atinge como se fosse um tornado.

Ouvi dizer que com o tempo fica mais fácil, que a gente aprende a viver com essa dor. Será mesmo? Porque, até então, tudo só tem piorado. Eu realmente não consigo me ver num futuro feliz ou superando essa perda.

Minha mente divaga cada vez mais... os dias estão tão confusos, as minhas lembranças, as palavras... é tão difícil acompanhar tudo... Eu fico bem na maior parte do tempo, quando as pílulas estão fazendo efeito... mas à noite é sempre pior.

E quando eu não tomo nada, aí sim é que minha cabeça me faz surtar. Me disseram que escrever uma carta ajudaria. Não está ajudando.

No final, você nunca vai ler isso... nunca vai ler nada. Não vai me responder, nem vai me dizer que está tudo bem ou dizer que me ama. Então por que escrever? Apenas para ver o seu nome no papel de novo e chorar em pânico constatando que nunca mais vou te ver de novo?

Ainda guardo aquela sua foto de salva-vidas que peguei na piscina. Ela está dobrada dentro da gaveta, embora eu nunca mais tenha tido coragem de olhar para ela. Me pergunto se algum dia vou conseguir dizer seu nome em voz alta de novo... falar sobre você ou olhar a sua foto sem ter uma crise.

Parece que não vai passar nunca. Estou tentando me dar uma chance de viver, fazer as coisas melhorarem... mas se não passar logo, eu vou desistir. Já estou quase desistindo.

Talvez numa outra vida, nós dois possamos nos encontrar e eu vou ser a sua garota, nós vamos manter todas as promessas e ficar juntos para sempre.

É pedir muito, Billy? É pedir demais para te ver só mais uma vez? Para me despedir direito de você...

Só quero por um ponto final...