Fanfic: Improvável | Tema: Stranger Things
~Max~
Suas mãos pressionavam as minhas coxas com força e, apesar de sentir um pouco de dor, ainda queria mais... eu não ia pedir para ele parar. Era uma dor boa...
Eu o puxei ainda mais contra mim, se é que era possível e seus dentes deslizaram pelo meu pescoço. Senti seus dedos roçarem a pele da minha cintura, começando a levantar vagarosamente minha blusa, deixando cada pelo do meu corpo arrepiado.
– O que você vai fazer? – perguntei, ofegante. Não era como se eu estivesse com medo do que Billy pudesse fazer... naquele momento achava que nada ia me assustar. Mas estava curiosa.
– Não sei, Max... – Billy respirava com certa dificuldade; sua testa estava encostada na minha e seus olhos fechados; ele tinha parado de me beijar, mas ainda pressionava o corpo no meu. – É melhor você sair daqui.
– Quê? – fiquei surpresa com a mudança de postura tão rápida dele. Eu esperava qualquer coisa, menos aquilo.
Billy limpou a garganta e me colocou no chão, devagar; me apoiei na parede, tentando recuperar o fôlego. Ele suspirou, de costas para mim, passando a mão pelo cabelo.
Pisquei várias vezes; minha cabeça girava um pouco, mas ainda estava totalmente ciente do que estava acontecendo. Por que ele parou assim, do nada?
– Eu... fiz alguma coisa que... – comecei.
– Não – ele interrompeu. – É sério, Max. Vai para o seu quarto – não me movi. Eu já estava um pouco confusa antes enquanto ele me beijava; feliz, sem dúvida, mas confusa... agora estava vinte vezes pior. Por que ele estava me mandando embora? – Você bebeu muito, está tarde e é melhor você sair logo. Vamos ter aula mais tarde.
– Mas...
– Max – ele falou num decisivo, sem olhar para mim.
Respirei fundo. Eu queria protestar, dizer que não ia a lugar algum, questioná-lo e perguntar o que exatamente tinha acontecido para ele me tratar daquele jeito do nada. Mas eu estava começando a ficar tonta e com sono.
Talvez fosse mesmo melhor eu sair. Billy não parecia disposto a conversar, nem me deixar ficar ou dar qualquer explicação. Eu sabia que não conseguiria mais nada naquele momento.
Peguei o pote de doces, a máscara do Michael Myers e a faca de plástico que estavam jogados no chão e comecei a andar, me apoiando nas paredes, até o meu quarto.
Foi uma questão de segundos até eu deitar na cama e simplesmente apagar, ainda por cima das cobertas.
~Billy~
Não preguei os olhos pelo resto da noite, me perguntando que caralhos tinha acontecido ali. Eu ainda estava bêbado, é claro que ainda estava bêbado, não tinha outra razão para eu ter correspondido àquele beijo.
Eu odiava Max. Odiava que ela fosse uma merda de garotinha perfeita, mimada e irritante, odiava tudo que ela representava na minha vida e odiava a responsabilidade que meu pai colocava sobre mim, como se eu fosse obrigado a tomar conta dela. E, no entanto, ainda tinha curiosidades... ainda tinha alguma coisa nela que me deixava meio... estranho. Como ela conseguiu me deixar tão sem controle daquele jeito? Max mal tinha tocado em mim, não tinha feito nem metade do que outras garotas costumavam fazer... E, mesmo assim, mesmo muito bêbado ou muito chapado, nenhuma garota me deixava excitado daquele jeito... E eu não pedia para nenhuma sair do meu quarto no meio da noite antes de ir até o final.
Mas eu não podia fazer aquilo com a Max. Até que ponto teria ido se ela não tivesse me perguntado? Aquilo poderia ter acabado muito mal. Teria acabado muito mal... Max era nova demais, inexperiente demais para passar por isso, fora que ela era enteada do meu pai. Isso era errado em tantos níveis diferentes...
Não que eu tivesse passado a vida ligando muito para regras ou agindo dentro dos conformes, mas isso poderia acarretar consequências negativas para Maxine. Ela era meio jovem para lidar com certos traumas, sem contar que se ela ousasse mencionar algo ao meu pai... eu estaria morto.
Teriam consequências avassaladoras se eu tivesse deixado ela continuar...
Max estava bêbada, estava muito bêbada... E eu não devia ter nem chegado perto dela. Ela era mais nova, não estava acostumada a beber, estava vulnerável e não estava pensando direito. Eu fui um merda... no geral, não me importava tanto assim com isso, mas com a Max... soava péssimo.
Não ter feito nada com ela e, mesmo assim, deixei que aquele instinto predador me guiasse. Teoricamente, ela me puxou, ela quis...
Porra. Que desculpa idiota. Eu devia ter mantido a cabeça no lugar e me controlado.
Tinha que parar de vê-la daquele jeito. Há uns dias ela era só uma criança irritante... sempre foi assim... por que agora estava sentindo essas coisas tão estranhas? Por que ela me atraía tanto, assim, de uma hora para outra? Por que eu queria ter continuado, mesmo sabendo o quanto era errado? Por que eu tinha água na boca só de pensar nela contra a parede de novo?
Eu já estava quase convencido de que aquele beijo tinha sido só um sonho – talvez uma alucinação. Talvez tivesse algum entorpecente na minha bebida da festa.
Então eu vi as marcas no reflexo do espelho. Marcas de unha, arranhões espelhados pelo meu peito e pelas minhas costas. Eu fui claro com a garota da festa, tinha certeza de que não foi ela quem deixou aquelas marcas... Foi a Max. Eu não pedi para ela parar, aliás, estava torcendo para ela ir mais fundo...
Não foi um sonho. Foi real e agora eu não tinha ideia do que deveria fazer, não sabia como devia agir com ela...
Bati a mão no espelho, irritado. Como é que eu deixava aquelas merdas acontecerem?
Tudo bem. Max estava bêbada, ela não ia lembrar do que tinha acontecido. Seria até melhor assim.
Eu ia fazer de conta que aquilo foi só um sonho, agir normalmente; com um pouco de sorte, nós dois poderíamos voltar ao ódio gratuito e às brigas diárias.
Mas eu ainda ia acabar com Steve Harrington por ter dado vodka a ela. De certa forma, a culpa de tudo aquilo era dele.
~Max~
Minha cabeça estava doendo e meu estômago embrulhado quando abri os olhos, sentindo o quarto girar. Me lembrava claramente de ter ido pedir doces com os meninos e de termos ficado na rua até bem tarde... Steve Harrington apareceu e começamos a beber... em algum momento, lembro que nos beijamos... Senti outra pontada na cabeça.
Eu não estava nada afim de levantar da cama... e tinha aula. Resmunguei ao pensar nisso. Ver e falar com pessoas... bufei.
Ok, beber soava como algo ótimo, me dava uma sensação incrível de paz, tranquilidade e risos à toa. Mas eu parecia atropelada na manhã seguinte. É, nada é perfeito.
– Vai se atrasar se não vier logo, Max! – ouvi minha mãe gritando. Merda, ela não podia falar mais baixo?
A luz que entrava pela janela me dava náuseas. Anos de experiência assistindo o Billy e o Sr. Hargrove encherem a cara me fizeram estar estranhamente familiarizada com aquela sensação; era normal. Ruim, claro, mas normal.
Também tive bons anos para aprender como amenizar os sintomas e tinha uma boa experiência em fingir que tudo estava bem, mesmo quando tudo estava uma merda.
Eu só precisava criar um pouco de coragem para sair da cama e enfrentar o mundo exterior.
– Max! – minha mãe gritou de novo.
Bufei mais uma vez e levantei da cama. Tomei um banho frio o mais rápido que pude; achava que estava um pouco melhor... minha cabeça tinha parado de dar tantas voltas. Anotado, eu beberia bem menos na próxima.
Coloquei óculos escuros, mesmo que não estivesse tão sol assim e enchi uma garrafa de água. Minha mãe não questionou os óculos, Billy não disse uma palavra, como de costume e eu fui de carona com ele, com a cabeça apoiada no vidro, tentando não vomitar.
Eu estava razoavelmente melhor, poderia sobreviver a um dia de aula e passar o resto da tarde deitada quando chegasse em casa.
– Ainda não entendi porque chamam ele de “zumbizinho” – Lucas e eu nos encontramos a caminho da aula e não tocamos no assunto da vodka. – Ok, eu entendo, ele se perdeu no mato por uma semana e tal... Mas por que ele é um zumbi? Porque acharam que ele estava morto? – perguntei sobre o apelido de Will; o que aconteceu com ele na noite anterior me fez ouvir mais ainda os boatos.
Eu também sabia que ele era meio bobão, mas o apelido ainda parecia pura implicância gratuita... Não que ele não merecesse, já que, assim como o resto do grupo, ele era meio nerd pateta, mas achei que as pessoas teriam mais empatia por alguém que se perdeu no meio do mato.
– É... – Lucas respondeu. – É que teve até um enterro para ele.
– Em uma semana? – não entrava na minha cabeça o motivo da família fazer um enterro para um garoto que só estava sumido há uns dias... Era estranho, para dizer o mínimo. Eu não era expert no assunto, mas tinha quase certeza de que a maioria das famílias ia procurar por muito mais tempo sem descansar antes de aceitar a morte de um ente querido desaparecido.
– É porque... – Lucas estava hesitando, tinha algo que ele estava escondendo. – Um outro garoto se afogou na pedreira. Pensaram que fosse o Will porque o corpo estava super decomposto.
– O que? – aquilo parecia mesmo uma daquelas lendas de Halloween que contam em volta de uma fogueira para assustar crianças. – Espera aí, isso não tem graça.
– Isso não é piada, tá legal? Todo mundo sabe. Pergunta para quem você quiser... Menos para o Will. Porque ele fica muito sensível com isso, entendeu?
– Tá bem – assenti, mesmo sem acreditar totalmente no que ele estava dizendo. Não era como se eu fosse ser indiscreta a ponto de perguntar ao Will sobre aquilo, eu tinha o mínimo de noção das coisas.
Na aula, o professor de ciências, o Sr. Clarke, falava sobre um homem que teve um pedaço de ferro enfiado no cérebro, mas que continuou fisicamente bem; o problema era psicológico. Não pude deixar de olhar Will e associá-lo a esse mesmo caso; quem sabe que tipo de traumas uma pessoa que se perde no mato por uma semana pode desenvolver... Talvez o surto do Halloween possa ter algo a ver com aquilo. Vai ver ele teve algum gatilho ou algo assim.
A mente humana é algo complexo demais, um labirinto repleto de possibilidades.
Dustin entrou atrasado na aula; se acomodou na primeira carteira e sussurrou algo com os outros três garotos. Logo em seguida, virou para mim.
– Clube Audiovisual, no almoço – ele falou baixo.
O professor chamou a atenção de Dustin; ele virou para frente de novo, pegando um livro.
– Clube Audiovisual – ele disse mais uma vez para mim; fiz um jóia com a mão. Já tinha entendido na primeira, não precisava de uma confirmação.
E lá se foi meu sono da tarde.
~Billy~
Max estava de ressaca. Eu não tinha certeza se era uma coisa óbvia demais apenas para mim porque eu a tinha visto bêbada de madrugada ou se ela estava sendo discreta. Imaginava que sim, já que Susan não parecia perceber nada de errado do comportamento de Max.
Eu, por outro lado, via bem os sinais. Os óculos escuros, mesmo que o sol mal brilhasse lá fora, a garrafa de água, sendo que Max detestava água... E era ainda mais claro no caminho até a escola. Ela estava com a cabeça encostada da janela do carro.
Eu quis correr e aumentar o som da música num volume estridente para perturbá-la... Mas não o fiz. Imaginava que os efeitos da ressaca já estavam sendo suficientemente irritantes, ainda mais para alguém que não estava acostumada a beber... Ela ia acabar se acostumando, eu não precisava piorar.
Nós não conversamos, nem trocamos um olhar. Era algo meio comum, mas eu ainda estava achando que estava um clima esquisito. Max tinha ótimas razões para ficar calada, ainda assim, não consegui interpretar se seu silêncio seria por causa da ressaca ou do beijo.
Não sabia se ela sequer se lembrava disso... Achei que não. Ela nem devia se lembrar de ter chegado em casa ontem. Fosse como fosse, nenhum de nós disse uma palavra; eu com certeza não ia ser o primeiro a tocar no assunto. Se dependesse de mim, aquilo nunca tinha acontecido.
Teria educação física no primeiro tempo. Eu era do time sem camisa, o que significava expor as marcas de unha nas minhas costas. Se tivesse sido qualquer outra garota, eu não ia me importar... Mas parecia que deixar que os outros a vissem aquelas marcas em específico, era como segurar um painel escrito “dei uns pegas na enteada do meu pai”.
Duvidava que alguém fosse ousar me questionar... só que não era uma situação confortável.
Mas meu dia melhorou assim que vi quem seria do time adversário; Steve Harrington. Eu tinha decidido que ia deixar o caipira em paz, a não ser que ele ficasse no meu caminho... Dar bebida para Max foi ficar no meu caminho. Se ele não tivesse feito isso, ela nunca teria entrado no meu quarto, eu nunca estaria nessa posição tão difícil, me culpando e me odiando por ter retribuído o maldito beijo.
Agora era pessoal. Steve Harrington ia pagar caro.
Era um jogo de basquete; Steve tentava passar por mim, enquanto batia a bola no chão; mantive meus olhos fixos nos dele.
– Harrington, não é? – falei quando ele estava na minha frente. – Eu soube que você era o reizinho da escola – além de ser um desgraçado que me fez fazer o que provavelmente foi a maior merda da vida. – É verdade? Rei Steve, como te chamavam, não é? – era engraçado ver como eu o cercava rindo e ele se esforçava para sair da mira; eu era bom nos esportes, mesmo na cidade grande. Um merdinha de cidade pequena não tinha chance contra mim. – Se chegar perto dela de novo, eu mato você.
– Aí, você devia calar a boca e jogar.
Em um segundo eu o derrubei, propositalmente fazendo com que ele batesse as costas e a cabeça no chão e pisando em seu tornozelo enquanto passava; roubei a bola e, sem muito esforço marquei uma cesta, olhando-o com uma mistura de sarcasmo e raiva. Espero que ele tenha entendido o recado.
Queria ter tido a chance de derrubá-lo mais vezes; mas a namoradinha dele, Nancy Wheeler, resolveu dar as caras na quadra e eu tive que continuar. Tudo bem, aquilo era só o começo.
~Max~
Na hora do almoço Dustin, Lucas, Will, Mike e eu nos encontramos no tal do clube Audiovisual, uma salinha aleatória no meio do corredor. Dustin tirou da mochila aquela “armadilha de fantasma” que tinha usado com a fantasia no Halloween e abriu para que nós víssemos um pequeno... Animal? Não sei se aquilo se classificava como animal. Era pequeno, tinha o formato de um gancho e uma pele lisa, gosmenta, patas com garras afiadas e fazia sons engraçados.
– O nome dele é d’Artagnan – Dustin disse pegando-o na mão e olhando para o bicho. – É fofo né? – ele falava como se aquilo fosse um filhotinho de cachorro...
– D’Artagnan? – Mike olhava confuso e Will parecia vidrado.
– O apelido é Dart – eles pareciam tratar com normalidade um negócio que mais parecia um ET.
– E ele estava no seu lixo? – perguntei recapitulando a história de Dustin.
– Caçando comida – Dustin falava com um sorriso imenso no rosto. – Quer segurar? – como se aquilo fosse um bebê...
– Não, não, não... – Dustin o aproximou de mim.
– Ele não morde...
– Eu não quero... – mas ele já estava na minha mão, se remexendo. – Ai que nojo! Que bicho gosmento! – falei sentindo as patas dele escorregando pelas minhas mãos; então passei-o para a pessoa que estava mais perto de mim, Lucas.
– É tipo uma meleca viva! – Lucas resmungou, fazendo careta e quase arremessando o animal nas mãos de Will, que também fez careta.
– Que nojo! – Will imediatamente o passou para Mike.
Mike foi o único que não fez careta ao pegá-lo e, ao invés de devolvê-lo para Dustin, ele apenas aproximou o pequeno animal de seu rosto, olhando-o fixamente, estudando-o.
– O que ele é? – Mike indagou.
– Essa é exatamente a minha dúvida – Dustin continuava radiante. – Primeiro pensei que ele fosse um filhote de anuro – falou colocando livros em cima da mesa.
– Anuro? – perguntei para ter certeza do que ele estava falando.
– É, pensei que fosse um girino. Girinos são a fase larval de um sapo.
– Eu sei o que é um girino – revirei os olhos.
– Beleza, então sabe que a maioria dos girinos são aquáticos, né? Mas o Dart não é – Dustin abriu um dos livros. – Ele não precisa de água.
– É, mas não tem nenhum girino não-aquático? – Lucas perguntou.
– Girinos terrestres? Sim. Dois, para ser exato – Dustin parecia ter pesquisado a fundo – Indirana semipalmata e Adenomera andreae. Um da Índia e o outro da América do Sul. Então como veio parar no meu lixo?
– Vai ver algum cientista trouxe para cá e ele fugiu – sugeri; era a hipótese mais lógica.
– Vocês estão vendo? – Mike chamou atenção para Dart. – Parece que tem uma coisa se mexendo dentro dele... – olhei um pouco enojada e espantada.
Mike direcionou a luz de um abajur para Dart; ele pareceu ter gritado, com um grunhido agudo, que nos assustou, e saiu da mesa, pulando na mão de Dustin novamente.
– Tudo bem... Eu estou aqui, mocinho... Eu sei que você não gosta, tudo bem... – Dustin falava mesmo com Dart como se fosse um cachorro ou um bebê. – E tem mais uma coisa – ele voltou a falar com a gente – os répteis têm sangue frio, ectotérmicos, adoram calor e sol... O Dart odeia, machuca ele.
– Então... Se ele não é um girino e nem um réptil... – Lucas começou...
– Eu descobri uma nova espécie – Dustin continuava sorrindo, acariciando o animal quando de repente o sinal tocou e nós saímos quase correndo de dentro do clube Audiovisual.
– A gente tem que mostrar isso paro Sr. Clarke – Lucas falou.
– Não! E se ele roubar a minha descoberta?
– Ele não vai roubar sua descoberta – eu tentava acompanhar os três; Mike, Lucas e Dustin, que andavam na minha frente a passos largos.
– Olha, eu estou pensando em chamar de Dustonious Girinus. O que você acha? – Dustin me perguntou.
– Te acho um idiota – falei rindo.
– O dia que eu for bem rico e famoso por causa disso, não venha atrás de mim falando “meu Deus Dustin, desculpa por ser uma chata lá na oitava série...”.
~Billy~
– Olha, alguém se deu bem ontem... – um dos caras falou olhando para mim enquanto estávamos no vestiário, saindo da educação física.
– O que? – estava distraído demais pensando em Harrington dando bebida para Max... O garoto gesticulou para as minhas costas; cacete, tinha esquecido das marcas.
– Quem foi a gostosa? Conta aí, Billy.
– Esquece – coloquei uma camiseta cinza e peguei um maço de cigarros.
– Foi aquela garota ruiva? – por um momento, congelei. Como ele poderia saber quem era? – Aquela da festa?
Respirei fundo. Tinha até esquecido dessa menina... verdade. Eu fiquei com uma ruiva na festa de Halloween e, merda, me lembrava agora com clareza de ter achado que ela era a Max... Mas também fui bem específico quando falei para não deixar marca nenhuma.
Aqueles arranhões eram da Max, o que eram provas mais do que incriminatórias contra o que eu tinha feito.
Eu segurei o colarinho da camisa dele e o empurrei violentamente contra os armários do vestiário, ciente da plateia ao nosso redor. Olhei bem para ele, que agora estava boquiaberto e assustado.
– Falei pra esquecer – em circunstâncias normais, eu teria dado uma surra nele só por ter insistido no assunto, mas eu não estava afim de me meter em um problema sem antes resolver o outro, que era o fato que eu não conseguia parar de pensar no que tinha acontecido entre Max e eu, então eu o larguei e saí andando.
Acendi um cigarro enquanto saía. Eu precisava pensar em outra coisa, precisava afundar a mente e me distrair... Preferencialmente com uma garota que não fosse ruiva, não tivesse olhos azuis, nem fosse baixa demais... alguém que não tivesse nada a ver com a Max, alguém que não me fizesse pensar nela.
Eu tinha algumas boas opções na sala, era só escolher.
Max, porém, não parecia nem um pouco inclinada a me dar um momento de paz; o sinal do fim da aula já tinha sido tocado e ela não apareceu.
Uma garota de cabelo enrolado, castanho e olhos escuros estava do meu lado. Acho que ela se chamava Lílian, talvez Lisa... Algo assim. Ela era... aceitável. E o melhor de tudo é que não se parecia em nada com Max; nem a voz, o cabelo, os olhos, a altura, a personalidade... nada. Era perfeita para eu esquecer um pouco de toda aquela merda.
– E aí? A sua irmã vem ou não? – a garota perguntou; era uma ótima pergunta que eu não sabia a resposta. Olhei no relógio; 15 longos minutos esperando.
Eu não podia acreditar que estava perdendo meu tempo esperando justamente a pessoa que eu queria esquecer.
– Que se dane, ela vai de skate para casa – talvez ela enfim tivesse se lembrado do que aconteceu e perdido a coragem de olhar para a minha cara; compreensível. Eu também não estava com vontade de vê-la, então não estava nem aí.
Eu precisava mesmo de um tempo dela.
Joguei o cigarro no chão e cuspi, dando a volta no carro.
– E não chama ela disso – falei recapitulando um pequeno e irritante detalhe que me deixava nauseado.
– De quê? – ela perguntou confusa.
– De irmã. Ela não é minha irmã.
Pensar em Max como minha irmã depois do que tínhamos feito era ainda pior do que antes; nunca a considerei realmente como irmã, mas depois que essa... Coisa começou... Depois de eu ter tido milhares e milhares de pensamentos sexuais com ela, depois de eu ter gozado mais de uma vez chamando o nome dela e, especialmente, depois daquele beijo... irmã era a última coisa a qual eu gostaria de relacionar Max na minha mente.
Autor(a): nirvana666
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
~Max~ Ao final da aula, Dustin tinha finalmente decidido mostrar Dart para o nosso professor de ciências. – Esse foi o motivo para eu me atrasar – disse Dusitn, colocando a mochila de caça-fantasmas na mesa do Sr. Clarke, com um sorriso radiante. – Que bacana! – disse o Sr. Clarke. – As portas funcionam? – contive um riso; ...
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