Fanfic: Improvável | Tema: Stranger Things
~Billy~
Eu estava encostado no carro, olhando de longe enquanto Max discutia com um garoto. Ela parecia bem irritada, gritava com ele, mas eu não sabia exatamente o que estava dizendo.
Max nunca fica tão brava daquele jeito com outras pessoas além de mim, ela não costumava discutir. O que é que aquele garoto estava fazendo ou falando para tirá-la do sério assim? Por que ela estava se importando tanto assim?
Fiquei virando o isqueiro e o cigarro na mão, distraído demais para acender naquele momento. A única coisa que me interessava era saber por que um pirralho daquele estava deixando a Max do mesmo jeito que eu deixava.
Eu não podia dar uma surra naquele moleque; ele devia ter metade do meu tamanho, seria muita covardia... Harrington conseguia se defender – não exerceu esse direito, mas sem dúvidas podia. Aquele menino não... baixo e magro demais para entrar numa luta corporal. E, ainda assim, eu já tinha pensado em umas vinte maneiras de arrebentar a cabeça dele. Ele não tinha o direito de irritar Max daquele jeito. Essa era uma exclusividade minha.
Max virou de costas para ele, subiu no skate e começou a vir na minha direção. Não tirei os olhos dela; Max ainda parecia estressada, mas estava gata. Desajeitada, muito diferente da maioria das meninas, até das da idade dela... mas tinha algo diferente. O cabelo ruivo voando com o vento enquanto ela pegava velocidade no skate, a blusa vermelha chamativa... Max não era do tipo que se preocupava muito com aparência, não se arrumava e usava só o básico. Eu gostava disso.
– O garoto falando com você, quem era? – perguntei assim que ela chegou ao carro.
– Ninguém – Max respondeu, indiferente, enquanto abria a porta.
– Ninguém? – olhei para ela. Com certeza não era ninguém; uma pessoa qualquer não teria o poder de mexer tanto assim com ela e, até o momento, só eu tinha feito isso.
– Ele é da minha turma – ela entrou no banco do passageiro, claramente querendo dar um basta no assunto.
O garoto ainda olhava para Max de longe, observando-a entrar no carro. Eu o encarei até perdê-lo de vista. Bati a porta do carro com força, desejando que fosse o nariz dele.
Acendi um cigarro; a nicotina era provavelmente a única coisa que podia amenizar a minha raiva naquele momento. Max olhou para fora, como se quisesse ver se o garoto ainda estava por lá. Traguei uma vez e respirei fundo.
– Por que ele estava falando com você? – perguntei, sem olhar para ela.
– Nada – resposta rápida demais para ser verdade. – Era para um trabalho chato da aula... – Max sabia mentir melhor que isso, ela não estava nem se esforçando...
– Então por que está tão irritada?
– Eu não estou irritada – o tom de voz agudo, o rosto vermelho... Claro que estava irritada; mas dessa vez não era comigo. Quem era aquele merdinha que achava que merecia a irritação dela? Controlei a respiração.
– Ele está te incomodando? – e como eu queria que ela dissesse que sim... ao menos eu teria um bom motivo para acabar com ele.
– Por que você se importa? – pela primeira vez desde o Halloween, Max me olhou. Mas eu só vi pelo canto dos olhos porque, para ser sincero, também não tinha olhado para ela desde o que tinha acontecido entre nós.
Eu sabia que era arriscado continuar aquela conversa, sabia que Max podia acabar voltando no assunto do beijo, mas agora as palavras simplesmente saíam da minha boca, quase como se eu não tivesse controle nenhum.
– Porque, Maxizinha, você é minha responsabilidade, lembra? Eu tenho que cuidar de você – mal tinha me livrado do babaca do Harrington e já tinha outro nojento em cima dela... Max definitivamente não era mais uma criança; eu via e os outros estavam começando a ver também... e isso me irritava muito. A diferença entre mim e eles era que eu nunca faria nada para machucá-la... e eles... Bom, Harrington falava por si só.
– Claro, meu herói... O que eu faria sem você? – ela revirou os olhos, levantando o braço.
Foi impulsivo e instintivo, eu não consegui controlar. O que eu mais queria era ficar longe dela, mas aquilo era provocação demais. Segurei seu pulso e finalmente a encarei, olhando em seus olhos; Max arregalou os olhos e eu não sabia se era medo ou só surpresa. Torcia para que fosse os dois.
Nós nos olhávamos exatamente como na madrugada do Halloween, só que agora ela não estava bêbada, nem estávamos no meu quarto. As coisas eram mais claras.
– Sabe, Max, você tem que começar a levar a sério as coisas que eu falo. Sou mais velho que você e uma coisa que vai aprender é que existem pessoas das quais você tem que se afastar. Esse moleque é um deles. E o Harrington também. Fica longe deles.
Max tentou puxar o braço, mas eu não deixei. Não estava segurando com força e claro que não ia machucar ela. Há duas noites estava segurando muito mais forte do que isso e Max parecia gostar.
Senti sua pulsação disparar cada vez mais sobre o meu polegar. Aqueles olhos azuis encaravam os meus friamente, sem sequer piscar... Eu daria qualquer coisa para saber se era medo que ela estava sentindo... Não consegui evitar lembrar que era naquele rosto que eu pensava enquanto transava com alguém... era nela.
– Billy... – ela disse, de repente, desviando os olhos. – Sobre o que aconteceu no Halloween...
Merda, merda, merda. Era justamente isso que eu queria evitar.
– Quer falar sobre você ter beijado o Harrington? – perguntei, segurando seu pulso com um pouco mais de força, ainda olhando para ela.
– Como você... Olha, foi ele que... Não importa. Por que está com raiva? Não é diferente do que você e eu...
– Não aconteceu nada entre você e eu – falei, finalmente soltando seu braço e voltando a olhar para frente. Não devia ter feito nada, devia ter controlado esse maldito impulso...
– Mas...
– Não aconteceu nada – repeti, num tom mais grave. – Não quero você falando com nenhum dos dois, entendeu?
– Você não pode controlar quem são meus amigos...
– Eles não são seus amigos, Max. Um amigo não te enche de vodka e se aproveita de você, principalmente por ele ser mais velho – traguei de novo, ainda controlando a respiração, irritado. Agora eu não conseguia sequer olhar para ela de novo.
– Não foi assim...
– Max, fica longe deles. Escuta o conselho de quem sabe exatamente o que se passa na cabeça nojenta deles. Fica longe.
Eu sabia porque eu também pensava naquelas coisas... eu também tinha uma mente poluída e perturbada, e quando se tratava da Max, tudo era ainda mais intenso... Mas eu nunca faria nada com ela. E eles... Eles fariam. Eu não ia deixar isso acontecer.
~Max~
Eu não conseguia entender porque Billy estava tão irritado com o fato de eu estar brava com Lucas... ele vivia dizendo que eu era inútil e me tratava mal e gritava comigo e agora estava me interrogando sobre se aquele menino estava me perturbando? Por que?
Olhei para a sua mão, estava com os nós dos dedos machucados; ele tinha brigado com alguém de novo? Eram feridas recentes, não podiam ser ainda por causa da briga no posto de gasolina...
Billy segurou meu pulso. Não foi com força, mas, ainda assim assustei; ele nunca tinha feito nada assim antes.
Eu gostava da sensação da mão dele no meu pulso, era diferente...apesar de estar meio surpresa, não estava com medo. Ele não parecia nada disposto a me soltar, mesmo quando, instintivamente, puxei o braço de volta. Eu meio que... fiquei feliz por ele se recusar a me soltar. Era estranho.
E então eu me lembrei. Enquanto olhava para aqueles olhos verdes extremamente irritados, meu coração disparou. Parei de prestar atenção no que ele dizia e olhei para uma marca de arranhão no seu pescoço e isso só confirmou que não foi um sonho.
Quase tive um ataque. Billy e eu nos beijamos na noite do Halloween... Caralho. Como é que eu não tinha parado para pensar nisso antes? O Dart, o Will, a ressaca... tinha me esquecido completamente.
Mas agora tudo era claro, como um filme na minha cabeça. Eu entrei em casa pela janela... propositalmente na janela errada, eu queria falar com ele. Mas... nós fizemos muito mais do que só falar...
Lembrei de quando ele me colocou contra a parede e tapou minha boca... eu estava falando alto demais, não podia acordar o Sr. Hargrove. Billy tinha me mandado embora, mas eu o beijei... Merda, além de tudo, a atitude partiu de mim... e pior, eu tinha gostado.
Eu lembrava de tudo... eu arranhei ele, ele continuou me segurando contra a parede... eu queria continuar... Porra. Billy me odiava, ele passava o tempo inteiro dizendo que eu era inútil... por que ele tinha me beijado de volta? Por que tinha deixado aquilo acontecer?
Agora tudo fazia mais sentido. Era por isso que ele não estava falando direito comigo nos últimos dias. Ele estava me evitando e eu meio que sem querer fazia o mesmo...
– Billy... – comecei, sem saber direito o que ia dizer ou qual seria a reação dele. – Sobre o que aconteceu no Halloween...
– Quer falar sobre ter beijado o Harrington? – como é que ele poderia saber disso? Eu não lembrava de ter dito esse detalhe... mas podia ter acontecido, sim, considerando meu nível alcoólico naquele momento.
De qualquer forma, Billy não tinha o direito de ficar assim com tanta raiva por causa do meu beijo com Steve. E fiz questão de dizer isso... literalmente foi a mesma coisa que fiz com ele.
– Não aconteceu nada entre eu e você – disse Billy, soltando meu braço e olhando para o capô do carro. Ele ia mesmo fazer de conta que não tinha acontecido nada?
– Mas...
– Não aconteceu nada – é, ele ia.
Eu não discuti. Talvez fosse melhor mesmo. O que aconteceu entre o Steve e eu foi uma coisa rápida, momentânea e sem importância nenhuma; fora que mal nos víamos, não tinha problema.
Mas com o Billy era diferente. Estava um clima estranho e ia continuar assim por um tempo... íamos nos ver todos os dias, todos os dias eu ia me lembrar daquele beijo... foi muito mais profundo e intenso do que com o Steve, teve muito mais significado...
Eu sabia que gostava do Billy. Tinha sentimentos confusos por ele e eu disse isso. Disse em voz alta naquela noite... Não sabia o que ele pensava sobre aquilo, não entendia o motivo da raiva e muito menos conseguia compreender porque ele me beijou também se me detestava tanto.
Mas estava claro que Billy não ia falar sobre o assunto e eu preferi fazer o mesmo. Só que também não ia deixar que ele me proibisse de falar com as pessoas.
Não discuti mais com ele, era melhor deixar para lá; ele não tinha que saber com quem eu conversava... E, de uma forma ou de outra, Lucas meio que não era mais meu amigo mesmo. E Steve... bem, eu só o tinha visto uma vez, então também não era grande coisa.
Mas, se eu quisesse falar com eles, ia falar. Billy não ia me impedir.
Encostei a cabeça no banco do carro e fechei os olhos, torcendo para que o meu rosto não estivesse tão vermelho quanto eu achava que estava.
Ainda estava irritada, claro, mas agora também estava com vergonha. Merda. Eu nunca mais ia fazer nada daquele tipo... inclusive, nada de bebida por um bom tempo. Eu até tinha gostado daquele beijo, lembro de ter gostado e muito, mas não podia voltar a acontecer. E Billy também não parecia muito interessado em repetir.
~Billy~
– Eu falhei com você. Falhei como pai. Você é um merda... – meu pai apertava meu pescoço contra a parede, de novo, com um pouco menos de força do que no galpão; mas dessa vez eu não tinha feito nada, não tinha sequer respondido num tom mais alto. Mas ele estava bêbado.
O bom é que bêbado ele não tinha tanta força assim, ficava meio desnorteado. O ruim é que ele não precisava de motivos para pegar no meu pé.
– Pai... – chamei com a voz falhando, tentando miseravelmente tirar sua mão do meu pescoço.
– Não me chame assim. Eu te olho e vejo um fracassado... como eu pude ter um filho desse jeito? Foi por sua causa que sua mãe largou a gente, porque não aguentou continuar criando uma decepção como você.
Eu não queria que aquelas palavras me atingissem na proporção em que atingiram. Eram poucas as vezes que ele falava da minha mãe, mas, quando acontecia, eu sentia um peso pressionando meu peito. Não era nada físico, mas alguma coisa acontecia.
Eu senti uma lágrima escorrer pelo rosto; foi automático, eu não queria chorar. Não na frente dele, não queria dar razões para ele falar mais...
Mas aquilo doía. Minha mãe foi uma das melhores pessoas que já conheci e eu ainda sentia raiva por ela ter ido embora; passei muito tempo tentando ligar, sentindo saudades, implorando para que ela voltasse. E ela não voltou. A tristeza se tornou raiva e esse sentimento ainda me abalava às vezes.
Meu pai sempre disse que foi por minha causa... porque eu era péssimo no beisebol, porque eu não sabia nadar, porque eu era fraco. Uma mãe largaria mesmo o filho por causa disso? Aparentemente, a minha mãe sim. Ela podia ter me levado com ela, eu nunca mais teria que olhar para o meu pai de novo... mas preferiu ir sozinha. Ela não me quis com ela.
– Eu tenho nojo de você. Nunca vai ser meu filho... – ele disse mais alguma coisa, mas não consegui ouvir.
Minha visão começou a ficar embaçada e eu não estava mais repirando; mesmo bêbado, mesmo que eu tentasse afastá-lo, ele ainda pressionava a minha garganta por tempo o suficiente para me fazer cair.
~Max~
Era tarde; o Sr. Hargrove tinha chegado em casa muito bêbado, minha mãe mandou que eu ficasse no quarto. Eu sabia bem o que aquilo significava, já tinha visto acontecer mais vezes do que poderia contar.
Eu não sabia o motivo dele odiar tanto o próprio filho, era triste de ver... E quando bebia era ainda pior... Billy não tinha feito nada, eu nem o escutei responder quando o Sr. Hargrove começou a falar um monte de coisas... Por que ele era assim tão babaca?
Quando estávamos na Califórnia era mais fácil de ignorar; eu não escutava tanto, só via os hematomas no dia seguinte e, de vez em quando, alguns gritos, mas nada que eu não pudesse abafar com os fones de ouvido. Eu não gostava de me meter nessas coisas, principalmente porque achava que Billy ia me matar se eu ousasse entrar no meio. Mas ali era diferente; eu ouvia tudo o que o Sr. Hargrove dizia para Billy, porque o quarto dele era colado com o meu e as paredes eram finas. Mesmo que ele não estivesse gritando, eu ouvia cada palavra e sentia o ódio no tom de voz... Senti meus olhos se encherem de lágrimas. Era muita maldade para uma pessoa só.
Eu podia ouvir minha mãe murmurando alguma coisa, parecia estar tentando acalmar o Sr. Hargrove, se é que era possível. Como ela podia continuar com um homem que dizia coisas tão cruéis ao próprio filho?
Depois de um tempo, o quarto ficou em completo silêncio. Imaginei que minha mãe e meu padrasto tinham ido para o próprio quarto.
Respirei fundo. Não escutei como foi a briga no galpão, não sabia se tinha sido pior ou no mesmo nível, mas Billy tinha ficado devastado e imaginei que seria o mesmo caso agora. Ponderei se devia ir falar com ele ou não... da última vez, ele tinha ficado bravo comigo
E agora corria esse risco de novo... Billy podia ficar com raiva e gritar comigo... fora que eu ainda estava meio sem saber como agir por causa do beijo... Mas ele podia estar machucado.
E se fosse pior? E se o Sr. Hargrove tivesse feito pior dessa vez? E se Billy estivesse precisando de ajuda. Resolvi que ia até lá ver como ele estava.
Saí do quarto nas pontas dos pés, evitando fazer barulho; vi que a porta dele estava aberta, o que era incomum... A luz estava apagada. Prendi a respiração e coloquei a cabeça para dentro.
Mesmo com pouca luz, pude vê-lo sentado no chão, ele tossia, parecia estar soluçando baixo, com a cabeça enterrada entre os joelhos.
– Billy... – entrei e praticamente corri até onde ele estava.
– Sai daqui, Max – sua voz estava fraca e baixa e ele não levantou a cabeça para me olhar.
Eu só podia imaginar o que o Sr. Hargrove tinha feito... sabia que só as palavras dele já eram o suficiente para destruir qualquer um, mas o que ele tinha feito fisicamente com Billy?
– Não vou sair. Vem cá, sai do chão – toquei seu braço, já preparando para algum grito ou empurrão, mas ele simplesmente deixou que eu o ajudasse a levantar e, em seguida, sentou na cama, ainda sem olhar para mim; eu pude ver um brilho de lágrimas nos seus olhos.
Fiquei de pé na frente dele; Billy parecia pior dessa vez. Não fisicamente, mas psicologicamente... e eu entendia o porquê. Ele estava chorando, chorando mesmo... não de um jeito desesperado e em pânico, mas um jeito melancólico. Era triste... era deprimente ver aquilo.
– Vai embora – ele pediu.
– Eu vou ficar, Billy, não vou te deixar sozinho.
– Para de ser teimosa... – dei um passo, ficando mais perto dele.
– Para de me mandar embora. Eu não vou a lugar nenhum – ao menos não até ele melhorar; eu nunca deixaria ninguém nessa situação.
De repente ele passou os braços ao redor de mim e encostou a cabeça no meu braço; assustei com a atitude. Billy nunca tinha feito nada assim antes... ele voltou a parecer aquele garoto assustado no chão do galpão. Como é que um homem podia afetar tanto assim o comportamento do filho?
Retribuí o abraço, sem saber bem o que fazer. Eu não estava acostumada a consolar pessoas, mas... Billy parecia assustado e magoado e eu não queria deixá-lo ali.
Senti sua respiração em minha pele, seu corpo tremia, suas lágrimas escorriam pelo meu braço; encostei minha cabeça na dele.
– Por que você me odeia tanto? – ele perguntou num sussurro.
– Eu não te odeio. Não te odeio, Billy... você sabe que não – ele parecia confuso, como se estivesse falando sozinho, perdido nos próprios pensamentos.
– Você vai embora também?
– Não – de um jeito meio instintivo, passei os dedos pelo seu cabelo; achava que isso poderia de algum jeito fazer com que ele ficasse mais tranquilo. – Não vou a lugar nenhum.
– Você promete? – uau. Billy me pedindo para fazer uma promessa? Ele estava totalmente diferente do que costumava ser, era uma versão oposta.
– Prometo.
Os braços dele se apertaram ainda mais ao redor de mim. Ele era um babaca sempre, mas naquele momento, nada, nem ninguém ia me convencer a sair do lado dele. Eu quase podia entender e perdoar todas as merdas que ele fazia e falava... Aliás, eu podia perdoar. Billy não tinha culpa do pai imbecil que tinha. E eu não sabia bem quais eram as sequelas de ter um pai assim, como isso poderia afetar exatamente no comportamento e nas ações de alguém, mas duvidava que dava para ser normal.
Infelizmente, no dia seguinte, parecia que nada tinha acontecido. Billy voltou a me atormentar e pegar no meu pé... talvez um pouco menos do que antes, mas pelo menos agora não estava me evitando totalmente. Eu não gostava muito dessa relação meio conturbada que tínhamos... e gostava menos ainda quando ele agia daquele jeito comigo e ignorava o que tinha acontecido na noite anterior.
Eu tentava não levar muito a sério; sabia o quanto era difícil Billy admitir algo, ainda mais se fosse admitir que precisou da minha ajuda e que eu o ajudei. Ele jamais me agradeceria por aquilo. Era orgulhoso e cabeça dura demais para isso.
E tenho certeza que, se alguém perguntasse, ele negaria até a morte que chorou na minha frente, me fazendo prometer que ficaria ali e que dormiu de mãos dadas comigo, pedindo pra eu não sair. E eu fiquei, eu o consolei e esperei ele dormir para sair.
Tive que sair; se minha mãe ou o pai dele nos visse naquela situação, outra briga ia começar e eu não estava disposta a arriscar.
Quando percebi que ele dormiu, saí. Será que era por esse motivo que ele parecia mais estressado do que o normal no dia seguinte? Ou era só mais uma das mudanças de humor repentinas e habituais dele? Mas, afinal, o que é que ele esperava, exatamente? Que eu ficasse lá a noite inteira? Tudo bem, por mim eu até ficaria, mas Billy, melhor do que ninguém, devia saber que era uma péssima ideia correr o risco do pai dele nos ver dormindo de mãos dadas...
Billy estava virando um especialista em fingir que nada acontecia entre nós.
Autor(a): nirvana666
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
~Billy~ Por alguma razão, eu me sentia bem com a Max por perto. Completamente vulnerável, psicologicamente abatido, chorando como uma criança e pensando em todas as merdas que meu pai falou; mas a presença dela parecia amenizar tudo de um jeito que eu não sabia explicar. Eu tinha mandado ela embora, fui claro quando disse para ela sair... ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo