Fanfic: Improvável | Tema: Stranger Things
~Billy~
Por alguma razão, eu me sentia bem com a Max por perto. Completamente vulnerável, psicologicamente abatido, chorando como uma criança e pensando em todas as merdas que meu pai falou; mas a presença dela parecia amenizar tudo de um jeito que eu não sabia explicar.
Eu tinha mandado ela embora, fui claro quando disse para ela sair... e ela não saiu. Max continuou ali e eu gostava disso.
Não queria que ela me visse daquele jeito, não queria que ninguém visse... mas ela já estava lá mesmo e não tinha mais volta. Eu a abracei e ela me abraçou de volta e, por um momento, eu só queria que aquilo durasse para sempre.
Odiava me sentir fraco diante de alguém, especialmente da Max, mas estava gostando do toque dela, da companhia. Eu não conseguia entender porque me sentia tão melhor com ela perto de mim. O cheiro dela, as mãos no meu cabelo, a voz doce, sussurrando que ia ficar tudo bem...
Era tão agradável e ao mesmo tempo confuso... Eu não podia deixar isso ficar acontecendo com frequência. Não podia deixar que a Max mexesse tanto assim com a minha cabeça.
No dia seguinte eu estava pensando com mais clareza. Não sabia bem que horas ela saiu do meu quarto – e nem importava. Eu não ia mais pensar sobre aquela noite, nem sobre o Halloween. Nem sobre ela, no geral; ia vê-la só como a enteada do meu pai, uma pirralha chata. Era assim que as coisas precisavam ser, seria melhor para nós dois.
Infelizmente, eu não ia conseguir evitá-la por completo; nós dois morávamos sobre o mesmo teto e meu pai ainda me forçava a ficar tomando conta dela, como se fosse uma criança.
~Max~
– Vou sair. Quer que eu te deixe no fliperama? – Billy perguntou, parando na frente da porta do meu quarto; seu tom era meio indiferente, ele estava de braços cruzados e eu não sabia se ainda estava bravo comigo.
– Quero – respondi.
– Vamos logo então.
Considerei que era um avanço. Billy nunca se oferecia por livre e espontânea vontade para me levar nos lugares, eu sabia que ele não gostava de fazer isso. Então, talvez, perguntar se eu queria que ele me desse carona até o fliperama fosse o jeito distorcido dele de me agradecer pela noite anterior. Não que eu tenha feito aquilo esperando qualquer gratidão, mas também Billy podia ser um pouquinho menos idiota comigo; eu só estava tentando ajudar.
Peguei meu skate e entrei no carro. Billy pegou um maço de cigarro.
– Billy – chamei, quase esperando que ele me mandasse ficar quieta.
– O que foi? – ele não parecia realmente interessado no que eu ia dizer, mas não estava bravo; Billy colocou um cigarro na boca.
– Você... pode me ensinar a dirigir? – ele estava aproximando o isqueiro na ponta do cigarro quando eu terminei a pergunta. Billy desligou o isqueiro e olhou para mim, meio surpreso.
Ele tirou o cigarro da boca, agora me encarando fixamente.
– Por que você quer dirigir?
– Você odeia ficar me levando para os lugares.
– É, odeio – esperei que tivesse entendido, mas ele não disse mais nada, só ficou me olhando com as sobrancelhas arqueadas, como se esperasse que eu desse mais explicações. Suspirei.
– Se eu souber dirigir, você não vai ficar precisando me levar toda hora para algum lugar...
– E você acha que, mesmo se souber o básico da direção, eu vou deixar você ir para cima e para baixo dirigindo o meu carro com a idade que tem e sem habilitação?
Ok, soava bem ridículo mesmo, mas eu tinha ouvido falar que pessoas de cidade pequena começavam a dirigir muito novas e que os policiais faziam vista grossa para isso, não pensei que seria um grande problema. Mas Billy gostava bastante daquele carro e duvidava que fosse confiar em mim para cuidar dele.
– Eu odeio ser motorista particular e babá, sim, mas ainda é minha responsabilidade e acho que posso lidar muito bem com isso.
– Tá bem, desculpa. Só estava tentando não te dar tanto trabalho – voltei a encarar meu skate.
~Billy~
Por que ela tinha sempre que parecer ter boas intenções para tudo? Até com essa ideia idiota de querer aprender a dirigir... Ela queria fazer isso por mim. Por que? Eu não estava pedindo para Max fazer nada... Talvez eu estivesse sendo duro demais com ela de novo.
Dava para mantermos uma distância razoável sem eu precisar ser ignorante com ela. Ia tentar controlar o meu temperamento.
– Tá – guardei o maço de cigarro e o isqueiro no porta-luvas e tirei o cinto. – É importante você saber o básico no caso de alguma emergência.
Max me olhou, surpresa e parecendo levemente mais empolgada que antes. Descemos do carro.
– É sério? Você vai me ensinar? – revirei os olhos.
– Entra logo antes que eu mude de ideia – ela não devia ficar testando a pouca paciência que eu tinha.
Max sentou no banco do motorista e eu sentei no do passageiro. Ela me olhou, esperando que eu desse instruções.
– Ajusta o banco, coloca mais para frente – muito mais para frente; Max era bem mais baixa do que eu. – Coloca o cinto.
Max obedeceu. Apontei para os pedais.
– Embreagem, freio e acelerador. Você só usa o pé esquerdo para pisar na embreagem, o resto é com o direito – ela assentiu, prestando atenção. – Isso aqui é para mudar de marcha. Você tem que conferir se está no ponto morto antes de ligar.
– O que é ponto morto?
– Quando não está em nenhuma marcha – Max observou enquanto eu mostrava a ela. – Antes de ligar, tem que pisar na embreagem e no freio ao mesmo tempo, depois você vira a chave.
Max fez isso, segurando o volante com força.
– Agora você coloca na primeira marcha e tira o pé do freio aos poucos – ela fez isso; surpreendentemente o carro não morreu, como eu achei que aconteceria logo de cara. – Agora tira o pé da embreagem devagar e pisa fraco no acelerador.
Max começou a acelerar e o motor fez barulho; ainda tinha um bom espaço no estacionamento de casa, do jardim até a rua e nenhum carro passava. Achei que seria seguro deixar que ela continuasse.
– Quando começar a fazer esse barulho, você pisa na embreagem e passa para a próxima marcha. Quanto mais acelerar, maior a marcha vai ser.
Mas, em questão de segundos, Max começou a acelerar demais, mudando as marchas habilidosamente, sem deixar o carro morrer uma única vez; o problema é que agora estava perto demais da rua e eu escutei uma buzina e outro carro acelerando na nossa direção.
– Max, freia – mas ela acelerou mais, meio perdida. – Max... – ela começou a olhar para os lados, em pânico. – Olha para frente, tem que olhar para frente...
– Merda, o que eu faço?
– Seta! Dá seta! – gritei.
– O que é seta?
– Vira o volante, vira o volante agora! – mas não ia dar tempo. Coloquei minhas mãos sobre a dela, com uma sensação bizarra de déjà vu e virei o volante um segundo antes do carro bater em nós.
– Pisa na embreagem e no freio! Max, embreagem e freio! O freio é o outro pedal! – ela gritou e, no momento seguinte, o carro desacelerou e parou completamente, o motor desligado e a pouco centímetros de uma árvore do outro lado da rua.
Respirei fundo várias vezes, tentando me recuperar do que tinha acabado de acontecer. Max olhou para mim, meio perdida e assustada também.
– Ficou maluca?
– O que aconteceu com o carro? – ela perguntou olhando para o painel.
– Ele morreu – respondi meio irritado.
– Isso... é ruim? – ela falava em voz baixa, possivelmente esperando que eu fosse começar a gritar.
– Considerando que quase batemos duas vezes, ele ter morrido foi uma salvação...
– Agora você sabe como me sinto quando você corre por aí feito doido – estreitei os olhos.
– Eu sei o que estou fazendo, Max. Participo de rachas há séculos, dirijo desde os onze anos, sei controlar um carro muito bem.
– Ah... você está do meu lado, pensei que soubesse o que estava fazendo – respirei fundo para não começar a gritar com ela de novo.
Já tive emoções demais por um dia.
– Chega, desce – falei, tirando o cinto e abrindo a porta.
Trocamos de lugar de novo e eu arrumei o banco e os retrovisores. O carro parecia intacto, no geral, eu é que estava meio em choque ainda. Não devia ter deixado ela nem chegar perto do volante.
– Fui tão mal assim? – eu estava prestes a abrir a boca e dizer que nunca tinha visto alguém dirigir pior quando olhei para ela; Max estava... triste? Ela parecia meio chateada pelo desastre.
– Não – eu não precisava piorar ainda mais a situação. – Não foi ruim para uma primeira vez – seus olhos se iluminaram?
– Sério? Vai continuar me ensinando, então? – dei partida no carro.
– Vou pensar – agora ela sorria, radiante.
Como era fácil deixar Max feliz, era quase um desaforo que alguém ficasse assim tão contente com algo tão simples.
– Se não sair em uma hora... – comecei quando chegamos ao fliperama. Podíamos ter tido um bom momento, mas não ia perder o costume.
– Eu volto andando... Eu sei...
– Exatamente.
~Max~
Posso ter feito um pouco de merda com o carro... Mas, ainda assim, estava feliz. Billy disse que não tinha sido tão ruim e que até ia pensar em continuar me ensinando.
Eu ainda não estava no melhor humor. Não parava de pensar que Mike, Dustin e Lucas ainda estavam sendo babacas comigo, escondendo coisas e ficando de segredinho, mesmo que eu estivesse tentando ajudar a achar o Dart. E a situação com Billy ainda não estava das melhores, me incomodava que ele ficasse fingindo que nada acontecia entre nós... Ele me deixava ajudá-lo e depois era como se eu voltasse a ser só a irmãzinha que ficava perturbando. Era muito chato.
E para completar a desgraça, um dos videogames que eu mais gostava estava desligado, com um recado colado nele escrito “com defeito”.
Porra.
Não disfarcei minha decepção. Era a única coisa que eu tinha para fugir um pouco da realidade e nem isso estava funcionando mais...
– É uma pena, guerreira da estrada – o garoto que trabalhava no fliperama falou. chegando perto de mim, enquanto comia salgadinho. Ele não parecia sentir muito pela máquina.
– O que houve? – perguntei; eu jogava aquele jogo quase todos os dias e ele estava funcionando perfeitamente bem...
– Curto-circuito na placa mãe. Uma pena mesmo – ele falou de boca cheia. – Mas sem problema, tem outra máquina funcionando nos fundos.
Eu não devia seguir um desconhecido até os fundos do fliperama, mas estava desesperada para enfiar a cara num videogame e parar de pensar nas merdas dos últimos dias. Além do mais, era um lugar lotado de gente, o que ele poderia fazer?
– Segura aqui – ele me passou o saco de Cheetos e destrancou uma porta onde estava escrito “Somente Funcionários”.
Assim que ele abriu a porta, vi Lucas lá dentro, me olhando com um sorriso amarelo. Já entendi o que tinha acontecido ali; a máquina não deu curto-circuito nenhum... Eu é que ia dar um curto-circuito bem no meio da cara dele.
Entrei irritada.
– É bom me arranjar o encontro agora, Sinclair – o garoto do fliperama falou para Lucas.
– Já disse que vou...
– Tá, tá, tá – ele interrompeu, olhando para nós dois. – E se comportem aqui dentro, entenderam? – ele fechou a porta, dando uma piscadinha para mim. Revirei os olhos.
– Que história é essa, sombra? – me virei estressada para Lucas; como se eu já não estivesse com problemas o suficiente nos últimos dias agora ele inventava essa besteira?
– Foi mal... Eu precisava de um lugar seguro – ele parecia extremamente tranquilo, o oposto de mim.
– Um lugar seguro para quê? Ser esquisito? – ele podia fazer isso literalmente em qualquer outro lugar e sem me envolver.
– Escuta, eu vou contar a verdade sobre tudo que aconteceu ano passado... Mas, se alguém descobrir, você pode ser presa. – Lucas respirou fundo. – Ou quem sabe até... Morrer.
– Morrer? – soava ridículo.
– Preciso saber – por que ele estava tão sério? – Você aceita o risco? – ele perguntou pausadamente, como se estivesse falando com uma criança.
– Ai, caramba... Isso é ridículo demais!
– Você aceita o risco? – ele repetiu, num tom um pouco mais firme.
– Tá – se era pra entrar nesse joguinho... – Tudo bem, eu aceito o risco – coloquei o skate no chão e sentei numa cadeira que tinha dentro da sala; cruzei os braços e esperei. – Fala aí.
– Ano passado, o Will não se perdeu no mato... Ele se perdeu em outro lugar... – franzi o cenho. – Um lugar chamado mundo invertido.
– Mundo invertido?
– É como uma dimensão espacial paralela à nossa, um reflexo sombrio da nossa própria realidade. Diria que é um lugar decadente, cheio de morte e escuridão...
Lucas falou de uma garota, a Eleven (eles a chamavam de El), disse que ela tinha poderes, movia e fazia coisas com a mente; que esse lance todo do mundo invertido tinha a ver com o governo e que era um perigo... Will aparentemente tinha ficado preso nesse mundo por um tempo e Eleven, de alguma forma, tinha algo a ver com esse mundo e toda essa conspiração do governo.
Além de toda essa loucura, aparentemente, Mike e Eleven tinham um tipo de relacionamento... eles se gostavam ou algo assim. Que tipo de garota poderia gostar de alguém como o Mike?
Aquilo mais parecia uma revista em quadrinhos mal escrita por alguém que usava drogas pesadas do que uma história real.
Tinha segredo de governo, mundo paralelo, gente sequestrada, casalzinho formado... Lucas parecia muito sério ao falar tudo aquilo e eu estava me segurando para não cair na gargalhada. Só podia ser uma piada.
Ele com certeza estava zoando com a minha cara; não era possível... Ao final de tudo, concluí que ele era um escritor fracassado ou um completo maluco.
– Foi a última vez que vimos ela – Lucas estava concluindo. – Depois daquilo, ela só... sumiu. Nem acredito que faz tanto tempo... Parece que foi ontem.
– É, nossa. Imagino – falei. – Uau.
– É loucura, eu sei.
– É loucura – concordei –, mas... eu gostei muito – ele arqueou as sobrancelhas.
– Gostou?
– É. Quer dizer... eu acho que tem alguns problemas.
– Problemas?
– Eu só achei meio plagiado em algumas partes, mas...
– Do que está falando?
– Eu só acho que poderia ser mais original, só isso.
– Você não acredita? – ninguém acreditaria.
– Lucas, qual é? Está falando sério? Você acha que eu sou boba?
– Por que eu inventaria isso? – eu poderia pensar em quatro ou cinco motivos.
– Eu não sei... para me impressionar ou coisa assim? Ou você só é... Maluco – ele levantou.
– Eu te contei tudo isso. Quer dizer, coisas secretas – ri. – Arriscando minha vida e é assim que você reage?
– Arriscando a sua vida? – repeti num tom sarcástico.
– Ah, você acha isso engraçado?
– É, ué. Meio engraçado... Idiota, mas engraçado – levantei e fui pegar meu skate. Tinha perdido tempo ali.
– Aonde você vai?
– Sua historinha acabou, não foi? – abri a porta e saí. Lucas veio atrás de mim.
– Qual é o seu problema? Eu dei o que você queria!
– Eu queria fazer parte do grupo, não parte da piada.
– Não é piada – ele estava sério demais.
– Mas você foi ótimo, ok? Conta para os outros que eu acreditei na mentira se for para ganhar pontos de experiência com o Mike.
Virei de costas para continuar andando, mas Lucas segurou meu braço, me forçando a olhar para ele.
– Nós temos muitas regras no nosso grupo, mas a mais importante é: amigos não mentem – parecia um slogan de anúncio de alguma marca. – Não mentem jamais, acima de tudo.
– É mesmo? – andei até a máquina de videogame, que agora estava acesa e funcionando bem; peguei a placa e colei no peito dele. – Então como você explica isso?
– Eu tive que fazer isso para te proteger – bufei. Mas que saco.
– Está querendo me proteger de quem, exatamente? Dos caras maus do governo no laboratório Hawkins? – Lucas arregalou os olhos.
– Abaixa essa voz...
– Ou será que era para me proteger do Demogorgon de outra dimensão? – comecei a colocar fichas na máquina; talvez tivesse um tempo para jogar antes de Billy aparecer.
– Max, é sério. Cala a boca! – ele falou mais perto de mim.
– Ah, não. Já sei! Era para me proteger da garota, a Eleven. Aquela...
Mas antes que eu pudesse terminar, Lucas tampou minha boca, se aproximando ainda mais de mim. Arregalei os olhos, assustada; não esperava que ele fosse fazer algo assim.
– Para de falar – ele disse, olhando para os lados, como se procurasse alguém. Depois voltou a me encarar. – Vai acabar matando a gente. Você está entendendo?
Segurei seu pulso, afastando-o de mim.
– Isso é sério? – perguntei.
– Olha, eu queria muito que não fosse – não era possível. Era?
– Prova – falei.
– Não tem como.
– Como assim? Eu tenho que acreditar em você?
– Tem, sim – ele assentiu.
Eu estava prestes a continuar aquela discussão e dizer o quão estúpido aquilo soava, mas escutei o motor do carro do Billy lá fora. Peguei o skate e abri caminho entre as pessoas, olhando pela saída; era mesmo ele. Lucas veio atrás de mim.
– Droga, tenho que ir – falei virando para ele. Lembrei do que Billy tinha falado e pensei em como ele poderia ficar agressivo às vezes. Segurei a mão de Lucas e olhe em seus olhos. – Olha, não sai atrás de mim. Entendeu?
Abri a porta e comecei a andar na direção do carro.
– Você acredita em mim? – escutei-o perguntar, mas não respondi.
Qual era o problema dele? Por que não podia só fazer o que eu pedi?
~Billy~
Nesse meio tempo, descobri que meu pai e a Susan passariam o final de semana numa viagem a trabalho. E eu não ia perder a oportunidade de dar uma puta festa; já estava mais do que na hora de mostrar para aquela cidadezinha de merda o que era uma festa de verdade.
O único problema seria a Max. Ela tinha que ficar fora do caminho.
Eu voltei para o fliperama uma hora depois e a vi conversando lá dentro com aquele moleque... o mesmo com quem ela estava discutindo irritada no dia anterior. Senti o sangue ferver. Ele a olhava enquanto ela vinha até o carro.
– O que foi que eu falei? – perguntei assim que ela entrou correndo. Eu fui bem claro quando disse para ela ficar longe dele... Max não costumava desobedecer, o que me fazia pensar quem aquele menino era e por que causava esse efeito nela.
– Eu não atrasei – ela disse, fingindo que não sabia do que eu estava falando. Max era inteligente, ela sabia perfeitamente bem.
– Você sabe do que estou falando – mantive o olhar do lado de fora, com raiva demais para encará-la.
– O que? Do Lucas? – Lucas... Ótimo, já tinha um nome a quem direcionar meu ódio.
– Então ele tem nome agora, é? – por que Max parecia fazer tanta questão de falar com ele? De ficar perto dele?
– Eu... – ela gaguejou. Por que esse tal Lucas gerava isso nela? – A cidade é pequena, a gente não estava junto...
– Hum.
Olhei para ela. Max parecia confusa e assustada e não me olhava diretamente – não que fosse possível, já que eu estava de óculos escuros –, mas eu conhecia os sinais. Ela estava mentindo. De novo. Mentindo por causa dele... Lucas parecia fazer Max tem comportamentos nada habituais... eu odiava isso.
– Por que ele te incomoda tanto? – ela perguntou.
– Porque, Maxizinha, exatamente como o Harrington só tem as piores das intenções com você. E eu não vou deixar esses caipiras chegarem perto de você, entendeu?
– Você não é meu irmão mais velho, Billy...
– Claro que não, porra – me dava repulsa só de pensar na palavra “irmão”.
– Qual seria o problema de eu estar com algum garoto? – por que eu ficava tão irritado só de pensar naquele filho da puta encostando em Max? Só de imaginar a cena dos dois juntos eu já queria matá-lo. Eu também não entendia por que isso me irritava tanto assim.
– Só fica longe dele, Max. É sério, eu não vou avisar de novo.
Acelerei com o carro, descontando no acelerador toda a raiva que estava começando a crescer dentro de mim. Eu não me importava como um irmão, nunca seria protetor como um irmão... Mas alguma coisa nessas relações de Max com qualquer outro cara me deixava transtornado.
Talvez eu devesse fazer com Lucas o mesmo que fiz com Steve... não, seria muita covardia. E eu tinha certeza de que Max nunca ia me perdoar por isso. Mas, pelo menos, também saberia que Lucas não ia mais chegar perto dela e era só isso que eu queria.
– Vamos ficar sozinhos nesse fim de semana – falei no caminho de volta para casa. – Vou dar uma festa e não quero que atrapalhe. Você vai ficar no seu quarto, entendeu?
– Tá... não tenho interesse em nenhuma festa mesmo.
– Bom – um problema estava resolvido.
Autor(a): nirvana666
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
~Max~ Eu não estava muito empolgada para a festa que Billy ia dar; já tinha presenciado uma ou duas na Califórnia, nas raras as vezes em que minha mãe e o pai dele viajavam. Na maioria eu ia para a casa do meu pai, mas nem sempre ele podia cuidar de mim, então algumas poucas vezes presenciei estas festas infernais. Billy me trancou no qua ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo