Fanfics Brasil - Pai, Filha Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC)

Fanfic: Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC) | Tema: Attack on Titan/Shingeki no Kyojin


Capítulo: Pai, Filha

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Lara surfava por entre as árvores, logo atrás de Amanda e Muratti. Os barulhos estranhos pareciam vir ao leste do acampamento, ficando cada vez mais forte à medida que se aproximavam.


- Pelo som - disse Amanda, sua voz entrecortada pelo vento - Parece que são pelo menos uns cinco Titãs!


- Espero que Oliver chegue logo com os reforços! - exclamou Muratti, visivelmente preocupado.


Lara não disse nada. Apesar de voar rápido com o DMT, seu pensamento estava longe. Ontem após sumir pelos corredores, Lara correu em direção à árvore onde comia laranjas com Levi todas as tardes. Sentou-se bem no lugar onde ele ficava, acariciando a grama.


Apesar de às vezes parecer ou falar como uma adulta, Lara ainda era, sim, uma criança. Uma criança de coração partido. 


Desde o momento em que percebeu a reação de Levi à sua história, na Floresta das Árvores Gigantes, sentiu algo por ele crescer dentro de si, tanto que se sentiu à vontade o suficiente para contar sua “experiência” para ele. No início, o via como um grande amigo, mas então, quando começaram a passar todos os dias juntos, Levi adquiriu um comportamento que, na cabeça de Lara, era de um pai legítimo e não somente de um amigo. Não tinha como dar outro nome àquilo.


Assim como Levi, ela também não teve boas referências paternas em sua vida. Seu próprio pai biológico foi um péssimo exemplo. Mas, como toda criança, ela era muito observadora sobre as coisas ao seu redor. Quando ia para o centro da cidade, por exemplo, admirava como certos pais eram tão carinhosos com seus filhos. Os invejava em como eles brincavam juntos, eram cuidados e recebiam carinho.


Quando menos percebeu, Levi fazia todas estas coisas com ela. Então, ela só juntou dois mais dois.


Além de que, se também somarmos o fato de que Hange, Levi e Lara literalmente se comportavam como uma família (mesmo que sem querer), o resultado só poderia ser um: na cabeça de Lara, era óbvio que Hange era sua mãe e Levi era seu pai. Qualquer outra criança, no lugar dela, também pensaria o mesmo. Lara apenas “oficializou” as coisas, chamando-os por seus devidos títulos: mãe e pai.


A única coisa de diferente era que seus “pais” não se beijavam ou faziam coisas que Lara observava em alguns casais da cidade, como trocar confidências amorosas. Mas, Lara já estava pensando em como poderia consertar isso. 


Ela simplesmente não entendia porquê Levi, após demonstrar todos os sinais da paternidade, havia a rejeitado. O que ela sentiu ao ouvir Levi dizendo que “não era o pai de Lara e que nunca seria”, foi mais doloroso do que ser jogada para fora das muralhas.


Ele preenchia todos os requisitos de um pai, mas não queria ser um?


Se não queria, então porque a tratou daquela maneira durante todos aqueles meses? Que a tratasse como um professor qualquer, então! Como muitos outros que ensinavam no Quartel General da Tropa de Exploração.


Por que Levi trocava seus momentos sozinhos tomando chá, para brincar com Lara?


Ou por que Levi discutia com Hange, insistindo que era o dia dele levá-la para passear no parque?


Ou por que Levi lia histórias na hora de dormir para Lara?


Ou por que Levi fazia questão de colocar sua capa verde em Lara sempre que esfriava e ele ficava passando frio?


Ou por que Levi fazia questão de perguntar como Lara passou o dia, mesmo sabendo que tinha passado com ele e Hange?


Ou por que Levi deixava Lara desenhar em seu rosto quando enjoava de desenhar no papel?


Ou por que Levi, quando Hange não estava ouvindo, tinha a prometido que daria um cãozinho?


Por quê? Por que um simples professor faria tudo isso e muito mais?


Lara não compreendia.


Mas agora, jurou para si mesma que nunca mais diria a palavra “pai” na frente de Levi, novamente. Se era uma relação entre professor e aprendiz que ele queria, era isto o que teria.


Lara estava tão absorta em seus pensamentos, que não avistou uma enorme mão de um Titã vindo em sua direção.


Como um raio, manobrou o DMT para prendê-lo na árvore ao lado, por pouco não sendo esmagada pela mão do Titã de sete metros que emergia à sua frente. Rapidamente, Lara subiu mais um pouco na árvore em que estava, para ter uma boa visão da situação abaixo de seus pés.


Se pendurava em uma árvore na beira de uma grande clareira da floresta. Amanda estava certa, havia cinco Titãs grunhindo grotescamente ali. Ela procurava por seus dois companheiros, mas não os encontrava em lugar nenhum. Então, ouviu um grito e olhou naquela direção.


Amanda estava com metade de seu corpo dentro da boca de um Titã. Era uma cena vinda dos piores pesadelos. Tirando coragem de onde não sabia, Lara voou em direção àquela criatura, para matá-la. Olhando para baixo, conseguiu avistar Muratti lutando com outro Titã. Ele parecia estar indo bem.


Numa perfeita imitação dos movimentos de Levi, Lara prendeu os ganchos em uma árvore atrás do Titã que lentamente devorava Amanda. Tomou impulso empurrando o tronco e ficou suspensa no ar por alguns segundos. Sacou as duas espadas de seu DMT e forçou seu corpo começar a girar rapidamente, como um pião.


A próxima coisa que ouviu foi o som do baque que o Titã fez ao cair no chão. Correu para acudir Amanda, mas a soldado já estava com o corpo cortado ao meio, com os olhos fitando o nada. Lara sentiu seu almoço querer voltar pela garganta, mas respirou profundamente, como Levi a havia ensinado, fazendo seu almoço regressar para o lugar onde deveria estar.


Muratti também havia conseguido matar um dos Titãs e agora lutava com o próximo. Faltavam derrubar três. Lara prendeu os ganchos no alto de uma árvore e começou suas investidas contra o próximo Titã.


Enquanto lutava com dificuldades, pois este era mais rápido que o anterior, do canto do olho, viu Muratti ficar atrás de seu próprio Titã, pronto para dar o golpe final. Após conseguir cortar a nuca e derrubá-lo, Muratti prendeu os ganchos de seu DMT em uma árvore próxima. Mas, antes de que pudesse chegar ao seu destino, de repente, a mão do terceiro e penúltimo Titã restante lhe deu um tapa tão forte, que o corpo do rapaz foi estraçalhado pelas árvores, caindo em uma posição completamente estranha no chão.


Ao ter aquela visão, um ímpeto de fúria cresceu dentro de Lara, que rapidamente, enganchou seu DMT na perna de seu próprio Titã e com um golpe só, cortou as duas pernas da criatura. Caída no chão, Lara correu por suas costas, dando um grande salto e fatiando sua nuca.


A clareira estava rodeada por fumaças que saíam dos corpos dos Titãs. Então, surgindo de dentro das fumaças, como em uma entrada triunfal, apareceu o último Titã, que havia matado Muratti.


Com as duas espadas sacadas e raios do entardecer projetando do alto das árvores, Lara encarou aquele Titã, que tinha uns dez metros. Ela vingaria a morte de Amanda e Muratti.


Projetou seu corpo para frente, correndo na direção do Titã. Quando estava bem próxima, mirou os ganchos do DMT na árvore ao lado, voando rapidamente, mas em uma altura baixa. Também queria cortar os calcanhares dele.


Após fazer os cálculos, conseguiu prender os ganchos em um dos calcanhares do Titã e, quando estava quase perto o suficiente para cortá-lo, o outro pé do Titã tropeçou num dos fios do aparelho DMT, que, sem que Lara soubesse como, a fez sair voando pelos ares. 


O Titã atingiu o fio de seu DMT de tal maneira, que o havia rompido completamente do restante do aparelho, não fazendo mais nenhum dos fios funcionarem.


Sem ter como se enganchar nas árvores, Lara caiu com um baque surdo no chão e sentiu uma dor dilacerante em seu pé esquerdo, soltando um grito muito alto. Por não estarem mais presas aos fios, as espadas saíram voando de suas mãos, pousando em algum lugar fora da visão de Lara.


Agora, ela se rastejava pelo chão, à procura de algum abrigo. Tentou se levantar, mas a dor em seu pé esquerdo era insuportável. O Titã aproximava-se de Lara lentamente, com um sorriso horripilante.


Como um filme passando rapidamente na cabeça de Lara, ela se pegou lembrando de sua vida no orfanato, das tutoras bravas, da comida escassa, das surras que levava, de sua árvore favorita, da pancada que levou na cabeça, do balanço da carruagem, da Floresta das Árvores Gigantes, do terror…


Mas, também se lembrou da estranha mulher que a ajudou na floresta, onde passou a ser sua amiga, para agora ser a sua mãe. Lembrou-se de sua risada engraçada, de suas experiências malucas no laboratório, de seu cuidado, de seu carinho e principalmente, do seu amor.


Lágrimas começaram a sair dos olhos de Lara e uma dor surgiu em seu coração, tão forte quanto a que sentia no pé. Pensara em Levi.


Era assim que iria terminar? Não teria nem a chance de se despedir, nem que fosse de longe? Soluçando e com lágrimas escorrendo por suas bochechas sujas de terra, Lara tentava dizer alguma coisa, para pedir socorro.


Queria gritar o nome de Levi. Queria chamá-lo para vir salvá-la. Mas, seu nome simplesmente não saía de sua boca. Lara apenas conseguia dizer uma palavra. Uma única palavra.


- Pai… - sussurrava, entre os soluços - Papai… Me ajuda…


Então, como se algo explodisse dentro de si, Lara quebrou seu juramento e gritou a plenos pulmões:


- PAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI!


Sua voz ecoou pela floresta.


♦♦♦


Levi observava Hange vindo em sua direção. Assim como ele, Hange também estava com uma expressão abatida. Levi desceu da carroça, começando a andar ao encontro dela. Pararam um em frente do outro.


Os dois apenas se olharam, com lágrimas se formando em cada par de olhos. Após um longo momento, ao mesmo tempo, Levi e Hange abriram a boca para falar, mas foram surpreendidos por um som. 


Era um grito.


De um tom estranhamente familiar.


No mesmo instante, os dois se entreolharam, completamente brancos.


Em seguida, ouviram outro som. Também era um grito, mas havia uma palavra dita nele: PAI!


- É-É a… - começou Hange, com uma expressão de total horror - É a...


- É a Lara… - completou Levi, com os olhos muito arregalados.


Dando um susto em Hange, Levi saiu correndo de maneira tão rápida, que nunca havia visto em todos esses anos de convivência. Quando deu por si, ele já havia sumido por entre as árvores da floresta.


Levi pensava que seu coração iria sair pela boca a qualquer momento. Já havia enfrentado todos os tipos de situações apavorantes na vida, e apenas uma se comparava ao que sentia agora: quando viu Isabel e Farlan serem mortos por um Titã. O mesmo terror que preencheu seu peito naquele dia, retornava com força total agora.


Disparava seu DMT com violência, beirando ao desespero. Ouviu um som gutural, que parecia ser de um Titã e redirecionou seu aparelho para aquela direção. Acreditava que nunca havia voado tão rápido em toda a sua vida.


Finalmente, chegou em uma clareira. O que encontrou ali, demorou alguns bons anos para saírem de sua mente.


O chão estava coberto por quatro Titãs, que evaporavam. Suas fumaças tremeluziam em contraste com a luz do entardecer que entrava pelas frestas das folhas das árvores. Bem no centro da clareira, havia um Titã. E havia alguém em sua mão.


Este alguém era Lara.


Ela parecia estar quase desmaiada, pois seu corpo estava caído mole na mão do Titã, que lentamente a levava em direção à sua boca. Mas, Levi conseguiu enxergar que seus olhos ainda estavam um pouco abertos e que ela o via, balbuciando alguma coisa.


Ao presenciar aquela cena, uma força descomunal cresceu no coração de Levi, parecendo que algo havia ativado dentro de si. Com fúria, mirou com perfeição a nuca do Titã que estava prestes a devorar Lara.


Por um instante, Levi pairou no ar, com sua capa esvoaçando atrás de si e suas lâminas reluzindo a luz do sol, completamente envolto pelas fumaças do Titã. Antes de começar a girar para dar o golpe final, gritou para aquele Titã:


- A MINHA FILHA, NÃO!



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Autor(a): NathaliaCroft

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