Fanfics Brasil - “Onde Dói?” Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC)

Fanfic: Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC) | Tema: Attack on Titan/Shingeki no Kyojin


Capítulo: “Onde Dói?”

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Queridos leitores, este capítulo foi baseado em uma Fanfic One-Shot de Levihan que escrevi há algum tempo, que também está disponível aqui no meu perfil. Quem quiser lê-la, pois está no POV de Levi, fiquem à vontade. Boa leitura!


♦♦♦


Hange não tocou mais no assunto sobre a casa com Levi, pois afinal, foi uma iniciativa dele dizer que iria comprá-la e ainda estava muito envergonhada de conversar sobre este assunto. Ficaram alguns dias um pouco tímidos quando um estava na presença do outro, mas eventualmente, o clima tenso entre eles foi se amenizando. A própria Lara fez questão disso.


Meses se passaram e o inverno chegou. Lara precisou ficar fora por três semanas, pois participaria do Treinamento de Inverno com a turma de cadetes do 104º Esquadrão de Recrutas.


Hange e Levi estranharam muito a ausência de sua filha, o que fez Hange ficar bem deprimida e houve certa ocasião em que Levi a encontrou em seu quarto abraçada ao cavalo de pelúcia que Lara ganhou naquele festival.


Durante as refeições, Levi se pegava olhando para o lugar onde Lara costumava se sentar, na esperança de que num passe de mágica, ela surgisse ali ao seu lado.


Numa noite, quando faltava cerca de uma semana para Lara retornar, Levi saía de uma longa reunião que teve com seus soldados subordinados.


Estava exausto, mas havia prometido à Hange que iria ajudá-la em algumas questões sobre seus estudos dos Titãs. Levi só aceitou porque Hange insistiu muito e, sinceramente, desde que passaram a conviver mais, não conseguia dizer “não” para aquela mulher.


Quando Hange queria que ele a fizesse algo que sabia que não gostava, usava de uma artimanha que Levi já não conseguia mais se safar: Hange fazia biquinho, juntando as mãos, como se estivesse fazendo uma oração. Ele tentava continuar impassível em sua expressão facial, mas seu coração se derretia.


A caminho do laboratório, Levi passou por um relógio e percebeu que já eram umas dez horas da noite. Hange tinha o costume de ficar até tarde no laboratório, mas sempre com o cuidado de enviar Lara para cama no horário certo. Porém, como Hange às vezes era um pouco desligada em relação ao tempo, a própria Lara já adquiriu o costume de que, quando isso acontecia, ia sozinha para sua cama.


Hoje, excepcionalmente, eles não jantaram juntos, por conta da reunião de Levi. Mas, assim que passou pela cozinha, imaginou que ela talvez gostaria de tomar uma xícara de chá com ele. Após preparar o chá, colocou as xícaras e o bule em uma bandeja.


Ao chegar no laboratório, Levi segurou a bandeja com uma das mãos e bateu na porta com a outra.


Silêncio total.


A princípio, Levi não achou aquilo estranho, pois às vezes, Hange ficava tão absorta em suas pesquisas, que esquecia o mundo ao seu redor.


- Hange, sou eu - disse, abrindo a porta.


Quando ele abriu a porta, se deparou com uma cena que, sinceramente, não esperava: Hange estava agachada no chão, com as costas apoiada na estante que ficava atrás de sua mesa. Suas mãos seguravam sua barriga e sua expressão era de extrema dor.


Ela nem percebeu que Levi estava ali.


Um sentimento de preocupação tomou conta do coração dele de tal maneira, que Levi quase derrubou a bandeja. Rapidamente, colocou tudo em cima da mesa.


- Hange! - exclamou, preocupado - O que aconteceu? Você está bem?


Ela finalmente percebeu a presença dele ao seu lado.


- Levi... - disse, com os olhos cheios de lágrimas, seus óculos apoiados na testa - Eu nem vi você chegar… Acabei achando que nem viria hoj--AI!!!


Hange se encurvou ainda mais sobre sua barriga, a cabeça encostando nos joelhos dobrados. Levi não estava entendendo nada, mas sentia seu coração apertar em seu peito.


- Quando foi a última vez que se alimentou? Será que você não comeu alguma coisa estragada?


- Não… - suspirou Hange - Eu comi um lanche agora há pouco e estava fresco - ela fechou os olhos intensamente, se contorcendo - É que estou morrendo de cólica e minha cabeça está explodindo!


Finalmente, a ficha de Levi caiu. Hange estava “naqueles dias”.


Ele se lembrava um pouco de quando Isabel também ficava “naqueles dias” e, de verdade, procurava manter distância. Ele nunca sabia como estava seu humor, porque qualquer coisa que ele ou Farlan faziam, era motivo de gritaria, choro ou um pouco de violência. Cada uma dessas opções variava de acordo com o mês, ou às vezes, eram todas de uma vez.


Sobre essa “fase do mês” de Hange, foram poucas as vezes em que Levi realmente a viu demonstrando alguma emoção mais intensa, justamente porque Hange já era uma pessoa intensa por natureza. E houveram raras vezes em que tirou o dia de folga por conta das tais cólicas.


Levi dava graças a Deus por Lara ainda não ter chegado nesta fase da vida e secretamente, desejava que ela continuasse criança para sempre. Agora, sobre as menstruações de Hange, ele não sentia necessidade de falar sobre este assunto com ela, pois nunca se imaginava a perguntando: “Aceita um absorvente, Hange?”


Mas, de todos esses anos de convivência, esta era a primeira vez que a via neste “estado”, se é que ele podia chamar assim.


Vendo Hange desse jeito, Levi de repente teve um sentimento que não esperava: vergonha.


Não pelo fato de ele ser um homem e ela estar falando sobre menstruação. Os dois eram adultos e Levi sabia muito bem sobre as questões fisiológicas do sexo feminino.


A vergonha que estava sentindo era de que, apesar de conviverem de maneira tão próxima, nunca realmente se importou com essa “fase” de Hange. Nos poucos segundos em que ele estava ali, agachado ao lado dela, veio à mente de Levi muitos momentos em que Hange parecia estar precisando de algum tipo de ajuda ou de pelo menos, um apoio, e ele nem sequer ligou para isso.


Os dois se esforçavam tanto para cuidarem de Lara, mas percebeu que ele mesmo não estava cuidando da mãe de sua filha. Após esta reflexão, Levi decidiu tomar uma atitude.


- Você já tomou algum remédio para a cólica e a dor de cabeça, Hange? - perguntou, levantando ela pelos ombros, delicadamente.


- Ah, Levi… - ela suspirou, levantando com dificuldade - Você sabe como é difícil eu sair daqui quando estou no meio de uma pesquisa.


- Por que não pediu para o Moblit? - perguntou Levi, levando-a para uma cadeira.


- Ele teve outros afazeres hoje, então passei o dia inteiro sozinha… - respondeu Hange, com uma voz tristonha, mas logo se encurvou para os joelhos, apertando a barriga, novamente - A Lara teria me trazido um remédio, se estivesse aqui…


Levi colocava as engrenagens de sua cabeça para funcionar, então, teve uma ideia.


- Venha, Hange - disse, enquanto a levantava da cadeira e a encaminhava em direção à porta - Já chega por hoje. Nem seu corpo aguenta mais.


- Mas, Levi… - respondeu Hange, com uma voz bem manhosa.


- Nada disso, quatro-olhos - disse ele, dando um pequeno sorriso enquanto a pegava pela cintura - Vou te levar para o seu quarto e tratar de te dar algum remédio.


Hange fez algum som inaudível e, apesar de ser mais alta que Levi, por conta de estar encurvada por causa da dor, encostou a cabeça em seu peito.


Os corredores estavam vazios e praticamente todos os soldados já deveriam estar tendo o terceiro sonho.


Apesar da situação, Levi estava se sentindo bem naquele momento, acreditando ser por pensar estar sendo útil para Hange. Sentia um prazer em seu coração de poder estar ali, dando apoio e cuidando dela.


Pela linguagem corporal de Hange, apesar das dores, ela também parecia estar se sentindo bem confortável. Em um momento, no silêncio dos corredores, ela deu um grande suspiro, que não parecia de dor, mas sim de contentamento, e aninhou sua cabeça entre o pescoço e o ombro de Levi.


Isso fez o coração dele inchar, sentindo uma pontada de alegria, como se gostasse de ela ter se aninhado nele, pedindo que a cuidasse e protegesse.


Chegando ao quarto de Hange, instintivamente, os dois olharam para a cama vazia de Lara e se entreolharam com um sorriso triste. Hange novamente fez um biquinho para Levi.


- Pronto - disse ele, enquanto a colocava sentada na beira da cama - Enquanto você coloca o pijama, eu vou lá na enfermaria pegar um remédio para sua cólica e dor de cabeça.


Hange murmurou algo que Levi não conseguiu entender e, quando tentou se afastar, percebeu que ela segurava em sua mão.


- Não demora, tá?


Ele deu um pequeno sorriso para Hange, soltando sua mão delicadamente.


- Levi?


- Sim?


- Pede por favor lá na enfermaria o remedinho vermelho para cólica. Ele é bom.


- Claro.


Levi saiu, fechando a porta do quarto. Foi até a enfermaria e pegou tudo o que tinha que pegar, inclusive uma bolsa de água quente que a própria enfermeira de plantão recomendou, para que Hange colocasse na região onde estava com cólica.


Retornando ao quarto, Levi observou que Hange já estava de pijama e debaixo das cobertas. O cômodo estava escuro, somente com uma lamparina acesa ao lado de sua cama.


- Não consigo ficar em ambientes muito claros quando tenho esse tipo de dor de cabeça - disse Hange, enquanto Levi fechava a porta e andava em sua direção.


Ele a entregou a bolsa de água quente e foi encher um copo com água. Após tomar os remédios, Hange finalmente suspirou, aliviada.


“E agora?”, pensou Levi. “É só isso? Ela vai dormir e amanhã acordar melhor?”


- Você se importa de me fazer companhia até eu dormir? - perguntou Hange - Pega uma cadeira e arrasta até aqui.


Levi não pensou duas vezes e colocou a cadeira da escrivaninha ao lado da cama, ficando de frente para Hange. Colocou sua mão esquerda em cima do travesseiro e disse em um tom baixo:


- Você quer que eu faça mais alguma coisa?


Hange deu uma risada baixinha e disse que não precisava de mais nada. Fechando os olhos, colocou sua mão ao lado de seu rosto, no travesseiro. Devagar, ela foi aproximando sua mão, até que delicadamente, a colocou em cima da de Levi.


De maneira totalmente instintiva, Levi entrelaçou sua mão na de Hange, e começou a acariciá-la. Ela retribuiu o carinho, dando um sorriso, ainda de olhos fechados. Levi analisava seu rosto. “Como ela é linda”, ele pensava. Analisava a curvatura de seu nariz, seu queixo fino e pontudo, seus cabelos um tanto quanto desgrenhados e principalmente, seus lábios.


Então, Hange fez uma pequena expressão de dor.


- Que dor de cabeça chata… Espero que o remédio faça efeito logo…


- Onde dói, Hange?


- Bem aqui - ela apontou para o meio da testa - Sempre é aqui que me dói mais na menstruação.


Analisando Hange naquela situação, o sentimento de cuidado cresceu dentro do peito de Levi e, lentamente, se inclinou e deu um longo e suave beijo em sua testa.


- Melhorou? - perguntou Levi.


- Melhorou, sim… Mas agora aqui também está doendo - Hange apontou para a ponta de seu nariz.


Na hora, Levi percebeu o que ela estava fazendo e deu uma leve risada. Delicadamente, beijou a ponta de seu nariz, também.


Só que agora, o próprio Levi apontou para a bochecha direita de Hange e perguntou:


- E aqui? Está doendo?


- Dói demais, não estou aguentando! - ela respondeu, fingindo uma expressão de dor.


Então, Levi beijou sua bochecha direita. Foi perguntando para cada parte do rosto de Hange se ali estava doendo e, conforme ela confirmava, dava um beijo. Até que chegou no queixo e finalmente, bem no cantinho da boca.


Com os rostos muito próximos, Levi olhou bem no fundo dos olhos de Hange, apontando para sua boca.


- E aqui, quatro-olhos? Está doendo? - perguntou, baixinho.


- É o lugar onde mais sinto dor… - Hange colocou sua mão livre no rosto de Levi, enquanto ainda mantinha a outra entrelaçada com a mão dele.


Da mesma maneira, Levi também segurou o rosto de Hange, e ambos fecharam os olhos e encostaram seus lábios.


O beijo que deram foi diferente dos outros, porque foi profundo, apaixonante e claro, maravilhoso. Movimentando suas cabeças, apertavam as mãos entrelaçadas cada vez mais forte, conforme a intensidade de suas respirações aumentavam. 


Após um longo tempo, que nem eles saberiam dizer quanto, se afastaram lentamente, finalizaram com um selinho e Levi percebeu que Hange sorria.


- Olha… Se em todas as minhas menstruações eu for tratada assim, estou feliz da vida! - disse ela, enquanto dava uma espreguiçada gostosa.


Levi deu um pequeno sorriso, ainda um pouco tímido pelo que tinha acabado de acontecer.


- Vou deixar você descansar - disse ele, dando um último beijo em sua testa e se levantando para ir embora.


- Levi, antes de sair, pegue o cavalo de pelúcia da Lara para mim, por favor.


Ele entregou a pelúcia e Hange se aninhou debaixo das cobertas, agarrada ao bichinho. Num pensamento que durou apenas um segundo, Levi sentiu uma leve pontada de inveja daquele cavalo de pelúcia.


Apagou a lamparina e caminhou em direção à porta, com a luz da lua entrando um pouco pela janela.


- Levi…


Virando-se, conseguia ver um pouco do brilho dos olhos de Hange.


- Muito obrigada por ter cuidado de mim hoje…


- Não foi nada… Boa noite, Hange. Espero que amanhã esteja melhor.


Ele a viu sorrir e se cobrir mais com as cobertas. Depois de algumas noites dormindo mal, por conta de sua insônia crônica, nesta noite, Levi dormiu feito um bebê.



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Autor(a): NathaliaCroft

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Hange estava sentada na cama de Lara, apertando inconscientemente o cavalo de pelúcia enquanto observava a lua pela janela. Nevava muito lá fora. Batia o pé repetidamente no chão e olhava para a porta aberta a cada dez segundos. Numa das vezes que olhou, encontrou Levi parado, a encarando. - Ela ainda não chegou? - perguntou ele, entrando ...


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