Fanfic: Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC) | Tema: Attack on Titan/Shingeki no Kyojin

Lara tinha os olhos inchados, de tanto que já havia chorado.

Estavam todos na entrada da Floresta das Árvores Gigantes, aguardando o retorno de Levi, seu Esquadrão, Mikasa e quem sabe, de Eren, também.

Hange estava sentada no chão, com Lara deitada em seu colo, enquanto fazia carinho em seus cabelos. Os olhos de Hange também estavam inchados.

Pelo que contabilizaram, muitos soldados foram perdidos, principalmente os da lateral direita, que é de onde a Titã Fêmea tinha vindo, trazendo consigo um bando de Titãs.

A soldado Müller, que acompanhou Lara desde que fora resgatada e que uma vez teve sua vida salva pela menina, se foi desta vez. Assim como muitos outros soldados que Lara teve profundas amizades. Sentia como se tivesse algo em sua garganta e um grande vazio no estômago.

Então, ouviram um farfalhar de folhas vindo da Floresta, e de sua entrada, surgiram Mikasa e Levi, que segurava Eren em seus braços, desmaiado. Levi rapidamente colocou o garoto no chão, que pelo que Lara pôde ver, estava envolto numa espécie de casulo muito gosmento.

No mesmo instante em que Eren tocou o chão, todos os soldados se reuniram desesperados em volta dele, para saberem sobre seu estado. É claro que Mikasa foi a primeira a fazer isso. O tumulto foi tão grande que Levi acabou sendo praticamente enxotado do local.

Mas, Hange e Lara não foram até Eren, foram até Levi, que estava com uma expressão de profunda agonia e mancava muito do pé esquerdo.

- Papai! - exclamou Lara, correndo ao seu encontro.

- Levi! - disse Hange, com lágrimas nos olhos, indo segurá-lo, pois estava quase caindo.

As duas o ajudaram a se distanciar bastante do tumulto que envolvia Eren. Apoiando os braços nos pescoços de Hange e Lara, Levi olhou para trás, vendo como todos quase subiam um em cima do outro para ver o garoto.

- Só vocês vieram ver como eu estou? - perguntou ele, com um ar cansado - Puxa, minha moral está alta mesmo…

- Levi - disse Hange - Você sempre será o mais importante para nós.

Ele lhe deu um sorriso triste e sentiu um acalento em seu coração.

- Papai - disse Lara, ajudando-o a se sentar no chão, quando estavam já bem longe do tumulto - O que aconteceu?! Você machucou o pé?

Levi fazia uma careta de dor intensa.

- Deixa eu ver isso aqui - disse Hange, enquanto pegava o pé esquerdo de Levi, que soltou um grunhido de dor.

- Eu acho que não cheguei a quebrar - disse ele, entredentes - Mas, acredito que rompi alguma coisa. Fui tentar salvar Mikasa de um tapa da Titã Fêmea e acabei pousando de mal jeito.

Elas faziam as mesmas expressões que Levi fazia, como se os três estivessem sentindo a mesma dor. Hange delicadamente analisava o pé de Levi, enquanto Lara fazia carinho em sua mão para acalmá-lo.

- Você tem razão - respondeu Hange - Isso aqui está muito feio… É perigoso eu tirar sua bota agora, porque depois não vai conseguir colocá-la de novo. Quando chegarmos ao Quartel, irá direto para a enfermaria. Mas, acredito que você vá precisar ficar de repouso por um bom tempo, porque daqui a pouco, vai inchar muito isso daqui.

- Que droga… - murmurou Levi.

- Nós vamos cuidar de você, papai - disse Lara, sorrindo - Igual vocês cuidaram de mim quando eu também quebrei meu pé e minha costela.

- Obrigado, filha - Levi deu um sorriso triste e afagou seus cabelos.

- Onde está o seu Esquadrão? - perguntou Hange, colocando o pé no chão de maneira delicada.

Levi baixou a cabeça e passou a mão no rosto. Sentiu a dor atingir com força em seu peito, mais até do que a dor que sentia no pé. Lentamente, ele foi balançando a cabeça em negação.

- Não… - Hange arregalou os olhos - Não pode ser…

Lara olhava de um para o outro, sem entender a princípio, mas então, sua ficha caiu e deu um suspiro tão alto, que ela mesma se assustou, colocando a mão na boca.

- Não, papai… Não pode ser… Todos eles? O Eld, o Oluo, a Petra e o Gunther?

Levi acenou que ‘sim’ com a cabeça, ainda cabisbaixo.

Um choro veio do fundo da garganta de Lara, que deitou-se no peito da mãe e começou a chorar novamente. Hange abraçou sua filha e começou a balançar devagarinho, como se a estivesse ninando. Lágrimas começaram a brotar dos olhos de Hange e também acabou deixando escapar o som de um choro.

- Levi… - ela deu um grande suspiro para recuperar o ar do choro - Sentimos muito pela sua perda… Sabemos o quanto eles eram seus amigos.

Hange pegou na mão de Levi e a apertou bem forte. Ele retribuiu, colocando a outra mão no rosto para se esconder. Levi sentia seu peito inchar e um nó na garganta querer se formar, mas simplesmente, não conseguiu deixar sair o quanto queria chorar naquele momento pelos amigos que tinha perdido.

♦♦♦

O trágico retorno dos soldados da Tropa de Exploração fez com que os poucos que ainda acreditavam neles, deixassem suas esperanças para trás de uma vez. Muitas, muitas vidas foram perdidas. Por conta de todo o prejuízo das vidas e dos custos da missão, Eren acabou sendo destituído dos cuidados da Tropa de Exploração. Como a situação dos soldados era deplorável, as autoridades deram alguns dias de prazo para poderem se recuperar primeiro.

Levi precisaria ficar de repouso por cerca de duas semanas. Os soldados da Tropa de Exploração ainda continuaram hospedados no castelo, mas, por conta de precisar de acompanhamento médico, Levi precisou ficar no Quartel, em seu quarto, porque achava a cama da enfermaria extremamente desconfortável.

Hange estava certa. Logo no dia seguinte, um grande caroço cresceu no pé de Levi, do tanto que havia inchado. Ele realmente havia rompido alguns tendões e somente na terceira semana de tratamento que ele poderia pensar em começar a caminhar e se locomover lentamente para outros lugares.

Durante o dia, Levi ficava sozinho no quarto, pois Hange e Lara continuavam no laboratório com suas pesquisas. Nestes momentos de solidão, foram os que ele se permitiu finalmente chorar pela perda dos amigos. Antes de deixarem a Floresta das Árvores Gigantes, Levi arrancou o símbolo da Tropa de Exploração do colete de cada um deles e os colocou em uma caixa que guardava com mais vários outros recortes de muitos amigos soldados que já se foram. Era sua maneira de dizer que um dia, eles estiveram vivos e que foram importantes.

Às vezes, Lara aparecia durante o expediente de trabalho para lhe fazer uma visita e trazer chá com biscoitos, o que deixava o dia de Levi muito mais leve. Ela havia feito um lindo desenho do “Esquadrão Levi”, segurando baldes e esfregões em frente ao castelo, para sempre poder se lembrar deste momento que passaram juntos.

À noite, Hange e Lara faziam questão de jantar com Levi e conversavam sobre o que tinham feito durante o dia. Ele mais escutava do que falava, pois seus dias normalmente eram passados com muitas leituras de livros e divagação.

Desde a primeira noite, Lara não queria deixar seu pai dormir sozinho. Hange havia comentado com Levi, certa ocasião em que ela havia ido ao banheiro, que Lara voltou bem mais traumatizada nesta missão, do que das outras, e que não estava conseguindo ficar sozinha por muito tempo. Também disse que Lara estava um tanto quanto mais carente do que o normal.

- Será que não podemos dormir todos juntos na cama do papai? - perguntou ela, certa vez - Vamos fazer um sanduíche, igual fizemos naquela noite que eu voltei do Treinamento de Inverno. Eu gostei muito... - Lara olhou para o chão, tristinha - Me senti mais segura…

Hange e Levi se entreolharam, um pouco envergonhados, mas acabaram cedendo. Então, todas as noites, os três se aconchegavam na pequena cama de Levi, formando o tal sanduíche, com Levi e Hange servindo de pão, e Lara como recheio.

Todas as noites, sem exceção, após Lara dormir enfiada no peito da mãe, Levi ficava acariciando o rosto de Hange, e ela fazia o mesmo, em silêncio.

Desde que voltaram da missão, um sentimento de apego se tornou mais forte entre os dois, como se quisessem agarrar-se com todas as forças àquilo que ainda tinham de mais precioso.

Então, quando percebiam que Lara dormia de maneira tão profunda que nem mesmo uma explosão a acordaria, Levi puxava delicadamente o rosto de Hange para perto de si e beijava seus lábios, silenciosamente. Ficavam fazendo isso por muito tempo, até Hange dormir.

Certa noite, os três estavam deitados e somente a luz da lua entrava pelo quarto. Hange e Levi estavam virados um para o outro e ele agarrava sua cintura, trazendo-as para mais perto de si, como se quisesse protegê-las. Hange piscava lentamente, pois estava para pegar no sono a qualquer instante.

- Hange? - Levi sussurrou bem baixinho.

- Sim…? - seus olhos já estavam muito, muito pesados.

- Por favor… Espere somente mais um pouco, está bem?

Hange queria perguntar sobre o que ele estava falando, mas tinha tanto sono, que somente murmurou um “sim, espero”, e adormeceu logo em seguida.

No dia seguinte, queria perguntá-lo sobre o que se tratava aquilo, mas já não sabia se havia sonhado ou se realmente tinha acontecido, então, achou por bem não dizer mais nada.