Fanfics Brasil - A História de Lara Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC)

Fanfic: Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC) | Tema: Attack on Titan/Shingeki no Kyojin


Capítulo: A História de Lara

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O som da chuva preenchia os ouvidos da menina. Seu corpo inteiro doía e sentia muita fome.


Quando abriu os olhos, percebeu que estava dentro do que parecia ser uma cabana, mas em uma sala pequena, deitada numa cama.


Notou que por cima de seu vestido creme, que estava imundo, agora havia uma capa verde. Era muito aconchegante.


Devagar, sentou-se. Ao seu redor, haviam três pessoas: a mulher que tinha ajudado na floresta e os dois soldados, loiro e moreno.


A mulher estava sentada bem ao lado da cama, com um olhar doce e preocupado. O moreno, sentado ao fundo, com os cabelos cobrindo os olhos, a encarava. Já o loiro, com os braços e pernas cruzadas, dava um pequeno sorriso.


- Você está bem, querida? - a mulher perguntou, pousando a mão em cima das cobertas - Como se chama?


- Lara - a menina respondeu, baixinho.


- Lara? - a mulher confirmou - Muito prazer, meu nome é Hange Zoë. Sou a Líder do 4º Esquadrão da Tropa de Exploração, mas tenho certeza de que você nem faz ideia do que isso significa, não é? - perguntou, rindo.


- Mais ou menos - respondeu Lara, tentando parecer simpática.


- Está vendo aqueles dois homens ali? - Hange apontou para os soldados - Eles são meus grandes amigos, pessoas em que confio plenamente.


- Oi - disse Lara, acenando timidamente - Muito prazer.


O soldado loiro apoiou as mãos nos joelhos abertos, em uma linguagem corporal que passava confiança.


- O prazer é todo meu, Lara. Meu nome é Erwin Smith, Comandante da Tropa de Exploração - disse, entusiasmado - Esse aqui do meu lado, com essa cara feia, é o Capitão Levi Ackerman, mais conhecido como o melhor soldado da humanidade - Erwin fechou a mão em uma concha ao lado da boca, como se contasse um segredo - Você já ouviu falar nele?


Levi bufou, revirando os olhos.


- Ignore-o - disse Levi, olhando para a menina com um pequeno sorriso e uma sobrancelha levantada - Muito prazer, Lara.


- Desculpe, senhor - respondeu Lara, sem graça - Nunca ouvi falar, não… Só conheço a Tropa de Exploração de maneira geral.


- É por isso que eu amo crianças! - exclamou Hange, rindo - Lara, querida… Primeiro, eu gostaria muito de te agradecer por ter me ajudado naquela floresta. Todos nós estamos muito impressionados com o que você fez.


De repente, Lara se lembrou do que tinha acontecido. Tudo começou a vir em flashes em sua mente; a pancada, o lugar escuro, a solidão, os Titãs, o pavor…


Suas mãos começaram a tremer e fixou seus intensos olhos azuis para Hange com uma expressão de puro horror.


- Moça, quero dizer... Hange - Lara disse baixinho, segurando as mãos da mulher - Pelo amor de Deus… Me ajuda...


Hange se assustou e virou-se para Erwin e Levi, como se pedisse auxílio. Os dois soldados sentaram na ponta da cadeira, confusos.


- C-Claro - Hange olhou para Lara, preocupada - Nós va--


- Lara - Erwin começou a falar com firmeza, fazendo a criança olhar para ele - Não se preocupe. Você está completamente a salvo aqui. Ninguém vai te machucar, eu prometo.


Lara buscou o olhar de Levi, que também parecia preocupado. Ele fez um movimento de respiração profunda, inspirando pelo nariz e soltando o ar pela boca, sinalizando para que a menina fizesse o mesmo, procurando acalmá-la.


Ela o imitou e respirou fundo por diversas vezes, até conseguir fazer seu coração voltar ao normal.


- Prontinho… - disse Hange, acariciando os cabelos de Lara - Já passou. Está se sentindo melhor? - perguntou, oferecendo um copo com água.


Lara bebeu e respondeu que já estava se sentindo melhor.


- Nós estamos aqui para te ajudar, tá bom? - disse Erwin, tentando acalmá-la - Vamos por partes? Primeiro, você sabe onde está?


A menina olhou ao redor, analisando o interior de madeira da cabana e depois, para a janela do lado de fora. A chuva estava ficando mais forte. Ela balançou a cabeça, em negação.


- Certo - concluiu Erwin, compreensivo - Você se lembra de como veio parar aqui?


Lentamente, Lara foi acenando que ‘sim’ com a cabeça. Mas o sentimento de horror estava querendo voltar para o seu coração.


- Você consegue nos contar o que aconteceu com você? - perguntou Levi, olhando gentilmente nos olhos da criança, então deu uma pausa - Se não conseguir falar agora, nós iremos entender.


- Consigo… - confirmou ela, olhando devagar para os três soldados ao seu redor - Meu nome é Lara e tenho dez anos.


- Qual é o seu sobrenome, querida? - perguntou Hange.


- Eu… Não tenho um sobrenome - respondeu Lara, cabisbaixa.


- Como assim? - perguntou Erwin, levantando as mãos em confusão - Você não tem sobrenome?


- Eu sou órfã, Sr. Smith - respondeu Lara, encarando-o com certa melancolia - Não tenho família alguma nessa vida. As pessoas que me criaram pensaram que eu não merecia um sobrenome, por causa dos pais que tive.


Ouviu-se o som de um forte trovão ao longe. Levi ficou inquieto em sua cadeira, sentindo um certo desconforto.


- Sinto muito… - disse Erwin, baixinho - Prossiga, por favor.


- Até onde me contaram lá no orfanato - continuou Lara, olhando para fora da janela - meus pais eram terríveis ladrões e assassinos muito procurados do Distrito de Karanesu. Quando eu era recém-nascida, durante uma fuga da Polícia Militar, a carruagem sofreu um acidente - ela deu uma longa pausa - Eu fui a única sobrevivente.


Lara agora olhava para suas mãos.


- A Polícia me encontrou nos escombros e, obviamente, fui jogada em um orfanato do Distrito. Quando eu digo jogada, é no sentido literal mesmo… Me colocaram embrulhada perto do lixo, porque alguém sempre passava por ali para ver se tinha algum resto de comida e, eventualmente, avisariam alguém de dentro do orfanato. Nem se deram o trabalho de tocar a campainha.


Hange a encarava com a boca entreaberta, não acreditando em seus ouvidos.


- Eu sei que muita gente tem a impressão de que orfanatos ajudam as crianças abandonadas e tudo o mais... - continuou Lara, mexendo os braços - Mas a verdade é que as pessoas de lá mal veem a hora de cada uma das crianças ir embora.


Erwin olhava para a menina, franzindo o cenho. Ela era muito, muito jovem… Mas falava como uma adulta. Nunca tinha visto algo assim. Com certeza precisou amadurecer mais rápido do que o normal.


- Eu tenho certeza de que o que aconteceu comigo, foi algo que “carinhosamente” (só que não), nós, as crianças do orfanato, chamamos de ‘Oferenda’ - continuou Lara, com uma expressão séria. Ela respirou fundo, fechou os olhos e continuou - ‘Oferenda’ é quando uma ou duas crianças, escolhidas de forma aleatória, são jogadas para fora das muralhas. Alguém maluco o suficiente é pago para levar a vítima para o lado de fora à noite. 


O vento e a chuva batiam forte na janela.


- O motivo é simples: o orfanato está sem dinheiro e precisa economizar em algo, se é que me entendem. Engraçado, né? O orfanato não tem dinheiro para nos sustentar, mas tem dinheiro para pagar uma pessoa que nos mande para a morte - riu Lara, sarcástica - Para eles, vale mais a pena alguém se arriscar fora das muralhas, do que dar um fim na criança pelo lado de dentro, com a desculpa de que ‘vai que alguém descobre, imagina o escândalo!’ Com certeza, o governo iria cortar imediatamente o “auxílio” que o orfanato recebe a cada mês.


- Mas - continuou - Confesso que no começo eu não acreditei que isso realmente acontecia lá no orfanato… Então, fui percebendo que vez ou outra, uma criança sumia aqui, outra ali… Até que uma bela noite, há uns três dias, eu nem sei mais dizer, depois que fui dormir, senti a presença de alguém ao lado da minha cama e me lembro de ter levado uma pancada muito forte na cabeça.


Hange estava com lágrimas escorrendo pelas suas bochechas. Lentamente, Levi se escondia dentro das sombras que as nuvens escuras de fora faziam no quarto.


- Então - prosseguiu Lara - me lembro da sensação de estar sendo chacoalhada, sabe? Acredito que eu estava em uma carruagem. Quando acordei de manhã, estava em algum lugar desta floresta. Eu nunca senti tanto medo em minha vida - suspirou - De verdade, não faço ideia de como sobrevivi... Parece tudo muito nebuloso na minha cabeça… Mas agora me lembro de uma coisa - a menina virou-se para Hange, que levou um susto com o movimento repentino - Sabe a espada que eu usei para matar aquele Titã? 


Hange balbuciou que ‘sim’, com os olhos arregalados.


- Eu a consegui quando estava correndo pela floresta - continuou Lara - Estava desesperada atrás de algo que pudesse me ajudar… Até que.... Encontrei o corpo de alguém.


Erwin baixou a cabeça, cobrindo o rosto com as mãos.


- Na hora percebi que era um soldado da tão famosa Tropa de Exploração - disse Lara, em um tom baixo e triste - Bom, pelo menos o que restou dele… Vomitei assim que o vi - Lara deu uma longa pausa e de repente, olhou com firmeza para Erwin - Eu sei que não é justo o que dizem sobre vocês, Sr. Smith!


De forma abrupta, Erwin levantou os olhos lacrimejantes.


- Eu sei o quanto vocês lutam para proteger a humanidade, Comandante. Nós, as crianças lá do orfanato, amamos e admiramos muito vocês, sabia? - Lara o fitou intensamente, com lágrimas nos olhos - Eu sei que o medo que senti naquela floresta é o mesmo medo que vocês sentem toda vez que saem de dentro das muralhas, enquanto as pessoas de dentro ficam falando mal de vocês. Agora eu entendo!


Erwin tremia por inteiro, cobrindo a boca. “Como alguém da sua idade já consegue pensar assim?!”, perguntou-se. Estava se segurando para não abraçar aquela criança, sentindo um grande orgulho crescendo em seu coração.


- Eu sei que eu sou descartável para aquele orfanato de onde vim, Sr. Smith - Lara olhava no fundo dos olhos de Erwin, sentindo uma força crescendo dentro de si - Mas eu acredito que todo ser humano é útil, não importa quem seja, muito menos de onde veio. Sei que meus pais podiam ser da pior espécie possível, mas até mesmo eles tiveram sua utilidade, porque me permitiram nascer. E te garanto de que não serei mais descartável. EU serei extremamente útil para a humanidade! Daqui a dois anos, sei que vou poder me alistar e juro que vou entregar o meu coração para ser a melhor soldado que vocês já tiveram! - Lara olhou para Levi, dando um pequeno sorriso tímido - Com todo respeito ao Sr. Ackerman, Comandante.


Hange soltou uma risada tão alta, que todos pularam de susto. Na verdade, a coitada estava rindo de nervoso. Passando a mão pelo rosto, ela olhou para Erwin. Os dois não sabiam se sentiam pena, admiração ou espanto após ouvirem aquele relato.


Enquanto Lara dava um pequeno sorriso para Hange e Erwin, percebeu que, oculto pelas sombras, Levi a observava. Ele não sorria, como os outros dois soldados. Lara parou de sorrir quando percebeu que um brilho passou pelo rosto de Levi e de repente, teve um sentimento bom em seu coração, mas não sabia identificar o que era. Talvez, fosse uma espécie de acalento.


Porque aquele brilho no rosto de Levi era uma lágrima.


O coração do soldado mais forte da humanidade moveu-se de íntima compaixão pela menina. Finalmente conheceu alguém que o podia compreender.



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Autor(a): NathaliaCroft

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Hange estava sem palavras. Nunca ouvira uma história como a que Lara tinha acabado de contar. Já tinha ouvido muito falar sobre orfanatos terríveis, dignos de histórias de terror. Mas nada parecido com isso. Jogar crianças para fora da muralha era algo desumano. A pessoa que fez e organizou isso possuía uma pedra no lugar do cora&cc ...


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