Fanfic: Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC) | Tema: Attack on Titan/Shingeki no Kyojin

BUM!!! BUM!!! BUM!!!

O Titã Bestial jogou mais uma chuva de pedras.

- Ele acabou de descobrir onde estamos - Levi disse ao Comandante - Este lugar está prestes a ser atacado. Erwin, se realmente não houver chance para um contra-ataque, vamos nos preparar para recuar.

Levi apontou para o Eren desmaiado em cima da muralha.

- Suba lá e faça-o acordar. Faça-o fugir levando quantas pessoas ele conseguir carregar… Dessa maneira, podemos pelo menos salvar alguns…

Então, os dois ouviram um burburinho vindo dos recrutas.

- Ei! - disse um soldado com cabelo tigelinha, chamado Marlowe - O cavalo fugiu!

Marlowe agarrou o soldado ruivo que Levi tinha tentado puxar pela capa, que se chamava Floch.

- Por que não o parou?! - exclamou Marlowe.

-  Cale a boca! - respondeu Floch - O que isso importa?!

- Como é?!

- Todas aquelas pessoas foram abatidas como se a sua força não significasse nada! - Floch agora chorava - Não finja que você não entendeu! Não adianta proteger os cavalos, se não houver ninguém vivo para ir para casa neles!!!

Os recrutas o olhavam com assombro. Muitos já até choravam, também.

Marlowe o largou. Floch sentou no chão, segurando os cabelos com angústia.

- Eu costumava pensar que tudo fazia sentido… - disse ele, entre as lágrimas - Se a humanidade apenas se escondesse atrás das muralhas, algum dia, os Titãs entrariam e matariam todos nós… Mas, alguém tinha que se arriscar e agir. Para prevenir que pessoas se tornassem vítimas, alguém tinha que ficar e se voluntariar a ser uma vítima. Mas… Quem seria esse bravo soldado? Quando me perguntaram isso, eu acreditei que poderia ser um herói!

Marlowe estava em choque, com lágrimas nos olhos, também.

- Se apenas eu soubesse que estava sendo enviado aqui para morrer e que seria totalmente sem sentido! - continuou Floch, com as imagens de seus amigos que morreram há pouco em sua mente - Quando penso sobre isso, tenho certeza que mais pessoas se sentem assim… Por que fui pensar que eu seria diferente?!

Floch afundou o rosto em suas pernas, chorando. Os outros recrutas se entreolharam, pensando exatamente a mesma coisa que ele.

Levi o observava, sério. Então, virou-se para Erwin.

- Talvez você devesse ir para casa a cavalo com os recrutas e com os outros do outro lado da muralha. Pegue as minhas meninas e vá embora… Enquanto os Titãs focam em mim, vocês podem escapar com Eren.

- O que você está planejando? - perguntou Erwin.

Levi fechou os olhos. 

Pensou em Hange e Lara.

Pensou nelas indo para casa, completamente seguras e salvas desse inferno.

- Eu... Vou enfrentar o Titã Bestial - respondeu Levi, levantando os olhos - Eu posso impedi-- 

- Impossível - cortou Erwin - Você não chegaria nem perto.

Levi olhou para o Bestial.

- Provavelmente… - respondeu, então, respirou fundo - Se isso ajudar os soldados, você, o Eren e minhas meninas a voltarem vivos, ainda teremos alguma esperança - Levi apertou suas mãos e engoliu seco - Mesmo que isso custe que eu fique para trás.

Levi olhou para seu amigo.

- Não é isso o melhor que podemos fazer? Estamos sendo massacrados… - ele secou um suor da testa - Odeio dizer isso, mas, para ser bem honesto, ainda tenho dúvidas se algum de nós vai sair vivo dessa…

Erwin o olhou, sério.

- Você estaria certo… Se um contra-ataque fosse realmente impossível.

Levi arregalou os olhos.

- É… Possível?!

- Sim.

Levi virou-se para Erwin, um pouco irritado.

- Por que não disse isso antes?! Por que teve que manter sua maldita boca fechada?!

- Se o plano que tenho em mente funcionar - respondeu Erwin, impassivo - Você será capaz de derrotar o Titã Bestial...

BUM!!! BUM!!! BUM!!!

Mais uma chuva de pedras os atingiu.

- ...Enquanto os recrutas e eu sacrificaremos nossas vidas no processo - completou o Comandante, em meio a saraivada.

Levi e Erwin olharam para o lado. Os recrutas estavam gritando em agonia, se abaixando, tentando se proteger. Agora, a região em que se resguardavam estava quase totalmente nivelada. Em breve, não teriam mais onde se esconder.

- É uma situação desesperadora… - disse Erwin, ainda muito calmo - Não há como evitar um grande número de mortes.

Levi virou-se bruscamente para ele.

- De fato - continuou Erwin - Nossa completa exterminação é ainda o resultado mais provável - ele começou a andar - Mas, é justamente esse o motivo que a nossa melhor opção é usar nossas mortes para nos dar uma pequena chance de vitória.

Levi o seguiu.

- Para fazer com que esses jovens recrutas se sacrifiquem - continuou Erwin - Precisaremos de algo muito convincente… A menos que eu também carregue o fardo, nenhum deles seguirá as ordens. Portanto, serei o primeiro a morrer... E eu nunca terei a chance de saber o que está no porão da casa do Eren.

- O quê? - perguntou Levi, confuso.

Desde que conheceram Eren, ele carregava consigo uma chave que dizia ser do porão de sua casa, onde ele acreditava que seu pai havia escondido os segredos dos Titãs.

Levi o encarava de olhos arregalados.

Erwin sentou-se em uma caixa de madeira, encostada na parede de uma casa, com um ar muito cansado.

- Eu… Ainda quero ir ao porão… - disse, cabisbaixo - Tudo que fiz até agora foi para ver este momento acontecer. Quero ver por mim mesmo que eu estava certo todo esse tempo… Toda vez que pensei sobre a morte ser o caminho mais fácil, o sonho que meu pai e eu compartilhamos aparecia em minha mente.

Quando Erwin era criança, seu pai era professor. Um dia, Erwin o fez algumas perguntas sobre os Titãs e as muralhas, e seu pai lhe contou tudo o que sabia. Inocentemente, Erwin saiu espalhando essas informações para seus amigos. 

Então, no dia seguinte, recebeu a notícia que seu pai fora morto de maneira muito misteriosa. Tudo isso por saber demais… Desde então, Erwin tinha o desejo de saber a verdade e provar que seu pai estava certo, afinal.

-  E agora que estamos finalmente perto o suficiente para alcançar e obter todas as respostas - disse ele.

Erwin parecia muito aflito, se inclinando sobre seu corpo. Levi o olhava com pena.

- Estava tão perto… - continuou Erwin, triste - No entanto, Levi… Você consegue vê-los? Todos os nossos amigos que se foram?

Sim. O rosto de cada um deles passou pela mente de Levi.

- Todos estão aqui agora - disse Erwin, olhando para o chão - Se perguntando o que aconteceu com os corações que eles nos deram… Porque, a luta ainda não acabou.

BUM!!! BUM!!! BUM!!!

Mais uma chuva de pedras.

E mais gritos de horror.

- Será que tudo isso na minha cabeça não passa de um delírio infantil? - perguntou Erwin, triste.

Ele olhou para o amigo. Levi estreitou os olhos e ajoelhou-se na frente dele, cabisbaixo, dizendo:

- Você lutou bem. Nunca teríamos ido tão longe sem você.

Levi sentia seus olhos marejarem. Erwin era um dos raros amigos antigos que ainda possuía. Os outros, já estavam mortos. Na verdade, ele era seu melhor amigo. Erwin e Hange eram. Antes de Lara, os dois eram os únicos que vinham comemorar seu aniversário, que normalmente eram muito solitários.

Não… Não queria perder tudo.

Não queria perder a mulher que amava.

Não queria perder sua filha.

Não queria perder o melhor amigo.

E não, não queria mandar aqueles jovens recrutas para a morte.

O que lhe restaria, afinal? Se todos forem embora?

Sim… Ele sabia o que restaria: o vazio e a solidão.

Duas companheiras que já participaram muito de seus dias passados.

Em toda a sua vida, Levi repetiu para si que tinha que fazer escolhas que não iria se arrepender depois.

Isso tinha acontecido com Lara, quando ele inicialmente havia decidido que não queria ser o pai dela, simplesmente porque estava com medo de se permitir amar alguém e com o medo de decepcioná-la. E vejam, o que aconteceu? Quase a perdeu para sempre.

E se Lara não tivesse retornado para ele naquele dia, em seus braços? Como iria viver com aquele fardo? Como poderia olhar novamente para Hange?

Com certeza, sua vida seria bem diferente da que tinha agora. Apesar da situação em que estavam, Levi podia dizer que era uma pessoa feliz.

Porque ele havia decidido se permitir amar Lara e Hange. E não tinha nenhum arrependimento por isso.

Levi passou a mão no rosto, sentindo um grande aperto em seu coração.

Porém… Ele tinha seu dever como soldado. Havia jurado lutar e entregar seu coração pela humanidade. No momento, Erwin não estava conseguindo se decidir. Então, ele mesmo teria que decidir pelo amigo. 

Mas, quem no mundo gostaria de ter que tomar uma decisão dessas?

Quem enviaria seus amigos e companheiros para a morte?

“Então…”, pensou Levi. “Este é o preço que terei que pagar? O peso da morte de todos estes soldados nas minhas costas? O peso da morte do meu melhor amigo?”

Ele respirou fundo.

- Farei a escolha - disse, por fim, levantando seus olhos para Erwin, com uma expressão sombria - Desista do seu sonho e morra, e guie os recrutas até o inferno. E eu matarei o Titã Bestial. 

Erwin arregalou os olhos, surpreso. Encarou Levi por alguns segundos e então, baixou a cabeça, com um sorriso triste. Sentiu lágrimas em seus olhos.

♦♦♦

O Titã Bestial preparava mais algumas pedras para lançar em seu alvo.

Então, ouviu um som.

Eram cascos de cavalos, muitos deles. Acompanhados com gritos de guerra.

- AVANTE!!! - gritou o Comandante Erwin, na linha de frente de um dos três grupos de cavalaria.

Os soldados corriam velozmente em seus cavalos, gritando (sendo que a maioria dos gritos eram de total desespero e medo).

- Bom… - disse o Titã Bestial para si - Eu não achei que eles simplesmente viriam de encontro com a morte. Mas, fazer um suicídio em massa?! Esperava que fizessem algo melhor.

- AGORA! FOGO! - exclamou Erwin.

Os três grupos de soldados soltaram fumaças verdes. 

- Fumaça? - perguntou-se o Bestial - Ah, sim… São aqueles sinalizadores.

Agora, ele sabia para onde tinha que mirar.

- Ataque se aproximando! - exclamou Erwin, conduzindo o grupo para outra posição - Movam-se!

Enquanto os soldados gritavam, durante as trocas de posições, a voz de Erwin ecoava em suas mentes, onde ele havia dito somente há poucos minutos atrás:

“Informarei nossa operação final! Todas as tropas, em linha! Vamos atacar de cavalo! Nosso objetivo é o Titã Bestial. Claro, estaremos fazendo nós mesmos de alvos fáceis. Então, no momento antes dele atacar, dispararemos nossos sinais de fumaça de uma só vez. Isso deve afetar a precisão de sua mira. Enquanto agimos como uma distração, o Capitão Levi irá matar o Titã Bestial. Este é o plano!”

Neste momento, Levi ia de Titã em Titã, os matando, para se aproximar do Bestial, enquanto também se lembrava da última conversa que teve com Erwin:

“- O quê?! - Levi perguntou em determinado momento, um pouco antes de Erwin avisar as ordens para os recrutas - Você quer que eu mate o Bestial com o DMT? Ele está em uma área aberta, não vou conseguir me prender em nada!

- Existe sim - respondeu Erwin - Algo em que você possa prender seu DMT… Nos Titãs ao lado dele. Use-os para se aproximar silenciosamente e matar o Titã Bestial.”

Enquanto Levi voava, matando os Titãs um por um, olhou para o lado e viu todas as tropas se aproximando do Bestial com total velocidade.

Ele sentiu um grande aperto em seu peito e pressionou os lábios.

- Me perdoem… - sussurrou.

Os soldados continuavam a correr, aos berros, em direção ao Titã Bestial. As palavras de Erwin ainda ecoavam em suas mentes:

“- Quanto mais tempo ficarmos aqui, mais chances ele terá de atirar pedras em nós. Preparem-se imediatamente!

- Estamos indo lá para… Morrer? - perguntou Floch.

- Exato - respondeu Erwin, impassivo.

- Já que vamos morrer de qualquer jeito - Floch tinha lágrimas nos olhos - Está nos dizendo que devemos morrer lutando?

- Exato.

- Bom… - Floch riu de nervoso, em meio as lágrimas - Se eu vou morrer de qualquer jeito… Então, mesmo que eu morra depois de cumprir ou descumprir as ordens, minha morte pode ser totalmente em vão?

- Você está totalmente certo - respondeu Erwin. Floch arregalou os olhos - É completamente sem sentido. Quaisquer que sejam as esperanças ou sonhos que você possa ter tido, ou por mais afortunada que sua vida tenha sido até agora, nada disso importará no momento em que você for dilacerado pelas pedras do Bestial. Todos morrerão um dia. Mas, isso significa que a vida não tem sentido? Foi inútil para qualquer um de nós sequer ter nascido? Isso inclui os nossos camaradas que já se foram? As vidas deles foram sem sentido, também?”

Neste momento, o Titã Bestial lançou mais uma enorme chuva de pedras.

“CLARO QUE NÃO!”

Os cascos dos cavalos eram ensurdecedores.

“NÓS SOMOS AQUELES QUE DÃO SIGNIFICADO AOS SACRIFÍCIOS DELES!”

Os soldados já podiam ver algumas pedras voando pelos céus.

“NOSSOS CAMARADAS QUE CAÍRAM E SUAS BRAVAS MORTES. COMO SOBREVIVENTES, É NOSSO DEVER LEMBRÁ-LOS!”

Eles agora viam suas vidas passarem diante de seus olhos.

“MORREREMOS AQUI, CONFIANDO QUE OS SOBREVIVENTES ENCONTREM SENTIDO PARA AS NOSSAS VIDAS!”

As pedras estavam chegando.

“ESSE É O NOSSO ÚNICO MÉTODO DE SE REBELAR CONTRA ESTE MUNDO CRUEL!”

Erwin agora gritava, da linha de frente de sua frota:

- AVANCEM, SOLDADOS! GRITEM, SOLDADOS! LUTEM, SOLDADOS! OFEREÇAM OS SEUS CORAÇÕES!

BUM!!! BUM!!! BUM!!! BUM!!! BUM!!! BUM!!!

A última coisa que Erwin viu foi uma enorme pedra vindo em sua direção.

E então, escuridão total.