Fanfics Brasil - Acidente Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC)

Fanfic: Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC) | Tema: Attack on Titan/Shingeki no Kyojin


Capítulo: Acidente

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Enquanto Lara se lembrava com carinho do dia em que Hange descobriu estar grávida, assustou-se ao ver Armin dar um espasmo.


“Deve estar tendo um pesadelo…”, pensou ela. Por um milissegundo, seus dedos roçaram os cabelos loiros e curtos dele, mas, assim que os tocou, retirou rapidamente. Ainda não tinha coragem para fazer isso. Na verdade, não gostaria de fazer sem sua permissão.


“Que situação viemos parar, hein?”, Lara olhou para ele, dando um sorriso triste. Então, olhou de volta para fora da janela, se recordando do que aconteceu, há apenas umas três horas atrás.


Ela estava no treino com seu Esquadrão, como fazia quase todas as tardes. Quem normalmente era o responsável pelos treinos era seu pai, mas ele não estava ali hoje. Levi e Hange haviam ido para o porto há dois dias, preparar o dirigível que iria levar a Tropa de Exploração para a cidade de Libério, na companhia de Onyankopon. O motivo da ida a esta cidade da nação de Marley, era porque há três meses, Eren tinha ido até lá em uma missão diplomática, para estabelecer laços com a Associação para a Proteção dos Súditos de Ymir e quem sabe, conseguir algum tratado de paz.


Porém, Eren simplesmente não deu mais notícias de seu paradeiro, o que deixou todos extremamente preocupados. Então, há cerca de quase duas semanas atrás, ele enviou cartas pedindo seu resgate em Libério. O que os deixou mais perplexos foi saber que Eren queria que eles também resgatassem Zeke junto, ninguém menos que o próprio Titã Bestial. No decorrer das novas alianças que os Eldianos fizeram com os Marleyanos, acabaram descobrindo que Eren e Zeke, eram na verdade, irmãos do mesmo pai. E, aparentemente, enquanto Eren esteve em Libério, entrou em contato com o irmão, sem avisar ninguém da Tropa de Exploração. E agora, tinham que ir até lá resgatar o bonitinho em pleno território inimigo.


Este era o motivo de Lara estar tão preocupada com sua mãe e brava com a tamanha ousadia de Eren, pois nos últimos dias, Hange vinha reclamando de algumas dores na região da barriga, deixando Lara muito angustiada, e principalmente, Levi. Hange estava com cerca de cinco meses de gestação, o que era uma fase crítica para algumas possíveis complicações, já que, conforme os médicos disseram, seria uma gravidez de alto risco.


Então, na ausência de Levi como responsável, um outro instrutor tomou o seu lugar, o Capitão Rufus. Porém, este instrutor não gostava nem um pouco de Levi, por simplesmente pura inveja ou rivalidade. 


Rufus era bem mais velho que Levi, e tinha um aspecto físico de alguém que não parava de levantar pesos por um minuto sequer e que vivia à base de ovos, frango e batata doce. Mas, demonstrava um comportamento tão infantil, que provocava uma repulsa na maioria das pessoas. E, por não gostar de Levi, consequentemente, Rufus não gostava nem um pouco de Lara, sempre a dando os exercícios mais difíceis e que demandassem maior esforço físico.


Lara odiava ter treinos com ele. Não só ela, mas a maioria dos outros soldados, exceto apenas um grupo seleto de seguidores delinquentes que Rufus levava atrás de si e que compactuavam com suas picuinhas.


Como a missão de resgate de Eren seria dali três dias, eles decidiram praticar combate corpo a corpo, porque provavelmente, iriam lutar mais com pessoas, do que com Titãs em Libério. Então, Rufus começou a formar duplas de soldados, para praticarem entre si.


- Ei! - exclamou ele, parecendo mais um latido - Mini Ackerman! Venha aqui e faça dupla com o Arlert.


Mesmo sendo agora apenas uns dois centímetros mais baixa que seu pai Levi, Rufus insistia em chamá-la de ‘Mini Ackerman’, apelido que lhe deu quando ficou sabendo que havia sido adotada pelo rival. Na verdade, Rufus nem poderia ser considerado um rival de Levi, pois era tão insignificante, que pegava as espadas do DMT de um jeito muito precário, e se achava o maioral, mesmo assim.


Quando Rufus mandou Lara fazer dupla com Armin, praticamente todos ao redor pararam para olhá-los. Não perderiam aquela luta por nada.


Não era segredo para mais ninguém naquele Quartel de que Lara e Armin se amavam, mas que não estavam juntos, por conta da “maldição” de Titã. Durante esses três anos que se passaram, após Hange e Lara encerrarem suas pesquisas para uma cura, o relacionamento dos dois continuou praticamente o mesmo: um sendo o mais gentil possível com o outro, se falando somente quando necessário, o que na verdade, não era raro, pois, sendo o Oficial e braço direito de Lara, os dois tinham que ficar na companhia do outro por muitas vezes.


De maneira geral, eles tinham um bom relacionamento e se davam bem, apesar da grande tristeza de não estarem juntos ainda doer profundamente em seus corações, e isso era muito nítido para qualquer pessoa do Quartel. 


O que facilitava era que os dois tinham uma personalidade muito parecida, com a diferença de que Lara era uma pessoa extrovertida e Armin, introvertido. Mas, o jeito deles pensarem e seus valores eram muito similares, e ambos possuíam um grande sentimento de empatia, o que ajudou muito nesses três anos, pois um acabou tentando compreender o lado do outro e assim, viver e trabalhar juntos era muito menos doloroso. 


Além de que, como se amavam, procuravam sempre demonstrar um comportamento que fizesse o outro sofrer o menos possível. Fora o fato de que, apesar de todo o pesar que sentiam, desejavam continuar mantendo um relacionamento de harmonia e paz, evitando qualquer piora.


Mesmo procurando se relacionar com Armin da melhor maneira que podia, Lara ainda não concordava com sua decisão e, todos os dias, sentia uma angústia em seu peito por isso. Nos dias em que se sentia um pouco mais emotiva, acabava deixando sua tristeza transparecer um pouco, o que Armin percebia e que cortava seu coração.


Toda noite, Lara dormia segurando a concha de Armin e, para sua felicidade, poucos meses atrás acabou descobrindo que Armin também dormia segurando seu desenho que fez há muito tempo, numa vez em que fora almoçar e acabou sentando de costas para Eren, Mikasa, Armin e Floch. Como eles não a viram ali, Eren comentou com Armin de que já estava na hora dele jogar o desenho fora, pois estava muito amassado e sujo das lágrimas que o amigo derramara por cima. Armin firmemente disse que não iria fazer isso, e até mesmo Mikasa o defendeu. Então, em um tom muito maldoso, Floch sugeriu que Armin encomendasse outro, já que Lara parecia ser muito presunçosa ao assumir que ele gostaria ter algo dela para se recordar. Para a surpresa de Lara, Armin ameaçou Floch ferozmente, saindo a passos firmes do refeitório, praticamente o fuzilando com o olhar. Ela não conseguiu segurar algumas risadinhas e, para dar uma lição em Floch, fez questão de se levantar da mesa e virar-se para ele lentamente, o arrancando um olhar de completo assombro.


Porém, apesar de ser evidente que os dois ainda se amavam, Armin tinha um costume que deixava Lara um tanto quanto desassossegada. Durante esses três anos, Armin continuamente visitava Annie, que ainda estava adormecida dentro de seu cristal. Lara não entendia o porquê ele a visitava tanto. Até onde se lembrava, Armin e Annie eram apenas amigos que estudaram juntos na Academia. Além de que, foi por causa de Armin que conseguiram prender Annie. Então, por que agora ele demonstrava tanto interesse nela?


Lara pensava que, se um dia tivesse a oportunidade de conversar com Armin com um pouco mais de liberdade, gostaria de perguntá-lo o porquê visitava Annie com tanto afinco.


Foi por essa atitude de Armin que, em alguns momentos, Lara chegou a ter dúvidas se ele realmente ainda nutria sentimentos por ela, ou se achou melhor amar alguém que nem poderia amá-lo de volta, por estar adormecida dentro do cristal. 


Entretanto, mal Lara tinha tempo de pensar nesta possibilidade, que Armin demonstrava que ainda a amava, através de um olhar, uma atitude um pouco mais gentil do que o normal, ou até mesmo, em alguns casos raros, um sorriso para ela, quando a observava de longe. Lara não tinha certeza absoluta, mas houveram momentos em que Armin dava a entender de que talvez a sua decisão não foi a mais sábia e ela notava em como esse conflito interno causava nele uma extrema amargura.


Então, obviamente, quando Armin e Lara perceberam que teriam que lutar um contra o outro no treino, ficaram muito desconfortáveis, porque Rufus normalmente gostava de combates violentos, e nos treinos exigia que pelo menos alguém tinha que sair direto para a enfermaria.


- Vamos, Arlert! - exclamou Rufus, rondando Armin como um leão ameaçador - Está com medo de machucar a namoradinha? - ele olhou para Lara - E você, Mini Ackerman? Vai contar para o papai que te fiz lutar com o amaldiçoado aqui?!


Ela respirou fundo, tentando controlar o sangue que já começava a ferver dentro de seu corpo. Então, Lara e Armin pararam, um de frente para o outro, em uma posição de combate bem meia-boca. Eles se olharam por alguns segundos. 


Os dois já não eram mais adolescentes magros e fracos.


Lara, agora aos seus dezessete anos, já tinha um corpo belamente formado, com suas devidas curvas e não era mais magricela (eles crescem tão rápido, não acha?!). E, apesar de ser uma moça brincalhona, nos momentos certos, ela transmitia toda a sua maturidade e autoridade. 


Para o completo desespero de seu pai, alguns cadetes soltavam suspiros ao vê-la passar. Levi ameaçava a todos com o olhar, porque, desde que compreendeu a situação dolorosa em que Armin estava passando, sentiu tamanha compaixão pelo rapaz, que agora o defendia com unhas e dentes, se afeiçoando muito a ele e permitindo que somente Armin gostasse da filha, mas, evitava transparecer isso para o próprio. Hange e Lara ficaram extremamente surpresas e também orgulhosas ao perceberem este novo comportamento protetor de Levi para com Armin.


Os olhos azuis de Lara eram o atributo que mais chamava a atenção, pois eram grandes e expressivos. Em contraste com a pele clara, Lara adquiriu algumas sardas e possuía sobrancelhas escuras e marcantes, que evidenciavam muito o seu olhar. Seus cabelos castanhos batiam nos ombros, com uma franja muito similar à que Levi usava, o que a dava um pequeno charme quando se movimentava e às vezes, parecia ter vida própria.


Armin também já não era mais aquele rapaz magricela. Com dezenove anos agora, ele tinha uma excelente estrutura física, sendo até mesmo um pouco musculoso. Havia crescido e era cerca de dez centímetros maior que Lara. Não era tão alto quanto os outros colegas, como Jean, que agora tinha quase dois metros de altura.


Porém, agora Armin parecia bem mais maduro, justamente porque fez algo que mudou seu visual: cortou o cabelo, evidenciando mais os seus olhos azuis. No dia em que ele apareceu no laboratório de Lara para solicitar uma autorização, com o cabelo curto, ela pensou que iria infartar ali mesmo, pois ele havia ficado muito bonito, em sua opinião.


Como Lara agora prestava mais atenção nos seus hormônios durante seu ciclo, percebeu que em certa época do mês, seu olfato ficava muito mais apurado. Então, para contribuir com seu colapso, começou a sentir o cheiro de Armin quando ele estava perto, e chegou à conclusão de que ele tinha cheiro de bebê, tendo uma certa ocasião em que esses dias, eles haviam terminado de conversar no laboratório e, assim que Armin saiu, Lara trancou a porta e embolou sua capa verde nas mãos. Tapando a boca com a capa, gritou a plenos pulmões:


- DESGRAÇAAAAAAAAAAAAA!!! POR QUE É TÃO LINDO E CHEIROSO, SUA PESTE BUBÔNICA?!?!?!


Agora, ali um olhando para o outro em posição de combate, Armin e Lara tinham expressões nervosas. Os outros soldados já haviam formado uma roda em torno deles, ansiosos pela luta. Os capangas de Rufus já soltavam algumas expressões frases aqui e ali, torcendo para que virasse uma briga sangrenta.


À essa altura, todos os soldados da Tropa de Exploração haviam ganhado um novo uniforme totalmente preto, assim como também pesadas botas pretas, conforme Lara havia sugerido para Hange. Todas as soldados mulheres ficaram simplesmente encantadas com a novidade. Por ser de uma cor bem neutra, dava para intercalar o uniforme antigo e novo, conforme a vontade da pessoa. Porém, nos treinos, para evitar sujar tanto as calças brancas, foi combinado que todos usariam as calças e botas pretas novas e uma camiseta da preferência de cada um.


A teoria de Lara de que, quando duas pessoas que se amavam conseguiam conversar através dos olhares (assim como Levi e Hange faziam), foi confirmada. Vira e mexe, no dia a dia, Lara e Armin conversavam dessa maneira, quando precisavam se comunicar e estavam longe. Neste momento, não foi diferente.


“E agora?!”, perguntou Lara, aflita.


“Eu não sei!”, respondeu Armin. “Eu não quero bater em você!”


“Muito menos eu! E se somente fingirmos que estamos lutando?”


“O Rufus vai perceber... Me nocauteie e vamos acabar logo com isso!”


“De jeito nenhum que vou te nocautear, está doido?! Você que deve fazer isso em mim!”


“Eu nunca encostaria um dedo em você. Por favor, venha aqui e me derrube logo!”


“Espere, e se então um de nós der um golpe e o outro bloquear?”


Armin assentiu.


A técnica da conversa por olhares é boa, mas nem sempre é eficaz. No final, Lara acabou entendendo que ela era quem deveria dar o golpe e Armin, bloquear. Entretanto, ele entendeu completamente o contrário.


Então, quando Rufus deu um enorme grito de “COMEÇEM!”, que assustou todos ao redor, Lara e Armin também acabaram se assustando tanto que, ao mesmo tempo, os dois deram um chute alto e muito, muito forte.


CREC!


Rufus e sua trupe gargalhavam ao ver a cena à sua frente, enquanto os outros soldados cobriam a boca com as mãos, perplexos. Caída no chão, Lara agonizava ao ver seu pé direito um pouco fora do lugar. A expressão de Armin era a de completo desespero. 


- Você não era filha do Ackerman?! - exclamou Rufus, que estava vermelho, o tanto que ria - Achei que você tinha um pouquinho mais de força! Até onde eu sabia, você era uma das melhores soldados da humanidade. Que decepção!


Armin lentamente encarou Rufus. Possuía sangue injetado em seus olhos, tamanha fúria em que estava. Armin era a típica pessoa quieta e tímida, mas que, quando ficava bravo, deixava todos acuados e com muitos calafrios.


Então, para a surpresa de todos, Armin velozmente foi até Rufus, que não teve nem tempo de pensar, pois estava muito distraído, rindo. Armin pegou no pulso do instrutor, numa técnica que provavelmente aprendeu com Mikasa e com um único golpe, o deslocou, fazendo Rufus soltar um grito de dor. 


Os soldados, que já estavam perplexos ao presenciarem o pequeno acidente de Lara, ficaram ainda mais atônitos ao ver Rufus, agora praticamente chorando de dor, igual um bebê. Alguns começaram a soltar risadinhas aqui e ali, sentindo no fundo, muito orgulho de Armin por finalmente alguém ter dado uma lição no imbecil. Até mesmo Lara, em profunda agonia, arregalou os olhos, enquanto segurava seu pé torto.


Como se fizesse aquilo todos os dias, Armin se encaminhou a passos firmes para Lara e a carregou no colo, em direção à enfermaria, deixando Rufus choramingando para trás.


- Me perdoe, Lara! - exclamou ele, quando se aproximavam da enfermaria - Sou um idiota! Eu pensei que deveria dar o golpe e você bloquear, mas entendi errado.


- Não se preocupe - respondeu ela, com lágrimas saindo de seus olhos, tamanha dor sentia - Eu também acabei entendendo errado…


Para a surpresa total de Lara, Armin lhe deu um beijo em sua testa, pedindo perdão mais uma vez. Ela sentiu seu coração disparar de tal maneira, que ficou até aliviada ao verem que estavam entrando na enfermaria, pois, caso tivesse uma parada cardíaca, pelo menos estaria no local mais adequado para tentar sobreviver.


- Por favor! - exclamou Armin, andando pelos corredores - Preciso de um médico aqui!


De uma das salas, saiu um médico chamado Wilson, que era um dos senhores mais simpáticos e carismáticos que os soldados do Quartel já haviam conhecido. Ele havia sido um dos médicos que cuidou dos ferimentos de Lara pessoalmente, na vez em que ela tinha quebrado sua costela e seu outro pé, quando ainda era apenas uma criança. 


- Arlert?! - exclamou o Dr. Wilson - O que está fazendo aqui? Essa daí por acaso é a Larinha em seu colo?


Armin se aproximou do médico, com um semblante da mais extrema preocupação. Lara tentou dar um pequeno sorriso para o Dr. Wilson, mas não conseguiu.


- Ela se acidentou no treino, por culpa minha. Por favor, ajude-a. Onde posso colocá-la?


O doutor os direcionou para um quarto vago e Armin a colocou sentada na maca.


- Vamos ver o que temos aqui, querida - disse o Dr. Wilson, inspecionando o pé de Lara, que calçava as botas pretas do uniforme - Hmmm, isso aqui está estranho. O que exatamente aconteceu?


Antes que Lara pudesse explicar, Armin disparou:


- Foi a minha imbecilidade, doutor! Estávamos no treino e eu acabei dando um chute muito forte em seu pé.


- Ora, Armin! - respondeu o Dr. Wilson, colocando as mãos na cintura - Sabemos que a Larinha é um dos nossos melhores trunfos, mas, mesmo assim, você é homem e sua força, querendo ou não, é maior que a dela. Eu pensei que vocês se gostavam. Por que quis chutá-la?


- Eu não quis chutá-la, pelo amor de Deus! - exclamou Armin, praticamente implorando por misericórdia - Foi o Capitão Rufus que nos obrigou a entrar em combate e sem querer, demos o golpe ao mesmo tempo e acredito que a machuquei.


- É… - respondeu o Dr. Wilson, olhando com atenção o pé torto - Você está certo, acho que isso daqui não está nada bonito dentro da bota.


Então, ouviram um choro vindo do corredor. Quando os três olharam para a porta, avistaram Rufus passar, enquanto segurava seu pulso deslocado, acompanhado de alguns colegas e enfermeiras, parecendo bem entediadas. O Dr. Wilson olhou significativamente para Armin.


- Foi você quem fez aquilo?


Armin ficou um pouco pálido, com medo da bronca.


- S-Sim… - respondeu, quase num sussurro. Para sua surpresa, o doutor estendeu sua mão, para que Armin a apertasse.


- Parabéns! - exclamou, com um sorriso - Fazia tempo que eu queria fazer isso. Foi uma bela prova de amor.


Sem jeito, Armin retribuiu o aperto de mão e olhou para Lara, completamente vermelho. Ela também corou e voltou a olhar para seu pé. O doutor então apertou o braço de Lara com carinho, que até agora, só emitia sons de agonia e dor. 


- Larinha, vou precisar tirar a bota - ele piscou lentamente, com um sorriso triste - Vai doer, tá bom?


Lentamente, o Dr. Wilson foi tirando a bota de Lara, que mordia os dedos e deixava lágrimas sair de seus olhos. Armin suava frio, passando a mão pelo rosto. Quando ela ficou finalmente descalça, o doutor começou a inspecionar seu pé.


- Hmmm - murmurava ele, com a mão no queixo - Parece que não quebrou nada. Só está um pouco fora do lugar e provavelmente sofreu uma luxação. Vamos precisar colocá-lo no lugar agora mesmo, para não correr o risco de calcificar assim, certo?


Lara arregalou os olhos e sem querer, buscou o olhar de Armin, que aparentava estar sofrendo mais que ela. Lara se recordava muito bem da dor que sentiu quando Hange colocou seu pé quebrado no lugar, quando era criança, e agora estava prestes a sentir a mesma dor, novamente.


- Pronta? - perguntou o Dr. Wilson, se posicionando para fazer o serviço.


Instintivamente, Lara agarrou a camisa de Armin. Então, num gesto que pareceu fazer seu coração falhar, Armin pegou sua mão e entrelaçou seus dedos, assim como ela havia feito com ele na praia, três anos atrás. Armin as apertou contra o peito, fazendo carinho na mão de Lara.


Com o olhar, ele lhe disse: “Pode apertar o quanto quiser!”


Lara não sabia se ria ou chorava, se sentia tristeza ou felicidade, mas assentiu com a cabeça. Apesar da experiência do Dr. Wilson, não anulava o fato de que o procedimento iria doer. Um segundo antes do doutor fazer o serviço, Lara agarrou o travesseiro que estava atrás dela, na maca, e cobriu a boca, enquanto apertava a mão de Armin com força. Num movimento brusco, o Dr. Wilson colocou o pé de Lara de volta no lugar. Foi rápido, mas ela não conseguiu evitar dar um gritinho no travesseiro, fazendo Armin literalmente derramar uma lágrima em suas bochechas, tamanha dor que sentia em seu coração ao ver Lara passar por essa agonia.


Ao ver que lágrimas também desciam do rosto de Lara, o Dr. Wilson tentou puxar papo, enquanto começava a enfaixar o pé.


- Mas, me diga, Larinha… - disse, com um sorriso - Como está a gestação de Hange? Fiquei muito feliz que a família vai aumentar. Você sempre quis um irmãozinho, não é?


- Ela vem sentindo algumas dores fortes, ultimamente. Mas, sim, esperamos muito por isso... - respondeu Lara, ainda de mãos dadas com Armin, pressionando os dentes - Na verdade, eu queria que fossem quíntuplos, mas, minha mãe acha melhor que seja somente um, por enquanto…


Armin a olhou, atônito.


- Quíntuplos?! - repetiu ele - É muita boca para alimentar, não acha?


- Foi o que meu pai disse - Lara deu de ombros - Mas, eu também aceitaria gêmeos. Desde que minha mãe engravidasse de novo, mais tarde.


Armin a encarava com certa perplexidade. O Dr. Wilson deu uma gargalhada, enquanto enrolava as faixas.


- Vá logo preparando o bolso, Armin - disse ele, dando uma piscadinha para o rapaz - Essa daí vai querer ter uns cinco filhos com você, quando se casarem.


Com sua mão ainda sendo apertada no peito de Armin, Lara sentiu que o coração dele começou a acelerar consideravelmente e ficou mais vermelho que um tomate. Os dois acabaram se soltando, muito envergonhados e Lara tentou se esconder atrás do travesseiro.


- Ah! Vamos lá, Armin! - exclamou o Dr. Wilson, agora colocando a tala - Você ainda está com essa besteira da “maldição” do Titã na cabeça?! Pare de desperdiçar sua vida! Todo mundo morre um dia! Olhe só essa moça maravilhosa que você tem aí do seu lado - ele deu uma piscadinha para Lara, que não tinha mais travesseiro para poder enfiar a cara. 


Armin pressionou os lábios e fechou os punhos nas laterais do corpo, nervoso. Sentiu um aperto no peito. O doutor então bateu as mãos.


- Prontinho! Agora, vou preparar uma medicação para você tomar e de tempos em tempos, a enfermeira volta aqui para te dar, certo?


- Doutor - disse Lara - Eu preciso melhorar até o dia da missão para Libério. O senhor acha que eu vou conseguir ir?


- Olha… - respondeu ele, pensativo - Não é o que eu recomendo, mas, como te conheço bem e sei que não para quieta por um minuto, eu posso aumentar um pouco da dose dos seus remédios. Você vai precisar do auxílio de muletas e, definitivamente, não vai poder lutar de jeito nenhum, somente observar. Eu te dou alta para ir na missão logo antes de vocês partirem. Você sai daqui direto para o dirigível.


Emburrada, Lara olhou para Armin, que deu de ombros, em sinal de desistência. Aos poucos, ela concordou com a cabeça. Então, o Dr. Wilson começou a fungar.


- Isso é…? Cheiro de fumaça?! 


Ele e Lara começaram a olhar ao redor e então, encontraram a fonte da fumaça: o pé de Armin. Os dois olharam para ele, que ficou um pouco constrangido.


- Oh! - exclamou o doutor - É mesmo! Tinha me esquecido deste seu atributo de regeneração - ele se agachou para poder ver melhor - Que coisa mais interessante…


Armin olhava do doutor para Lara, nervoso e tímido. Ela encarava seu pé, boquiaberta. Parecia mágica. Pensou em como Hange iria gostar de presenciar aquilo.


- Muito bem, então! - exclamou o doutor, preparando-se para sair - Lara, fique à vontade, vou te deixar ficar com esse quarto só pra você. Seja bem-vinda à sua nova casa pelos próximos três dias!


Lara agradeceu, fazendo um biquinho desapontado e o Dr. Wilson saiu pela porta. Então, de algum lugar do corredor, ouviram o grito de Rufus.


- Acho que alguém colocou seu pulso no lugar - disse Lara, levantando as sobrancelhas.


- Eu estou encrencado… - Armin agarrou os cabelos, sentando-se numa cadeira ao lado da cama - Meu Deus… O que eu fui fazer? Primeiro, quase te quebro o pé e depois, agrido o instrutor… Que comportamento deplorável... Seu pai vai me matar, Lara…


- Meu pai? - repetiu ela, sentindo uma fisgada de dor - Se depender dele, é capaz de pedir para minha mãe demitir o Rufus e te colocar no lugar dele como instrutor.


Armin a olhou, desconfiado.


- Seu pai?


- Sim, o Capitão Levi - Lara deu uma risadinha - Ele gosta de você.


Armin arregalou os olhos.


- De mim?!


- Existe outro Armin Arlert nesta sala? - Lara abriu os braços.


Ele ficou a encarando, com o cenho franzido. Ela percebeu que Armin parecia fazer algum tipo de conta matemática na cabeça. Após um longo período quieto, exclamou, confuso:


- Por quê?! O que eu fiz?!


- Ah! - Lara estalou a língua, pensativa - Ele diz que você é teimoso e cabeça-dura igual a ele.


- Teimoso? Cabeça-dura? - Armin empertigou as costas - Por quê?


Lara apenas lhe deu um olhar significativo, com um biquinho de impaciência, que Armin entendeu no mesmo instante. Um silêncio constrangedor caiu sobre eles. Lara o olhava de soslaio, que estava muito corado. Ela limpou a garganta.


- Pode ir, Armin… Está liberado. Pode continuar seus afazeres. Obrigada por me trazer até aqui.


Por conta daquela situação, ele havia se esquecido de que Lara era sua chefe. Num salto, foi até ela, com uma careta indignada.


- De jeito nenhum! Vou ficar aqui. A culpa de tudo isso é minha e quero te ajudar! Só preciso falar com a minha Líder de Esquadrão, para ver se ela me libera.


Então, com a boca entreaberta, Lara observou Armin dar a volta na cama, somente para ir até ela de novo, do outro lado.


- Com licença, Lara… - disse, no típico tom de voz que sempre fazia quando ia falar com ela - Acabei acidentando minha Líder de Esquadrão e queria sua permissão para ficar com ela na enfermaria.


Lara começou a rir de tal maneira, que tanto a sua barriga, quanto o seu pé doeram. Era a primeira vez que presenciava Armin mostrar um pouco do seu lado mais descontraído. Ficou muito surpresa ao vê-lo assim mais solto, apesar das circunstâncias.


- Oficial Arlert - respondeu ela, secando uma lágrima - Você com certeza tem coisas muito mais importantes para fazer, do que ficar aqui comigo.


- Lara… - ele a olhou profundamente - Você sempre será a minha prioridade.



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Autor(a): NathaliaCroft

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