Fanfic: Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC) | Tema: Attack on Titan/Shingeki no Kyojin
Era madrugada de quarta para quinta-feira quando chegaram de volta à Paradis. Hange estava tão estressada, que cinco minutos antes de pousarem no porto, chamou os soldados em uma reunião no saguão, dizendo que todos poderiam tirar folga até segunda que vem, já que Eren e Zeke foram resgatados.
Ao chegarem no Quartel um pouco depois da hora do almoço, a primeira coisa que Levi e Lara fizeram foi levar Hange à enfermaria, que estava sentindo intensas dores na barriga. Os médicos a examinaram e chegaram à terrível conclusão de que ela corria o sério risco de ter descolamento de placenta, por causa dos inevitáveis esforços físicos que ela fazia e de sua pressão alta. Era uma situação muito grave, pois poderia resultar em complicações sérias para ela e o bebê, por conta das consequências dos sangramentos que poderiam ocorrer e da falta de oxigênio para o feto.
Armin aguardava os três saírem da sala de consulta, ansioso. Havia ido rapidamente tomar um banho e colocar uma roupa casual. Sentado em um banco, apoiava os cotovelos nos joelhos e seu pé batia descontroladamente no chão. Agora que estava em um relacionamento sério com Lara, não podia evitar se sentir preocupado com sua futura sogra.
Os médicos saíram da sala, seguidos por Lara, que tinha um semblante triste. Ele levantou-se num pulo e ela pediu para que entrasse. Inicialmente, Armin recusou, por não se sentir ainda confortável em participar de assuntos tão particulares da família, ainda mais que nem conversou direito com os pais dela sobre agora estarem noivos, pois só havia falado sobre este assunto com Levi, quando conversaram, e nada mais. Porém, ela carinhosamente insistiu.
Armin encontrou Hange deitada na maca, parecendo exausta e muito abatida. Tinha lágrimas em seus olhos e segurava sua testa com a mão. Levi estava ao seu lado, parecendo extremamente apreensivo, enquanto apertava os ombros da esposa. Até chegarem no Quartel, ele manteve um semblante de irritação, por conta do que teve que passar em Libério, com Eren e Zeke, que à essa altura, já estavam mantidos na prisão, por conta de tudo o que causaram. Mas agora, Armin sentiu um aperto em seu coração, pois Levi parecia apenas um pai muito, muito preocupado com o bem-estar de sua esposa e bebê.
- Como você está, Comandante? - perguntou Armin, tímido.
- Pode me chamar de Hange, querido - disse ela. Armin não conseguiu evitar sentir um certo acalento em seu peito, pois, apesar da situação, Levi e Hange pareceram muito receptivos com sua presença ali na sala.
Lara rapidamente explicou toda a condição de Hange para ele, pois sua mãe não estava se sentindo bem nem para conversar, tamanha angústia em seu coração. Armin se sentiu péssimo ao ouvir o diagnóstico e desejou que tudo desse certo e que poderiam contar com ele para qualquer coisa que precisassem. Hange conseguiu lhe dar um sorriso gentil em agradecimento, com lágrimas nos olhos.
- Filha - disse Levi - Eu vou levar sua mãe de carruagem para casa, porque andar a cavalo agora não é indicado. Você e o Armin podem levar nossos cavalos, por favor?
Lara buscou o olhar de Armin, perguntando se ele aceitaria ajudá-la e ele prontamente concordou. Minutos depois, Levi ajudava Hange a sair da enfermaria, para irem até a carruagem e para casa.
Armin e Lara estavam parados no meio do corredor da enfermaria. Ela tinha seus olhos um pouco arregalados, mirados em um ponto fixo, pensando na mãe e no bebê, e seu coração estava aflito. Ao vê-la neste estado, Armin imediatamente a entrelaçou em seus braços, beijando o topo de sua cabeça, dizendo que tudo ia ficar bem.
Lara se permitiu deitar em seu peito e fechar os olhos, enquanto ele a balançava devagar. Uma lágrima escorreu pelos olhos dela e respirou fundo. Armin acariciou suas bochechas. Uma angústia tomou o coração dele, ao ver sua amada tão abatida.
Armin olhou para o lado e avistou um rosto conhecido, o do Dr. Wilson. Silenciosamente, o doutor lhe deu um gentil sorriso e um sinal de "joia" com a mão. Armin não conseguiu evitar sorrir e retribuiu o gesto. O doutor pareceu muito satisfeito, acenando com a cabeça em aprovação. Armin fez uma nota mental de que, quando ele e Lara se casassem, iriam convidá-lo para a festa.
♦♦♦
Levi e Hange chegaram em casa. Ela estava tão exausta, que andava arrastando os pés. Antes de mais nada, Levi guardou nos armários os remédios que os médicos deram para Hange usar, caso sentisse mais dores e também um outro, para usar em extremo e último caso, quando começasse a sangrar muito, pois eram remédios fortes.
Levi a levou ao banheiro. Sem dizer uma palavra, sentou-a em um banquinho e começou a tirar as roupas de Hange. Para facilitar, ele também tirou seu próprio aparelho DMT, ficando só com o uniforme.
Ajudou Hange a entrar na banheira e logo que ela sentiu a água quente em seu corpo, adormeceu ali mesmo. Levi a olhava com um sorriso triste, enquanto acariciava o rosto da esposa. Ele se inclinou e beijou sua testa.
Levi deu um banho em Hange, massageando suas costas e pés, e suavemente passando a esponja em sua barriga. Em determinado momento, sentiu o bebê chutar e seu coração se aqueceu.
- Aguente firme, Serumaninho… - sussurrou ele, com a mão na barriga.
Ele precisou acordar Hange para ela sair da banheira, pois precisava enxugá-la. Parecendo meio grogue, ela assim o fez e cinco minutos depois, estava deitada em sua cama, de pijama. Uma brisa fresca entrava pela janela do quarto e Levi percebeu que ela sorriu ao sentir o vento em seu rosto. Estava um dia bem agradável e fresco.
Levi então sentou-se ao lado de Hange na cama e delicadamente levantou a blusa de seu pijama. Pegou o óleo essencial de lavanda e começou a passar em sua barriga. Novamente, o bebê chutou, como se agradecesse o carinho do pai. Ele sorriu.
Levi fechou a janela e cobriu Hange com as cobertas. Agora, somente algumas frestas de luz solar entravam pela janela de madeira, deixando o ambiente bem aconchegante para uma boa soneca. Antes de sair do quarto, Levi foi até Hange e lhe deu um longo selinho.
- Te amo - ele sussurrou.
- Eu também, amor - respondeu ela, com a voz embargada pelo sono - Por favor, sirva um chá da tarde para o Armin, quando eles chegarem.
- Pode deixar - Levi lhe deu um beijo na testa - Agora, descanse. Qualquer coisa, me chame. Qualquer coisa, mesmo.
Hange sorriu e respirou fundo.
- Levi?
- Sim?
- Foi você, não foi? - Hange pegou em sua mão.
- O que eu fiz? - perguntou ele, gentil, entrelaçando seus dedos.
- Foi você quem fez Armin mudar de ideia, não foi?
Levi pressionou os lábios.
- Como você sabe?
- Porque - respondeu Hange, segurando em seu rosto - Lara e Armin estão com um brilho diferente no olhar. É o mesmo que nós dois tínhamos quando você me pediu em casamento.
Levi sorriu e piscou lentamente.
- Fico feliz que eles se acertaram.
- Eu também - Hange sorriu - Até mesmo o Serumaninho aqui pareceu ter gostado. Acredita que o bebê não parou de se mexer enquanto Armin conversava com a gente na enfermaria?
- Acho que eles vão ser excelentes cunhados - disse Levi.
Hange não conseguiu evitar uma risadinha. Ela então o puxou e lhe deu um beijo.
- Obrigada por ter feito nossa filha e Armin ficarem felizes. Você é incrível.
♦♦♦
Armin e Lara cavalgavam lado a lado, cada um deles levando um dos cavalos de Hange e Levi. Ao longe, a casa dela se destacava por entre os pinheiros e montanhas que formavam a paisagem no fundo. Armin sentiu um frio na barriga.
Ele nunca tinha ido à casa de Lara. Se sentia ansioso pela nova realidade que, praticamente do dia para a noite, passou a viver. Cerca de apenas uma semana atrás, achava que iria passar o resto de sua vida mergulhado em amargura por não estar com ela, mas agora, estavam até noivos! Tinha momentos em que ele pensava estar sonhando e que logo iria acordar e voltar para o pesadelo de antes.
Mas, não. Lara estava ali, ao seu lado, com seus cabelos voando pelo vento. Ela o olhou e lhe deu um sorriso. Armin retribuiu, sentindo seu peito inflar de felicidade. Lara tinha um semblante melhor agora, depois que tomou mais uma dose dos medicamentos. O Dr. Wilson deu alguns comprimidos para ela tomar em casa nos dias de folga e provavelmente já voltaria ao trabalho completamente restabelecida.
Lara não morava muito longe do Quartel, coisa de vinte minutos a meia-hora a cavalo. No caminho, ela lhe contou mais sobre a gravidez de risco de Hange e de como estavam preocupados que algo pudesse acontecer com ela e o bebê, que Armin achou graça que Lara o apelidou de ‘Serumaninho’.
Os dois guardaram os cavalos no pequeno estábulo que tinha atrás da casa e Armin a acompanhou até a varanda. Antes que ele pudesse dizer alguma coisa, Lara abriu a porta principal e o convidou para entrar.
- N-Não - disse ele, acanhado - Não quero atrapalhar vocês. Devem estar exaustos e precisam descansar.
Lara então fez um biquinho triste para Armin, o olhando de baixo, parecendo um cãozinho carente. Aquilo o pegou completamente desprevenido e, por um momento, sentiu seu coração parecer falhar. Se segurou muito para não beijá-la ali mesmo. Ainda bem que Armin conseguiu se controlar, pois Levi apareceu na porta. Ele aparentava ter tomado banho e usava roupas casuais.
- Entre, Armin - disse Levi, estendendo o braço - Venha tomar um chá da tarde conosco.
Lara sorriu ao ver que o pai o autorizava a entrar. Antes que Armin pudesse recusar, ela o puxou pelo braço e Levi fechou a porta. Um pouco encolhido de vergonha, segurando as mãos na frente do corpo, Armin olhou para o interior da casa, achando tudo muito bonito e organizado.
- Posso mostrar a casa para ele, pai? - perguntou Lara.
- Pode - respondeu Levi, indo até a cozinha - Mas, tome um banho antes do chá.
Lara concordou e antes que o chamasse para segui-la, Armin se dirigiu a Levi.
- Capit-- digo, Levi - começou Armin, tímido - Eu gostaria de saber se em algum desses dias de folga, eu posso conversar com o senhor e com a Hange, por favor.
Levi olhou de Armin para Lara, que encarava o pai com um olhar significativo.
- Venha aqui almoçar no sábado - respondeu Levi, com um pequeno sorriso - Então, conversamos.
Armin concordou e sem que visse, Lara fez uma rápida dancinha comemorativa atrás dele. Levi teve que se segurar para não rir das palhaçadas da filha.
Lara chamou Armin para fazer o tour pela casa. Como a sala de estar, jantar e a cozinha eram meio que integradas, ela apenas foi apontando para os lugares, para que Armin se situasse. Aproveitou que estavam ali e mostrou o porão que tinha embaixo da casa, onde, finalmente havia se transformado em uma sala de treinamentos, que Lara e Levi usavam para brincar de lutinha, que, à essa altura, nem eram mais brincadeiras, mas treinos sérios.
Lara o guiou até o corredor da casa, entrando no primeiro quarto, que era o laboratório dela e de sua mãe. Armin ficou encantado ao ver que era praticamente uma mini-cópia do laboratório que tinham no Quartel. Depois, Lara entrou em outro quarto. Assim que olhou para o interior do cômodo, Armin percebeu que estava em reforma, pois haviam baldes de tinta e algumas caixas aqui e ali. Era o futuro quarto do bebê.
- Estamos quase terminando - disse ela, sorrindo.
Armin olhou para uma das paredes e arregalou os olhos, atônito. Do chão ao teto, de fora a fora, havia uma linda pintura de uma floresta, com alguns animais, como coelhos, cervos, raposas e pássaros, todos eles em versões filhotes. Ele instantaneamente olhou para Lara.
- Não vai me dizer que foi você quem fez isso?! - perguntou, boquiaberto.
Sem jeito, Lara respondeu que sim. Armin sabia que ela desenhava bem, mas não imaginou que fosse neste nível. O berço já estava montado, encostado em outra parede, ao lado de uma cômoda e uma poltrona, que Hange usaria para amamentar o bebê.
- Ainda faltam alguns detalhes - disse Lara, inspecionando o quarto - Quero tentar pintar o teto e fazer um céu estrelado, mas, não sei se vai dar tempo - ela então olhou para Armin, sorrindo - Espero contar com a sua ajuda, môzinho.
Com um sorriso bobo no rosto, Armin prontamente respondeu que seria um prazer ajudar. Lara então mostrou os banheiros e disse que só não mostraria o quarto dos pais, pois Hange estava dormindo. Então, ela o guiou até seu quarto.
Armin pensou que nunca viveria para entrar no quarto de Lara. Estava se sentindo muito acanhado. Olhou ao redor e viu que era um cômodo de tamanho médio, com uma cama, uma mesa de cabeceira, um guarda-roupa e uma grande escrivaninha, ao lado de um espelho. Tudo tinha uma decoração clássica e simples, com móveis claros, o que dava um ar muito aconchegante para o ambiente. A enorme janela na parede oposta da cama fazia com que uma suave brisa entrasse. Armin espiou a paisagem lá fora e se surpreendeu ao ver as montanhas ao longe, com nuvens passeando por cima delas. Imaginou que deveria ser incrível acordar com aquela vista.
Lara estava sentada em sua cama, já sem os aparelhos do DMT, que colocou no guarda-roupa, enquanto observava um curioso Armin inspecionar seu quarto. Ela o olhava com um sorriso, feliz por ele estar ali. Com interesse, Armin observava cada detalhe.
A escrivaninha ficava logo abaixo da janela e era cheia de materiais de desenhos, mas tudo muito organizado, divididos por categorias, em pequenas caixas de madeira.
- Então, é aqui que você fez meu desenho? - perguntou ele, dando uma risadinha. Lara confirmou, também sorrindo gentilmente.
Armin levantou seus olhos e levou um susto, empertigando as costas. Logo atrás de Lara, na parede onde sua cama era encostada, havia um enorme mural, quase preenchendo toda a parede, abarrotado de desenhos de todos os formatos e tipos. Lara levantou-se para ficar lado a lado com ele.
- É assim que eu vejo o mundo - ela sorriu.
Armin foi passando seu olhar por cada desenho. Aos poucos, foi identificando que eram rostos muito familiares. Lara possuía um estilo de pintura mais conceitual, não colocando muitos detalhes, mas que, ao olhar de longe, formavam o desenho completo.
A primeira coisa que notou, é que a maioria dos desenhos eram representações dela com seus pais. Ora os três juntos, ora ela com cada um deles. Haviam desenhos dos três deitados no gramado, olhando o céu, deles jogando cartas na sala, sentados à mesa de jantar, andando a cavalo e deles dormindo no famoso formato sanduíche, com Lara sendo o recheio, ainda criança e muitas outras cenas e lembranças dos três.
Também haviam desenhos de Lara com Levi, eles sentados na árvore comendo laranjas, olhando as nuvens, se divertindo no quintal e brincando de lutinha na sala. Assim como também haviam desenhos de Lara com Hange, com elas deitadas no sofá, com Lara aninhada em seu peito, ainda criança, as duas no antigo quarto do Quartel, pulando na cama, e de Lara acariciando os cabelos da mãe. Haviam alguns retratos isolados de Levi e Hange, sendo a maioria deles, a representação de Hange grávida, parecendo uma silhueta, o que eram muito bonitos.
Outra categoria de desenhos eram os de Levi e Hange juntos, em seu dia a dia, como os dois tomando chá na varanda, cozinhando, no escritório de Hange, voando em seus DMTs, jantando um ao lado do outro à luz de velas, deitados no gramado, abraçados e até mesmo, deles se beijando. Armin não sabia, mas, a cena do beijo era a que Lara presenciou quando ela e seus pais se reencontraram em Shiganshina, após Levi ter decidido que daria o soro de Titã para Armin. Ele reparou que as feições de Hange e Levi eram de dor e que lágrimas saíam de seus olhos enquanto se beijavam. Sentiu uma sensação de que aqueles semblantes eram familiares.
Então, passou para os próximos desenhos, onde reconheceu alguns retratos de Erwin, Mike e Moblit, todos eles com um semblante de serenidade e paz. Haviam desenhos de Lara e Erwin jogando xadrez, de Lara criança andando no cavalinho de Mike e de Moblit e Lara debruçados em várias folhas de papel, com diversos lápis coloridos nas mãos.
- Ele quem foi meu professor… - disse Lara, contemplativa, enquanto passava os dedos em um retrato de Moblit. Armin lhe deu um sorriso triste e apertou sua mão.
Então, ele passou os olhos em alguns desenhos que representavam as pessoas de seu Esquadrão. Não conseguiu evitar rir ao ver um desenho de Connie, Sasha e Jean, mas este tinha uma cabeça de cavalo no lugar de seu rosto. Mas, logo ao lado, havia outro desenho dos três abraçados, com Jean na forma humana.
Haviam também alguns desenhos de Mikasa. Ele achou bonito que Lara a desenhou em preto e branco, somente com seu cachecol vermelho em destaque, se movendo ao vento. Então, Armin empertigou as costas, ao ver um desenho um tanto quanto… Estranho.
- Amor, porque você tem um desenho de um pombo com uma peruca na cabeça?! - Armin a olhou, confuso.
Lara tapou a boca, segurando uma risada.
- Ah… Esse daí é o Eren.
Armin levantou uma sobrancelha.
- Hã?!
- Ah! - ela estalou a língua - É que sempre ouvi Eren falar muito sobre como ele quer ser livre e essas coisas… Então, pensei que o animal que mais o representava melhor seria um pássaro. Mas, no dia em que fiz este desenho, ele estava de mau humor e acabei achando melhor representá-lo como um pombo, que na minha opinião, é um animal cômico. Coloquei a peruca, para ser o cabelo dele, está igual? - Lara deu um olhar divertido para Armin.
- Olha… - respondeu ele, com a mão no queixo, rindo - Está idêntico!
Então, quando Armin reparou na última seção de desenhos, sentiu seu coração dar uma pulsada forte. Eram desenhos dele. Eram tantos, que chegavam até ser da mesma quantidade dos de Lara com seus pais.
De olhos arregalados, foi inspecionando cada um.
Eram desenhos bem diferentes dos demais. Alguns pareciam apenas rabiscos, mas que incrivelmente era nítido que se tratava de Armin. Muitos eram em preto e branco, com somente seus olhos ou seus cabelos destacando-se em cores, e havia uma certa fluidez em seus traços. Armin era retratado em diversas poses diferentes. Ora de perfil, de frente, sentado no refeitório, à porta do laboratório de Lara, de corpo inteiro, vestindo o grande casaco verde militar. Em todos, seu olhar era muito marcante.
Porém, a única coisa que Armin achou estranho era que, em todos os desenhos, um pedaço dele faltava. Não no sentido grotesco, mas por exemplo, se Lara o desenhava de frente, era somente metade de seu rosto, se de perfil, uma parte de seus cabelos não aparecia, se de corpo inteiro, a parte abaixo de seus joelhos ou parte de seus braços pareciam ter sido apagadas, dando um efeito degradê. Se estava em algum cenário, seu rosto estava embaçado, assim por diante. Armin lentamente a encarou, confuso. Lara olhou para os pés e pressionou os lábios.
- Eu te desenhei assim, porque eu nunca pensei que um dia poderia ter você por completo.
Ele sentiu um aperto no peito, se lembrando dos sentimentos horríveis que até pouco tempo atrás, habitavam em seus corações. Lara então apontou para um desenho, que estava quase no centro da seção “Armin”.
Era o desenho dele na praia, antes dos dois conversarem há três anos atrás, e que Lara inicialmente havia guardado dentro de uma caixa no guarda-roupa. Nele, Armin estava completamente nítido.
- Este foi o único momento em que eu ainda pensei que teríamos alguma chance de recomeçar… - disse ela, sentindo seus olhos marejarem. Lara então foi até sua mesa de cabeceira e pegou a concha.
- Aqui… - ela lhe entregou. Armin a olhava, atordoado e sentia seu queixo tremer. Lara continuou - Isso era tudo o que eu achei que teria de você...
As lágrimas chegaram aos olhos de Armin. Ele pegou a concha e passou seus dedos sobre ela. Então, olhou para Lara, que completou:
- … Até agora - ela sorriu e uma lágrima caiu em seu rosto.
Autor(a): NathaliaCroft
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Armin sentiu uma lágrima sair de seus olhos. Queria tomar Lara em seus braços e beijá-la, até alguém dizer chega. Queria lhe dizer que nunca mais ela sentiria essa tristeza por não estarem juntos, e que não precisaria mais desenhar apenas partes suas, porque seu coração agora a pertencia por completo. Mas, Armin ...
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