Fanfics Brasil - Família Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC)

Fanfic: Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC) | Tema: Attack on Titan/Shingeki no Kyojin


Capítulo: Família

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Queria muito agradecer a Gabi Xavier, que faz vídeos incríveis sobre Attack on Titan em seu canal do YouTube. Se não fosse a boa paciência que ela tem em explicar cada um dos episódios e capítulos do anime e mangá, eu estaria perdidinha kkkkk não sei vocês, mas para mim, tive muitas dificuldades em entender o plot a partir da 4ª temporada (por favor, me digam que vcs também sentiram, não quero ser a única burra por aqui hahahaha). Usei os vídeos dela como apoio no restante da história, pois me ajudaram muito a compreender melhor algumas partes. Valeu, Gabi! ♥


♦♦♦


Lara andava pelos corredores vazios do Quartel na segunda-feira bem cedinho, com um sorrisinho bobo no rosto. Ela e seus pais tinham acabado de chegar ao trabalho e fazia muito frio. O céu estava nublado, dando uma aparência escura para os ambientes. Tudo estava meio silencioso, como se as pessoas quisessem ficar cada uma no seu canto, tentando se esquentar.


Ela usava seu sobretudo verde da Tropa de Exploração, com as típicas botas marrons do uniforme. Colocou um cachecol branco para esquentar o pescoço e andava tranquilamente em direção ao seu laboratório com as mãos no bolso.


Quando chegou, encontrou Armin debruçado sobre uma das escrivaninhas, muito concentrado, provavelmente escrevendo algum relatório. Ela sorriu.


Havia presenciado esta cena por muitas vezes durante os últimos quatro anos. Armin tinha sempre o costume de chegar cedo para o trabalho, mas antes, nas vezes em que Lara o encontrava ali, entrava em seu laboratório, lhe dava um gentil ‘bom dia’ e ficava um silêncio constrangedor entre eles, até um dos dois sair para fazer alguma tarefa em outro lugar.


Mas hoje, parecia que o cômodo estava até mais colorido, tamanha alegria ela sentiu ao ver seu noivo ali, trabalhando. Silenciosamente, caminhou em sua direção e sussurrou em seu ouvido:


- Bom dia, môzinho.


Armin sentiu um arrepio por todo o corpo e se contorceu com as cócegas que sentiu na orelha. 


- Ihhhhh! - exclamou, pressionando os dentes. Lara começou a rir. Ele virou-se na cadeira e, quando viu que era sua noiva, abriu um enorme sorriso.


- Bom dia, linda - respondeu, levantando-se e a puxando delicadamente pela cintura. Lara entrelaçou os braços em seu pescoço. Armin pressionou seus lábios contra os dela, num selinho macio e rápido. 


Então, abriram suas bocas para um beijo. Lara inicialmente sentiu um gosto amargo na boca dele, mas, conforme seus lábios iam se movimentando devagar, um sabor bem adocicado começou a surgir, seguido por um aroma achocolatado. Ela pegou em seu rosto. Armin estranhou ao perceber que sua noiva o estava “sugando” mais do que o normal. Tentou se afastar, mas Lara praticamente o prendeu ali. Ele arregalou os olhos e começou a emitir sons pela garganta, como se dissesse “me deixe sair!”. Com dificuldades, conseguiu se desvencilhar.


- O que você está fazendo?! - perguntou ele, ofegante, segurando-a pelos ombros.


- Opa! Me desculpe, môzinho, foi sem querer! - respondeu Lara, rindo - É que você está com um gosto muito bom na boca. O que você comeu?


- Ah, sim! - respondeu Armin, agora também rindo. Ele virou-se e pegou uma xícara da escrivaninha - É mocha.


- Saúde! - ela franziu o cenho - “Mo-quem”?! - Armin riu.


- É café mocha. Foi o Onyankopon quem me ensinou a fazer. Ele estava no refeitório agora de manhã e me ofereceu um pouco - Armin mostrava a bebida em sua xícara - É bastante comum nas outras nações fora de Paradis. Eles tinham um bom estoque de alguns dos ingredientes nos navios, porque os soldados de Marley tomam bastante. É feito com aquele tal de café, leite, chocolate e um creme branco chamado chantilly, que é bem doce.


- Nossa! O safado nunca me falou sobre isso! - Lara estreitou os olhos, indignada, mas com um sorriso atrevido - Ai dele quando eu o vir! Como pôde deixar de falar para mim algo que tem chocolate no meio?! - ela riu.


- Quer experimentar? - perguntou Armin, animado.


- Ô, se quero! - Lara pegou a xícara e começou a tomar. No mesmo instante, sentiu com mais intensidade a fascinante combinação de sabores que estavam na boca de Armin e, quando menos percebeu, tomou a xícara inteira, deixando seu noivo um tanto quanto boquiaberto.


- Você tomou... Tudo? - perguntou ele, visivelmente chateado.


Lara ficou com um bigodinho sujo de café mocha e, quando percebeu o que fez, arregalou os olhos.


- M-Môzinho do céu! - exclamou, colocando a xícara na mesa e pegando no rosto de Armin - Me perdoe! Foi sem querer, de novo! Isso daqui é bom demais! E agora? Será que tem mais pra você? - ela fez um biquinho. Armin achou tão cômico o fato dela ainda estar com o bigodinho sujo e aqueles olhos azuis brilhando para ele, que não resistiu.


- Tudo bem, amor, eu te perdoo - respondeu ele, sorrindo e lentamente pegando em seu rosto com as duas mãos - Desde que você me dê o restinho do que sobrou.


- Ué, onde sobrou? - ela perguntou, confusa, mas logo se assustou ao ver que Armin a puxou e começou a beijar seu lábio superior. Lara finalmente entendeu o que ele quis fazer e riu. Os dois eventualmente acertaram a posição de suas bocas, num beijo mais “normal”. Eles se afastaram, rindo, enquanto Armin agradecia pelo “café mocha à la beijo”.


- Me desculpe, mesmo - disse Lara, acariciando seus cabelos - Vou pedir para o Onyankopon também me ensinar a fazer e te trago um assim que possível.


- Não se preocupe com isso - Armin lhe deu um sorriso gentil. Então, ele a trouxe para perto, pela cintura e eles fecharam os olhos, ficando com as testas encostadas, abraçados e se balançando devagarinho - Você dormiu bem? Fez muito frio lá na sua casa?


- Até que consegui dormir bem - respondeu Lara, então o encarou, de olhos arregalados - Mas, fez muito frio, sim! Achei que ia congelar! Ainda bem que meu pai apareceu numa hora lá da madrugada e colocou mais um cobertor em mim, que ele achou num dos armários. Coitado… Acho que teve insônia de novo... - ela parou de falar e deu um sorriso tímido.


- O que foi? - perguntou Armin, não conseguindo evitar sorrir, também. Ele tirou a franja da frente dos olhos dela.


- É que… - disse Lara, olhando para os pés, vermelha - Depois que eu consegui dormir… E-Eu sonhei com a gente…


- Jura? - ele ergueu as sobrancelhas - O que você sonhou?


- Acho que fiquei com a conversa do nosso encontro de ontem na cabeça - disse ela, sorrindo, com um olhar contemplativo - Da nossa casa e tudo o mais... Então, acredito que por causa do frio, acabei sonhando que estávamos casadinhos, dormindo juntinhos na nossa cama, e você me abraçava bem apertado, me esquentando - Lara timidamente levantou os olhos para ele, corada - Foi uma sensação muito boa…


Armin sentiu seu peito inflar e borboletas na barriga ao ouvir aquilo. Ele também corou. Com uma expressão acanhada, segurou o rosto dela com uma das mãos e respondeu, baixinho:


- Torço para que esses três anos passem bem rápido e isso aconteça logo.


Lara sentiu um calor acolhedor crescer em seu coração. Delicadamente, Armin pegou no queixo dela, lhe dando um longo selinho. Lara acariciava as bochechas do noivo de maneira suave e carinhosa.


 - Ah! - exclamou Armin, parecendo alegre - Eu contei à Mikasa que ficamos noivos. Só consegui falar com ela agora no café da manhã, porque ela passou os dias de folga fazendo companhia para o Eren, na prisão. Ela ficou muito feliz com a notícia e… - ele olhou para baixo, agora adquirindo uma expressão triste - Até chorou de emoção…


Lara ouvia tudo com um sorriso no rosto, mas quando ouviu que Mikasa chorou, seu semblante também se tornou abatido. Ela pensou que, com certeza, Mikasa se emocionou porque também queria que Eren tivesse feito a mesma coisa com ela.


- Ah… - suspirou Lara, chateada - Torço tanto para que ela seja feliz…


- Eu também… - respondeu Armin, sério - Acho que o Eren precisa de um chacoalhão, igual seu pai me deu… A Mikasa me disse que durante esses dias em que ficou lá na prisão com ele, não trocaram nem meia dúzia de palavras...


Lara olhou para baixo, pesarosa.


- Você já foi visitá-lo?


Armin pressionou os lábios e balançou a cabeça em negação.


- Achei melhor esperar um pouco… Eu não queria que nada estragasse nosso fim de semana - ele deu um sorriso triste.


Lara o abraçou devagar, acariciando seus cabelos de leve.


- Sinto muito por tudo isso… Deve estar sendo muito difícil para você e para a Mikasa...


Armin a apertou e os dois ficaram ali, um sentindo o calor do outro.


Então, ouviram alguém bater na porta aberta. Era Onyankopon.


- Com licença, Larinha - disse ele, sorrindo - Posso entrar?


Ela e Armin se desvencilharam, um pouco sem graça.


- C-Claro - Lara deu um sorriso tímido - Por favor, fique à vontade.


Onyankopon os cumprimentou calorosamente.


- Olha... - disse Lara, com uma expressão atrevida - Você não morre tão cedo!


- Por quê?! - perguntou Onyankopon, confuso.


- Fiquei sabendo que você anda ensinando o Armin a fazer café mocha - Lara colocou as mãos na cintura, como se desse bronca em uma criança - O senhorzinho não me disse nada sobre essa maravilha do mundo moderno!


- Ora, ora, mocinha! - agora Onyankopon quem tinha um sorriso atrevido - Eu me lembro muito bem de te contar sobre os tipos de café que tomamos nos outros países. Mas, você ficou tão impressionada com o sorvete, que nem me deu atenção quando falei sobre eles!


Lara colocou a mão no queixo, pensativa e se lembrou de que Onyankopon tinha razão. Fazendo um biquinho, se deu por vencida.


- Dessa vez, passa! - exclamou, dando-lhe um tapinha amigável no ombro - Desde que você me ensine a fazer o café mocha, também. Mas, me conta, o que está fazendo aqui?


- Eu estava conversando com a sua mãe agora há pouco e ela me pediu para te chamar para vocês visitarem o Eren na prisão. Ela só não veio pessoalmente, pois alegou que minhas pernas eram mais jovens e que eu não tinha um ‘Serumaninho’ pesado crescendo dentro de mim. Achei que foi um argumento válido e vim fazer este favor para ela - Onyankopon riu.


Lara se surpreendeu com o repentino convite e virou-se para Armin.


- Ah… Então se é assim, vem com a gente, môzinho. Já que você eventualmente iria visitar o Eren, mesmo.


Armin concordou. Então, ele e Lara viram que Onyankopon fazia uma expressão estranha, um misto de confusão e desconfiança.


- “Môzinho”? - perguntou ele, olhando de um para o outro, com as mãos na cintura.


Armin ficou corado e buscou o olhar de Lara, que não conseguiu evitar um sorriso atrevido e, descaradamente, fingiu um bocejo, tapando a boca com a mão da aliança, mexendo os dedos. No mesmo instante, os olhos de Onyankopon pousaram na mão direita de Armin e ele ligou os pontos.


- Mentira! - Onyankopon deu um enorme sorriso, batendo as mãos - Vocês estão… Noivos?! Assim, de uma hora pra outra?! Quando isso aconteceu que eu perdi?!


- Já faz alguns dias, mas oficialmente, desde sábado - respondeu Lara, sorrindo - Depois eu te conto tudo com mais detalhes. 


- Nossa, mas... Desculpe a curiosidade - disse Onyankopon, virando-se para Armin - O que fez você mudar de ideia assim, de repente?


- O Levi me ajudou com isso - respondeu ele, sorrindo timidamente.


- “Levi”?! - exclamou Onyankopon, agora virando-se para Lara, boquiaberto - Ele por acaso chamou seu pai pelo primeiro nome? - ele riu.


- Ih, você nem sabe! - exclamou Lara, também rindo - Esses dois agora já são praticamente melhores amigos! Acredita que meu pai descobriu que o Armin também gosta de investir?


- Vixi! - Onyankopon colocou a mão na testa - Agora é que ninguém mais segura o Capitão!


Todos riram e então, Onyankopon passou os braços nos pescoços de Lara e Armin, de um modo acolhedor.


- Mas, de verdade agora… Estou extremamente feliz por vocês, muito mesmo! Sempre torci para que desse certo entre os dois. Pra falar a verdade, ninguém aguentava mais ver vocês tão tristinhos por não estarem juntos. Tenho certeza de que todos irão ficar muito felizes com a notícia, também! - ele olhou para Armin, com uma sobrancelha levantada - Cuide bem da Larinha, viu? Encontrar uma moça como ela nos dias de hoje, não é brincadeira! - ele agora virou-se para Lara - Você também, cuide bem dele, pois é um rapaz de excelente caráter - Onyankopon os apertou forte, fechando os olhos - Que Deus abençoe vocês dois!


Então, para a surpresa de Lara e Onyankopon, Armin respondeu, com um sorriso:


- Ele já está abençoando.


♦♦♦


Lara, Armin e Hange ouviam os ecos de seus passos nos corredores gelados que levavam à cela de Eren. Assim como quando o visitou pela primeira vez, antes de ser julgado no tribunal, anos atrás, Lara sentiu calafrios ao ver o ambiente sombrio que a cercava. Ela e Armin andavam lado a lado, com suas mãos roçando, tentando procurar alguma fonte de calor, em meio àquele clima gélido.


Hange, porém, parecia estar de excelente humor. Os dias de folga e o noivado da filha realmente lhe fizeram muito bem e estava com um ótimo semblante. Quando chegaram em frente à cela de Eren, encontraram-no de frente à uma pia, sem camisa, se olhando seriamente em um espelho, somente com uma pequena vela iluminando sua face. Seu cabelo estava preso para trás e seu rosto, molhado.


- Lute… Lute… - ele dizia para si.


Os três ficaram o observando, confusos. Lara se perguntou em como alguém conseguia ficar sem camisa daquele jeito nesse frio, ainda por cima molhado com essa água congelante. Estava quase o mandando colocar um agasalho, quando Hange perguntou:


- O que você está fazendo?!


Eren a olhou de soslaio, com a mesma expressão séria de antes.


- Está falando sozinho e se olhando no espelho? Dizendo “lute, lute”?


Lara sentiu uma certa tensão no ar. Mas, sua mãe não pareceu notar e continuou dizendo:


- Ei, você disse “lute, lute”, não foi?


Eren agora olhava para si mesmo no espelho, firme.


- Quando você disse “lute, lute”... - continuou Hange, curiosa - Vai lutar contra quem? Se você está dizendo “lute, lute”, isso significa que vai ter que lutar duas vezes?


O cenho de Eren estava franzido e Lara sentiu seu queixo tremer. Ela sabia que sua mãe não fazia por mal, mas às vezes, Hange conseguia ser um pouquinho irritante, quando desembestava a falar sobre algo que tinha curiosidade. Rapidamente, Lara buscou o olhar de Armin, que parecia tão tenso quanto ela.


- Mãe… - sussurrou.


Um grande silêncio caiu sobre eles.


- Ficar quieto não está ajudando - disse Hange - Pessoas normais não ficam falando sozinhas desse jeito aí - ela então ficou cabisbaixa - É verdade, nem eu fico falando assim comigo no espelho... - Hange agora voltou a parecer animada - A propósito, eu gostei do seu cabelo!


Agora que Lara reparou bem. Nos últimos tempos, Eren estava com os cabelos longos, e agora, havia o prendido em uma espécie de rabo de cavalo.


- Desse jeito desgrenhado - Hange fingia prender o próprio cabelo - Parece que você é um trabalhador e uma pessoa “de boas”--


- POR QUE VOCÊ ESTÁ AQUI?! - Eren falou tão alto, que fez Lara e Armin pularem de susto. Sua voz ecoou pelos corredores desertos. Lara engoliu em seco e buscou a mão do noivo, que a apertou forte em resposta. Ela sentiu uma imensa vontade de sair dali o mais rápido possível.


- O quê? - perguntou Hange - Para conversar, é claro. Na primeira vez que conversamos, ficamos falando sobre Titãs a noite toda, lembra-se? Apesar de que você mais escutou e eu não parei de falar… 


Hange então respirou fundo e adquiriu um tom sério.


- Sabe... Eu acreditei, de verdade… De que você não sacrificaria a Historia.


Hange disse isso, porque cerca de um ano depois que Onyankopon e os novos aliados Marleyanos chegaram à Paradis, receberam a visita de uma mulher chamada Kiyomi Azumabito, embaixadora da nação de Hizuru. Ela lhes contou que Mikasa era uma herdeira muito importante de seu povo e propôs uma aliança de sua nação Hizuru, com Zeke Jäeger e a ilha de Paradis, obviamente visando seu lucro próprio, pois Paradis possuía matérias primas valiosas para Hizuru. Zeke já tinha uma estratégia em mente para ajudar o povo de Paradis usando o poder do Estrondo, um evento cataclísmico que é ativado pelo Titã Fundador (atualmente na posse de Eren) e com isso, pode despertar todos os Titãs Colossais que vivem dentro das muralhas e destruírem tudo o que virem pela frente.


As condições para este acordo eram as seguintes: dar ao mundo uma pequena amostra do poder do Estrondo, para que todos estejam cientes do tamanho da devastação que ele pode causar. O segundo, seria onde a nação de Hizuru se encaixaria, já que as forças armadas de Paradis eram muito inferiores das outras nações do mundo, então, Hizuru treinaria Paradis para que o Estrondo deixe de ser necessário. O terceiro seria passar adiante, tanto o Titã Fundador, quanto o Titã de Sangue Real, significando que as pessoas que possuíssem estes poderes deveriam ser devoradas no fim de suas vidas. No momento em que Kiyomi disse aquilo, todos ficaram perplexos.


Zeke propôs ser devorado e passar seu Titã Bestial para alguém de Sangue Real, por isso, até que seus treze anos da “maldição” de Titã dele terminassem, precisariam garantir que descendentes da Família Real nascessem. Naquele dia, Hange pensou que, mesmo que as forças armadas de Paradis avançassem, o Estrondo ainda seria uma arma muito poderosa e que, se não conseguissem se livrar do Estrondo, essa cultura de ficar passando Titãs de geração em geração iria ser interminável, empurrando o problema para as pessoas do futuro solucionarem, somente para salvar as vidas dos que viviam no presente.


Porém, para a surpresa de todos, Historia disse que o Estrondo era essencial para garantir a sobrevivência do povo de Paradis e que estava disposta a herdar o Titã Bestial. Quando Eren ouviu o que Historia disse, levantou-se irritado, falando que o povo Eldiano foi jogado dentro dessas muralhas, pisoteados e mortos pelos Titãs, e agora queriam que eles se reproduzissem feito gado. Naquele momento, disse que, se este era o preço para sobreviver, “que Zeke Jäeger se exploda!”, e que confiar unicamente no poder do Estrondo era perigoso demais. Completou dizendo que seria melhor utilizar o tempo que ainda tinham, buscando outras possibilidades. Historia ficou emocionada com o que ele disse naquele dia. 


Por fim, a nação de Hizuru não fechou nenhum acordo, pois não iriam sair no lucro. E o restante do mundo continuava desejando que a ilha de Paradis fosse vista como a fonte de todo o mal. Todos estavam péssimos com isso e, com amargura, chegaram à terrível conclusão de que teriam que usar o Estrondo e sacrificar a Historia. Na época, Lara presenciou Armin ficar completamente indignado de que nem ao menos conseguiam conversar com as outras nações ou fazer um tratado de paz, e Mikasa respondeu que era porque os outros países tinham medo deles, por não os conhecerem. Tinham medo do desconhecido.


Com isso em mente, empolgada, Hange teve a ideia de que, já que eles eram a Tropa de Exploração, deveriam fazer justamente isso mesmo, explorar. Tentariam se infiltrar em Marley, para poderem então conhecer o desconhecido. Sasha ficou particularmente empolgada, porque poderia experimentar comidas novas. Armin ficou bem animado com a ideia, pois, já que eles iriam fazer isso com o objetivo de manter a paz com todos, talvez as coisas finalmente poderiam começar a se encaminhar para um bom desfecho. Lara se lembrava de que, quando ouviu Armin dizer aquilo, ele a olhou com um brilho nos olhos e não conseguiram evitar sorrir um para o outro. Naquela época, Eren demonstrava se preocupar muito com os amigos.


Agora, de volta à cela onde Eren estava preso, Hange continuou:


- Eu achava que nosso jeito de pensar era bem parecido. Mas, me conta… Por que você resolveu agora agir sozinho e colocar todos em perigo desse jeito, Eren? Você não se importa mais com a Historia?


- Quando eu estava em Libério, eu devorei o Titã Martelo de Guerra - respondeu Eren, ainda olhando firme para seu reflexo no espelho.


Hange, Lara e Armin arregalaram os olhos, atônitos. Como eles ficaram no dirigível o tempo todo, não conseguiram ver realmente o que aconteceu naquela Batalha em Libério e ficaram sabendo deste detalhe somente agora.


- Com o poder deste Titã - continuou Eren - Eu sou capaz de usar o endurecimento para criar a arma que eu quiser - ele então olhou seriamente para Hange - Ou seja, não existe mais prisão que seja forte ou profunda o bastante para me segurar.


Naquele momento, Lara sentiu um frio correr por toda a sua espinha e seu corpo inteiro formigar. Hange estava de olhos arregalados, assim como Armin. De mãos dadas com ele, Lara percebeu que ambos tremiam.


- Eu posso sair daqui a hora que eu bem entender - disse Eren, encarando Hange - Como eu tenho o Titã Fundador, você não pode me matar - ele começou a andar em direção a Hange - E não importa o quanto você ameaçe o Zeke, você também não pode matá-lo.


Eren havia crescido e agora era bem mais alto que Hange, e a encarava com um olhar um tanto quanto maníaco. Ela se encolheu em sua presença e instintivamente, colocou a mão em sua barriga, como se quisesse protegê-la.


- E então, Hange? - perguntou Eren, ameaçador - Me diga o que é que você pode fazer.


O que aconteceu a seguir foi muito rápido. Num movimento súbito, Eren colocou a mão para fora e agarrou a gola da camisa de Hange e a puxou contra as barras da cela com violência, fazendo sua barriga dar uma pancada muito forte nas grades.


- DIZ PRA MIM, COMANDANTE HANGE! - exclamou Eren, parecendo furioso - O QUE É QUE VOCÊ VAI FAZER COMIGO?!


Lara e Armin estavam completamente sem reação e para o total desespero dos dois, raios amarelos começaram a sair do corpo de Eren, simbolizando que ele iria se transformar em Titã ali mesmo.


- ANDA! - gritou Eren, que parecia inflar - DIZ PRA MIM!


Lara não soube como fez aquilo ou nem onde encontrou coragem e força em seu ser para tal, mas, num salto, agarrou a mão de Eren e a soltou da gola da camisa de sua mãe, a abraçando instantaneamente, com sua mão na barriga dela.


- QUE ISSO?! - Lara gritou para Eren, com seus olhos injetados de sangue.


Hange ofegava e gemia, com uma profunda expressão de dor, e segurava sua barriga, olhando para Eren com muito medo. Sentiu as lágrimas inundarem seus olhos e seu coração começou a acelerar. Armin assistia tudo aquilo, horrorizado.


- Eren!!! - exclamou Lara, encarando-o furiosamente - Você sabe que ela tem uma gestação de risco! - ela bateu a mão na própria testa - O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA, CARA?!?!


Lara conduziu sua mãe para a saída da prisão, ainda o olhando, irritada. Hange estava inclinada sobre si, sentindo fortes dores na região da pancada na barriga, com as lágrimas já escorrendo por suas bochechas. Ela deu uma última olhada triste para Eren e saiu com a filha, que a amparava.


Armin não acreditava no que acabou de presenciar. Seu coração disparava em seu peito e sentia seu corpo inteiro tremer. Eren agora o encarava, com um olhar firme. Então, num súbito, Armin andou até as barras da cela, segurando-as com as duas mãos.


- Eren! - exclamou ele, com um semblante num misto de preocupação e raiva. Para seu desespero, ouviu Hange dar um grande gemido de dor ao longe. Agora, não expressava mais preocupação, somente raiva. Armin encarou Eren no fundo de seus olhos.


Por apenas uns dois segundos, Eren olhou para os dedos da mão direita de Armin e percebeu algo dourado e brilhante ali, então olhou em direção à saída da prisão. Nestes poucos segundos, seu semblante sério e carrancudo se desfez e Armin percebeu.


- É isso mesmo o que você está pensando - disse Armin, entredentes, mantendo seu olhar muito firme - Eu e Lara estamos noivos e vamos nos casar, coisa que você deveria ter feito com Mikasa há muito tempo.


Eren, que agora voltou a encará-lo seriamente, sentiu seu queixo tremer.


Armin levantou o dedo indicador e apontou na cara de Eren.


- Eu só te peço uma coisa - ele pressionou os lábios e franziu o cenho - Pare de afastar as pessoas que ainda têm algum resquício de consideração por você. Senão, o que te restará no final?


Com a respiração nervosa, os dois se encararam por mais alguns segundos e então, Armin virou as costas e saiu a passos firmes.


♦♦♦


- EU ODEIO SER COMANDANTE! - gritava Hange, deitada na maca da enfermaria, com médicos e enfermeiras ao seu redor, tentando acalmá-la - ERWIN, ESTE FOI O SEU PIOR ERRO! O QUE VOCÊ FOI FAZER?!


Lara, que agarrava a mão de Hange, ao lado da maca, tinha lágrimas saindo de seus olhos, com uma expressão de extrema angústia. Armin observava a cena a uma certa distância, com o mesmo semblante da noiva.


Os médicos analisavam a região da pancada na barriga, que agora tinha um enorme roxo. Hange se contorcia e gemia de dores, com lágrimas escorrendo por suas bochechas e apertando a mão da filha e os lençóis da maca. Os médicos se entreolhavam, preocupados, pois uma pancada na gravidez poderia desencadear o tão temido descolamento de placenta e até mesmo uma ruptura da bolsa, o que resultaria num parto prematuro extremamente arriscado para a mãe e o bebê.


Hange chorava, seus ombros sacudindo, sentindo o terror invadir seu coração. Seu corpo inteiro tremia de medo de perder seu precioso bebê, que demorou tanto tempo para conseguir tê-lo. Ela olhava para o teto e clamava:


- Por favor!!! - soluços saíam de sua garganta - Não deixe acontecer nada com o meu bebê, por favor!!!


Lara olhava da mãe para os médicos e enfermeiras, e então para Armin, sentindo um nó em sua garganta. Se sentia tão impotente no momento, que só conseguia beijar a mão de Hange e tentar acalmá-la. Até que, ouviram uma voz alta e firme vindo da porta:


- Quem fez isso?!


Era Levi.


Seus olhos estavam arregalados. Ao mesmo tempo que parecia furioso, estava completamente branco, como uma folha de papel. Sua voz era ameaçadora e causou um calafrio em todos no recinto.


Minutos antes, uma enfermeira havia saído rapidamente para avisá-lo do acidente, mas estava tão atordoada que só conseguiu dizê-lo que alguém tinha machucado a barriga de Hange. Mal Levi ouviu a notícia e saiu correndo, deixando a enfermeira plantada no local, boquiaberta.


Vendo que ninguém o respondeu, Levi perguntou novamente:


- QUEM. FEZ. ISSO?!


Hange pareceu nem perceber que o marido estava ali, tamanha angústia sentia, pressionando seus dentes e gemendo de dor. Lara arregalou os olhos ao ver o estado do pai e procurou desesperadamente o olhar de Armin, pedindo ajuda. Ele então foi até o sogro, para tentar acalmá-lo. Mas, ao ficar à sua frente na porta, Levi o encarou, arregalando ainda mais os seus olhos. 


- Me diga, Armin - agora seu tom de voz era baixo, mas continuava aterrorizador - Quem foi o desgraçado que fez isso?


Armin tinha um olhar amedrontado e seu queixo tremia.


- F-Foi o Eren… - respondeu, quase num sussurro.


Então, num súbito, Levi virou-se e saiu andando a passos firmes e rápidos no corredor, com sua capa verde esvoaçando atrás. Armin encarou Lara, completamente atônito.


Naquele momento, ela sentiu seu corpo inteiro formigar. Não sabia o que fazer, se ficava com a mãe para ajudá-la ou se ia atrás do pai para impedi-lo de fazer alguma besteira.


Sentiu tal desespero invadir seu coração, que olhou para Armin com pesadas lágrimas saindo de seus olhos. Ao ver a noiva naquele estado, no mesmo instante, Armin sentiu uma força crescer dentro de si e, com um olhar firme, sinalizou que ele mesmo resolveria esta situação.


Armin então saiu para o corredor, fechando a porta atrás de si, a tempo de ver que seu sogro quase virava a esquina.


- Levi! - exclamou, correndo em sua direção - Não faça nada que irá se arrepender!


No mesmo instante, Levi parou.


Um silêncio caiu sobre os dois.


Com a respiração ofegante, Armin percebeu que Levi apertava os punhos nas laterais do corpo. Parecia estar fazendo uma força tremenda.


- Você só diz isso porque considera Eren como um irmão - respondeu Levi, sua voz imponente ecoando pelo corredor.


Armin arregalou os olhos.


O silêncio continuou.


Então, respirou fundo, e com uma voz muito firme, disse:


- Sim, tem razão - Armin começou a caminhar lentamente em direção a Levi - Porém, a partir do momento em que Lara disse ‘sim’ ao meu pedido de casamento, vocês passaram a ser minha família, também.


Levi sentiu seu queixo tremer e pressionou os dentes, com o cenho franzido.


- E se necessário - continuou Armin, agora já bem próximo dele, colocando a mão em seu ombro - Eu darei a minha vida por Lara, por Hange, e até mesmo, pelo senhor.


Levi agora tinha os olhos marejados, pressionando os lábios. Armin apertou seu ombro.


- Tudo o que Hange e Lara precisam agora, é de você, ao lado delas. Só isso. Precisamos ficar unidos.


Levi baixou a cabeça, sentindo seus membros relaxarem aos poucos. Lentamente, virou-se para Armin. Os dois se encararam por alguns segundos e então, ele respirou fundo, colocando agora a sua mão no ombro do genro. Devagar, foi assentindo com a cabeça.


- Vamos, Armin… - disse Levi, o olhando firme - Vamos voltar para as nossas garotas.



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Autor(a): NathaliaCroft

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Era quase hora do jantar quando Armin colocou um cobertor nas costas de Levi, que dormia profundamente, sentado em uma cadeira, debruçado na maca onde Hange também dormia. Fazendo menos barulho possível, Lara delicadamente tirou os óculos e o tapa olho da mãe, ajeitando seus travesseiros e cobertores. Também colocou uma almofada sob ...


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