Fanfic: Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC) | Tema: Attack on Titan/Shingeki no Kyojin
Quando se afastaram do abraço, Armin novamente usou seu lenço para limpar o rosto.
- Muito obrigado - disse, ainda cabisbaixo. Ele olhou timidamente para Levi e Hange, que estavam ao seu lado - Vocês são como pais para mim...
Hange ficou tão feliz quando ele disse aquilo, que o puxou para mais um abraço, e dessa vez, Armin não gemeu de dor, mas retribuiu com carinho. Até mesmo Levi, que, apesar dos pontos na boca, conseguiu dar um pequeno sorriso, o puxando lentamente para um abraço, também (Armin teve que dar apenas leves tapinhas, para não machucar o sogro). Lara ficou muito emocionada em como seus pais eram tão receptivos e amorosos com seu noivo, que não conteve algumas lágrimas. Ela massageou os ombros de Armin, que virou a cabeça e lhe deu um selinho.
- Olha, querido - disse Hange, de pé e segurando a barriga, com um sorriso atrevido - Nós só não te adotamos legalmente, também, porque senão iria ficar muito estranho, você se casando com a sua “irmã”. Até nós explicarmos toda a situação, a pessoa já nos xingou até a quinta geração.
Os quatro riram e Armin concordou, dizendo que realmente, aquilo não seria uma boa ideia. Mas, que ele já estava muito feliz por ter ganhado uma nova família, ainda mais num momento tão conturbado como esse.
- Acho que seria bom tomarmos um chá, para acalmar nossos ânimos um pouco, não acham? - perguntou Hange, caminhando em direção à porta.
- Onde a senhora pensa que vai? - Lara adquiriu um tom de voz autoritário, levantando uma sobrancelha - Mãe!
Hange fez um biquinho de indignação. Não aguentava mais ficar deitada e vira e mexe, tentava fugir da cama, mas Lara nunca a permitia.
- Pode tratar de se deitar, agorinha mesmo! - ordenou Lara, apontando para seu lado da cama - Deixe que eu mesma preparo o chá, mocinha!
Batendo os pés em indignação, Hange obedeceu. Ela segurou a própria barriga.
- Está vendo, Serumaninho? Como ela me trata? Só sabe me dar bronca! Se prepare, porque ela vai ser uma irmã muito carrasca!
Levi revirou o olho bom, soltando um pouquinho de ar pela boca, enquanto voltava a se ajeitar na cama. Armin não conseguiu evitar rir. Lara apenas cruzou os braços, com uma expressão de tédio.
- Vou fingir que não ouvi isso, mãe. Vou te processar por calúnia e difamação do mais alto nível.
Hange mostrou a língua, que sua filha retribuiu, mas acabaram dando um sorrisinho para a outra. Lara levantou-se para ir à cozinha, mas Armin a puxou de volta.
- Amor, espere - disse, pressionando os lábios - Ainda tenho mais algumas coisas para contar para vocês.
- Não acabou?! - exclamou Hange. Ela, Levi e Lara arregalaram os olhos, se inclinando para frente.
- De maneira geral, contei tudo o que aconteceu em relação à batalha - respondeu Armin - Mas, aconteceram outras coisas, que vocês precisam saber - ele então virou-se para o sogro - Levi… Zeke está morto.
Ele arregalou o olho, empertigando as costas, com uma expressão de total espanto. Hange e Lara estavam boquiabertas, se entreolhando, perplexas. Todos ficaram em silêncio por alguns segundos, tensos, olhando para Levi. Por fim, ele perguntou:
- Como?
Armin respirou fundo.
- Temos certeza absoluta de que ele morreu afogado. A Pieck me contou que, quando ela, o Reiner e o Galliard estavam enfrentando Eren, ela percebeu que havia literalmente um homem, fundido no esqueleto do Titã dele. Esse homem, era o Zeke. Ele deve ter se fundido quando Eren se transformou.
Levi ouvia com muita atenção, com seu olho bom arregalado. Lara e Hange estavam pálidas.
- C-Como assim? Fundido? - perguntou Lara, confusa, sem conseguir evitar um semblante de aversão.
- No sentido literal mesmo - Armin também fez uma certa expressão de nojo - Metade do seu corpo estava preso a um dos ossos do esqueleto, praticamente fazendo parte dele. Então, quando Eren foi morto, seu Titã gradualmente foi afundando e evaporando. Zeke não tinha chance alguma de sobreviver, ainda mais agora sem os poderes de regeneração. Ele afundou junto com o esqueleto e… Morreu.
Um silêncio pairou sobre eles. Então, Levi soltou um grande suspiro, com se um enorme peso saísse de suas costas, baixando a cabeça. Hange pegou na mão boa do marido.
- Finalmente, você vai poder dormir em paz, não é amor? - perguntou ela, gentil, piscando lentamente. Devagar, Levi foi concordando com a cabeça. Ele olhou para Armin e disse:
- Obrigado… Por… Contar.
Armin acenou de volta, pressionando os lábios.
- Tem mais… - disse - Yelena também está morta. Foi o próprio Floch quem a matou. Lhe deu um tiro na cabeça.
Hange, Levi e Lara ficaram tensos, mas não disseram nada.
- Falando no Floch - continuou Armin, agora olhando para Lara, sério - Ele também está morto.
Ela arregalou os olhos e no mesmo instante, encarou Hange, que estava com a mesma expressão de surpresa. Somente Levi parecia não ter tido reação com a notícia.
- O que foi? - perguntou ele, estranhando a expressão da esposa, da filha e do genro.
Lara baixou a cabeça, passando a mão no rosto. Limpou a garganta. Hange também tentou evitar o olhar de Levi.
- P-Pai… - disse Lara, lentamente - Eu e a mamãe acabamos nos esquecendo de te contar o que Floch fez, ou melhor, tentou fazer conosco.
Levi adquiriu uma expressão carrancuda, sabendo que lá vinha bomba. Então Lara, Hange e Armin lhe contaram o que Floch tinha feito no dia em que estavam no restaurante de Niccolo, falando e fazendo aquelas coisas vulgares com Lara, dando um tiro em Armin e ameaçando também dar um tiro no bebê e, consequentemente, em Hange. Levi terminou de ouvir aquilo com o rosto tão vermelho, que por um momento, acharam que ele mesmo teria que tomar um remédio para baixar sua pressão, pois parecia furioso.
- DESGRAÇADO! - conseguiu exclamar, em alto e bom som, fazendo uma careta de dor, ao ver que forçou demais os pontos da boca para falar.
Hange tentou acalmá-lo, dizendo que no final, elas e Armin tinham ficado bem, pois na época, ele ainda se regenerava, e de que Floch não encostou mais nelas, por causa do belo chute que Lara havia lhe dado. Levi ficou particularmente orgulhoso quando Hange contou que Lara havia gritado para todos de que se considerava uma Ackerman, arrancando-lhe um sorriso de pai coruja. Após Levi finalmente parecer mais calmo, Armin contou como Floch havia morrido:
- Lembram-se do Esquadrão Reserva, que eu falei? Com Magath, Sasha, Connie, Jean, Niccolo, Gabi, Falco, seu irmão, Kiyomi e sua equipe? Então, ficaram todos no comando de Magath. Combinamos de que era muito perigoso eles ficarem no porto, por causa dos possíveis tsunamis. Então, eles trataram logo de fugir à cavalo, já que nenhum dos Titãs Originais havia sobrado para os levarem na garupa. Sasha foi esperta o suficiente para sugerir que tomassem um caminho mais sorrateiro, evitando qualquer estrada principal. Porque, quando estávamos em Shiganshina, Jean percebeu que os Jaëgeristas estavam querendo tomar conta de tudo, e não demorou muito tempo para então pensarmos que, eventualmente, eles poderiam ir até o porto também, tomar posse. Ainda bem que o Esquadrão Reserva retornou usando um caminho meio escondido, pois realmente, num determinado momento, olharam ao longe com os binóculos e viram os Jaëgeristas chegando no porto, usando o trem e a ferrovia que construímos há um tempo atrás.
Armin respirou fundo.
- E então… O inevitável realmente aconteceu. Algumas fortes ondas atingiram o porto. Não foram as tais ondas gigantescas, que o Onyankopon nos contou que já haviam sido registradas na história da humanidade, mas, foi o suficiente para levar alguns Jaëgeristas para debaixo do mar ou matá-los por causa do impacto, com as águas entrando dentro das cabines do porto. Um bom número deles morreu, inclusive Floch. O porto não ficou completamente destruído, tanto que alguns navios ainda estão intactos.
- Mas, e o Esquadrão Reserva?! - Lara se empertigou, muito preocupada - Eles foram atingidos pelas ondas?! Os nossos amigos estão bem?!
- Eles estão ótimos, amor. Sãos e salvos - Armin apertou sua mão, de modo reconfortante - Fique tranquila, todos já estavam bem longe do porto quando aconteceu.
Lara colocou a mão no peito, soltando ar pela boca. Hange e Levi também pareceram muito aliviados.
- E você acha que os tsunamis atingiram Marley, também? - perguntou Hange.
- Quando tudo acabou e dirigíveis de Marley vieram buscar os soldados que estavam aqui, nos disseram que, felizmente, as ondas foram bem baixas em seu país, e que somente alguns soldados ficaram feridos próximos à orla. Porque, realmente, a maioria da força de ataque foi em direção à nossa ilha, que é de onde Eren vinha, então as bombas dos submarinos eram mais direcionadas para cá.
Armin deu uma pausa e esfregou as mãos, dando um longo suspiro cansado.
- Bom, acho que agora podemos fazer uma pausa para o chá, pode ser? - ele tentou dar um sorriso triste.
Todos concordaram, também se sentindo um tanto quanto exaustos mentalmente. Quando olharam pela janela, viram que já estava de noite. Lara então achou por bem preparar um jantar para todos, ao invés de chá. Ela se levantou e foi para a cozinha, enquanto Armin ajudava Levi e Hange a entrarem debaixo das cobertas, pois estava começando a esfriar, e pediu para que eles tirassem uma boa soneca, pois provavelmente a janta iria demorar para ficar pronta. Ele começou a se encaminhar até a cozinha para ajudar Lara, fechando a porta do quarto, assim os sogros poderiam dormir com mais tranquilidade.
Quando Armin chegou à cozinha, sua noiva estava picando alguns legumes na bancada, preparando mais uma sopa, de costas para ele, usando um avental. A panela com água já esquentava no fogo. Sorrateiro, Armin andou até ela e entrelaçou os braços em sua cintura, dando um suave beijo em sua bochecha. Ela levou um pequeno susto, mas gostou muito do gesto.
- Você não tem noção o quanto eu senti sua falta - Armin sussurrou em seu ouvido. Lara deu uma leve contorcida, sentindo cócegas e rindo. Ela se virou, abraçando o pescoço dele, encostando suas testas. Lara começou a rir, baixinho.
- O que foi? - perguntou Armin, ainda de olhos fechados com ela, se balançando devagar.
- É que… Apesar de toda essa desgraça que aconteceu e de eu realmente estar triste por tudo isso, eu ainda não acredito que sua maldição foi quebrada, e que você não vai mais morrer. Uma parte de mim está pulando de alegria! - ela levantou seus olhos para Armin, não conseguindo evitar um sorriso.
Armin retribuiu, segurando atrás de seus cabelos.
- Eu também estou me sentindo da mesma maneira - ele a puxou e pressionaram seus lábios, em um selinho longo e macio. Deram vários outros selinhos rápidos e bem barulhentos, mas tiveram que parar ao ver que a panela com água já fervia.
Armin tratou de também colocar um avental e ajudar Lara a preparar a sopa. Em determinado momento, disse:
- Você nem sabe quem encontramos em um dos distritos.
- Quem? - perguntou Lara, enquanto colocava os legumes picados na panela.
- Annie.
- O quê?! - Lara virou-se num movimento súbito, quase derrubando os legumes para fora - Como assim?! Ela não estava dentro do cristal?!
- Pois é - respondeu Armin, indo ajudá-la - Aparentemente, quando Eren destruiu as muralhas para libertar os Colossais, seu cristal também foi destruído, por ser feito do mesmo material.
Lara estava embasbacada, cobrindo a boca.
- Meu Deus… Mas, como ela estava?!
- Olha, não muito bem, viu… - Armin ergueu as sobrancelhas, enquanto pegava os temperos na despensa - Estava toda pálida e parecia bastante fraca. A encontramos comendo com Hitch no centro, onde estavam servindo um grande almoço para as pessoas desabrigadas e que sofreram algum dano causado pelo Estrondo. Ela parecia estar muito faminta.
Lara balançava a cabeça, pasma. Ela pegou os temperos da mão de Armin, jogando alguns na panela.
- Também, não é pra menos! - exclamou Lara, devolvendo os temperos - Tantos anos presa dentro do cristal… Fico me perguntando como ela se mantinha viva… Toda essa questão dos nutrientes e vitaminas para o corpo…
- Realmente, é um mistério - Armin a observava mexer os legumes com uma colher de pau - Nos sentamos para conversar com ela um pouco e… - ele deu uma pausa - Acabei descobrindo que Annie ouvia tudo o que eu ou Hitch conversávamos com ela, enquanto estava no cristal.
- Jura?! - perguntou Lara, tampando a panela, jogando um pano de prato no ombro e se encostando no balcão.
- Sim. Ela disse que parecia estar numa espécie de sonho, mas, que escutava absolutamente tudo - Armin começou a juntar os utensílios sujos, para lavar. Lara então percebeu que ele ficou extremamente vermelho e evitava seu olhar.
- Xiii… - disse ela, de braços cruzados e com um olhar atrevido - Te conheço, Armin... Pode ir falando! Vai me dizer que falou alguma coisa sem noção para a Annie?
- Não! - exclamou ele, lavando os talheres - B-Bom, não sei se isso é considerado algo sem noção, mas… Nesses anos, o que eu mais falava com ela era sobre… - Armin ficou mais corado - Você.
- Há! - Lara fez um biquinho metido - Deixa eu adivinhar… - ela bateu os dedos no queixo, pensativa - Você falou para a Annie que.. Vamos ver… Ah! Já sei! Que você estava com... Vontade de me dar um belo de um beijo de língua, acertei?
Armin arregalou os olhos, ficando literalmente roxo, a encarando intensamente. Ficou em silêncio por muitos segundos. Lara estava achando a maior graça, até Armin responder:
- C-C-Como você s-soube?! Que isso?!
Dessa vez, foi Lara quem ficou roxa por completo. Levou tamanho susto que engasgou e seu noivo teve que lhe bater nas costas.
- A-ARMIN! - ela tossiu de novo. Lara o fitou, de olhos injetados, mas não conseguindo evitar uma crise de risos, enquanto tinha outro acesso de tosse - COMO VOCÊ… cof cof... TEVE CORAGEM DE FALAR ISSO… cof cof... PARA A ANNIE SOBRE MIM?! NÃO ACREDITO QUE… cof cof… VOCÊ REALMENTE FALOU ISSO MESMO… cof cof... PARA ELA!
Lara pegou o pano de prato e começou a correr atrás de Armin pela sala de estar e jantar, tentando chicoteá-lo. Ele desesperadamente tentava se desviar das investidas violentas daquele pano, pulando os sofás e colocando as cadeiras da mesa de jantar como barricada para se proteger, mas ao mesmo tempo, também não conseguia parar de rir. Os dois tentavam fazer o mínimo de barulho possível, gritando um com o outro através de sussurros.
- Me perdoe!!! - exclamou ele, tropeçando numa das cadeiras, levando uma chicoteada nas costas - Eu apenas pensei alto! Não era para eu ter falado para a Annie, foi sem querer! Era um dia em que você estava muito bonita!
- E quando que foi isso?! - perguntou Lara, girando o pano acima de sua cabeça.
- O dia que você estava bonita? - exclamou ele, claramente muito confuso, correndo em volta do sofá - Ué, todos, oras!
- Não, seu doido! - Lara riu - Estou querendo saber quando você disse isso para a Annie! - ela subiu em cima do sofá, lhe chicoteando o braço.
- Ah, sim! Foi há poucos meses! - respondeu Armin, se escondendo atrás da cortina da sala, mas Lara logo o alcançou e ele saiu correndo novamente - Me lembro que Hange já estava grávida!
Lara e o pano de prato pareciam irredutíveis.
- Armin Arlert, venha aqui para eu te dar uma na tua fuça! - disse Lara, agora já ficando sem forças, o tanto que ria. Armin parou no meio da sala, apoiando as mãos nos joelhos, ofegante. Ele olhou para sua noiva e fez um ‘X’ com os braços.
- Trégua! Trégua! Eu me rendo!
Ainda com um olhar ameaçador e divertido, Lara caminhou lentamente até ele, mostrando que ainda tinha o poder supremo do pano de prato em suas mãos. Tentando segurar o riso, pressionando os lábios, Armin a observava se aproximando, com seu peito subindo e descendo de cansaço.
- Ah! Qual é, amor! - exclamou ele, fazendo um biquinho carente - Me dá um desconto! Eu era um pobre rapaz de coração partido e--
Para sua total surpresa, Lara agarrou seu rosto e lhe deu o tal beijo de língua que ele tanto queria, quase tão bom quanto o que deram na estrada, algumas horas atrás. Armin ficou feliz da vida e a abraçou forte, balançando-a devagar enquanto aproveitava a boa vontade da noiva. Quando se afastaram, Lara lhe disse:
- Dessa vez, está perdoado - ela apontava o dedo na sua cara, com um olhar divertido.
Ainda com um sorriso bobo e apaixonado no rosto, Armin perguntou:
- Como você descobriu que eu falei aquilo para a Annie?!
Lara deu uma risadinha metida.
- Ora, ora, môzinho! Podemos estar noivos há pouco tempo, mas eu falei que te conhecia! Ou você acha que eu não reparava quando você estava perto de mim e ficava encarando minha boca? Eu bem que notei que, quando eu machuquei meu pé e você ficou comigo na enfermaria, na hora que me colocava para dormir, ficava olhando bem aqui - Lara apontou para os próprios lábios - Então, não foi muito difícil adivinhar.
Armin adquiriu uma expressão de indignação.
- Caramba! Eu era tão previsível assim? Me desculpe por ficar encarando sua boca, era mais forte que eu, tão bonitinha que ela é… - Armin foi se aproximando para lhe dar mais um beijo.
- Chega, chega - ela se afastou, dando uma risadinha - Sua cota por hoje já deu!
- Ei! Não é justo! - respondeu ele, a agarrando por trás, entrelaçando os braços em sua cintura, os dois andando cambaleantes até a cozinha. Armin encostou os lábios em seu ouvido e sussurrou - Pois saiba que eu percebi que você ficava olhando para a minha boca, também! Você não me engana, senhorita!
Lara virou a cabeça para olhá-lo, fingindo uma expressão de total indignação.
- Mas, que absurdo! - ela abanou a mão - Eu confesso que posso até ter olhado, sim. Porém, eu sabia disfarçar muito bem!
Os dois riram e foram tentar dar um beijo (Lara aparentemente já se esqueceu de que tinha encerrado a cota de Armin), mas ainda estavam andando e suas pernas se enroscaram, os fazendo quase cair em cima da panela com a sopa fervendo, os deixando um tanto quanto muito assustados, e acharam melhor voltar a lavar a louça. Enquanto Armin lavava uma tábua de madeira, virou-se para Lara.
- Você falou que estamos noivos há pouco tempo. Quanto exatamente, você se lembra?
- Olha… - Lara ficou pensativa, secando a tábua - Eu acredito que seja um pouco mais de um mês.
- O quê?! - Armin parecia confuso - Só isso?! - ele pegou uma vasilha suja - Eu tenho a impressão de que já estamos juntos há eras! Você também sente isso?
- Sim! - exclamou Lara, com um sorriso, verificando a sopa - Mas, eu também tive esse sentimento quando estávamos em Shiganshina. Ficamos juntos por apenas algumas horas, mas, eu pelo menos, senti que nosso nível de intimidade aumentou muito rápido - Lara riu - Tanto que até nos apaixonamos lá mesmo.
- Verdade… - ele roubou-lhe um selinho, enquanto secava as mãos - Mas, acredito que é porque nós passamos por muitas situações tão intensas, que demandou que ficássemos mais unidos, eu acho. Shiganshina e os acontecimentos deste último mês, foram exemplos disso. Deve ser por essa razão que sentimos que estamos juntos a mais tempo.
- Você está certo, môzinho - Lara voltou a jogar o pano de prato no ombro, indo até ele, entrelaçando seus braços no pescoço de Armin, enquanto ele segurava sua cintura, aguardando a sopa ficar pronta - Mas, voltando ao assunto da Annie, me diga, o que você ficava falando com ela sobre mim, afinal? Agora estou curiosa!
- Ah! - ele estalou a língua, tirando a franja do rosto da noiva - Na verdade, eram mais lamentações do que qualquer outra coisa - Armin adquiriu uma expressão abatida - Na época, o Eren estava ficando cada vez mais estranho e Mikasa cada vez mais tristinha... Então, eu não tinha ninguém com quem desabafar ou conversar sobre a nossa situação - ele deu de ombros - Annie foi minha única solução. Eu falava com ela como se… Estivesse escrevendo num diário, sabe? E ninguém fica exibindo seu diário para as pessoas lerem por aí! Por isso eu não esperava que ela realmente ouvisse o que eu falei. Apesar de, às vezes, querer que ela me respondesse, porque era bem chato ficar falando sozinho… Mas, de qualquer maneira, eu não queria que ninguém soubesse sobre esses meus sentimentos tristes em relação a nós dois. Nem mesmo a Annie.
Lara não conseguiu deixar de sentir pena do noivo e apertou suas bochechas, falando o quanto ele era fofo e lhe deu um selinho.
- O que a Annie falou para você?
- Bem, na verdade, ela falou comigo e com a Hitch ao mesmo tempo sobre este assunto. Aparentemente, a Hitch também ficava falando dos seus namoradinhos para a Annie, o que também a deixou muito envergonhada quando soube que foi ouvida - os dois riram - Mas, no final, Annie agradeceu por termos ido lá lhe fazer companhia, e que a fez muito bem, apesar da situação em que estava e de não ser muito fã de ficar ouvindo problemas de relacionamentos alheios. Porém, quando fomos nos despedir, ela me deu um soco no braço, dizendo que eu merecia aquilo por ter te enrolado por tanto tempo - Armin massageou o local da pancada, fazendo uma careta e um biquinho de indignação - Está doendo até agora! Acho que vou ter que amputar!
- Credo, Armin! - Lara lhe deu um tapinha no peito - Que exagero! Parece meu pai, quando bate o dedinho do pé na quina do armário e diz que “sua hora chegou”! Como vocês são dramáticos...
Armin fez outro biquinho de indignação, mas Lara massageou o braço socado do noivo, não conseguindo evitar dar algumas risadinhas da situação.
- E aí? Annie estava se despedindo e…?
- Ah, sim. Ela ia partir com o Magath de volta para Marley e, antes de ir embora, desejou felicidades para nós dois e me agradeceu por ter falado do Bertoldo para ela. Apesar da Annie não parecer ser uma pessoa muito romântica e nem ter paciência para essas coisas, eu percebi um certo brilho em seu olhar quando falou do Bertoldo, e suspeito que ela gostava dele, também. Enfim… - Armin olhou para os pés, franzindo o cenho, agora adquirindo um tom sério - Antes de sair, Annie pediu perdão por tudo o que fez contra nós e disse que sabe muito bem que cometeu pecados imperdoáveis, nestas palavras. Ela me contou que fez tudo o que fez, para poder voltar para o pai.
Lara respirou fundo, pressionando os lábios.
- Bom… Eu espero que a Annie encontre paz, onde quer que esteja. Não só ela, mas todos os outros, também…
Armin concordou. Enquanto Lara terminava de finalizar a sopa, ele arrumou a mesa e a bagunça que deixaram na sala de estar e jantar, na perseguição de Armin contra o pano de prato. Ele foi chamar os sogros para comer. Hange chegou avisando que o Serumaninho estava faminto, enquanto Levi era auxiliado pelo genro para sentar-se à mesa. Os dois realmente pareceram que dormiram pesado, pois estavam com muita cara de sono e com seus cabelos totalmente desgrenhados.
Enquanto jantavam, Armin lhes contou o que ficou fazendo durante os dias seguintes da batalha contra Eren. Pedindo licença, porque estavam comendo, contou que enterraram a cabeça de Eren debaixo de uma árvore em que ele e Mikasa descansavam quando eram crianças. Depois, passaram a ajudar os soldados a resgatarem as pessoas que ficaram debaixo de escombros, consequência do Estrondo, e organizando os distritos, tentando apaziguar algumas rebeliões de civis, que estavam começando a se unir aos Jaëgeristas que sobreviveram ao tsunami e que ainda tinham ficado em Shiganshina.
- Eu dormi por uns dois dias seguidos depois disso - disse Armin, comendo uma colherada da sopa - Mas, por favor, não pensem que eu não estava preocupado com vocês. Eu só consegui dormir tranquilamente, porque antes, eu enviei um soldado para vir aqui na casa de vocês, e verificar se tinham chegado bem. Eu o orientei a somente ver se a carroça estava no estábulo, pois para mim, isso era um sinal de que vocês tinham chegado sãos e salvos.
- Nossa, môzinho - disse Lara, colocando mais sopa na tigela - Por que ele não veio falar conosco? Podia ter batido na porta e nos dado notícias.
- Eu sei, amor - respondeu Armin, apertando sua mão - Me desculpe. Mas, eu não queria atrapalhá-los. Na minha visão, vocês iriam ficar mais preocupados ainda ao receber todas essas notícias vindas de um soldado estranho. Por isso, achei melhor somente me certificar de que vocês tinham chegado em segurança e, depois que eu houvesse descansado, viria aqui e contaria tudo pessoalmente.
- Ele… Tem… Razão - disse Levi, tomando a sopa pelo canudo.
- Sim - concordou Hange - A pior coisa é receber notícia ruim de gente que você não conhece. Você agiu bem, Armin.
Ele agradeceu. Todos terminaram de jantar e Lara foi preparar o tão esperado chá. Armin foi ajudá-la, pegando alguns biscoitos doces que encontraram no fundo da despensa. Enquanto finalmente estavam saboreando o chá com biscoitos, em determinado momento, Armin ficou muito quieto e Lara percebeu.
- Ei… - ela acariciou suas costas - O que foi?
Armin limpou a garganta e olhou profundamente para Lara, Hange e Levi.
- Tem somente mais uma coisa que eu preciso conversar com vocês.
- Ai, Senhor… - Hange começou a se abanar, nervosa - O que aconteceu dessa vez?
- Fale logo, homem! - exclamou Lara, ansiosa.
Até mesmo Levi pareceu inquieto. Armin respirou fundo.
- Acalmem-se. Na verdade, o que eu tenho é uma… Proposta.
- Proposta? - repetiu Levi, confuso.
- Sim - Armin deu uma pausa, encarando seu chá, então voltou a olhar para a noiva e os sogros - Vou ser muito direto com vocês. Eu acredito que seria bom nós irmos embora da ilha de Paradis.
Lara, Hange e Levi prenderam a respiração. Um grande silêncio caiu sobre eles. Somente alguns sons de alguns grilos e cigarras do lado de fora podiam ser ouvidos. Então, quase num sussurro, Lara disse:
- I-Ir… Embora? M-Mas, por quê?
Ela olhou de Armin para os pais, com uma expressão preocupada. Seu noivo respirou fundo e pegou em sua mão, a apertando de leve.
- Por favor, escutem o que eu tenho a dizer - Armin olhava para Lara, também variando entre Levi e Hange - Vocês não têm noção do caos que a ilha está! Apesar de Eren não ter exterminado a humanidade, as consequências de seus atos foram o suficiente para deixar Paradis uma completa bagunça - ele apontou para seu sobretudo do Exército e seu quepe, pendurados em uns ganchos que ficavam ao lado da porta principal - Estão vendo aquilo ali? Daqui a pouco, não passará de uma fachada! A Tropa de Exploração não vai mais existir. Não tem mais nada para nós fazermos aqui!
Ele sentia que a mão de sua noiva tremia. Hange e Levi se entreolhavam, nervosos. Os dois colocaram as mãos em cima da mesa e as apertaram, também.
- Como eu disse - continuou Armin, sério - Grupos rebeldes estão sendo formados por todo o canto. Em breve, acredito que acontecerá alguma revolução contra o governo ou até mesmo uma guerra civil. As pessoas estão muito inquietas.
Lara pressionou os lábios e aos poucos, foi concordando com a cabeça.
- O pior é que você está certo - disse ela - Quando eu fui no centrinho comprar comida, já senti o clima pesado de toda a situação.
- Exato, amor - respondeu Armin. Ele então apertou a mão de Lara e colocou a outra sobre as mãos dadas dos sogros - Escutem aqui, nós quatro tecnicamente não teremos mais emprego! Assim como também a Mikasa, Sasha, Connie, Jean e todos os nossos amigos. As coisas não vão ser mais como antes, tudo vai virar uma zona de guerra!
- Então, você realmente acredita que nós devemos sair de Paradis? - perguntou Hange, aflita.
- Sim. Acredito - respondeu Armin, firme.
- M-Mas, para onde iríamos?! - Hange olhava do genro, para o marido e a filha, apreensiva - Tudo o que conhecemos e temos está aqui, em Paradis!
Levi estava cabisbaixo, em silêncio.
Armin pressionou os lábios.
- Eu sei, Hange… Porém, eu já estou com algo em mente.
- Jura?! - exclamou Lara, boquiaberta - O-O que você pensou?
- Eu tive muito a ajuda do Onyankopon. Para falar a verdade, foi ele quem primeiro sugeriu que todos fôssemos embora da ilha. Ouçam bem - Armin se inclinou sobre a mesa, como se fosse contar um segredo. Os três olharam para ele, com muita atenção - Onyankopon me disse que, quando Marley atacou sua terra natal, toda a sua família se refugiou num país chamado Itália. Lá tem uma grande comunidade para refugiados de várias nações, no interior do país.
- Itália? - perguntou Lara, curiosa - É muito longe daqui?
- Um pouco. Daria alguns dias de navio - Armin apertou novamente as mãos da noiva e dos sogros - Onyankopon disse que lá é um excelente lugar para recomeçar, e a comunidade de refugiados é muito acolhedora com todos.
- M-Mas - começou Hange, parecendo ansiosa - Será que eles iriam aceitar a nós, Eldianos? Querendo ou não, ainda somos odiados por muitas pessoas ao redor do mundo.
Armin suspirou, concordando com pesar.
- Olha, Hange… Ódio contra pessoas de outras nacionalidades sempre vai existir. Não importa se somos Eldianos ou não - Armin tentou dar um sorriso otimista - Pelo que o Comandante Magath conseguiu me contar um pouco antes de partir, pelo fato de que foram os próprios Eldianos que lutaram e venceram o Eren, nossa moral parece que subiu um pouquinho ao redor do mundo. O fato de termos o matado, evitando a extinção da humanidade e fazendo com que finalmente todos os Titãs deixassem de existir, elevou, nem que num grau mínimo, a nossa reputação. Pelo que Onyankopon disse, essa comunidade de refugiados também tem Eldianos, e eles são bem tratados - Armin respirou fundo, parecendo cansado - Tudo é uma faca de dois gumes, porque, apesar de agora estarmos sendo vistos com um pouco mais de respeito lá fora, ainda existem muitas pessoas que nos odeiam e que podem querer vir atacar Paradis. Por isso eu estou tão preocupado em sairmos daqui o mais rápido possível!
Hange olhou angustiada para o marido e a filha. Levi ainda estava quieto, encarando sua xícara de chá.
- Mamãe… - disse Lara, apertando o ombro de Hange - O Armin tem razão. Se a Tropa de Exploração deixar de existir e realmente houver uma revolução ou guerra civil, isso daqui vai virar um caos completo! Se ficarmos aqui, não saberemos que futuro teremos - ela apontou para a barriga da mãe - Vocês não vão querer que o Serumaninho cresça num ambiente desses, não é?! - ela olhou para o noivo - Se realmente conseguirmos ir embora para esse tal país Itália, teremos pelo menos uma pequena certeza de um futuro promissor! É a nossa chance de começar uma vida nova, completamente do zero!
Armin e Lara se entreolharam, com uma expressão otimista.
- E então?! - ele perguntou, olhando para os sogros - O que me dizem?
Hange molhou os lábios e buscou o olhar de Levi, que também a encarava, porém, com uma expressão muito enigmática. Lágrimas começaram a brotar nos olhos de Hange.
- V-Você quer dizer que… - começou ela, com a voz um pouco embargada, enquanto passava seu olhar pela cozinha e pela sala de estar - Nós teremos que abandonar… Tudo isso daqui? - Hange levantou os braços, se referindo a casa - Teremos que largar este lugar, que tanto amamos e que seu pai demorou tantos anos para conquistar?
Lara e Armin começaram a ficar um pouco apreensivos com as palavras de Hange.
Um silêncio inquieto pairou sobre eles.
Então, Levi finalmente falou:
- Armin… Tem… Razão.
Todos se viraram para ele, surpresos. Com muito esforço, ignorando a dor que sentia nos pontos da boca, Levi se forçou a falar com mais liberdade:
- Não quero que meu bebê nasça em um ambiente de mais guerras - ele fez uma careta e colocou a mão na boca. Então, apontou para todos ao redor da mesa - Nós precisamos viver em um lugar de paz.
Todos olhavam para ele, ansiosos.
- Concordo com Armin - Levi abriu os braços - Quanto a tudo isso aqui… Nós construímos outra igual nessa tal “Itália”.
Lara e Armin se entreolharam, com um imenso sorriso. Agora, todos olhavam para Hange, a única que ainda parecia um pouco receosa. Ela pressionava os lábios e olhava para a própria barriga, a acariciando. Passados alguns segundos, Hange finalmente levantou a cabeça, com uma expressão determinada e encarou a todos.
- Vocês têm razão. Meu bebê não merece mais passar por dificuldades - Hange endireitou as costas, com uma voz firme - Que ele nasça em um mundo onde os Titãs não existam mais e viva longe da guerra! - ela virou-se para Levi - Mas, eu quero que você me faça um laboratório maior, porque, apesar dos Titãs não existirem mais, ainda gosto de estudar e pesquisar sobre Biologia!
Os quatro riram e então, juntaram suas mãos no centro da mesa, as apertando com carinho. Olharam um para o outro, com um sorriso otimista. Até mesmo o Serumaninho deu alguns chutinhos de empolgação.
- Então, é isso! - exclamou Lara, alegre - Vamos para a Itália!
Ela virou-se para Armin.
- Será que lá tem sorvete?!
Autor(a): NathaliaCroft
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Lara e Armin lavavam a louça da janta e do chá, logo depois de terem decidido que iriam se mudar para a Itália. Hange e Levi os observavam do sofá. - Mas, Armin - chamou Hange - E quanto aos outros? Eles também aceitaram ir conosco? A Mikasa, Sasha, Connie e Jean? - O Connie aceitou de prontidão - respondeu Armin, que enxugava uma ...
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