Fanfics Brasil - Itália Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC)

Fanfic: Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC) | Tema: Attack on Titan/Shingeki no Kyojin


Capítulo: Itália

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A viagem foi realmente muito cansativa para todos, pois demoraram vários dias para finalmente chegarem ao porto da Itália. Pelo menos, por haverem muitos conhecidos no navio, tudo ficou mais leve e descontraído. Uma das coisas boas que aconteceu é que Niccolo se ofereceu para ajudar na cozinha, rendendo muitas refeições deliciosas.


Hange passou muito mal, sentindo bastante náuseas. Mas, ela gostava de ficar sentada em um banco no convés, olhando o imenso oceano à sua frente, ao lado de Levi, enquanto conversavam com o Serumaninho sobre como ele teria que ser um bom bebê e se comportar em solo italiano. Ele já havia crescido mais um pouquinho e chutava com bem mais intensidade agora. Hange sangrou somente nos dois primeiros dias de viagem e depois, parou. Sua pressão parecia estável, apesar de vomitar bastante e ficar bem vermelha com o balanço do navio.


A cadeira de rodas de Levi praticamente virou um entretenimento. Por quase todos os dias, Lara, Armin ou alguns de seus amigos a roubavam, para ficarem andando com ela rapidamente pelo convés, apostando corridas uns com os outros. Sasha quase ganhava todas e até mesmo Mikasa participou de algumas competições, com Jean fielmente torcendo para que ela vencesse. Lara e Armin também apostaram corridas entre si e não pegavam leve, rendendo disputas acirradíssimas, que até mesmo os funcionários do navio paravam para assistir.


Levi não gostava muito que pegavam seu meio de locomoção sem que autorizasse, mas ao ver que sua filha e seu genro se divertiam tanto com os amigos, acabou relevando. Ele começou a adquirir um pensamento de que, quanto menos encrencasse com as coisas, mais paz teria em sua vida. Porém, quando estavam quase chegando na Itália, Connie literalmente capotou com a cadeira de rodas, o que fez Levi proibi-los de usar novamente, com medo de que a quebrassem.


Lara e Armin eram um casal muito querido por todos, sempre muito alegres e cooperativos, até mesmo ajudando alguns funcionários nas tarefas do navio. Se em períodos difíceis eles se davam bem, em tempos de paz, se davam melhor ainda. Estavam sempre rindo e brincando um com o outro, e se amavam cada vez mais. 


Em determinado dia, Armin teve muitas náuseas com o balançar do navio e Lara cuidou dele com muito carinho na cabine, porém, suspeitou que ele exagerou um pouco, só para poder receber mais atenção da noiva. 


Teve também uma tarde em que Lara o encontrou parado bem na proa do navio, olhando para o horizonte. Foi até ele, que lhe estendeu a mão, para que se aproximasse. Armin pediu para que ela fechasse os olhos e que confiasse nele.


Armin a posicionou parada à grade do navio, pedindo para que continuasse de olhos fechados. Lara sentia um grande frio na barriga, pois o lugar parecia alto. Estava um vento forte e o barulho do navio contra as águas do oceano entrava em seus ouvidos.


Armin ficou atrás dela e, pegando em seus braços, os abriu, entrelaçando seus dedos nos de Lara.


- Pode abrir os olhos - ele sussurrou em seus ouvidos.


E Lara assim o fez. Sentiu seu coração inflar de encantamento, ao ver um magnífico pôr do sol laranja e roxo à sua frente. Seu corpo inteiro tremia de emoção.


- É-É como se eu estivesse voando! - ela não parava de sorrir, seu peito subindo e descendo rapidamente.


Armin a abraçou pela cintura, apoiando o queixo em seu ombro, enquanto contemplava a alegria da noiva.


- E-Eu nunca imaginei ver algo tão lindo assim! - Lara virou seu rosto e o olhou profundamente. Devagar, aproximaram seus lábios e inclinaram suas cabeças, para um beijo. Suas respirações eram intensas e Armin apertava sua cintura com carinho, enquanto Lara acariciava seus cabelos, movimentando suas bocas, num beijo completamente apaixonado.


Levi e Hange também tiveram seus momentos mais íntimos. A cabine só tinha camas de solteiro, mas quando estavam sozinhos lá dentro, deitavam na mesma cama e encostavam seus lábios, em beijos muito macios e suaves. Levi acariciava a barriga da esposa, com agora o Serumaninho sendo o recheio do sanduíche. O bebê parecia gostar muito do carinho do pai, dando leves chutinhos nestes momentos. O local dos dedos amputados de Levi estava praticamente cicatrizado e já não doía tanto. O único problema grave era a sua perna. Ele não conseguia ficar muito tempo em pé e nem andar sem o auxílio de uma muleta ou da cadeira de rodas.


Mesmo no navio, em todas as noites antes de dormir, Levi passava o óleo essencial em Hange, que simplesmente amava, pois, a cada dia que sua barriga crescia, mais era mimada pelas pessoas.


O Serumaninho era uma atração à parte, sempre muito comunicativo com todo mundo, entrando até mesmo em uma calorosa discussão com Sasha, para saber quem gostava mais de comer batatas. Todos gostavam de sentir o bebê chutar e ele acabou se apegando muito à Mikasa, aparentando sempre estar feliz quando ela estava por perto.


Falando em Mikasa, Lara e Armin estavam muito felizes por ela, que a cada dia, parecia estar com um semblante mais corado e menos abatido. Às vezes, a viam contemplando o horizonte, com um olhar triste, mas, a própria Mikasa prestava atenção em suas ações, afastando os pensamentos de Eren para longe. Ela e Levi não costumavam se dar muito bem anteriormente, mas, agora que estavam convivendo juntos, em um ambiente muito mais descontraído e alegre, os dois passaram a se entender melhor e, qualquer mágoa do passado, pareceu desaparecer. Teve um dia em que ficaram conversando por muito tempo, tentando ver se encontravam algum parentesco em comum, mas infelizmente, não conseguiram chegar a uma conclusão.


Jean exultava ao ver a mulher que amava parecendo estar melhor a cada dia. Agora, ele também deixava de lado aquele humor irritadiço que a guerra o causou, voltando a ser aquele cara mais brincalhão. Quando conseguia arrancar uma risada de Mikasa, parecia que havia ganhado na loteria. Tentava não transparecer que gostaria de ficar o tempo todo ao lado dela, pois sabia que Mikasa precisava do próprio espaço neste momento. Mas, nas vezes em que ela o permitia, os dois conversavam bastante a sós e pareciam se dar muito bem.


Todos riam muito quando Connie estava por perto, sempre muito palhaço e se divertindo com os irmãos adotivos de Sasha, que o esgotavam até ele não aguentar mais, subindo em seu cavalinho, correndo pelo convés e fazendo diversas outras brincadeiras que inventavam.


Sasha também passou muito mal no navio, mas nem por isso deixava de comer todas as refeições com um apetite voraz, mesmo sabendo que ia vomitar no minuto seguinte, deixando Niccolo muito preocupado. Ele procurou fazer algumas refeições mais leves, só que, era um agrado que fazia exclusivamente para a noiva. Os dois tinham um relacionamento bem cômico e pareciam discutir o tempo todo, mas não eram brigas sérias, mas sim, discussões brincalhonas, principalmente envolvendo o assunto “estômago infinito de Sasha”. No entanto, era nítido que eram completamente apaixonados um pelo outro.


Durante o período em que passaram no navio, Onyankopon fez o favor de ensinar algumas palavras e frases básicas do italiano, para que eles não ficassem, no mínimo, perdidos e soubessem ao menos pedir comida ou água, os alertando que, eventualmente, seria de extrema importância que todos aprendessem o idioma. 


Lara e Armin simplesmente amaram aprender italiano, rendendo eles ficarem fazendo o típico gesto da mão com os dedos juntos, as sacudindo na frente da cara do outro, enquanto gritavam palavras como “Buongiorno”, “Grazie” ou “Silenzio, Bruno!”, que aparentemente, era uma expressão que se dizia quando precisamos calar aquela vozinha chata na nossa cabeça, que fica nos atormentando. Armin particularmente gostou de chamar Lara de “bella ragazza”, que significa “moça bonita”. Ela ficava vermelhinha quando ele dizia isso em seus ouvidos.


Numa manhã de sábado, todos acordaram com um certo alvoroço, e quando foram ao convés, era porque o porto da Itália já podia ser visto no horizonte. Ficaram muito contentes e começaram a pular de alegria. Lara e Armin fizeram uma dancinha comemorativa em total sincronia, gritando palavras aleatórias em italiano enquanto se sacudiam animadamente.


Chegaram ao porto um pouco antes da hora do almoço e estava lotado. Dezenas de navios atracavam nos deques, levando e deixando pessoas de diversas partes do mundo. Pelas ruas, carruagens e carros motorizados passavam, levando gente pra lá e pra cá. Ao longe, as grandes construções em estilo clássico se elevavam à frente, deixando todos boquiabertos e admirados com a arquitetura diferente e colorida do local. Lara estava tão empolgada com tanta novidade, que se Armin não tivesse entrelaçado seus dedos aos dele, ela já teria se perdido no meio da multidão.


Felizmente, Onyankopon se mostrou um homem muito organizado em toda a questão da mudança, logo encontrando os responsáveis que os levariam para a comunidade de refugiados. Lara quase chorou de emoção quando falou “grazie” (obrigada) pela primeira vez, para o senhorzinho que os levaria na carruagem, quando ele a ajudou a subir as escadinhas. Mas, logo quebrou a cara ao saber que ele também era um Eldiano da comunidade e a respondeu “de nada” em seu próprio idioma. Pelo menos, ele disse que seu sotaque estava bom.


Levariam cerca de mais umas duas horas e meia para chegarem na comunidade, que ficava numa das regiões do interior do país. No meio do caminho, Armin e Lara ficavam apontando para todas as coisas novas que encontravam, batendo os pés em empolgação no chão da carruagem. Lara particularmente sentiu seu coração inflar de alegria ao ver a felicidade do noivo, pois sabia que um dos maiores sonhos de Armin era poder viajar o mundo e conhecer novos lugares. Prometeu a si mesma que faria de tudo para levá-lo em todos os locais que ele tivesse vontade de visitar.


Levi parecia apreensivo ao avistar tantas coisas diferentes e se sentia um pouco tenso e deslocado. Porém, Hange carinhosamente apertava sua mão, o tranquilizando. Ela também estava encantada com todas as novidades que os cercavam, tendo um brilho no olhar, enquanto acariciava a barriga com afeto. O Serumaninho parecia tão empolgado quanto à irmã e o cunhado, dando chutes e até mesmo, alguns soquinhos.


Armin estava num estado de alegria tão grande, que em determinado momento do caminho, cutucou Hange e apontou para um prédio muito colorido, dizendo:


- Mãe! Olha só que construção linda!


Aparentemente, Armin não se deu conta do que falou e somente Hange escutou o que ele havia dito. Enquanto Armin olhava pela janela com um imenso sorriso, Hange sentiu lágrimas invadirem seus olhos e seu peito queimou de felicidade e emoção. Teve que se esforçar muito para não chorar ali mesmo e ela enfiou a cabeça na janela para olhar o prédio, concordando de que era realmente muito bonito. Lara e Levi olhavam a paisagem da outra janelinha, apontando para as coisas que achavam interessantes.


Durante o trajeto, os quatro conversaram bastante com o cocheiro, onde ele lhes contou sobre como era a comunidade para refugiados. Falou que chamavam de “comunidade” só por nome mesmo, mas que, na verdade, era literalmente uma cidade do interior, repleta de pessoas que vieram de outros países, tentando uma vida melhor ou fugindo de guerras e perseguições.


Ele explicou que lá haveria pessoas de todas as partes do mundo, de lugares que nem sequer imaginavam. De maneira geral, apesar de naturalmente existirem grupinhos de cada etnia ou nacionalidade, a maioria era muito unida e respeitosa uns com os outros, pois sabiam das dificuldades que cada um teve que passar, e na medida do possível, procuravam se ajudar. Um ponto positivo é que eles tinham seu próprio comércio local, que era bem grande, o que dava uma boa impulsionada na economia da cidade. Mas, como em qualquer lugar do mundo, também tinha seus problemas.


Uma das coisas que pelo menos os deixou muito aliviados, era saber que os Eldianos não sofriam preconceito lá, pois seria uma hipocrisia tremenda de qualquer cidadão dali, por todos serem estrangeiros.


Quando definitivamente chegaram na parte do interior e do campo, lá para o meio da tarde, os quatro não conseguiram expressar com palavras, tamanha beleza que vislumbraram. Toda a cidade de refugiados ficava espalhada num belíssimo vale e nos pequenos morros que a rodeavam, cercada por inúmeras árvores ciprestes altas, com suas folhas verdes escuras e marcantes. Puderam avistar os campos de agricultura das fazendas ao longe, milimetricamente cercados por arbustos redondinhos floridos, assim como também as diversas casas e casarões de pedra e madeira que preenchiam toda a paisagem. Bem no meio do vale, havia um centro com vários prédios e construções, onde o cocheiro informou que era onde ficava a maior parte do comércio. O céu estava muito azul, com nuvens brancas e o sol bem no alto, iluminando tudo o que estava abaixo de si, com enormes montanhas ao fundo.


Parecia um sonho, tirado de um livro de contos de fadas.


Os quatro se entreolharam, com os olhos marejados, tamanha alegria sentiam em seus corações ao contemplarem seu novo lar. Lentamente, foram se achegando e se abraçaram muito apertado, permitindo que as lágrimas saíssem. Ainda abraçados, Lara fez uma bela oração em agradecimento pela nova oportunidade que estavam recebendo, arrancando mais lágrimas de todos.


Quando se afastaram, Levi e Hange aproximaram seus rostos, para falarem com mais intimidade, da mesma maneira que Armin e Lara também fizeram, do outro banco da carruagem.


Levi acariciou a barriga da esposa e pegou em seu rosto, com a mão machucada. Em seu ouvido, disse:


- Eu te amo, Hange. Você não tem noção o quanto estou feliz em estar aqui com você e com a nossa família.


- Eu também te amo, Levi - ela lhe sorriu e suspirou - Quem diria que eu e você estaríamos aqui agora, não é? Parece que foi ontem que encontramos aquela garotinha, sozinha naquela floresta - os dois olharam para Lara, que conversava com Armin. Levi sorriu, contemplativo.


- Para um cara que veio do subterrâneo, agora estar andando pelas montanhas do interior da Itália, acompanhado de uma bela mulher, uma filha e um genro incríveis, e um bebê a caminho, acho que foi uma melhora e tanto, não acha?


Hange concordou com mais um sorriso e Levi a puxou para um longo e macio selinho.


Enquanto isso, Armin e Lara trocavam confidências. Da mesma maneira que Levi fez, Armin também se inclinou para o ouvido de Lara:


- Imagina eu e você, morando numa dessas casinhas? Só nós dois, juntinhos... - ele sorriu - Você ficaria feliz?


Lara tinha lágrimas nos olhos e pegou em seu rosto, retribuindo o sorriso.


- Armin, você já me faz ser a mulher mais feliz do mundo, todos os dias!


Ele a pegou por trás de seus cabelos e delicadamente também a puxou para um macio e longo selinho.


Cerca de meia hora depois, todas as carruagens que os levavam pararam em uma grande fazenda. Pelo que o Onyankopon tinha os informado, era a casa de sua família e que eles iriam recebê-los com uma bela refeição, pois sabiam que iriam chegar exaustos e famintos da viagem. Quando estavam no navio, Onyankopon lhes disse que felizmente, sua família havia prosperado até que relativamente bem quando fugiram para a Itália, donos de umas das fazendas de legumes e verduras do local.


Quando desceram, foram recebidos por pessoas, que na opinião de Lara, eram umas das mais simpáticas e carismáticas que já conheceu em toda a sua vida. Ao avistar os pais, que não via há anos, Onyankopon correu de braços abertos, rendendo um reencontro muito emocionante e choroso, arrancando lágrimas de quase todos ali presentes. Na fazenda viviam muitos parentes refugiados de Onyankopon, como irmãos, irmãs, tios, tias, primos e primas. Todos tinham a sua belíssima pele escura e usavam chapéus e roupas muito coloridas, típicas de sua terra natal.


Foram tão bem recebidos, que pareciam que já se conheciam há muito tempo. O pai de Onyankopon, chamado Akin, e sua mãe, chamada Imani, foram receber Hange, Levi, Lara e Armin com muito carinho e abraços apertados. Onyankopon os acompanhou, falando muito bem de cada um deles e de como foram grandes amigos durante o tempo que viveu em Paradis. Ao ver a enorme barriga de Hange, Imani prontamente lhe disse que estaria à disposição para ajudar no nascimento do bebê, pois era uma parteira muito experiente e já havia ajudado muitas crianças da cidade a chegarem ao mundo.


Uma grande mesa farta estava posta bem no meio do quintal da fazenda. Sasha já se aproximava e Niccolo teve que correr e puxá-la de volta. Enquanto Hange empurrava a cadeira de rodas de Levi, acompanhando os outros até a mesa, Lara e Armin foram até Mikasa, Jean, Connie, Sasha e Niccolo, formando uma animada rodinha, conversando com extrema empolgação sobre tudo o que presenciaram no meio do caminho.


- Pessoal - disse Sasha - O papo está ótimo, mas podemos muito bem continuar conversando enquanto comemos, não acham?


Todos tiraram sarro dela, que apenas deu de ombros e começou a caminhar de nariz empinado em direção à mesa, arrastando Niccolo consigo. Mas, ela estava certa, pois todos estavam morrendo de fome e acabaram também os seguindo.


Lara e Armin sentaram lado a lado, numa das pontas da enorme mesa, de frente para Hange e Levi. Os quatro estavam impressionados com a variedade de comidas diferentes que foram postas à sua frente, com pratos típicos, tanto da Itália, quanto do país de Onyankopon. Experimentavam com muita curiosidade, achando tudo maravilhoso. Eles particularmente gostaram muito de um prato italiano chamado Bruschetta, que consistia em pão, com tomate picado, queijo, folhas de manjericão, regado com azeite e outros temperos. Levi lhes garantiu que este seria um prato que não faltaria em sua nova casa. Em determinado momento, todos brindaram, alguns com vinho, outros com suco de uva.


Eles não ficaram por muito tempo na casa dos pais de Onyankopon, porque obviamente estavam exaustos da longuíssima viagem que fizeram e, secretamente, todos apenas queriam deitar em uma cama confortável e dormir até não aguentarem mais.


Akin se levantou da mesa, para poder ser ouvido por todos. Ele explicou que havia conseguido alguns lares temporários, onde eles poderiam ficar hospedados por alguns meses, até conseguirem empregos, alugarem ou comprarem alguma casa e se estabelecerem por completo.


Conforme Akin ia chamando, as pessoas se levantavam e iam para as carruagens, que os levariam aos seus lares temporários. Como a família de Sasha era a maior, com oito integrantes, foram os primeiros a irem embora do grupinho de amigos de Lara, agradecendo a todos, principalmente pela comida (Sasha fez questão de enfatizar que o espaguete “estava simplesmente divino, sra. Imani! Você arrasou!”).


Depois, foi chamando outras pessoas, até chegar em Jean e seus pais, com Connie e sua mãe e também Mikasa, que, apesar de ter ido de última hora, tinha uns dois quartos a mais no local onde Jean, Connie e suas famílias iriam ficar, e assim, ela poderia se hospedar lá, também. Educada, ela agradeceu pela consideração e pediu desculpas pelo transtorno causado, rendendo várias pessoas lhe responderem com “imagina!”, “não se preocupe, querida!”, ou “fique tranquila”, principalmente vindos de Jean, que mal acreditou que iria morar no mesmo lugar que Mikasa, fazendo de tudo para disfarçar sua imensa felicidade.


Eles também partiram em suas carruagens, sobrando somente Hange, Levi, Lara e Armin. Com um imenso sorriso no rosto (pois os quatro foram muito bem falados por seu filho durante a refeição), Akin disse que preparou uma confortável casinha térrea para eles morarem, por causa da condição de Levi, para ele evitar ter que subir escadas.


Os quatro se despediram de Onyankopon e sua família, agradecendo por tudo e entrando na carruagem, que começou a levá-los para um local que ficava a uns dez minutos dali. Dentro da carruagem, Lara e Hange batiam as mãos e os pés em entusiasmo para conhecer sua nova casa temporária, enquanto Armin ficava exclamando para si mesmo palavras como: “Silenzio, Bruno! Prego! Bella Ragazza! Mozzarella!”, fazendo o típico gesto italiano com as duas mãos. Levi ria dos três, cobrindo o rosto de vergonha alheia, mas sem deixar de sentir uma grande alegria em seu coração ao ver a euforia de sua família. O Serumaninho também chutava, animado para conhecer o lugar onde provavelmente nasceria.


Quando finalmente chegaram em seu lar temporário, ficaram boquiabertos e com seus olhos brilhando ao verem como era uma casinha muito acolhedora. Era bem pequena, provavelmente umas três ou quatro vezes menor que a casa que tinham em Paradis. Num formato um pouco retangular, não tinha escada alguma e era totalmente feita de pedras, com plantas trepadeiras subindo pelas paredes. Árvores ciprestes a rodeavam e pequenos arbustos com algumas flores formavam uma fileira para contornar o pequeno caminho de cascalhos, que ia do portão da cerquinha de pedras até a porta principal. Ao lado da casa, havia um pequeno estábulo vazio.


Lara e Hange foram na frente, seguidas por Armin, que empurrava a cadeira de rodas de Levi, enquanto os cocheiros que trouxeram suas malas descarregavam as carruagens. Eles fizeram Lara ter as honras de ser a primeira a entrar, abrindo a porta principal com a chave dada por Akin.


Um a um, eles entraram, parando na frente da porta aberta, contemplando a casinha por dentro, com um sorriso no rosto.


Eles estavam parados no que era uma pequena sala de estar, que do lado direito possuía um sofá, uma mesinha de centro e duas poltronas simples. Logo à frente, ficava a cozinha e uma área com uma mesa para quatro pessoas. Haviam cinco janelas iluminando o local, com os raios do entardecer já entrando por elas.


Os quatro levaram um enorme susto quando um dos cocheiros surgiu por trás, carregando algumas malas e apertando um botão na parede. Como mágica, lâmpadas acenderam acima de suas cabeças. Eles ficaram completamente boquiabertos, contemplando a tão famosa “energia elétrica”, coisa que não existia em Paradis. Eles já haviam presenciado algumas tecnologias do mundo moderno, em certa ocasião em que foram a Marley com Kiyomi Azumabito, tentar um acordo de paz, mas neste momento, pareciam que estavam vendo tudo pela primeira vez.


Lentamente, os quatro foram andando para dentro da casa. Exploraram a pequena cozinha e ficaram muito surpresos ao descobrirem um enorme objeto, que parecia um grande armário, onde ao abrir sua porta, soltava um ar muito gelado. Um dos cocheiros pacientemente lhes explicou que aquilo se chamava geladeira, também mostrando como funcionava o forno e o fogão à gás. Do lado esquerdo da sala de estar, ficava um pequeno corredor que dava para os três quartos pequenos e o banheiro. O quarto maior possuía uma cama de casal, duas mesas de cabeceira e um guarda-roupa. Nos outros dois, havia uma cama de solteiro em cada, com um pequeno armário com gavetões, uma mesinha de cabeceira e uma escrivaninha com cadeira. Armin pediu para ficar com o quarto menor, por ser a pessoa que possuía menos pertences.


Enquanto ele e Lara ajudavam os cocheiros a descarregarem as carruagens, Hange foi correndo fazer xixi e levou um susto com a tal “descarga”, pois havia se esquecido deste detalhe. Deu um grito tão alto ao ver o forte jato d’água levar suas necessidades fisiológicas cano abaixo, que Levi bateu na porta, apoiado na muleta, perguntando se a esposa estava viva.


Cerca de uns quarenta minutos depois, todas as malas e baús estavam empilhados na sala de estar e, antes dos cocheiros irem embora, Armin os perguntou onde poderia conseguir um cavalo emprestado, pois no dia seguinte eles precisariam ir em alguma mercearia abastecer a despensa. Ficou acordado que um dos cocheiros iria alugar dois de seus cavalos de sua criação, até eles conseguirem se estabelecer com mais tranquilidade e que os traria no dia seguinte de manhã.


Já estava escuro quando os quatro finalmente se sentaram na mesa de jantar para tomarem um chá, que Levi havia preparado na nova cozinha (pois fez questão de levar alguns estoques de seus chás favoritos na viagem), enquanto Lara, Armin e Hange desfaziam algumas das malas. Deixaram para terminar tudo amanhã, pois estavam exaustos e até mesmo Hange disse que gostaria de tomar um belo de um banho na banheira nova.


Lara e Hange tomaram banho juntas para agilizarem o processo, e enquanto descansavam nas poltronas, Armin e Levi ouviram as duas darem um grito alto. Eles correram (Levi deu pulinhos com um pé só) e encostaram seus ouvidos na porta fechada, perguntando o que tinha acontecido. Elas tentaram explicar que havia um estranho objeto na parede, que saía um jato d’água muito forte. Estavam se referindo à uma ducha, mas não sabiam que tinha esse nome. Por fim, disseram que eles mesmo veriam com seus próprios olhos, quando chegasse a sua vez.


Lara e Hange saíram renovadas do banheiro, pois não tomavam um banho decente há dias, já que o banheiro do navio era muito precário para uma higiene completa. Então, foi a vez de Armin tomar banho, que também deu um grito ao sentir o forte jato d’água na sua cara, porque ele não sabia que tinha que fechar os olhos ao abrir a ducha, arrancando risadas da sua noiva e de seus sogros, que descansavam na sala. Levi foi o que mais tirou sarro de todos, alegando que eles eram dramáticos demais.


Porém, quando foi sua vez de tomar banho (ele insistiu em tomar sozinho), levou tamanho susto, que começou a gritar:


- MEU DEUS! O QUE É ISSO? ONDE É QUE EU TÔ?! ARMIN, ME AJUDA! COMO EU DESTRUO ESSA COISA?!


Lara e Hange se contorciam no sofá, com dores de barriga de tanto rir, enquanto Armin corria ao auxílio do sogro. Devidamente de banhos tomados, os quatro finalmente foram dormir. Estranharam um pouco as novas camas, mas estavam tão cansados que logo pegaram no sono.


Conforme Onyankopon havia os alertado, as primeiras semanas foram muito difíceis para todos. O maior desafio que tiveram que enfrentar foi realmente a questão do idioma, pois, apesar de existirem muitos Eldianos na comunidade, muitas outras pessoas de diversos países ao redor do mundo viviam ali. Então, o italiano acabou sendo o idioma padrão em que todos conversavam.


Em uma manhã de quinta-feira da segunda semana, Lara, Armin, Mikasa, Jean, Connie e Sasha estavam sentados em roda, numa pequena colina, conversando (Niccolo não estava presente, pois havia conseguido um emprego numa padaria do centro). Eles acabaram chegando à conclusão de que a melhor coisa que poderiam fazer era contratar alguém que os pudesse ensinar italiano o mais rápido possível, e que fosse de preferência, um Eldiano, para facilitar na comunicação.


Se dividiram em duplas e começaram a vasculhar por toda a cidade, atrás de alguém que estivesse disposto a ensiná-los. Quando se reuniram novamente no mesmo local, próximo ao entardecer, Jean e Mikasa, que foram juntos, disseram que encontraram uma mulher de meia-idade, que se disponibilizou em ser professora de todos, inclusive de suas famílias. Ela lhes cobrou um preço justo para terem aulas duas vezes por semana em grupo, o que seria muito bom para eles praticarem entre si.


E assim foi feito.


Eles se reuniam em um pequeno salão que ficava no centro, duas vezes por semana. Todos compareciam. Os pais de Jean, Connie e Sasha infelizmente tiveram certas dificuldades, por serem pessoas de idade um pouco mais avançada. Porém, a professora se demonstrou ser uma pessoa tão paciente e carinhosa, que os ajudava em tudo. Os irmãos adotivos de Sasha foram os que mais se adaptaram melhor ao novo idioma. A professora disse que era porque ainda eram crianças e seus cérebros aprendiam com mais facilidade que os adultos. Hange, Levi, Lara e Armin praticavam o italiano quando estavam em casa, o que também os ajudou muito a adquirirem mais fluência.


Porém, apesar do problema do idioma já estar sendo resolvido, existia um outro que deixava Lara, Armin e seus amigos bem aflitos: o desemprego.


Sendo muito, muito sincera, como Levi havia investido seu dinheiro com sabedoria durante boa parte de sua vida (e o salário de um Capitão da Tropa de Exploração era bom) ele tinha o suficiente para comprar uma casa nova e ainda sustentar sua família pelo resto da vida, vivendo confortavelmente (aqui eles agradeceram Armin por ter sugerido vender a casa que tinham em Paradis, pois o dinheiro extra realmente veio muito bem à calhar). Hange também tinha uma boa quantia guardada, apesar de ter começado a investir tarde, após Levi insistir muito, quando casaram. Ela secretamente se arrependia de não ter feito isso mais cedo, agora que parecia ser um assunto de extrema importância.


No momento, nem Levi ou Hange tinham condições físicas para trabalhar. Então, por ora, ficaram tranquilos em relação a este assunto. Ainda mais que em breve, Hange daria à luz e ela deixou bem claro que gostaria de aproveitar o bebê ao máximo, não perdendo nenhum momento, pois foi algo que desejou por anos. Levi também gostava muito da ideia de, no futuro, ficar com Hange e o bebê em casa.


Agora, em relação à Lara e Armin, podemos dizer que eles também tinham uma boa quantia para poderem se sustentar por muito tempo, até mesmo por alguns bons anos. Entretanto, um certo dia, os dois sentaram na mesa e começaram a fazer as contas de quanto ficaria para eles poderem construir e mobiliar uma casa para morarem depois que se casassem, para dar uma festinha simples de casamento e também, fazer uma viagem de lua de mel (que, conforme Lara havia prometido para si mesma, faria de tudo para que Armin pudesse conhecer novos lugares). Chegaram à conclusão de que não tinham a quantia suficiente para fazerem tudo isso que sonhavam. Então, eles precisavam de um emprego com urgência.


Em uma certa tarde de domingo, quando Hange estava em um pouco mais da metade do oitavo mês de gestação, Lara e Armin conversavam no sofá de casa, enquanto Levi e Hange cochilavam no quarto. Os dois falavam sobre como estavam preocupados que nem eles, nem Mikasa, Sasha, Connie ou Jean haviam conseguido um emprego na cidade até agora.


Os pais de Jean, Sasha e Connie conseguiram facilmente empregos nas fazendas locais, como ajudantes, cozinheiras ou para fazer serviços de limpeza, pois era algo que eles já tinham muita experiência e estavam acostumados a fazer em Paradis, além de serem cargos de muita demanda nas fazendas, principalmente das que cultivavam alimentos para vender.


Um pouco aflitos, Armin e Lara conversavam, com ela deitada no peito do noivo, que afagava seus cabelos.


- O problema, môzinho - dizia Lara, arrancando as cutículas em nervosismo - É que nenhum de nós seis temos algum estudo ou conhecimento diferenciado! Não temos uma profissão, além de soldados do Exército!


- Mas, e os seus desenhos? - perguntou ele, separando as mãos de Lara, pois seus dedos começavam a sangrar - Você não acha que pode fazer algum dinheiro com eles? E aquela galeria de arte que você queria abrir?


- Não sei, não… - ela agora apertava as mãos do noivo - Acredito que não é um bom momento para começar a empreender em um novo negócio. Precisamos ficar mais estáveis por aqui.


Armin concordou, pressionando os lábios. Ele também estava muito preocupado, pois não sabia fazer mais nada, além de lutar. É fato que tinha um bom conhecimento na área administrativa, mas locais de trabalhos mais formais ficavam nas áreas mais urbanas do país, que era bem longe de onde moravam agora, e provavelmente, eles apenas contratariam alguém que tivesse um estudo mais completo. Além de que, os conhecimentos administrativos de Armin eram muito voltados para as necessidades que tinham em Paradis, e não em um mundo no qual não haviam mais Titãs.


Lara ajoelhou-se no sofá, sacudindo Armin nervosamente.


- Aiiiii! - exclamou ela - O que a gente sabe fazer, hein?! No que a gente é bom?!


Armin balançou a cabeça, levantou as mãos e respirou fundo.


- Olha, amor… Se for parar para pensar, nós somos bons em ajudar e proteger as pessoas. Era isso o que fazíamos em Paradis como soldados.


Ele olhou para sua noiva, e ficaram se encarando por alguns segundos. Então, de repente, Lara deu um pulo no sofá.


- Môzinho! É isso! - Lara arregalou os olhos, abrindo os braços, então virou-se para ele, agarrando seu rosto com as mãos - Você é um gênio! - ela tascou-lhe um beijo na boca.


Um pouco confuso, mas agradecido pelo beijo, Armin a segurou pelos braços, pois agora ela agitava as mãos, provavelmente tendo uma epifania mental.


- Como não pensamos nisso antes?! - exclamou ela, agora segurando nas mãos do noivo - Nós podemos trabalhar como policiais aqui da cidade! Tenho certeza de que eles têm algum Quartel ou algo do gênero! Não é possível que não exista nenhum tipo de autoridade aqui que lhes garanta proteção!


Armin a olhava, um pouco boquiaberto. Agora, analisando bem, essa ideia até que fazia sentido.


- O que você acha, môzinho?! - perguntou ela, com um brilho no olhar - Qual é a sua opinião?


Aos poucos, com o cenho franzido, pensativo, Armin foi balançando a cabeça em concordância.


- É… Acho que você tem razão, amor… - ele passou a mão no queixo, encarando um ponto fixo - Realmente, lutar e proteger as pessoas é o que fazíamos de melhor em Paradis. Nada mais justo do que fazer isso aqui, também.


Com um gritinho de empolgação, mas logo tapando a própria boca para não acordar os pais, Lara puxou Armin para um forte abraço, que ele retribuiu. Combinaram que logo no dia seguinte, iriam conversar com Mikasa, Jean, Sasha e Connie sobre isso. Na hora do jantar, falaram com Hange e Levi a respeito do assunto. Eles prontamente aprovaram, dizendo que os seis amigos dariam excelentes policiais.


Conforme combinado, no dia seguinte, Lara e Armin se juntaram aos amigos e contaram a sua ideia. Eles ficaram muito animados com a possibilidade, confessando que também já estavam começando a ficar aflitos com o desemprego. Porém, ficaram um pouco apreensivos, pois, se para arrumar um único emprego já estava difícil, imagine arrumar para seis pessoas de uma vez, em um só lugar.


- Eu tenho certeza de que eles irão nos aceitar! - exclamou Lara - Quando eles virem as nossas habilidades, irão nos contratar! Eu tenho fé que vão!


- A Mikasa pelo menos já tem sua vaga garantida - brincou Connie. Todos riram.


- Mas, esperem - disse Jean - Agora precisamos encontrar esse tal Quartel ou sei lá que nome eles chamam por aqui.


Os seis amigos montaram em seus cavalos e começaram a se informar pela vizinhança. Não foi difícil descobrirem que o local ficava no centro e que também era chamado de “Quartel” naquela região.


Chegaram muito nervosos no Quartel, que tinha um tamanho médio e, arranhando o italiano, perguntaram se haveria algum Eldiano de alta patente que eles pudessem conversar. Esperaram alguns minutos e um homem alto, forte e de cabelos grisalhos curtos, na casa dos cinquenta anos, os recebeu em seu escritório. Ele se apresentou como Sargento Hans.


Como Armin era o melhor diplomata do grupo, haviam combinado previamente de que ele iria explicar tudo e pedir o emprego para eles. Com humildade e toda a calma do mundo, Armin explicou para o Sargento Hans toda a situação que estavam passando, enquanto os outros cinco formaram uma fileira atrás dele, em posição militar de sentido, para já mostrarem que não vieram ali para brincadeira.


Quando Armin terminou de falar, o Sargento Hans se inclinou para trás em sua cadeira, passando a mão no queixo, enquanto analisava cada um dos seis soldados à sua frente. Após alguns segundos em silêncio, disse:


- Vamos até a área de treinamentos.


Chegando lá, que era um espaço aberto pequeno, que ficava atrás do prédio do Quartel, ele aplicou alguns testes individuais e em grupo, como exercícios de resistência física, manuseio de armas e rifles, e técnicas de combate.


Ele tinha uma expressão bem fechada enquanto os avaliava, sempre muito quieto. No final, os seis amigos novamente formaram uma fileira, aguardando a resposta final do Sargento, que estava parado na frente deles, com as mãos para trás. Alguns dos soldados que trabalhavam ali ficaram espiando, curiosos.


- Todos vocês têm qualidades muito boas, quando trabalham separados - disse ele, com a voz firme - Porém, percebi que quando trabalham juntos, essas qualidades aumentam consideravelmente. Existem alguns pontos em que vocês precisam melhorar e se adaptar, pois não combatemos Titãs por aqui, apenas pessoas comuns, o que ainda é algo infeliz - ele respirou fundo - Muito bem, então. Vou dar uma chance a vocês. Estávamos mesmo precisando de pessoas jovens e qualificadas para o serviço - Hans deu uma pequena olhada para o lado, dando uma bronca com o olhar nos soldados curiosos, que saíram correndo.


Ainda parados, em posição militar de sentido, os seis amigos não conseguiram deixar de sentir uma imensa alegria em seus corações. Mas, não deixaram transparecer e continuaram com o semblante sério, prestando atenção no Sargento.


- Aqui trabalhamos um pouco diferente. Nós exercemos um papel que é uma mistura de policiais e bombeiros, por só existir este Quartel na cidade. Então, temos que fazer de tudo um pouco e o trabalho é árduo - Hans olhou um a um - Eu posso contar com vocês?


Em uníssono, responderam:


- Sim, senhor!


O Sargento Hans apontou para Armin:


- Você. Dê um passo à frente.


Armin obedeceu.


- Você parece ser uma pessoa que os seus amigos confiam muito - disse Hans - Então, será o Líder e juntos, formarão um Esquadrão.


Neste momento, o coração de Lara se inflou de alegria e teve que fazer muita força para não chorar de orgulho pelo noivo. Armin parecia um pouco nervoso, mas concordou e agradeceu.


- Muito bem, então. Descansar! - disse Hans, e eles obedeceram - Podem começar amanhã mesmo. Daremos todo o treinamento que precisarem. Tragam seus documentos para acertarmos toda a parte burocrática.


Então, o Sargento Hans foi a cada um deles, apertando suas mãos e dando as boas-vindas. Quando saíram do Quartel, os seis amigos ainda continuaram em silêncio, até chegarem ao estábulo comunitário do centro, onde tinham guardado seus cavalos, a algumas duas quadras dali. Quando se viram sozinhos, se abraçaram numa rodinha, pulando e gritando de alegria. Assustaram alguns cavalos.


Eles mal podiam acreditar! Estavam eufóricos de tanta felicidade por conseguirem trabalhar juntos, ainda mais em algo que eram bons. Sasha e Connie fizeram uma dancinha comemorativa, Lara deu um belo de um beijo em Armin, o parabenizando pelo cargo de Líder. Sem querer, Jean e Mikasa se abraçaram forte, mas logo se afastaram, ficando muito corados e tímidos.


No caminho de volta para suas casas, eles conversavam animadamente sobre qual nome deveriam dar para seu Esquadrão e Lara sugeriu que chamassem de “Esquadrão Sasageyo”, em homenagem ao Comandante Erwin Smith. Todos gostaram muito da ideia e juntos, fizeram a saudação, gritando a plenos pulmões:


- SHINZOU WO SASAGEYO!


Em determinado momento, cada um virou em uma estrada para suas casas. Quando chegaram, Lara e Armin foram correndo contar a novidade para Hange e Levi, que ficaram extremamente felizes e orgulhosos pelos dois e, para comemorar, jantaram Bruschetta e macarrão alho e óleo.


Antes de dormir, Armin foi até o quarto de Lara para lhe dar um beijo de boa noite. Ela estava desenhando o navio que os levou até a Itália, apoiada na escrivaninha. Os dois sentaram na cama e deram as mãos, sorrindo um para o outro.


- Agora é só uma questão de tempo para começarmos a construir nossa casa - disse Armin, a puxando para um beijo. Lara estava num estado de contentamento tão grande, que batia os pés e as mãos durante o beijo, arrancando risadas de Armin.


- Eu acho que em alguns meses, já vamos conseguir pelo menos comprar o terreno, não acha?! - ela o olhava com um brilho nos olhos. Armin concordou e se abraçaram, forte.


Os dias foram passando e o Esquadrão Sasageyo se mostrou realmente muito eficaz. Eles aprenderam rápido como trabalhar de acordo com as necessidades do Quartel e da região e, como agora passavam boa parte do dia fora de casa, o italiano deles começou a melhorar consideravelmente, pois estavam muito imersos no idioma.


O uniforme do Quartel era um macacão verde militar de gola alta, repleto de bolsos, com um grosso cinto que envolvia a cintura. Usavam pesados coturnos pretos e uma espécie de boné, da mesma cor do uniforme. Em suas mãos, usavam luvas pretas sem dedos, para auxiliar no manuseio dos rifles. Também receberam um sobretudo preto, para usarem nos dias de frio.


Durante o próximo mês, passaram seus dias fazendo trabalhos internos, como relatórios (coisa que já estavam acostumados a fazer na Tropa de Exploração) e também trabalhos externos, como aprisionamento de quadrilhas de bandidos que assaltavam as fazendas, atendendo ocorrências, como acidentes de trânsito ou brigas, orientavam a população, patrulhavam as estradas, etc. Os momentos mais tensos eram quando tinham que apagar algum incêndio (aconteceu uma vez, onde uma loja de tecidos pegou fogo) ou quando acontecia algum acidente mais grave. Também tinham que fazer um certo trabalho de detetives, desvendando casos de roubos e até mesmo houve um assassinato em certa ocasião.


Assim como o Sargento Hans disse, os seis trabalhavam muito bem em equipe, e Armin era um excelente Líder de Esquadrão. Todos pareciam membros de um só corpo, tamanha harmonia possuíam. Não demorou muito tempo para que o Esquadrão Sasageyo ficasse conhecido por toda a cidade. A única coisa que sentiam falta era de usar seus aparelhos DMT, principalmente lá do centro, onde haviam muitos prédios. Apesar dos cavalos serem ótimos e já estarem acostumados com eles, o Sargento Hans disse que, eventualmente, era muito importante que todos tirassem cartas de motorista, pois os carros motorizados poderiam ser mais úteis em algumas situações.


Em determinada manhã, bem cedinho, quando Lara e Armin chegavam de mais uma longa e cansativa madrugada de trabalho (era a vez do Esquadrão Sasageyo fazer plantão), pois tiveram uma difícil perseguição de uma quadrilha que roubava gado de algumas fazendas, ao entrarem dentro de casa, ouviram um certo burburinho vindo do quarto de Hange e Levi e se entreolharam, muito preocupados.


Correram até lá e encontraram Levi completamente perdido e pálido, apoiado na muleta ao lado de Hange, que suava dos pés à cabeça, com uma intensa expressão de dor estampada no rosto.


- O-O que aconteceu?! - exclamou Lara, indo ao lado da mãe, desesperada.


Hange deu um grito muito alto, apertando a mão da filha com força. Ela encarou Lara, de olhos arregalados e exclamou a plenos pulmões:


- MINHA BOLSA ESTOUROU! O SERUMANINHO VAI NASCER!



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Autor(a): NathaliaCroft

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- AAAAAAAAAAHHHHHHHHH!!! - Hange deu um grito muito alto, segurando a barriga e se contorcendo para frente. Apoiado na muleta, Levi olhava para sua esposa em agonia, com a boca completamente aberta e mais branco que um papel. Lara virou-se para Armin, que também estava pálido.  - Rápido! - exclamou ela, segurando a barriga de Hange, que deu outro ...


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