Fanfic: Lara (Long-Fic Levihan, Armin Arlert X OC) | Tema: Attack on Titan/Shingeki no Kyojin
Se Kuchel era idêntica a Levi por fora, por dentro, era a mais pura cópia de Hange.
Em apenas poucos dias de vida, ela se mostrou ser uma bebê muito extrovertida e carismática, apesar de ainda ser muito cedo para ela começar a sorrir como um ser humano normal.
Os primeiros dias foram muito desafiadores, pois, apesar de já terem Lara como filha, agora Hange e Levi eram “meios” pais de primeira viagem, e tudo era muito diferente quando se tratava de uma recém-nascida.
Levi, por exemplo, demorou no mínimo uma semana completa para finalmente se sentir seguro o suficiente para carregá-la no colo. Ele ainda dava um sorriso bobo quando a olhava em seus braços, como se não acreditasse que a bebê realmente estava ali. Também havia se tornado muito mais rigoroso na limpeza da casa e não podia ver uma poeira no chão, que já passava a vassoura, enquanto se apoiava na muleta. Quando era a sua vez de trocar a fralda, parecia que ia enfrentar um campo radioativo, o tanto de panos que enrolava em seu rosto para evitar o fedor.
Hange lidava com a maternidade da melhor maneira que conseguia, pois sabia que não era nada flores. Seu humor ainda oscilava muito e se sentia bastante exausta em ter que acordar de madrugada para dar de mamar. Porém, era nítido em seu rosto o quanto estava feliz por finalmente ter conseguido a bebê que tanto sonhou. Por incrível que pareça, agora Hange tinha um senso de higiene muito mais aguçado por causa da bebê, chegando a ter vezes em que tomava banho duas vezes ao dia, o que pode ser considerado um milagre. Com umas duas semanas de repouso, ela já começou a se sentir muito melhor e agora já voltava aos seus afazeres normalmente.
Lara e Kuchel pareciam irmãs de sangue, o tanto que se davam bem. A bebê agarrava nos dedos da irmã mais velha e os apertava forte, enquanto Lara lia algumas histórias infantis de alguns livros que comprou, e dormiam juntas no sofá. Lara era muito esforçada para ajudar a mãe no que fosse preciso, lavando e passando as roupinhas de Kuchel, para que tudo ficasse o mais limpo possível. Ela também se encarregou de dar os banhos na bebê e, muitas das vezes, as duas ficavam juntas na banheira, com Lara carinhosamente molhando a cabeça de Kuchel com o chuveirinho em uma temperatura muito agradável.
Armin era um caso à parte e parecia ter o dom de cuidar de bebês. Por alguma razão, ele sabia identificar todos os tipos de choro de Kuchel, sabendo exatamente o que ela queria. O ursinho de pelúcia que ele havia dado de presente virou o melhor amigo da bebê, e ela só dormia com ele no berço. Kuchel era muito agitada e parecia sempre combater o sono, como se enfrentasse o maior Titã que existia, toda vez que era hora da soneca ou à noite. Hange, Levi e Lara tentavam de tudo para fazê-la dormir, mas, somente Armin conseguia, o que lhe rendia ser acordado em algumas madrugadas por um Levi desesperado e com olheiras, implorando para que fizesse Kuchel dormir.
Quando ela completou um mês de vida, finalmente pôde receber algumas visitas. Onyankopon e seus pais foram visitá-la e Imani ficou surpresa em como a bebê amamentava bem. Em outra ocasião, Sasha, Niccolo, Connie, Jean e Mikasa também fizeram uma visita, trazendo alguns presentes bem úteis, como fraldas, mamadeiras, brinquedos para recém-nascidos e até mesmo algumas roupinhas.
Todos a seguraram um pouquinho no colo (apenas Connie não conseguiu direito, pois achava que ela iria pular de seus braços e se estatelar no chão a qualquer minuto, e acabou desistindo). Assim como fazia quando estava na barriga, Kuchel continuava a demonstrar que gostava muito de Mikasa, chorando alto quando ela fez que ia a devolver para a mãe, fazendo Mikasa ter que ficar a segurando por mais pelo menos uns dez minutos. Em determinado momento, Lara cutucou Armin e os dois notaram em como Jean olhava para Mikasa e a bebê com um brilho no olhar e um sorriso bobo e apaixonado. Mikasa pareceu não reparar, pois estava ocupada demais, brincando timidamente com as mãozinhas da menina.
O tempo foi passando e Kuchel foi crescendo forte e saudável. Quando ela tinha três meses, Sasha e Niccolo se casaram, convidando Lara e Armin para serem seus padrinhos. Os recém-casados acabaram se mudando para um apartamentinho que alugaram no centro, que ficava próximo ao Quartel e a padaria onde Niccolo trabalhava. Os pais de Sasha também se mudaram para uma outra casa menor que compraram, disponibilizando o lar temporário para outra família de refugiados.
Vendo que Hange agora estava plenamente recuperada do parto, acharam por bem finalmente procurarem uma ajuda médica para o problema da perna direita de Levi.
Após pesquisarem por alguns dias, descobriram um excelente médico ortopedista, que ficava a um dia de viagem de trem de onde moravam. Lara e Armin pediram alguns dias de folga para o Sargento Hans, para poderem acompanhar os pais, explicando toda a condição de Levi e que não sabiam se a viagem iria ser demorada ou não. Compreensivo, o Sargento os liberou, pois sabia que não iam a passeio. Armin deixou a liderança do Esquadrão Sasageyo nas mãos de Jean.
A viagem de trem foi muito agradável e divertida, pois agora Kuchel aprendera a rir e já conseguia agarrar algumas coisas com as mãos, principalmente seu ursinho de pelúcia e os cabelos de quem quer que passasse à sua frente. Começava a já reconhecer as vozes de cada um e era muito sorridente e divertida.
Levi parecia apreensivo durante a viagem, pois estava com muito medo de ficar naquelas condições para sempre. Mas, Lara, Hange e Armin procuravam falar coisas otimistas, dizendo que eles estariam ao seu lado para o que precisasse, mesmo que nada desse certo. Até mesmo Kuchel dava alguns sorrisos encorajadores para Levi, que fazia seu coração derreter. Ele ficou aliviado ao ver que sua filha mais nova não tinha medo de suas cicatrizes, muito pelo contrário, parecia até mesmo gostar delas, sempre passando suas mãozinhas pelo rosto do pai com muita curiosidade, arregalando aqueles imensos olhos cinzentos-azuis.
Ficaram hospedados em uma estalagem e, no dia seguinte, foram para a consulta médica. Felizmente, o doutor era um ótimo profissional. Mal Levi entrou pela porta do consultório, apoiado na muleta, e o médico exclamou:
- Essa perna não está no lugar certo, meu senhor!
Enquanto Armin ficava segurando Kuchel em um canto, tentando ao máximo que ela não mexesse nos livros e aparelhos do médico, Lara e Hange explicaram como foi que Levi chegou neste estado. Contaram da explosão que ele sofreu e em como, sob uma situação de muito estresse, com Hange ainda grávida, tiveram que fugir por um rio e cuidar de seus ferimentos no meio de uma floresta, em um ambiente muito precário e que, por fim, tiveram que colocar sua perna no lugar da melhor maneira que conseguiram no momento.
O doutor terminou de ouvir toda a história de boca aberta e olhos arregalados, muito impressionado. Ele então examinou Levi minuciosamente e não demorou muito tempo para chegar à conclusão de que, realmente, sua perna estava mal encaixada, o que fez Hange se sentir péssima, por ter sido a responsável (o médico a consolou, dizendo que, nas condições em que estavam, ela até que tinha feito um ótimo trabalho). O grande problema, era que sua perna havia se calcificado ainda encaixada na posição errada, por isso doía tanto.
Infelizmente, o problema só conseguiria ser resolvido através de cirurgia, o que deixou Levi muito assustado, pois não gostava da ideia de ser dissecado, como um rato de laboratório. Mas, o doutor lhe garantiu que faria um bom trabalho e, se tudo desse certo e com alguns meses de fisioterapia intensa, em cerca de um ano, Levi conseguiria voltar a andar normalmente. Aquilo trouxe uma grande esperança para a família. Saber que poderia voltar a ter uma vida normal, realmente fez Levi considerar e, por fim, acabou aceitando.
Surpreendendo a todos, o médico disse que já poderia operá-lo no dia seguinte, caso quisesse. Levi buscou o olhar de aprovação de Hange, Lara e Armin, que consentiram. Até mesmo Kuchel deu um gritinho em determinado momento, arrancando risadas de todos.
Na mesma tarde, Levi foi internado no hospital em que o doutor atuava e, no dia seguinte, foi operado. A cirurgia foi um sucesso, e Levi teve que ficar internado por somente mais alguns dias, até estar plenamente capaz de voltar de trem (somente precisaria usar a cadeira de rodas por um tempo). Antes de irem embora, o médico deixou o contato de um bom fisioterapeuta que atendia na região da cidade de refugiados.
Cerca de dois meses se passaram e Levi já estava se sentindo bem melhor. Fazia todos os exercícios da fisioterapia com muito afinco, e Lara, Hange e Armin sempre o auxiliavam. Kuchel também contribuia para a recuperação do pai, fazendo questão de gritar bem alto na hora que era para Levi começar a fazer os exercícios propostos pelo fisioterapeuta.
À essa altura, Kuchel já conseguia ficar sentada sozinha no chão, sem precisar de apoio, e começava a dar sinais de que queria engatinhar quando era deitada de barriga para baixo. Em determinada noite, enquanto jantavam e Kuchel tentava roubar alguns legumes do prato da irmã, Levi estava tão feliz com seu progresso na recuperação, que disse que talvez, chegou a hora deles finalmente procurarem uma casa definitiva para morar.
Inicialmente, pensaram em comprar uma casa já pronta. Porém, eles sempre se recordavam com tanto carinho da casa de madeira que tinham em Paradis, que acabaram chegando à conclusão de que deveriam comprar um terreno e construir uma igual, com algumas melhorias aqui e ali, como um laboratório maior para Hange, por exemplo, e com um quarto a mais.
Depois do jantar, enquanto Levi e Hange tomavam chá sentados no sofá, com Kuchel agora brincando no chão, Lara e Armin ficaram na mesa, organizando suas finanças, como sempre faziam todo mês, e chegaram à feliz conclusão de que podiam aproveitar que seus pais iriam comprar um terreno, e comprar um para eles, também.
Animados, perguntaram para Hange e Levi o que eles achavam da ideia de comprarem dois terrenos próximos, e eles prontamente concordaram, empolgados, pois era justamente desta maneira que Lara sonhava em viver, quando moravam em Paradis. Ficaram tão felizes, que Lara e Armin se abraçaram e choraram um pouquinho de emoção, pois era a primeira conquista que tinham como casal.
Dali alguns dias, na folga do Quartel de Armin e Lara, os cinco saíram em busca de dois terrenos próximos para comprar, com a ajuda de um corretor de imóveis. Após visitarem alguns, eles finalmente encontraram dois terrenos, que ficavam mais perto do centro, mas que continuavam localizados na área mais rural da cidade, ainda com aquele aspecto de campo que eles tanto gostavam.
Lara e Armin se emocionaram muito ao assinarem o documento de compra do terreno e, após deixarem Hange, Levi e Kuchel em casa, os dois foram novamente visitar o local. Armin pegou Lara em seu colo, a girando, enquanto se beijavam de felicidade no meio do terreno, rendendo os dois ficarem tontos e caírem estatelados no chão, rindo bastante. Lara havia levado uma prancheta, com papéis e lápis, e juntos, começaram a desenhar a planta da casa ali mesmo, do jeitinho que ela havia descrito para Armin, em seu primeiro encontro, mas, com também algumas melhorias e adaptações, pois, conforme iam rabiscando, ideias novas surgiam em suas mentes.
Porém, tiveram que ficar somente no desenho mesmo, pois ainda não tinham dinheiro o suficiente para começarem a construir. Mas, só por já terem dado o primeiro passo, já era motivo de imensa alegria e os dois comemoraram indo comer pizza em um restaurante do centro da cidade, com direito a uma bela taça de sorvete de sobremesa.
Levi pediu para que Lara também desenhasse a planta da antiga casa que eles moravam em Paradis, porque ele queria começar as obras em seu terreno imediatamente, pois, a cada dia que Kuchel crescia, sentiam que a casa temporária ficava menor. Diferente do que fez em Paradis, Levi finalmente fez o favor de contratar um empreiteiro para construir a casa. Não gostava muito da ideia e preferia ele mesmo ter o comando das coisas, mas, ainda não tinha terminado seu tratamento, então não podia fazer esforço algum.
Construir uma casa não é do dia para noite, e demoraria alguns bons meses para ficar pronta. Então, numa determinada noite bem estressante, com Lara e Armin se espremendo na cozinha para terminarem o jantar, Hange correndo atrás de Kuchel, que, agora, com uns sete meses de idade, já se arrastava pelo chão, mas não conseguia engatinhar por completo, e Levi tentando fazer uma faxina, os quatro adultos conversaram e chegaram à conclusão de que deveriam pelo menos, alugar uma casa maior, até a oficial ficar pronta, pois já não dava mais para viver tantas pessoas amontoadas em um ambiente tão pequeno.
Dito e feito. Cerca de duas semanas depois, Levi devolveu a chave da casa temporária para Akin, o agradecendo imensamente e notificando de que já poderia liberá-la para mais alguma família de refugiados.
Se mudaram para uma casa um pouco maior. Possuía quatro quartos, que eram pequenos, mas, pelo menos, agora Kuchel não precisaria mais dormir no mesmo quarto de seus pais, tendo o seu próprio, o que pareceu deixar seu humor um pouco mais calmo, pois até mesmo uma bebê pode se estressar quando tem suas sonecas interrompidas por um pai que não parava de querer passar lustra móveis em seu berço. Além de que Hange e Levi não tinham nenhuma privacidade para poderem namorar à vontade no quarto do lar temporário que saíram. A casa nova também possuía uma cozinha maior e dois banheiros (ainda bem, porque eles não aguentavam mais ter que esperar o outro tomar banho, muito menos ter que aguardar para usar o vaso sanitário).
Infelizmente, alguns dias depois da mudança, numa tarde de terça-feira, receberam a notícia de que o pai de Jean veio a falecer por causa de um problema no coração. Foi feito um velório muito bonito, com até mesmo alguns soldados do Quartel e o Sargento Hans comparecendo para prestarem suas condolências. Logo depois disso, Jean, Connie e suas mães, e Mikasa, decidiram que talvez também fosse bom eles se mudarem para algum lugar menor e liberarem a casa temporária. Cada um deles queria o seu cantinho, mas gostaram tanto de conviverem por todo esse tempo na mesma casa, que no final, Jean, Connie e Mikasa acabaram alugando três kitnets de um prédio no centro. Cada um iria ter a sua privacidade, mas ao mesmo tempo, ainda iriam se ver bastante. Porém, Jean estava arrasado com a morte do pai, e passou muitos dias com um semblante bem abatido.
Certa manhã, poucos dias depois, Lara e Armin andavam pelos corredores do Quartel, conversando sobre como iriam fazer para capturarem uma nova quadrilha que estava roubando porcos de algumas fazendas e, sem querer, presenciaram Mikasa tomar a iniciativa de dar um abraço em Jean, que estava chorando em um canto do refeitório vazio do Quartel. Tentando ficar escondidos, Armin e Lara observaram Mikasa dar tapinhas nas costas de Jean, enquanto ele soluçava, com a testa apoiada em seu ombro.
De fato, Mikasa parecia estar se tornando uma nova pessoa, deixando a “velha Mikasa” realmente para trás. Dia após dia, ela parecia ser mais alegre, e o seu típico semblante triste e cabisbaixo, que sempre demonstrava quando viviam em Paradis, foi sendo substituído por um olhar doce e gentil. Eles nem se lembravam da última vez em que Mikasa mencionou o nome “Eren”.
A questão de ter um hobby por conta própria realmente ficou na cabeça de Mikasa. Então, conforme o tempo foi passando, ela foi experimentando coisas novas. Até que, um certo dia, em seu horário de intervalo, Lara a encontrou sentada em um canto do refeitório, enquanto bordava uma toalhinha num bastidor de madeira. Lara se aproximou, se surpreendendo ao ver que Mikasa realmente tinha talento para o bordado e acabou perguntando o que a tinha levado a escolher essa atividade como passatempo. Com um sorriso contemplativo no rosto, Mikasa lhe explicou que era algo que constantemente fazia com sua mãe, quando era pequena. Bordar lhe trazia uma sensação de paz e tranquilidade, ao mesmo tempo que sentia um acalento em seu coração ao se lembrar da falecida mãe. Lara ficou muito contente ao ouvir isso e sentiu um alívio no peito ao ver que a amiga estava, aos poucos, se recuperando muito bem.
Fazendo agora quase um ano que haviam se mudado para a Itália, os cabelos de Mikasa cresceram bastante e já os conseguia prender em um coque alto e estiloso, com suas franjas caindo elegantemente pelos olhos, deixando Jean cada dia mais apaixonado, pois ele gostava dos cabelos dela quando estavam longos.
Jean era sempre muito amoroso com ela e fazia de tudo para vê-la sorrir. Todos (especialmente ele) estavam respeitando o tempo de Mikasa para poder recuperar seu coração partido, nunca fazendo indiretas sobre namorados ou qualquer coisa que seja, principalmente Jean. Diferente de Eren, ele sempre a incentivava e a elogiava, destacando seus pontos positivos. Jean também notou que ela começou a bordar e, sempre que a via praticando, a dizia o quanto era talentosa e que seus desenhos bordados eram lindos. Mikasa ficou tão lisonjeada com os elogios sinceros de Jean, que alguns dias depois, lhe deu uma toalha de rosto bordada com o nome ‘Jean Kirstein’ de presente, e ele teve que se segurar muito para não pular de alegria no meio do Quartel. Sem nem mesmo perceber, a autoestima de Mikasa começou a subir muito e ela já aparentava enxergar as coisas com um olhar mais otimista.
O tempo foi passando e quando Kuchel fez onze meses de idade, Levi já estava conseguindo fazer praticamente tudo por conta própria, exceto quando precisava se esforçar muito ou caminhar grandes distâncias, principalmente para sair na rua. Então, para facilitar a vida da família, Levi comprou um carro usado, já que tanto Lara quanto Armin haviam tirado cartas de motorista, conforme a orientação do Sargento Hans, o que agora facilitava muito quando os cinco precisavam sair.
No dia em que Kuchel completou um ano de idade, eles deram uma pequena festa no quintal da casa que moravam, e para a total surpresa e alegria de todos, depois do “parabéns”, Sasha anunciou que estava grávida, rendendo um brinde e abraços calorosos de todos, com direito à muita zoação a Niccolo, onde disseram que agora é que ele iria falir, pois Sasha estaria comendo por dois. Armin achou por bem não deixar mais Sasha participar das tarefas mais perigosas no trabalho, como perseguição e aprisionamento de bandidos, a deixando agora mais no trabalho interno, que também era de extrema importância.
Alguns dias depois, numa tarde agradável de domingo, enquanto Hange e Levi cochilavam, Lara e Armin dançavam juntinhos ao som de uma vitrola que tinha na casa e Kuchel brincava no chão. Os dois davam beijos leves e macios, cochichando detalhes sobre a sua futura casa que acreditavam que, em breve, já poderiam começar a construir. Então, Armin parou de falar de repente, pois sentiu algo agarrando sua perna e, quando olhou para baixo, viu nada menos do que Kuchel completamente em pé, se apoiando nele, como se quisesse dançar também, pois ela se sacudia nas perninhas, com um imenso sorriso no rosto.
Lara exclamou de alegria tão alto, que Kuchel caiu sentada de bunda no chão, piscando rápido. Ela e Armin se agacharam e começaram a bater palmas, que Kuchel começou a imitar, dando uma gargalhada gostosa. Segundos depois, uma Hange completamente descabelada e meio sonolenta surgiu, assustada com a barulheira, seguida por Levi, que ainda mancava um pouco. Quando Lara e Armin lhes contaram que Kuchel ficou em pé sozinha pela primeira vez, Levi e Hange perderam o sono na mesma hora, e passaram o restante da tarde tentando fazê-la andar de uma pessoa para a outra. Quando deu lá para as sete horas da noite, Kuchel finalmente conseguiu andar totalmente sozinha, de Lara para Levi. Comeram pizza de marguerita para comemorar a independência locomotiva de Kuchel, que experimentou um pedacinho, mas não mais do que isso, porque Levi era muito rigoroso na alimentação da filha.
Agora que Kuchel conseguia andar sozinha, Lara finalmente cumpriu sua promessa de levá-la no parquinho. Mas, apenas conseguia uma vez por semana, quando ela e Armin tiravam folga do Quartel. Eram momentos muito divertidos e Armin comprava sorvete para ele e a noiva, que deixava sua irmãzinha mais nova experimentar um pouco.
Em determinado dia, quando Levi estava trocando a fralda da filha, coberto dos pés à cabeça com panos para se proteger, quase teve um pequeno ataque do coração quando Kuchel simplesmente olhou para ele e soltou um “PAPA!”. No mesmo instante, tirou o pano que lhe cobria a boca e o nariz, encarando a filha com total perplexidade.
- O-O que você disse?! - gaguejou ele, ignorando o terrível cheiro que exalava da fralda suja.
Kuchel não entendeu muito bem o que o pai perguntou, mas achou engraçado o fato dele a estar olhando de maneira tão cômica, que acabou repetindo:
- Papa!
Agora, foi a vez de Levi dar um grito alto, que fez Kuchel acabar soltando um pum bem na sua cara, o que o quase fez desmaiar, se não fosse o fato de Hange, Lara e Armin chegarem correndo no quarto e irem ao seu encontro. Agitando as mãos, Levi lhes contou que a filha havia dito a primeira palavra e que fora “papa”, o que fez Lara, Armin e Hange se debruçarem sobre ela, ainda deitada no trocador, e começarem a exclamar seus próprios nomes. Kuchel ficou muito assustada ao ver sua mãe, irmã e cunhado falando tão alto em sua cara, que decidiu espirrar bem naquela hora, sujando a todos.
Eles tentaram de tudo, mas Kuchel parecia irredutível e somente dizia “papa” para tudo o que lhe perguntavam. Levi ficou extremamente metido por causa disso, se achando o rei da cocada.
- É assim mesmo! - exclamou Hange, indignada, certa vez em que fez de tudo para que Kuchel falasse “mamãe” e falhou miseravelmente, segurando-a sentada na mesa de jantar - Carreguei você por nove meses, para nascer com a cara do seu pai e ainda ficar só chamando por ele! Ah, vai te lascar!
- Estou me sentindo traída! - disse Lara, com as mãos na cintura e um biquinho - Depois, não vem me pedir para te levar no parquinho!
- Nunca imaginei isso vindo de você - protestou Armin, cruzando os braços - Eu e o ursinho de pelúcia estamos decepcionados com o seu comportamento!
Levi, que estava no fogão preparando um chá, olhou para a filha mais nova e lhe deu uma piscadinha. Kuchel bateu palmas e, só de pirraça, fez questão de falar “papa!” por mais umas cinco vezes seguidas, fazendo Hange, Lara e Armin soltarem exclamações de completa indignação.
Eventualmente, Kuchel aprendeu a falar “mama”, mas não falava os nomes de Armin ou Lara de jeito nenhum, deixando-os devastados. Aparentemente, ela tinha dificuldades em pronunciar a letra “R”. Até mesmo o nome de Mikasa falou primeiro e, já que estamos falando nela, devo mencionar que as duas continuavam a se dar muito bem.
Certa vez, Lara e Armin a convidaram para levarem Kuchel no parquinho, juntos. Quando chegaram no local, os dois se surpreenderam ao ver que Jean também veio. Enquanto observavam Mikasa, Jean e Kuchel se divertindo em um balanço, Armin e Lara cochichavam.
- Será que está rolando alguma coisa entre eles para o Jean ter vindo? - perguntou ele, intrigado.
- Olha, eu não sei… Mas, eu percebi que eles estão andando juntos ultimamente - Lara levantou uma sobrancelha - Pelo que pude perceber, a Mikasa está bem feliz. Será que ela finalmente vai dar uma chance para o Jean?
Os dois observaram os amigos e a irmãzinha, que riam muito.
- Acredito que ela já está, viu? - respondeu Armin.
- Será que é chato nós darmos um empurrãozinho? - perguntou Lara, parecendo animada - Podíamos tentar alguma coisa e, se vermos que não está fazendo bem à Mikasa, paramos.
- Mas, o que podemos fazer?
Lara ficou pensativa por alguns segundos, então disse:
- Quando você nos separa para fazermos as patrulhas, normalmente coloca o Jean com o Connie, e deixa a Mikasa com um de nós dois ou sozinha, já que agora a Sasha só fica no Quartel, certo? - Armin concordou - Então, por que você não coloca a Mikasa e o Jean como dupla a partir de hoje? Vamos ver como eles reagem. Se bem que, da parte do Jean, ele irá trabalhar todos os dias feliz da vida! - os dois riram e Armin aprovou a ideia.
Quando Kuchel completou um ano e quatro meses, eles finalmente se mudaram para sua “nova-antiga” casa. Agora plenamente recuperado, Levi liderou a mudança como um verdadeiro Capitão da Tropa de Exploração, não pegando leve, com o Esquadrão Sasageyo completo ajudando a carregar as malas e os baús (exceto Sasha). Connie havia convidado uma das primas de Onyankopon para ajudar, pois estavam de namorico.
Durante esse tempo que se passou, até o dia da mudança, Lara e Armin perceberam que seu plano de aproximar Mikasa e Jean parecia estar dando certo. Pelo menos, era o que os dois davam a entender.
Como Lara havia previsto, Jean claramente demonstrou que amou ficar na companhia de Mikasa quando iam fazer as patrulhas, e realmente vinha trabalhar mais contente. Já Mikasa, era mais difícil de decifrar. Porém, houve uma certa ocasião em que os seis amigos almoçavam no refeitório e um soldado se aproximou da mesa, olhando para Mikasa e, na frente de todos, a perguntou se aceitaria sair com ele em seu dia de folga.
Lara e Armin perceberam que Jean ficou um pouco pálido e engoliu em seco, olhando nervosamente de Mikasa para o soldado. Entretanto, ela educadamente recusou o convite, dizendo que em seus dias de folga, precisava cuidar da irmãzinha mais nova de Lara, o que obviamente era uma mentira, mas ela acabou confirmando para ajudar a amiga.
Aparentando estar decepcionado, o soldado saiu, pedindo desculpas pelo incômodo. Disfarçadamente, Jean soltou ar pela boca, parecendo extremamente aliviado. Então, para a surpresa de Armin e Lara, Mikasa baixou a cabeça, tentando se esconder, e deu um sorrisinho atrevido, olhando Jean de soslaio. Somente Lara e Armin perceberam isso e se cutucaram com os pés debaixo da mesa, com empolgação. Connie estava muito ocupado, conversando com a barriga de Sasha, que já tinha o formato de um melão.
Voltando ao dia da mudança, Jean e Mikasa ficavam competindo para ver quem conseguia carregar mais malas e baús, com Jean perdendo de lavada. Mas, ao invés de ficar se doendo por isso, elogiava Mikasa pela sua força, a deixando um pouco corada em determinado momento.
Levi havia pedido para construírem a casa exatamente do jeitinho que era em Paradis, com a diferença de que agora possuía um sistema completo de energia elétrica, eletrodomésticos e água encanada, além de terem aumentado o laboratório de Hange e feito mais um quarto, que ficou para Armin. Também decidiram de última hora a fazer mais um banheiro no quarto de Levi e Hange, para que eles pudessem ter mais privacidade, pois secretamente combinaram de que iriam tomar banhos juntos de madrugada e fazer amor na banheira. Dessa vez, ao invés do porão ser uma sala de treinamento para lutas, virou um grande cômodo de recreação, principalmente para Kuchel, que simplesmente ficou encantada ao ver os seus brinquedos espalhados pelo chão, mas como sempre, ignorava a todos e ia ao encontro do seu ursinho de pelúcia, o abraçando apertado.
Apesar de não ter mais muito tempo para desenhar como antes, por trabalhar muito e ajudar a cuidar de Kuchel, Lara havia melhorado um pouco mais em suas habilidades artísticas, fazendo novamente o desenho da floresta com versões filhotes de animais no quarto da irmã mais nova. Também finalmente conseguiu pintar o céu estrelado no teto, o que deixou Kuchel encantada quando viu o trabalho finalizado, onde ela exclamava “Lindo! Lindo!”.
Quando terminaram a mudança no final do dia, os quatro se deitaram nos três sofás em “U” na sala, em frente a lareira, com Kuchel estatelada no chão, porque, apesar de não ter levantado um só dedo para carregar uma única fralda sua sequer, havia corrido tanto pela casa nova, que agora estava exausta. Ofegante, Kuchel olhou para a irmã mais velha, que se apoiava em Armin, o qual praticamente babava de tanto sono, e disse em um tom autoritário:
- Tetê e a mimir!
Resmungando de cansaço, Lara foi até a cozinha preparar a mamadeira da menina. Quando voltou à sala, Armin agora literalmente babava no sofá novo, dormindo pesado. Ela entregou a mamadeira para Kuchel, que começou a tomar, mas não deu dois minutos e já capotou de sono no chão. Meio molenga, Hange a levou para o berço, enquanto Levi criou coragem para fazer uma janta rápida, para poderem comer e dormir logo. Lara teve que praticamente carregar Armin do sofá para a mesa de jantar e ele comeu de olhos fechados.
Era muito bom estar de volta em um ambiente que lhes traziam boas lembranças de quando viviam em Paradis. Agora que moravam mais perto do centro, agora sim, Lara tinha mais tempo para desenhar e Armin, para ler seus livros. Além de que também conseguiam dedicar mais algumas horas da sua semana para planejarem seu futuro. Hange e Levi também puderam passar mais tempo juntos. Enquanto Armin e Lara saíam para trabalhar e Kuchel dormia pesado em seu quarto durante suas sonecas da tarde, Levi e Hange aproveitavam para tirarem o atraso do tempo que ficaram sem namorar, por causa da gravidez de risco de Hange e do acidente de Levi.
Poucos meses depois, Sasha deu à luz um lindo menino, chamado Ben, que diziam que tinha o apetite tão voraz quanto o da mãe, para o total desespero de Niccolo. Ele havia aberto um pequeno restaurante no centro e estava indo muito bem, com Sasha fazendo questão de experimentar todos os pratos antes de irem para o cardápio.
Dias depois, numa manhã agradável de domingo, a Família Ackerman/Arlert tomava café da manhã.
Kuchel, sentada em seu cadeirão de bebê, discutia calorosamente com Levi, que jurava de pé juntos que a menina já havia comido dois pratos de omelete, enquanto ela alegava que havia comido apenas um. Para o total espanto dos dois, Lara interveio, informando que ambos estavam errados e que Kuchel havia comido três pratos de omelete, pois ela mesma havia os preparado.
Em determinado momento, depois de rir da situação, Hange perguntou:
- Quando pretendem começar a construir a casinha de vocês? Estou empolgada para ver o projeto final!
Lara e Armin se entreolharam com um sorriso otimista.
- Pelas nossas contas, acreditamos que conseguimos começar no mês que vem - respondeu Armin, feliz, apertando a mão de Lara.
- Verdade - concordou ela, sorrindo e retribuindo o carinho do noivo - Também já temos que começar a nos planejar para a festa e lua de mel, porque daqui a pouco, vamos completar dois anos de noivado.
- O quê?! Já?! - perguntou Levi, dando suco de laranja para Kuchel num canudinho - Mas, vocês noivaram ontem!
- Olha o tamanho da Kuchel, pai - disse Lara, apontando para a menina, que batia a colher na tampa do cadeirão - Daqui a pouco, ela vai fazer dois anos. Ficamos noivos poucos meses antes dela nascer, o senhor se esqueceu?
Levi ficou olhando para um ponto fixo, de olhos arregalados, não acreditando que já havia se passado tanto tempo assim, enquanto os outros riam de sua cara (Kuchel estava ocupada demais para rir, agora derramando o suco no chão).
- Onde vocês pensam em passar a lua de mel? - perguntou Hange, enquanto Levi limpava o chão e tinha seus cabelos violentamente puxados pela filha mais nova.
- Tem uma região aqui da Itália que dizem que é perfeita para casais em lua de mel, e pensamos em ir para lá - respondeu Lara, olhando para Armin com um brilho no olhar.
- É mesmo?! Como chama?! - perguntou Hange, agora muito curiosa.
- Toscana - respondeu Armin, animado - Dizem que é um lugar muito lindo! Pelo que pesquisamos, tem construções antigas, museus, praças, vinhedos e até mesmo, passeio de balão!
Num movimento súbito, Hange virou-se para Levi, o sacudindo.
- Ah, amor! Bem que você podia me levar para viajar depois que a Lara e o Armin se casarem, não é?! Passamos nossas duas luas de mel em casa! Eu também quero passear!
Levi lhe retribuiu o olhar com uma expressão de tédio, sentindo fortes dores no couro cabeludo, o tanto que sua filha o puxou. Tinha um pouco de preguiça de viajar, por ser uma pessoa mais caseira e não confiar na qualidade da limpeza dos hotéis.
- Se vocês quiserem, podem deixar Kuchel na nossa casa e irem os dois - disse Lara, olhando para a irmãzinha, que gostou da possibilidade de fazer bagunça na futura casa da irmã mais velha.
Hange ficou animadíssima com a ideia e Levi disse que iria pensar. Então, ele perguntou:
- Vocês pretendem chamar muitas pessoas para a festa?
Armin e Lara se entreolharam e deram de ombros.
- Acho que não - respondeu ela. Lara parou e pensou um pouco - Acredito que umas cinquenta pessoas serão o suficiente, não é, môzinho? - ela virou-se para Armin, que concordou - Não vamos gastar muito com a festa, porque queremos usar o dinheiro para a nossa casa e lua de mel. Além de que, também estamos tentando economizar para comprar um carro só nosso, apesar de que talvez, isso tenha que ficar mais pra frente...
- Vocês estão certos - aprovou Levi, limpando o cadeirão de Kuchel, que estava ensopado de suco.
Hange deu uma risadinha.
- Eu acho melhor vocês colocarem mais um lugar na festa.
Todos olharam para ela, confusos.
- Ué, por quê? - perguntou Armin, tomando um gole do seu chá.
Para a surpresa deles, Hange se levantou e colocou a mão na barriga, com um enorme sorriso.
- Porque temos outro Serumaninho chegando!
Autor(a): NathaliaCroft
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A notícia de que Hange novamente estava grávida trouxe muita euforia e contentamento para a casa. Logo de cara, já decidiram apelidar o novo bebê de Serumaninho II (lê-se “Serumaninho segundo”). Levi prontamente disse que, dessa vez, não iria mais cair nas armadilhas de feto algum, e que iria ficar mais esperto nas futuras ...
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