Fanfics Brasil - Capítulo 1 - Surtando De um jeito diferente

Fanfic: De um jeito diferente | Tema: Harry Potter


Capítulo: Capítulo 1 - Surtando

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POV Hermione


 


Olhei para o quarto meticulosamente arrumado, o lençol perfeitamente esticado em minha cama e os móveis sem nenhuma camada de poeira. Andei até minha estante repleta de retratos e peguei uma das fotos. Eu e meus pais estávamos sorrindo para a câmera de um senhor que nos abordou em nossa viagem a França alguns verões atrás. Lembro de meu pai reclamando horrores pelo preço que pagou naquela única foto. Foi definitivamente um dia muito engraçado. Coloquei o retrato de volta no lugar e peguei outro. Eu estava abraçada a Harry e Rony em frente à cabana de Hagrid, a foto tinha sido tirada por Colin Creevey depois de muita insistência do próprio e de mim mesma. Sorri com a lembrança dos meus amigos, estava com saudades, passei todo o verão sem vê-los ou entrar em contato com qualquer um dos dois, preferi gastar todo o tempo que podia para ficar com os meus pais, porque o que estava para acontecer faria com que eles nem se lembrassem de que tinham uma filha.


A terceira e última foto, era bem mais recente que as outras, era a final do Torneio de Quadribol no ano passado, foi um jogo acirrado entre Grifinória e Sonserina, mas acabamos vencendo quando Harry pegou o pomo 2h30 depois. Na foto eu estava abraçada a Gina Weasley, minha melhor amiga. Ambas estávamos com largos sorrisos, afinal ela era a melhor artilheira do time e havia marcado mais gols em toda a temporada. Um de seus braços rodeavam minha cintura, puxando-me de encontro ao seu corpo enquanto na outra mão livre ela segurava sua vassoura. Ao fundo estava o resto do time de Quadribol da Grifinória comemorando a vitória, dando para ver Harry e Rony sendo engolidos por um emaranhado de pessoas animadas. Eu sorri com aquilo, Gina era extremamente importante para mim, mesmo que às vezes eu ficasse muito com Harry e Rony.


– HERMIONE, DESÇA AQUI! – gritou minha mãe do andar de baixo.


Soltei um suspiro, peguei uma pequena bolsinha em cima da minha cama. Dei uma última olhada em meu quarto e finalmente fechei a porta. Desci as escadas silenciosamente com a varinha em punho. Meus pais conversavam na sala, sem nem ao menos perceber a minha presença.


Soltei um longo suspiro silencioso e uma pequena lágrima escorreu pelo meu rosto, levantei a varinha em direção aos meus pais, minha mão tremia, mas tinha que fazer aquilo, tinha que fazer aquilo pelo mundo bruxo, por Harry...


Obliviate” – eu sussurrei.


Por um momento achei que o feitiço não havia dado certo. Nada aconteceu. Franzi o cenho. Mas não podia ser, estive treinando há meses esse feitiço, tinha certeza de que fiz tudo certo. Estava pronta para lançar o Obliviate de novo, quando algo me chamou a atenção. Através do espelho da sala, pude ver a expressão de meus pais. Suas feições estavam lívidas, seus olhares perdidos em algum ponto qualquer, e não expressavam qualquer reação.


Acho que deu certo”– pensei.


Meus olhos percorreram a sala. Pronto. Já estava feito. Daqui a alguns minutos meus pais recobrariam a consciência e não lembrariam que algum dia tiveram uma filha, apenas se recordariam de seus nomes, que eram dentistas e que estavam se mudando para a Austrália em alguns dias.


Meus olhos arderam e minha visão ficou embaçada, mas prometi que não iria chorar. Tinha que ser forte. O mundo bruxo precisava de mim. Harry precisava de mim e assim seria.


Puxei minha bolsinha de contas para mais perto do meu corpo, e dei uma última olhada em meus pais. Finalmente dei as costas a eles e sai pela porta da frente, para as ruas geladas de Londres.


–---------x----------


POV Gina


– GINA, DESÇA AQUI AGORA! – gritou Sra. Weasley, vulgo minha mãe, vários andares abaixo.


Suspirei e levantei-me da cama. Por algum motivo que eu desconhecia, hoje estava sendo um dia muito estranho, estava me sentindo estranha, como se estivesse esperando por algo ansiosamente, mas não fazia ideia do que era.


Calcei meus tênis e desci rapidamente as escadas em direção à cozinha. Minha mãe segurava um cesto de roupas, enquanto uma faca cortava algumas batatas sozinha.


– Me chamou mãe? – perguntei.


–Sim, quero que vá com Rony pegar algumas amoras. Quero fazer geleia para o café da manhã.


– Okay, onde ele está? – perguntei.


- Acho que está no quintal te esperando.


Peguei um cesto onde colocamos as amoras e sai da casa pelas portas dos fundos. Rony me esperava perto da cerca onde nossa mãe plantava suas coisas, sua expressão não era lá muito amigável, provavelmente Molly o havia acordado do seu soninho da tarde. Isso sempre o deixava com muita raiva. E claro, eu como irmã mais nova não poderia deixar de irritar o meu irmão mais um pouco.


– Que cara é essa, maninho? Caiu da cama? – perguntei com um sorrisinho irônico no rosto.


– Não enche Gina – falou Rony – Não dormi a noite toda e estou cansado, então se não for muito incomodo, podemos acabar logo com isso?


– Porque não conseguiu dormir? – perguntei enquanto íamos até as árvores de amoras – Você adora dormir.


– Eu não sei. Sinto como se eu estivesse esperando algo ansiosamente, mas não sei o que é – falou Rony e logo em seguida deu um grande bocejo.


Ele se afastou, indo para uma árvore mais ao final do pomar.


Continuei parada no mesmo lugar. Rony estava sentindo a mesma coisa que eu. Estranho. Porque estávamos sentindo aquilo? Pelo que me lembrava, apenas me sentia assim quando Harry estava vindo passar alguns dias aqui na Toca, mas ele não viria, não por enquanto, tínhamos que esperar até que ele completasse 17 anos e ainda faltava uma semana para 31 de julho.


Olhei para meu irmão que acenava com a varinha fazendo com que várias amoras caíssem e flutuassem direto para o cesto. Eu sabia quando o meu irmão ficava assim, e era sempre que Hermione vinha passar o resto das férias aqui, e por algum motivo eu não gostei daquilo. Hermione era minha melhor amiga, eu deveria ter sido avisada que ela estava vindo, ou melhor, Hermione tinha que ter me avisado. Eu sabia que Rony tinha certo interesse na minha amiga, sabia que o meu irmão idiota gostava dela, apesar dele não admitir, mas até onde eu sabia os dois nunca haviam tido nada. Rony ainda era o melhor amigo de Hermione tanto quanto eu, merecia saber se Hermione estava vindo, e isso ia ser agora.


– Rony – eu o chamei – Você sabe alguma coisa sobre Hermione?


– Hermione? – perguntou o ruivo idiota.


– É. Hermione Granger. Minha melhor amiga, sua melhor amiga, melhor amiga do Harry e a garota mais inteligente de Hogwarts, lembra?


– Sei quem é Gina, não precisa ser irônica, e não, eu não sei nada sobre Hermione.


– Como assim não sabe nada?


– Simples, eu não sei, ela não me mandou nenhuma carta e nem respondeu as que eu mandei desde que voltamos de Hogwarts – disse Rony, voltando sua atenção para a árvore de amora.


Rony parecia aborrecido com isso, por Hermione não ter entrado em contato com ele e ainda estar claramente o ignorando. E de alguma forma eu também me sentia assim. Mas Hermione sempre mandava cartas nas férias, pelo menos uma por semana. Será que tinha acontecido alguma coisa?


– Terminei – falou Rony – Vou levar isso aqui para mamãe, termine isso aí rápido. Vou estar no meu quarto, qualquer coisa NÃO me chame.


Rony saiu dali com uma cesta cheia de amoras em direção à Toca.


Então Hermione não estava vindo? Era isso ou Rony estava mentindo. Mas ele não mentiria, não havia motivo para isso. Hermione também era minha amiga, eu merecia saber se ela estava vindo, tanto quanto ele.


Terminei de colher as amoras depois de algum tempo. Desde que Rony havia completado seus 17 anos, o garoto não fazia nada sem sua varinha, e claro que aquilo como colher amoras ia ser rápido e fácil, e eu que era menor de idade para a magia ainda tinha que fazer tudo a mão.


Peguei a cesta com uma certa dificuldade e andei lentamente até a casa. Deixei as amoras ao lado das de Rony e subi novamente para meu quarto. Tudo aquilo era muito estranho. Rony estava agindo exatamente como quando Hermione vinha para a Toca, mas de acordo com ele, ela não tinha nem ao menos entrado em contato a mais de dois meses.


Será que havia acontecido alguma coisa? Mas Hermione teria dito alguma coisa. Ou não? Se eu bem conhecia a minha amiga, ela com certeza não diria nada, não quando poderia preocupar eu, Rony, Harry ou o resto da Ordem da Fênix. E se eu bem me conhecia, não pararia de me preocupar até ter certeza de que minha melhor amiga estava bem. Teria que conversar com a única pessoa que provavelmente estava tão preocupada quanto eu.


Sai do meu quarto e subi alguns lances de escadas até o quinto andar. Bati na porta mas ninguém me mandou entrar. O idiota devia ter voltado a dormir. Então abri a porta. O quarto estava escuro com as cortinas fechadas e abafado, como ele conseguia dormir ali dentro?


Entrei no quarto e fui logo abrindo tudo, deixando a luz do dia finalmente entrar naquele quarto fedorento. Rony se mexeu um pouco na cama, mas pareceu não se incomodar muito, apenas virou para o outro lado  e continuou a dormir. Revirei os olhos com isso. Meu irmão era a pessoa mais folgada e preguiçosa que eu conhecia.


– Rony acorda – falei normalmente.


Ele apenas resmungou.


– Rony Weasley!


Nada.


– RONALD WEASLEY! – gritei.


Rony caiu da cama com o susto e se levantou com tanta rapidez que eu fiquei surpresa com a agilidade que achava que ele não tinha.


– GINA, o que você está fazendo aqui? Falei que não era pra me chamar – falou Rony que estava com o rosto completamente vermelho e parecia tentar se esconder de algo.


E foi aí que percebi. Rony estava apenas de cueca boxer, tentando a todo custo se esconder com as mãos e o lençol da cama.


– Ah por favor Ronald, eu tenho seis irmãos mais velhos, você não tem nada que eu nunca tenha visto antes – eu disse fazendo força para não rir na cara dele.


Rony pegou uma camiseta e uma calça que estavam jogados no chão e as vestiu.


– O que você veio fazer aqui Gina? – perguntou ele.


– Eu quero falar com você.


– Hum... E não poderia esperar até eu acordar?


– Não – respondi secamente – Quero falar com você sobre Hermione – eu disse sentando-me na cama bagunçada.


– So... Sobre Hermione? – perguntou ele.


Revirei os olhos. Rony achava que enganava alguém, estava claramente escrito em sua cara que ele gostava de sua amiga. Mas algo me incomodou em meu interior, não gostava de lembrar que meu irmão estava totalmente apaixonado por Hermione.


– É Ronald, Hermione.


– O que tem Hermione? – perguntou ele.


– Ela não mandou nenhuma carta?


– Eu já te disse, não sei nada sobre ela desde que nos despedimos em King’s Cross – falou Rony com uma expressão triste.


– E você não acha isso estranho? Não está preocupado por ela não ter entrado em contato? – perguntei.


Rony suspirou e sentou-se ao meu lado na cama.


– Claro que estou Gina. Hermione é minha melhor amiga e apesar de não demonstrar isso muito, eu me preocupo.


– Então, o que você acha que aconteceu?


– Talvez só esteja com os pais dela, viajando ou alguma coisa assim – falou Rony.


– Mas você não acha que poderia ter acontecido algo... Algo ruim?


– Algo ruim? – perguntou ele.


– É Rony, algo ruim. Talvez ela esteja com algum problema. Não é normal ela deixar de entrar em contato – falei – E provavelmente nem com Harry ela falou.


– É, ela realmente não mandou nada para Harry, ele me disse. Mas não acho que tenha algo de errado. Ela teria nos dito alguma coisa. Pedido ajuda ou alguma coisa assim.


– Francamente Rony, você acha realmente que Hermione pediria nossa ajuda? Ela é orgulhosa demais para isso – eu disse com frustração.


– Hum, é você tem razão – falou Rony com um suspiro.


Ficamos algum tempo em silêncio, cada um com seus pensamentos até que o quebrei.


– Temos que fazer alguma coisa.


– Mas o que?


– Eu não sei... Talvez nós devêssemos ir até a casa dela, ver o que realmente está acontecendo – eu disse.


– Mas Gina, mamãe nunca nos deixaria sair assim, Londres provavelmente está cheia de Comensais da Morte, e Você-sabe-quem está tomando o Ministério – falou Rony.


– Mas temos que fazer alguma coisa, Rony. É Hermione, merda. Não podemos deixar que aconteça alguma coisa com ela – eu disse começando a me irritar com esse descaso do meu irmão. Não podemos simplesmente deixar para lá e fingir que estava tudo bem.


Pensando nisso, eu finalmente me dei conta da gravidade da situação. Hermione e seus pais poderiam ter sido capturados pelos Comensais, afinal, ela era uma nascida trouxa e melhor amiga de Harry Potter, era um passaporte completo para Voldemort chegar até onde ele queria. Um desespero quase incontrolável me abateu, precisava fazer alguma coisa urgentemente.


– Não me importo com o que mamãe diz. Hermione pode estar correndo perigo. Vou até a casa dela hoje à noite e ninguém vai me impedir – falei quase gritando com o meu irmão.


Rony me olhou assustado. Ele provavelmente nunca achou que eu me importasse tanto com Hermione. Nós duas éramos muito ligadas e ele não havia se dado conta, estava tão acostumado a estar sempre com Harry e Hermione que nunca percebeu que seus dois melhores amigos provavelmente tinham também outros amigos que se importavam com eles tão quando ele mesmo.


– Tudo bem, eu vou com você. Não posso deixar minha irmãzinha andar no meio de Londres sem mim, mamãe me mataria se soubesse que te deixei sozinha – falou Rony.


– Maninho, mamãe vai nos matar de qualquer jeito se descobrir – eu disse.


– Tem razão, mas como vamos até a casa de Hermione? Provavelmente o Ford Anglia do papai está na floresta proibida em Hogwarts.


– Eu estive pensando. Vamos sair quando todos estiverem dormindo e vamos precisar ir de vassoura – disse enquanto me levantava da cama e andava de um lado para o outro no quarto.


– De vassoura?


– É Rony, vassoura. Ou você prefere ir andando?


– Mas eu já tenho a licença para aparatar, podemos fazer uma aparatação acompanhada.


– Rony – eu comecei colocando a mão no ombro do meu irmão e o olhando fixamente nos olhos – Eu já te vi aparatar em cima de Jorge e também dentro de um lago. Sozinho você já aparata assim, imagine acompanhado. Eu não vou aparatar com você.


– Você está dizendo que não sei aparatar direito? – perguntou ele com um tom de voz ofendida.


– Sim estou. Vamos de vassoura, saímos assim que mamãe e papai dormirem – falei indo em direção à porta – Agora vou para o meu quarto descansar um pouco, porque eu também não consegui dormir nada a noite.


E sai deixando Rony com uma cara de bobo, o que não era lá uma novidade.



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Autor(a): stefpina

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