Fanfics Brasil - Capítulo 5 - Nós não temos nada, não é? De um jeito diferente

Fanfic: De um jeito diferente | Tema: Harry Potter


Capítulo: Capítulo 5 - Nós não temos nada, não é?

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POV HERMIONE


Eu estava me sentindo nas nuvens. Quando Gina saiu do quarto, me permiti suspirar com um sorriso bobo no rosto. Joguei-me sobre a cama de Fred, ou seria de Jorge? Dei de ombros. Não importava. Encarei o teto de madeira empoeirada. Aquele foi o melhor beijo que eu já havia provado, e poderia facilmente me ver fazendo aquilo pelo resto da minha vida.


Claro, ajudava com o fato de que eu sempre tive uma certa queda por Gina, mas sabia que nunca daria em nada e já havia me contentado de que ela ficaria com Harry, que pelo menos era um ótimo garoto. Mas meu pensamento mudou completamente na noite passada com a nossa discussão. Quando ela gritou que me amava, e mesmo que tivesse sido de uma forma amigável ou não, fez meu coração acelerar como nunca.


E agora ela me beijou.


Gina Weasley havia me beijado e tinha sido perfeito. Mas e agora? Ela realmente gostava de mim ou havia sido apenas carência, porque até onde eu sei, Harry havia terminado com ela. Não fazia a mínima ideia, mas uma coisa eu sabia, Gina Weasley havia gostado de me beijar ou não teria retribuído naquela intensidade.


Estava prestes a me levantar quando ouço uma batida na porta, me cubro um pouco com as cobertas antes de dizer para que entrasse.


- Hey - a cabeleira ruiva de Rony apareceu pela fresta da porta - Posso entrar?


- Claro Rony - eu disse enquanto me ajeitava decentemente na cama.


Ele entrou fechando a porta atrás de si e se sentou na outra cama que provavelmente seria de Jorge, ou não.


- Você e Gina demoraram, pensei que estavam brigando de novo - ele disse sem pestanejar.


- Não, nós estávamos apenas... - e antes que eu pudesse inventar alguma coisa, ele me cortou.


- Colocando a conversa em dia, já sei. E que não é do meu interesse. Gina já me disse isso - ele resmungou. Com certeza eles haviam discutido. Era tão óbvio.


- É, nós só estávamos conversando.


- Como você está, Hermione? - ele me perguntou com uma expressão séria.


- Eu estou bem, e você?


- Por favor Hermione, eu te conheço a seis anos, não sou idiota. Aconteceu alguma coisa - ele disse e eu suspirei. Sabia que tinha que contar a ele.


- Eu... Eu fiz uma coisa - eu sussurrei enquanto olhava para as minhas próprias mãos.


- Hermione, você sabe que pode me contar qualquer coisa. Sou seu melhor amigo, quer dizer, junto com Harry e… - ele se embaralhou todo enquanto me olhava com preocupação.


Rony, por mais imaturo, insensível e idiota que fosse, ainda conseguia ser adorável quando queria e admito que já me peguei pensando nele não só como meu melhor amigo e que poderíamos vir a ter alguma coisa, mas agora eu já não tinha tanta certeza.


- Já entendi Rony - eu o cortei antes que dissesse mais alguma coisa - É complicado.


- Pode confiar em mim, Mione - ele disse e eu lhe sorri timidamente.


- Eu enfeiticei os meus pais - confessei em um fôlego só.


- Você fez o que? - ele perguntou assustado.


- Eu precisei fazer isso. Usei Obliviate e... E agora eles não se lembram que tem uma filha...


- Calma Hermione, não estou entendendo.


- Eu enfeiticei os meus pais com o Obliviate, apaguei a memória deles e agora não sabem que algum dia tiveram alguma filha. Ah, e estão se mudando para a Austrália.


Rony me encarava com aquela cara de quem estava tentando entender toda a informação. E quando eu pensei que ele tinha travado e estava pronta para sacudi-lo e fazê-lo voltar a realidade, ele falou em uma voz rouca.


- Porque você fez isso?


- Não é óbvio? Prometemos a Harry que iriamos com ele procurar as Horcruxes e tomei algumas providências para manter meu pais seguros. Os Comensais da Morte com certeza virão atrás de nós dois e farão o possível para entregarmos Harry para Voldemort. Eu não vou dar esse gostinho a eles, não se eu puder evitar.


- Entendo. Acho que eu faria o mesmo, se não fosse pelo fato de que minha família inteira faz parte da Ordem da Fênix, tirando Gina é claro. E também se eu soubesse lançar um Obliviate - ele disse pensativo olhando para o nada - Você sabe que Harry vai enlouquecer quando souber né? Vai se sentir culpado por achar que está acabando com nossas vidas com os problemas dele.


- Eu sei, por isso você vai estar comigo quando eu contar o que fiz. Ele já está se sentindo culpado apenas por estarmos desistindo de Hogwarts para ir com ele. Mas não existe sequer a possibilidade de deixarmos ele fazer isso sozinho. Sempre fizemos tudo juntos, não é agora que vamos deixá-lo.


- Claro, concordo com você. Vamos com ele até o final - disse Rony acenando em concordância com a cabeça.


- E você já contou aos seus pais que não vai voltar a Hogwarts? - perguntei.


Rony me olhou e eu tive vontade de rir da careta que ele fazia, parecia aqueles garotinhos que faziam alguma coisa errada e os pais acabavam descobrindo. Olhos azuis arregalados, palidez acentuada mais do que o normal e suas mãos inquietas nos joelhos já o entregavam. 


- Er... Bem, eu não... - ele tentou começar, mas eu o cortei.


- Você não disse - eu afirmei.


- Não - ele falou deixando os ombros caírem.


- E quando você vai dizer a eles? Sabe que temos que partir depois do casamento de Gui e Fleur.


- Eu sei, vou dizer a eles. É que... Mamãe vai surtar tanto. A coisa básica que ela espera de todos nós é que terminemos Hogwarts. Ela vai ficar decepcionada - ele lamentou enquanto se levantava e começava a andar de um lado para o outro no pequeno espaço do quarto.


- Rony - eu o chamei, fazendo-o parar de falar e olhar para mim - Temos que fazer isso. Você sabe tanto quanto eu que Harry daria a própria vida para nos proteger, temos que fazê-lo entender que faríamos a mesma coisa por ele. É o nosso melhor amigo, temos que ajudá-lo. Não podemos o deixar sozinho. E tenho certeza que a Sra. Weasley vai ficar extremamente orgulhosa de você quando acabarmos com Vold...


- Não diga o nome dele - Rony me cortou assustado - Eu sei, okay. Vou fazer isso. Estou tentando achar o momento certo, ela está tão estressada com o casamento.


- Quando os Delacour chegam? - eu perguntei.


- Hoje ou amanhã, eu não me importo. Mamãe já está louca, não quero saber como vai ser quando eles chegarem. Gui escolheu o pior momento para se casar - ele disse com uma expressão que eu nunca tinha visto em Rony. Ele está verdadeiramente cansado, e não com a preguiça de sempre.


- Credo Ronald, seu irmão vai se casar e o mínimo que você pode fazer é apoiá-lo. E até consigo compreender o porquê deles terem tanta pressa, todos podemos morrer amanhã, eles só querem ter certeza de que tiveram a chance de se casar. É romântico e um tanto mórbido.


- Mamãe pensa a mesma coisa, por isso ela diz que estão cometendo um erro. Mas Gui sempre responde que ela e papai fizeram a mesma coisa na primeira guerra.


- Entendo - eu disse.


Ficamos em silêncio por algum tempo, apenas perdidos em nossos próprios pensamentos, quando eu disse:


- Bem... Eu acho que deveria me trocar, sua mãe já deve estar impaciente me esperando para tomar o café da manhã. Você poderia...


- Ah, claro. Eu acho que vou... Eu vou te esperar lá embaixo - ele disse ficando completamente vermelho.


O vi sair totalmente envergonhado e sorri com aquilo. Levantei-me da cama em um salto e fui logo me arrumar. Aquele ia ser um dia longo.


–---------x----------


Poucos minutos depois eu já descia as escadas vestida com um jeans surrado antigo, suéter bege e um par de tênis um pouco velhos que tenho desde o 5º ano. Os cabelos presos em um rabo de cavalo alto, deixando todo o meu pescoço à mostra.


- Bom dia Hermione - a Sra. Weasley me cumprimentou com seu costumeiro sorriso materno.


- Bom dia Sra. Weasley, me desculpe pela demora - eu disse enquanto me sentava de frente para um Rony que devorava sem parar um prato cheio de ovos e bacon. Fiz uma careta diante daquilo.


- Não tem o porquê se desculpar, querida. Devia estar cansada, merecia dormir um pouco mais, só a acordamos porque sabemos que não gosta de perder toda a manhã dormindo - ela disse enquanto colocava um enorme bolo em cima da mesa na minha frente.


- Eu agradeço Sra. Weasley - falei enquanto pegava um pequeno pedaço do bolo e enchia um copo com suco de maçã.


- A propósito, como você veio parar aqui querida? - ela me perguntou.


- Eu andei por um bom tempo, até conseguir um ônibus que saia da cidade. Desci em algum lugar por aqui e aparatei há uns três quilômetros daqui. Pensei que eu teria problemas para entrar na propriedade, mas a ultrapassei sem nenhum problema. A proteção está funcionando bem? - eu perguntei.


- Não tem nada de errado com a proteção - falou Rony quando ele finalmente se deu um tempo para respirar no meio de toda aquela comilança - Só a família pode passar por ela, você e Harry são da família - ele explicou dando de ombros como se aquilo fosse óbvio - Ah, e claro, os membros da Ordem da Fênix e os Delacour também - Rony resmungou quando falou sobre a família de franceses.


- RONALD! - Sra. Weasley ralhou - Os Delacour são da família, ou pelo menos vão ser daqui a alguns dias.


- Por favor, mamãe. Não fale como se você aprovasse esse casamento. Todos sabemos que não - ele disse enquanto pegava uma enorme fatia do bolo. Para onde ia toda aquela comida?


- Não é que eu não aprove, só acho que não é o momento certo, eles estão sendo precipitados por causa da guerra - Sra. Weasley disse enquanto recolhia os pratos sujos da mesa.


- Hermione também pensa da mesma forma - Rony disse com a boca cheia, o que resultou em algumas migalhas voando.


- Rony, olha os modos - reclamou a Sra. Weasley com a cara fechada - É realmente reconfortante ter alguém com bom senso aqui, Hermione. Eu digo ao Gui, mas ele não me escuta.


Eu sorrio para ela em compreensão e me volto para meu prato, terminando o meu café da manhã.


- Ah querida, mais tarde vamos colocar sua cama de armar no quarto de Gina. Os Delacour chegam hoje e precisamos do quarto de Fred e Jorge para hospedar Fleur e Gabrielle - falou a Sra. Weasley tirando o prato de Rony antes que ele comesse mais.


Assim que entendi o que a matriarca da família Weasley disse, engasguei com o suco e acabei cuspindo-o na cara de Rony, que me olhou bobamente confuso.


- Me desculpe, Rony. Eu só... Me desculpe - eu lamentei pulando da cadeira para ajudá-lo a se limpar.


- Está tudo bem, querida? - Molly me perguntou em um misto de diversão e confusão.


- Tudo bem. Eu só me engasguei e... Fica parado Rony, assim eu não consigo te limpar.


Rony se mexia inquieto, enquanto com um pano eu tentava limpar a bagunça que eu havia feito em seu rosto. A Sra. Weasley como uma forma válida de ajudar, desapareceu pelas portas dos fundos, rindo e não mais voltou.


- Quieto Ronald, você está tornando tudo mais difícil - disse quando ele tentou se levantar enquanto eu tentava limpar seu pescoço.


- Para Hermione, eu posso fazer isso sozinho - ele resmungava.


Me coloquei entre suas pernas e puxei seu rosto para mais perto do meu, passando o pano umedecido em sua testa limpando os respingos de suco da sua franja. Eu estava tão distraída que não percebi quando desceram as escadas e aquela voz que ressoou pela cozinha me fez arrepiar até o último fio de cabelo.


- O que está acontecendo aqui? - Gina perguntou com a expressão séria, os braços cruzados na frente do corpo, parecendo bem irritada com algo.


E foi aí que entendi a sua irritação. Rony e eu estávamos em uma posição um tanto quanto inadequada. Me separei rapidamente do meu amigo, colocando uma distância segura entre nós.


- Gina, eu... - tentei explicar, indo em sua direção.


- Acho que vou tomar um banho, isso está pregando - Rony disse levantando da cadeira em um pulo e correndo escada acima.


Ficamos sozinhas e o silêncio começou a me incomodar, então decidi dizer alguma coisa.


- Gina, não é nada do que você está pensando. Eu e Rony... - mas ela me interrompeu.


- Eu não estou pensando nada. Você e Rony podem fazer o quiserem , eu não tenho nada haver com isso - ela disse secamente.


Seus olhos azuis, que geralmente eram claros e brilhantes, agora estavam escuros e tristes, então me dei conta do que aquilo poderia ser.


- Você está com ciúmes? Gina, você não precisa, eu não sinto nada pelo Rony...


- Ciúmes? Eu não estou com ciúmes. Você não tem que me explicar, nós não temos nada, não é? - ela disse soando magoada - Se me der licença, tenho mais o que fazer.


E antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ela saiu pela porta dos fundos. 


 



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Autor(a): stefpina

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