Fanfics Brasil - Capítulo 11 - Game On Scarlet Dynasty - Klaroline

Fanfic: Scarlet Dynasty - Klaroline | Tema: The Vampire Diaries e The Originals


Capítulo: Capítulo 11 - Game On

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Klaus


 


Algumas horas antes


 


Alguns poucos minutos depois da minha partida, antes que algo pudesse sair do controle, disquei para Elijah.


- Fale – Ele disse meio seco ao atender.


- Brother, não deixe Caroline sair das suas vistas. Ela é meio sem noção algumas vezes – Fui direto ao ponto. Foi difícil pedir isso em voz alta para ele. Eu só estava alimentando a fera. Não me agradava me expor dessa forma para o meu irmão sonhador, mas eu não tinha escolha. Ela iria se meter em confusão se não fosse vigiada de perto.


- Assim eu farei – Ele respondeu, com a voz carregada de significado.


- Não demorarei. À tarde estarei de volta.


- Cuidado com o seu ódio por Katerina, Niklaus. Não o deixe te cegar. Precisamos dela viva – Eu sorri maldosamente com a sua súplica ridícula mal disfarçada do meu irmão patético.


- Não se preocupe, brother. Ela permanecerá viva, por enquanto – Pude ouvir o seu bufar consternado antes de deligar o telefone.


Dirigi o mais rápido que pude até aquele bendito aeroporto. Katerina receberia uma surpresa e tanto. Eu mal conseguia me conter só de imaginar a cara que ela faria por me ver parado bem diante dela. Aquela vadia manipuladora teria o que merece.


Cheguei ao aeroporto, larguei meu carro num canto escondido no estacionamento e compeli três manobristas para o camuflarem das vistas dos seguranças. Fui para o interior do aeroporto, que era bem amplo e bonito, pedindo uma passagem no caixa e a atendente, de cara sonsa plastificada e dentes brancos, falou:


- Desculpe, senhor. Infelizmente não temos vaga para o próximo vôo, marcado para 9:15 AM. Apenas temos para hoje à noite, 7:00 PM.


- Eu tenho certeza de que você e seu charme podem fazer alguns ajustes no sistema – Eu falei olhando diretamente em seus olhos, a compelindo – Quero que você me encaixe nesse primeiro vôo, com uma poltrona no corredor da primeira classe – Ela me olhou desfocada por alguns instantes e logo recobrou a consciência.


- Veja só. Acaba de surgir uma vaga para o senhor. Muita sorte, eu diria – Ela comentou sorrindo largamente para mim enquanto eu passava meu cartão. Sim, muita sorte. Uma sorte que me foi concedida mil anos atrás.


- Também quero duas passagens de volta para o seu vôo mais próximo – Falei sorrindo com falsa simpatia.


- O mais próximo de volta para Washington D.C. está marcado para 13:00 PM. O senhor tem certeza? É muito próximo de seu horário de chegada à outra cidade.


- Sim, love. Está perfeito assim – Era só o que me faltava, a atendente preocupada com as minhas escolhas. Fiquei feliz com a minha "sorte" e sem paciência alguma por ela ser tão intrometida e estar me fazendo perder tempo, peguei meu cartão de volta.


- Preciso dos documentos dos requerentes das passagens, senhor – Ela falou com a sua voz aguda do inferno.


- Não, você não precisa, love – Eu disse a hipnotizando novamente. Ela me passou as três passagens e fui direto para o portão de embarque aguardar a sua abertura. Passei pela jurisdição hipnotizando os guardas para não me barrarem pela falta de nomes nas passagens e me sentei em um dos bancos completamente impaciente. Eu poderia passar direto sem comprar passagens. Mas, além de ser uma grande falta de decoro, traria sérios problemas de logística. Era mais fácil arrumar os malditos assentos de uma vez. Imagine a confusão quando aparecesse um passageiro querendo o meu lugar, chamaria atenção da segurança. Bufei sem saco andando no meio da multidão para vôos comerciais. Estava mais que na hora de eu ter meu próprio avião.


Pensando em coisa maldita, logo eu estaria na presença de uma. Eu jurei a mim mesmo que não iria ficar vasculhando a Terra atrás de Katerina Petrova e aqui estava eu, fazendo exatamente isso. Tudo porque isso poderia me dar alguma chance de salvar a mulher que eu amava. Esse pensamento me fez sobressaltar levemente. Eu jamais havia pensado em Caroline dessa forma, falando em amor. Mas, o que poderia ser se eu estava passando por cima de tudo por causa dela? Não era algo raso, que pudesse se desmanchar no ar como fumaça, pelo contrário, era profundo e sólido. Fiquei remoendo essa ideia, pela supresa das minhas conclusões repentinas. Isso me assustava, mas eu estaria mentindo se dissesse que não gostava da sensação. Não, amor, não, tratei de me acalmarEra paixão, uma forte paixão. Uma que estava me consumindo e cegando, como uma luz muito forte, que te ilumina, mas te cega. Normalmente eu estava no controle das minhas ações e sentimentos, guiando meus passos com maestria. Mas, dessa vez era conduzido, como uma marionete das minhas emoções. Era o que mais temia, não ser mais capaz de agir com a razão por estar anuviado pelos sentimentos humanos. Por séculos fugi esperta e desesperadamente de qualquer risco de me tornar vulnerável, controlável, ficando frio e insensível. E meus irmãos me detestaram por isso, me acusaram de ter me transformado em outra pessoa, incapaz de amar a família. Fiquei mais distante deles, virando o vilão das suas histórias. E agora, se soubessem do que eu sentia, como reagiriam? Não teriam a menor crença e fé, como eu, que achava que tudo já estava perdido, pois eu sempre sabotava tudo no final, ou todos seriam como Elijah? Veriam nisso uma nova esperança? Meus irmãos sempre fantasiaram demais, especialmente Rebekah. Se apaixonar por alguém não é nenhum bicho de sete cabeças, qualquer idiota consegue. Veja só Rebekah, se apaixona a cada esquina que vira só por receber um sorriso de volta. Então, não entendia bem o comportamento de Elijah, estava fazendo uma tempestade num copo d'água. Eu poderia estar gostando à beça de Caroline hoje, mas como tudo na minha vida ao longo de um milênio, seria passageiro, uma aventura gostosa. Essa ideia me deixou mais aliviado, mais no controle da minha própria vida.


Marcava 8:45 AM quando ouvi a chamado para o meu vôo. Isso diminuiu um pouco a minha ansiedade. Entrei na fila e peguei o corredor de embarque. O interior do avião era luxuoso, pelo menos na parte da primeira classe. A comissária de bordo me ofereceu Champagne. Seria ótimo poder encher a cara, ainda mais pensado que em breve eu teria que aguentar Katerina sem matá-la. Mas, eu precisava estar com a mente fresca para fazer meu trabalho direito e aturar essa desgraça.


Depois de alguns minutos de checagem, uma voz feminina saiu dos autos falantes nos informando que a previsão de duração de vôo seria de uma hora e meia e eu tentei relaxar, agora era só esperar. Meu corpo estava pesado de cansaço. Há três dias que eu não dormia e somente a adrenalina deve ter me mantido de pé até agora. Vampiros não eram máquinas incansáveis. Enquanto o sangue bombeasse nossas veias, nosso sistema era parecido com os dos humanos, em alguns aspectos, é claro, pensei soltando uma risadinha abafada. Os humanos eram a própria definição de fracasso da natureza. Fiquei algum tempo divagando com a ideia da superioridade da raça vampírica até sentir meus olhos pesarem. Mesmo lutando contra por causa da ansiedade e com a mente a todo vapor, meu corpo sucumbiu à escuridão do sono.


Acordei de repente com a mesma voz dos autos falantes, sinalizando o fim da viagem e orientando os passageiros sobre suas bagagens. Eu não havia trazido nada. Meu plano era pegar Katerina e voltar para Mystic Falls. Apenas saí do avião, passei com pressa pela jurisdição e peguei um carro na fila de numerosos táxis a espera de passageiros. Entreguei ao motorista o endereço de meu interesse e ele deu partida. Ao sair do aeroporto, senti felicidade ao respirar o ar daquela cidade de que eu tanto gostava. Estar ali novamente me trazia paz e um sentimento de nostalgia inigualável.


Eu já havia percorrido o mundo, mas New Orleans era com certeza um dos meus lugares favoritos nesse planeta. O lugar era repleto de música, arte, boa comida, cultura. Uma mistura de tecnologia com classicismo. Com todos aqueles desfiles comemorativos e eventos regionais, você era transportado para outro universo. Uma cidade moderna e refinada com toques clássicos, iluminada e cheia de vida. E esse pensamento me levou até Caroline, porque era exatamente assim que ela era; cheia de luz e de vida. Um dia eu gostaria de ter a chance de mostrar tudo isso a ela, que ela se contagiasse e apreciasse a cidade e o resto do mundo tanto quanto eu apreciava. Tenho certeza de que seu espírito grandioso abriria sua mente para o melhor que existia. Era uma pena que eu não estava ali a passeio e sim para ver uma das pessoas que eu mais desprezava na minha vida. Afastei esses pensamentos e falei com o motorista, encerrando a minha viagem com ele. Paguei, desci do carro e passei a caminhar rapidamente. Naquela rua se encontrava o número habitual de pedestres, mas eu sabia que o cenário mudaria em breve, pois nas ruas adjacentes eram onde se passavam os famosos desfiles de New Orleans. Os fatos se comprovaram poucos minutos depois, quando cheguei na Bourbon Street, que fazia parte do centro do French Quarter e era o cenário principal e costumeiro do evento. Pessoas riam e dançavam felizes, entretidas e envoltas, enquanto outras apenas assistiam e batiam palmas. Estar no meio daquilo tudo me trazia uma alegria incomparável, mas eu não podia ficar para aproveitar. E mesmo assim só conseguia pensar no quanto queria a companhia dela, dos seus sorrisos iluminados, do seu entusiasmo um tanto ingênuo. Me afastei um pouco do barulho e saquei meu celular apertando a tecla de discagem rápida. No topo da minha lista estava ela, inacreditável. O celular chamou algumas vezes e caiu na caixa postal, me deixando um pouco decepcionado por ela não ter atendido.


- Caroline – Falei enquanto olhava e apreciava o encantador e sofisticado desfile – estou em um dos meus lugares preferidos no mundo. Cercado de boa comida, música, arte, cultura. E tudo no que eu consigo pensar é no quanto eu gostaria de te mostrar. Talvez um dia você me permita – Terminei sorrindo desejando que logo ela recebesse a mensagem. Realmente seria muito agradável partilhar daquela diversão tão inocente e prazerosa com ela. Fiquei viajando nas minhas múltiplas ideias sobre como tornar as experiências de Caroline as melhores possíveis até que me encontrei próximo ao local do ataque.


Meus pensamentos tiveram que mudar de percurso, a meu contra gosto, e focarem na minha missão.


Fiquei pensando o quanto Katerina era estúpida por não pensar que eu pudesse encontrá-la ali. Não havia como ela se esconder de mim, meus informantes hipnotizados pelo mundo a fora não permitiram isso até hoje. A questão é que ela achava que fosse possível e eu soltei uma risadinha sádica com a arrogância burra dela. Peguei meu celular e liguei para um de meus informantes. Algumas poucas palavras me deram o sinal verde. Ela ainda estava no local. E não sabia o que a esperava. Em poucos minutos eu estava parado diante de um prédio privado laranja clássico, antigo e luxuoso, próximo à rua principal do desfile. Provavelmente ela alugou o apartamento perto desse local por pura conveniência. Talvez para poder se misturar à multidão em caso de fuga ou por interesses mais específicos, eu não saberia dizer. A verdade é que meus informantes sabiam apenas o mínimo sobre ela, que circulava pela cidade a poucos dias, fazendo contato com bruxas da região. No entanto, nenhuma delas abriu o bico para desvendar todos os mistérios por trás das visitas insossas de Katerina e eu estava pouco me fudendo para isso. Essa pilantra estava sempre metida numa polêmica, então não poderia ser nada que me preocupasse.


Ao me deparar com a faixada, peguei o caminho para detrás do prédio. A dona, aparentando meia idade, estava no beco ao lado me esperando, de acordo com as minhas ordens. Um vampirinho que seguia meus comandos, alucinado demais por trabalhar para o híbrido Original, apertava os braços da mulher, que me olhava assustada. Humanos eram tão vexaminosos. Mas, hoje eu não estava focado em infernizar meros mortais. Hipnotizei a mulher para que me deixasse entrar em sua casa, tal como fez Katerina e agradeci silenciosamente ao meu serviçal competente.


Sem esperar nem mais um minuto, peguei as escadas de incêndio na velocidade vampírica e entrei silenciosamente no apartamento, sem mover uma poeira sequer, que era elegante e bem arrumado. Dei uma olhada rápida em volta e o ambiente não era muito a cara dessa pilantra. Ela realmente não estava aqui há muito tempo, confirmando as informações do meu súdito. Seu medo de mim não a permitia se estabelecer em lugar algum. E isso me alegrava.


Não daria a ela uma vantagem sequer. Ouvi os ruídos que ela fazia, identificando com precisão o seu paradeiro em um dos cômodos do apartamento. Sentei em uma das cadeiras confortáveis de estar e esperei que ela saísse do interior do ambiente. Um vampiro qualquer poderia dar bandeira e se permitir ser ouvido. Mas, eu era eu. Eu poderia ser mais silencioso que uma sombra ou uma onça em caçada. Ouvi o som de seus passos fortes contra o piso de madeira se aproximando de mim, através do corredor branco e bem iluminado que dava acesso ao resto da casa. Ela vinha caminhando como se desfilasse, olhando para baixo, para o celular em sua mão. Seus olhos brilhavam maliciosamente pelo o que quer que estivesse vendo. Nada que agradasse Katerina poderia ser bom para o resto da humanidade. Mas, deixei isso para depois. Agora era a hora de capturar a caça.


Quando ela me viu, parou como se tivesse batido em algum obstáculo sólido e invisível a sua frente e sua expressão variou de surpresa a pavor em milésimos de segundos. A vagabunda ainda teve a audácia de tentar fugir de mim, tão veloz quanto um vampiro poderia ser, mas eu corri atrás dela e a puxei pelos cabelos, a jogando contra a mesa de vidro, que se encontrava no centro da sala, e o móvel se espatifou em mil pedacinhos. O vidro gerou cortes largos na sua pela branca e lisa. Essa visão me alegrou. Porém, cicatrizaram quase que instantaneamente, enquanto ela se apoiava toscamente no meio das vigas de metal.


- Olá, Katerina – Falei me aproximando dela. Parei na sua frente sorrindo cinicamente – sentiu a minha falta tanto quanto eu senti a sua? – Ela me olhava com uma mistura de pânico e ódio. Certamente estava achando que eu estava ali para matá-la. Que havia, finalmente, depois de quinhentos anos de uma busca implacável e sem sucesso, a encontrado e pronto para dar-lhe o fim que eu havia lhe jurado. Bem, era o que eu deveria fazer e o que eu desejava ardentemente. Mas, ainda não.


- Klaus – Ela proferiu com a voz fraca e relutante. Bem distante da poderosa e manipuladora Katerina. Seu corpo jogado por entre as barras de ferro da mesa e misturado aos cacos de vidro a faziam parecer completamente ridícula e impotente. O que ela era de fato diante de mim.


- Não se preocupe, love. Hoje você não vai morrer. Tenho planos melhores para você. Agora se levante, pois não tenho tempo a perder com o seu drama – Disse e ela se levantou lentamente, surpresa, com um olho focado em mim e outro buscando formas de fugir. Sempre tentando bancar a esperta - Nem tente, Katerina. Não vai funcionar. Eu nem sei por quê você ainda tenta, querida.


- O que você quer, se não é me matar? – Ela perguntou com seu típico tom arrogante e petulante, enquanto sacudia pateticamente para longe do seu corpo os cacos do vidro.


- Acredite ou não, no momento é proteger você. O universo tende a absurdos como esse – Sorri falsamente e ela me olhou incrédula, enrugando a testa.


- Você saiu da sua adorada Mystic Falls só para me proteger? E de que? Vai ganhar o que com isso? Não me diga que encontrou outras formas de potencializar seus talentos com o sangue das Doppelgangers – Ela disse com a voz carregada de ironia e incredulidade.


- Pois é, falando naquela cidadezinha ridícula, estamos voltando para lá. Vamos. Seus amigos vão adorar te ver outra vez. A recepção que vão te dar vai ser tão calorosa – Não esperei mais e a peguei pelo braço com violência e a arrastei para fora do apartamento.


- Por que você me quer lá, Klaus? – Ela perguntou com bastante raiva e mau humor misturados ao medo, mas tremia levemente – Não entendo. Você jurou me matar quando me encontrasse.


- Estou entendendo errado ou você está bastante ansiosa para morrer? Pensei que você gostasse de lá. De infernizar os irmãos Salvatore e impor a sua presença totalmente indesejada. E eu vou te matar, não se desaponte, love. Só não vai ser hoje, eu espero. Tudo vai depender do quanto você vai ser boazinha. Então, não seja idiota, apenas siga as minhas ordens ou as coisas vão piorar para você. Estou me esforçando muito para ser pacífico – Isso era verdade. Eu estava tentando honrar a promessa que havia feito a Elijah e pensava nas palavras de Caroline, sobre ponderar antes de derramar sangue. Esther não me explicou por quê eu não simplesmente não poderia dar um fim em Katerina. Dessa forma, Qetsiyah também não a teria. Verdade, pensando melhor. Eu poderia matá-la agora mesmo...Mas, pensava que o sangue mágico dessa mulher ainda poderia me ser muito útil.


- Você não vai me dizer por que está me levando? Acho que tenho o direito de saber.


- O único direito que você tem é de morrer. Mas, por hora, vamos no ater ao direito de manter a porra da boca fechada. Mas, me deixe checar uma coisa – Eu a puxei com violência e mordi seu pescoço. Ela soltou um gritinho de medo, dor e raiva. Seu sangue estava com um gosto forte de verbena. A vadia ainda tomava, mesmo longe de mim. Ela aprendeu da pior forma que deveria diminuir todas as suas fraquezas – Vamos precisar esperar algumas horas até a verbena sair do seu sistema para eu te hipnotizar, não é mesmo? Por enquanto, vou contar com o seu bom senso e esperar que você me obedeça e permaneça quietinha – Ao terminar de falar, rasguei meu pulso com os meus dentes e a fiz beber meu sangue. Afinal, minhas presas continham veneno de lobisomem. Ela me olhava com ódio e eu sabia que se ela pudesse me tacaria fogo naquele mesmo instante.


- Não posso ficar calada porque preciso te contar umas coisas muito importantes. Acredite, não esperava por essa na sua vida – Ela falou com a voz tremida, enquanto esfregava o pescoço.


- Nada que saia dessa sua boca imunda pode me interessar – Falei enquanto a arrastava pelas escadas sem um pingo de paciência - Um bando de merda mentirosa sem fundamento, eu acredito. É mais sábio da sua parte ficar calada. Assim você não me fará perder a paciência com as suas mentiras. Eu posso muito bem quebrar seu pescoço para ganhar algumas horas de paz - Era o que eu mais queria, arrebentar aquele pescocinho fino dela. Mas, também não queria ficar carregando essa mulher


- Você não está nem um pouco curioso para saber por que eu estou em New Orleans? Justamente aqui? – Sim, eu estava. Mas, não demonstraria isso a ela. Só estaria lhe dando vantagem. Fiquei calado, fingindo indiferença - Eu sei tudo o que está havendo sobre o Outro Lado. Sobre Silas e sua historinha. Sei que Qetsiyah quer pôr a barreira de volta e que isso está bem longe dos seus interesses, apesar de eu não entender bem o por quê. Se ela fizer isso, Mikael sai do seu caminho para sempre e eu pensava que era exatamente o que você queria – Merda, ela estava ganhando a minha atenção. Manipuladora como sempre. Fiz sinal para um táxi e a joguei para dentro dele sem cerimônias. O motorista me olhou com desprezo, julgando o meu comportamento de um mal caráter abusivo com mulheres inocentes e indefesas e eu o compeli para que ignorasse e esquecesse tudo o que ouvisse ou visse dentro daquele táxi.


- Como você sabe de tudo isso? Por que pareceu muito claro que tinha se mandado de Mystic Falls para nunca mais voltar enquanto eu estivesse por lá – Essa era uma boa questão. Mas, Katerina sempre foi uma barganhadora, caçadora de recompensas.


- Uma garota deve saber o que fazer para sobreviver – Dito e feito. Ela me olhou com veneno – Eu sou uma sobrevivente. Não se esqueça de que a Cura estava comigo antes de seu irmão interferir.


- E como tudo isso pode ser do seu interesse? Para você também é conveniente a passagem fechada – O que ela ganhava em buscar informações sobre o Outro Lado?


- Quando soube de tudo, e nem me pergunte quem me falou, tratei imediatamente de garantir o meu pão de cada dia. Eu esperava usar como um vale-troca. Eu te passo as informações de que você precisa e ganho a minha liberdade. Com meus inimigos posso lidar depois, quando estiver livre.


Eu ri, e ri alto. Não sabia se ela era estúpida ou ingênua. Estúpida, talvez. Ou uma manipuladora sem escrúpulos, era mais o feitio dela. Ela me olhou com rancor, mexendo arrogantemente nos cabelos.


- O quão delirante você consegue ser? O que te faz pensar que acreditarei em uma palavra sequer que sair dessa sua boca venenosa? Ou que exista alguma informação nesse planeta ou algum motivo realmente muito forte a ponto de eu não te matar? Ou, pior, te conceder a liberdade? – Falei rindo da cara de puta dela.


- Porque elas são verdadeiras e em breve você terá que testar. Pois não te restarão mais opções - Ela disse com firmeza – E todos nós temos algo que queremos muito, Klaus. Até você. Algo que nos faça ir além dos nossos limites.


- Você nunca ganhará a sua liberdade – Me apressei em dizer, para não deixa-la ver o quanto aquelas palavras me atingiram. Claro que havia coisas que eu queria muito. Coisas que estavam na linha de fogo naquele exato momento e além do meu limite de poder. Só uma questão imediata vinha à minha cabeça. Uma Caroline viva estava no topo das minhas prioridades atuais e justamente isso estava fora da minha ossada - Quando eu não precisar mais te manter viva, irei te matar. Mas, primeiro, farei você sofrer tanto que você vai me implorar pela morte – Ela engoliu em seco.


- Não chegaremos nesse ponto pois eu sei de algo que vai te fazer mudar de ideia.


- Eu duvido – Respondi não tão certo assim.


- Só quem pode destruir o Outro Lado é Qetsiyah, que realizou o feitiço, ou algum descendente dela, alguém de sua linhagem de sangue. Eu vim até aqui porque ouvi rumores de que Qetsiyah possuía uma descendente morando nessa cidade – Dessa vez não pude mais ignorar. A olhei com surpresa estalando o pescoço e ela sorriu com a sua vitória, pois o desespero deveria estar estampado na minha cara. E não parecia mentir. Mas, saber esconder a verdade sempre foi um grande talento de Katerina.


- Mais mentiras – Falei da boca para fora, analisando seu olhar, sua expressão, em busca desesperadamente de uma confirmação. Eu não estava totalmente convencido de que ela falava a verdade, mas também não tinha certeza se estava mentindo. Era bom demais para ser verdade ouvir que existia uma brecha nessa merda toda. Eu queria desesperadamente que fosse verdade e era com isso que Katerina Petrova estava contando – Você não vai me manipular. Te aconselho a não tentar. Se de fato essa pessoa existe, onde ela está? Qual o nome dele ou dela?


- Não vou te dizer ainda. Só vou dizer quando eu tiver certeza de que você me dará a liberdade.


- Ou quando a verbena sair do seu sistema eu puder te hipnotizar – Falei com sarcasmo - Eu já disse que isso não vai acontecer, você não terá a liberdade, love. Eu te garanto.


- Tic Tac, Klaus. O destino te aguarda com o pior dos seus pesadelos se você for arrogante o bastante para ignorar a minha ajuda - E ao falar isso, minha paciência acabou. Bati a cabeça de Katerina contra o vidro da porta do carro para que ela fechasse a boca por uns minutos.


A viagem não foi muito longa, chegamos ao aeroporto em tempo. Sacudi a cobra pelos ombros e ela demorou uns precisos segundos para voltar do sono da beleza. Ainda zonza, arrastei ela pelo braço até a zona de embarque, que já estava disponível para entrada. Ao passar pela jurisdição, pediram nossas identificações e Katerina não possuía nenhuma. Hipnotizei o segurança e passamos livremente.


- Você não meu deu nem a chance de pegar as minhas coisas. Tenho muitas coisas caras que você me obrigou a abandonar. E estou um lixo, olhe pare mim. Eu sou muito bonita para andar desse jeito – Ela disse cuspindo veneno.


- Claro, esqueci das minhas boas maneiras de vilão, que é esperar a vítima ficar pronta. Não vamos precisar dos seus trapos velhos. E você é feia, não se iluda. Só não é pior que a doce Elena – E pensar que séculos atrás me apaixonei por uma cara igual a dela. Ai, ai, desgraças da vida humana. Talvez fosse por isso que eu detestasse tanto essa pilantra, não era só por causa da traição de Elijah.


Entramos no avião e prendi a vagabunda ao meu lado, não permitindo que ela levantasse nem para ir ao banheiro. Mais uma vez o vôo estava previsto para durar uma hora e meia e em breve eu estaria em Mystic Falls novamente e veria Caroline. O tempo era curto e estávamos lidando com uma bomba relógio. A insegurança sobre o nosso futuro me consumia. Principalmente pensar na ideia de não conseguir recuperar a vida de Caroline. Isso tudo me fez pensar se eles haviam conseguido recuperar Stefan e sinceramente eu desejei que sim. Fui tirado dos meus devaneios pela voz irritante de Katerina.


- Estou com sede. Também quero champagne.


- E alguém está te impedindo de pegar? Ah sim, eu estou – Falei com sarcasmo – Se a comissária aparecer novamente, você pega. Mas, não vai sair daqui - Ela me olhou com raiva e bufou pesadamente. Não havia motivo algum para eu prendê-la ali. Não tinha como ela fugir do avião. Mas, infernizá-la, mesmo com pequenas coisas, fazia muito bem para a minha alma. Para a minha paz rapidamente a comissária retornou e Katerina a compeliu para ficar com a garrafa inteira. Logo ela já estava virando o gargalo.


- Não é uma boa ideia você ficar bêbada. Não serei amigável se você ficar, vou logo te apagar.


- Você sabe que vampiros não ficam bêbados com facilidade – Ela falou agitada, revirando os olhos, com a voz estridente e estalando os lábios.


- Isso, grita para todos no avião o que nós somos.


- Não haveria problema. É só depois hipnotizar todo mundo para esquecer. E desde quando você se importa? O grande e poderoso klaus que eu conheci mataria a todos apenas por diversão. Você já se aventurou assim, matou uma tripulação inteira? Imagina a polêmica nos noticiários. "Massacre em plano vôo choca a comunidade de..."


– Cale a boca - Respondi entredentes. Não gostei do que disse. Não gostava de ser esse monstro, não mais. Mas, também gostava menos ainda de ser taxado como fraco - E você criaria uma boa distração para mim e fugiria – isso era impossível, mas eu não estava a fim de perder um minuto sequer caçando essa hiena.


- Aonde eu iria a milhares de metros de altura do chão? – Ela fez cara de zombeteira.


- Nós estamos quase chegando, eu não sou idiota – Eu disse aproximando meu rosto do dela e arrancando a garrafa da sua mão. Ela bufou de raiva, cruzando os braços e virando a cara pra longe de mim.


Dessa vez, uma voz masculina anunciou a nossa aterrissagem. Olhei no meu relógio de pulso e eram 2:40PM. Assim que chegássemos em solo, eu ligaria para Caroline e Elijah. Estava agoniado para saber o que se passava com ela em pleno caos.


Saímos do avião e caminhamos até a saída, eu sempre segurando Katerina. Ela olhava tudo ao seu redor, sempre na espreita de alguma brecha. Uma que ela não teria. Saquei meu celular e disquei para Elijah, não para Caroline. Não iria me expor na frente de Katerina, pensando melhor. A última coisa que eu queria era colocar Caroline na rota dessa maldita ou mesmo abrir mais vantagens contra mim. Quando meu irmão atendeu, me apressei em dizer:


- Então, como foi? – E ela prestava atenção em cada palavra, mesmo fingindo não fazê-lo.


- Stefan está bem, está aqui conosco. Achou o que você procurava? – Ele perguntou disfarçando muito mal a ansiedade em sua voz.


- Sim. Já desci do avião. Estou perto de Mystic Falls. Logo estarei em casa – Quis perguntar de Caroline, mas me contive.


- OK, então. Nos vemos em breve, irmão – Ele disse e logo desliguei o telefone.


- Era Elijah, não era? – Ela perguntou.


- Como se você não soubesse. Por que isso te interessa? Você ainda acha que ele vai se deixar enganar por você?


- Ele está tramando contra mim também? – Ela falou com um pouco de chateação na voz – Sobre o que ele se referia a respeito de Stefan?


- Nada disso é da sua conta. Ninguém está tramando contra você, Katerina. Não que eu saiba, pelo menos, embora você mereça. Mas, a julgar pela quantidade de pessoas que você infernizou durante a sua existência, deve haver um número bem grande de gente tramando contra você – Soltei uma risada sádica e ela me olhou com mau humor. Andamos rapidamente até o estacionamento do aeroporto onde eu havia deixado meu carro. Joguei a vadia dentro dele e arranquei para fora do aeroporto cantando os pneus. Queria chegar logo em Mystic Falls. Eu esperava um pouco de paz na viagem, mas é claro que não seria assim com Katerina ao meu lado.


- Por que é do seu interesse destruir o Outro Lado? Me deixou muito curiosa porque não faz o menor sentido. Mas, na sua cabeça psicótica deve fazer de alguma forma – Ela perguntou continuando a tagarelar sem fim. Eu já não aguentava mais ela – Pensei que fosse exatamente o oposto, porque isso manteria seu pai e todo o resto do exército de inimigos que você possui longe de você. E ainda tem a sua querida mãe. Que beleza, hein. Reunião de família.


- Não sou obrigado a te responder – Ela era muito atrevida.


- Não é. Mas, se eu vou te vender as minhas informações, gostaria de saber em como tudo isso me afeta. O que, obviamente, me afeta. É uma jogada perigosa.


- Você não vai me vender nada. Porque, além de serem mentiras, eu não vou precisar das suas informações. E se, numa remota chance eu precisasse, não iria fazer troca alguma com você. É só eu te hipnotizar e arrancar as informações de você.


- Já falei que não são mentiras. Existe alguém que pode realizar o feitiço e destruir o Outro Lado, Klaus. E esse alguém está em New Orleans. Você está indo para a cidade errada – Ela terminou com deboche.


- Não me irrite, Katerina.


- Não me agrada saber que todos os meus inimigos estão por aí. Levantar o véu seria conveniente para mim, não destruí-lo. Mas, mesmo assim eu quis saber tudo sobre as informações que recebi para passar a você. Estou fazendo uma aposta muito alto arriscada. Mas, para se conseguir coisas grandes, deve-se fazer apostas grandes.


- Não pela sua bondade infindável e sua alma caridosa, mas porque você queria uma barganha.


- É verdade. Não preciso fingir. Posso lidar com meus inimigos depois, quando eu estiver livre – Eu ri. Ela ainda insistia nessa história de liberdade - Mas, ainda quero saber por que você quer destruir o Outro Lado, quero saber por que isso é mais importante para você do que destruir Mikael. Você passou a vida toda fugindo dele e agora simplesmente vai trazê-lo de volta à vida? Não faz o menor sentido. Por que dar a ele a chance de te matar? Ou trazer de volta permanentemente todo o seu tapete de inimigos e corpos que você deixou nos seus mil anos de existência? – Nada falei e ela continuou – Talvez você tenha percebido o estrago que causou apenas por existir e decidiu que era hora de morrer, que merece morrer. Ou que não vale a pena continuar existindo se ninguém a sua volta se importa com você, quer a sua presença ou te ama. Então, decidiu destruir o Outro Lado para realmente deixar de existir, passar direto e não ficar semi existindo, numa semi vida, numa espécie de limbo, purgatório eterno.


- Acho que você já pode calar a boca! – Falei entre dentes, socando o volante e com o sangue fervendo, já decidido em quebrar seu pescoço para silenciá-la, a encrava furioso. Estava tão distraído pelo meu ódio por Katerina que não vi acontecer o que estava na minha frente na estrada.


Uma força totalmente sobrenatural atingiu o meu carro o fazendo abaixar a traseira e levantar a dianteira, capotar e girar diversas vezes se arrastando pelo asfalto da estrada. Meu corpo se estatelava de um lado para o outro, alternando as batidas e os choques contra o metal do carro, me causando muita dor. Senti meus ossos se quebrando e minha pele se rasgando como papel. Tudo foi tão rápido que não tive tempo de reagir. Depois de incontáveis giros, meu carro parou com o teto virado para baixo e todo detonado, nos espremendo contra os bancos. Todos os vidros da minha caminhonete dentro do meu campo de visão estavam espatifados e eu estava coberto de sangue, originados de cortes e feridas que cicatrizaram rapidamente.  Minhas pernas estavam dolorosamente presas em baixo dos bancos e percebi que seria necessário quebrar meu corpo em formatos impossíveis para me livrar dessa situação. Katerina não estava numa situação melhor que a minha, se contorcendo e gemendo de dor. Tínhamos que sair rápido do carro antes que ele explodisse. Fogo matava vampiros. Eu não morreria, mas ela sim. E eu precisava dessa vagabunda bem viva.


- O que está acontecendo? – Ela perguntou cuspindo vidro e antes que eu pudesse pensar na resposta ou me lançar do carro, nós dois fomos jogados para fora por uma força invisível e estrondosa, fazendo meus ossos se partirem.


Gritando a plenos pulmões, meus olhos escureceram pela dor excruciante, me deixando momentaneamente cego até que pude distinguir um formato tipo humano a alguns metros de mim. Mesmo do chão, não demorou muito para eu descobrir a sua origem. Uma mulher morena de aparência jovem e bonita, com vestes diferentes dessa época, andava em nossa direção enquanto mantinha as mãos estendidas para nós proferindo palavras que eram desconhecidas aos meus ouvidos experientes. Eu nuca a tinha visto, mas soube de imediato quem era ela. Qetsiyah. Meus medos se concretizavam e só um nome reverberou nos meus pensamentos. Caroline. Com isso, me levantei rapidamente e me lancei contra a bruxa. Mas, foi inútil. Ela fez meu cérebro fritar. Meus órgãos arderam como se estivessem em chamas, derretendo em ácido, e meus ossos quebraram, me jogando no chão impotente, me fazendo urrar de dor. Filha da puta. Ela estava aqui por Katerina. Era o que ela queria e minhas suspeitas se confirmaram quando ela lançou um feitiço contra a vampira, a fazendo desmaiar e a levou flutuando desordenadamente.


Estúpido.


Ela esperou que eu trouxesse Katerina para cidade para pegá-la, que eu fizesse o trabalho sujo por ela. Porque eu não pensei nosso? Ela sabia o que eu faria e só aguardou a oportunidade de dar o golpe. Eu trouxe a presa direto para a toca do leão. Meu cérebro e meu corpo continuaram em chamas por um bom tempo, fazendo me contorcer no asfalto e gritar de agonia. Era como se, literalmente, ele estivesse derretendo por pegar fogo. Minha visão estava turva e meus pensamentos nebulosos. Eu não conseguia pensar com clareza diante daquela dor excruciante, muito menos me levantar. Demorou bastante para que deixasse de queimar e apenas fiquei ali, jogado no chão, lutando para vencer o feitiço, mas totalmente incapacitado. Eu precisava sair dali logo, pois Caroline dependia de mim e eu não poderia desaponta-la mais uma vez. Lutei com tudo o que me restava para vencer a magia forte dessa louca. A dor foi cessando lentamente e o feitiço perdendo a sua força, mas me fazendo perder minutos precisos. Quando finalmente consegui me levantar, cambaleante e desnorteado, já era tarde. Ela já deveria estar bem longe com a Doppelganger. Se ela levou Katerina, deveria estar atrás de Elena também. Ou já teria conseguido pegá-la. Meu corpo tremeu só com essa possibilidade. Caminhei o mais rápido que pude e mesmo sem energia alguma me forcei a pegar a velocidade vampírica. Eu precisava parar a cada alguns metros de corrida, para buscar fôlego. Aquela filha da puta havia me detonado ferozmente, me inutilizando. Minhas forças eram mínimas e meus sentidos estavam confusos e deturpados. Se ela era capaz de fazer isso comigo, nem conseguia imaginar a dimensão de seus poderes. Passei algum tempo correndo na encosta da estrada até admitir a derrota, que eu não conseguiria percorrer aquilo tudo sozinho naquele estado. Mesmo correndo no modo vampiro, eu demoraria muito mais para chegar do que demoraria de carro. Pensei em ligar para Elijah, mas antes que eu pudesse pegar o celular, ele começou a vibrar e tive esperança de que fosse meu irmão mais velho. Mas, ao olhar o visor todo quebrado, aparecia o nome de Rebekah. Porra. Meu sangue gelou e meu coração parou. Xinguei antes de atender e quase não consegui fazê-lo, pois a tela estragada dificultou a minha vida, como se eu precisasse mais disso. Várias vezes Rebekah tentou contato comigo e não conseguiu. Eu já estava me desesperando quando finalmente a porra do telefone resolveu cooperar.


- Nik! – Ela falou sem fôlego e alvoroçada. O áudio estava bem ao longe, com muitos ruídos, mas dava para entender – Ela levou Elena. Qetsiyah. Isso já faz um tempo. Ela nos apagou. Ficamos desacordados até agora. Me perdoa. Nem eu nem Kol conseguimos lutar contra ela. Era muito forte e ... – Ela parecia chorar do outro lado do telefone. Suas palavras se embolaram umas nas outras e eu não consegui distinguir mais nenhuma delas no meio dos soluços nem no meio do meu próprio desespero. Seu estado desastroso não ajudava em porra nenhuma. Só me fazia ficar mais irritado e em pânico - Não pudemos avisar. Elijah está com você? – Finalmente ela fez algum sentido e falou. Eu apenas olhava para o nada, desnorteado demais para raciocinar.


- Volte para casa, Rebekah – Falei com muito esforço – Eu estou no meio da estrada. Ela me atacou e levou Katerina. Elijah está com os Salvatore. Pelo menos estava. Precisamos chegar até ela, precisamos pará-la...


- Onde exatamente você está, Nik? – Ela parecia com medo.


- Quase na entrada de Mystic Falls – Isso era meio verdade.


- Vou mandar Elijah te buscar – Ela falou entre os soluços.


- Já estou próximo. Deixe ele onde está – Eu não tiraria Elijah de perto de Caroline agora por nada nesse mundo – Ouviu, Rebekah? Não o mande até aqui. Já estou chegando. Ele é mais útil lá. Se não for para casa, pelo menos se junte a ele – Isso era mentira. Ainda faltava para eu entrar na cidade, mas não traria Elijah aqui e deixaria Caroline sem proteção. Ela era uma vampira. Era forte e sabia se defender. Não exatamente uma donzela em perigo. Mas, eu não arriscaria. Não havia como "morrer" no seu estado atual, mas poderia sofrer. E se essa maldita Qetsiyah era capaz de me derrubar, Caroline não tinha nem chance perto dela.


- Ok – Ela respondeu com a voz tremida.


- Agora, volte para a cidade e fique com os outros. Dessa vez, Rebekah, pelo menos só dessa vez, siga as minhas ordens sem fazer birra - Desliguei sem dar tempo dela responder e disquei para Elijah, após várias tentativas frustrantes. Minha vontade era de tacar aquela porra daquele celular bem longe, mas finalmente consegui alguma coisa. Meu querido irmão atendeu logo no primeiro toque que recebeu.


- Já está chegando, Niklaus? - Ele perguntou ansioso - Tem algo muito estranho acontecendo. Quando fomos buscar Stefan...


- Temos um problema – Ignorei as palavras dele - Qetsiyah pegou Elena e Katerina. Ela está com as duas. Ela vai completar o feitiço. Você precisa chegar até ela agora, Elijah! Talvez eu não consiga a tempo – Eu falava e me esforçava fortemente para caminhar. Não conseguia correr na velocidade vampírica enquanto falava. Era demais. Eu precisava de todas as energias focadas para fazer isso. Aquela desgraçada havia me debilitado por completo. Mas, ela iria pagar. Quando eu pusesse as mãos nela, seria o seu fim.


- É o que?! – Ele disse quase gritando – Os amigos de Elena que estavam com ela ligaram algumas horas atrás, exigindo explicações do por quê de Elena ter sido levada por Rebekah e Kol. Estávamos quase entrando numa briga corporal. Eu não quero ficar aturando pessoas inconvenientes. Não vou ser capaz de me controlar se continuarem a encher a minha paciência. Se me acusarem de violência contra Elena Gilbert, serei obrigado a reagir - Ora, que reagisse, contava com isso - Onde estão os nossos irmãos, Niklaus?


- Não está me ouvindo?! Eles foram apagados por aquela louca dos infernos por algumas horas, mas vão sobreviver. Ainda estão em Barcroft – Eles são Originais, idiota; pensei - Foi Rebekah que me ligou avisando – Respirei fundo e continuei – Comece a traçar algum plano com os outros. Mande Esther se mexer e fazer alguma coisa que preste. Não vai dar tempo de esperar por mim. E mantenha Caroline perto de você.


- Não há como localizar Qetsiyah, Niklaus. Como você espera fazer isso? – Ele estava perdendo o seu controle intocável. Sua voz estava tremida e inconstante.


- Eu sei lá! Por Deus, Elijah! Para isso temos Esther. Ela supostamente deve saber o que fazer – Eu berrei. Estávamos todos desesperados. Num piscar de olhos tudo saiu do nosso controle – Deve haver algo que Esther possa fazer. A outra bruxinha pode deixar de ser inútil também. Não foi ela quem baixou o véu? Ela deve saber de alguma coisa que sirva.


- Tah. Bonnie está aqui. Se apresse, Niklaus. Não temos tempo – Ele falou o óbvio bem agitado. Bem atípico para o Elijah controlado e calmo.


- E você acha que não sei disso, brother? – Falei com raiva e aspereza. Desliguei o telefone e me forcei a correr na velocidade vampírica novamente, o que foi parcialmente inútil. Eu não aguentava por muito tempo e precisava desacelerar de vez em quando. Se encontrasse alguém na estrada, pegaria seu transporte e algum sangue. Jamais chegaria a tempo de parar Qetsiyah se eu permanecesse nesse ritmo. Se ela conseguisse o que veio buscar, meus maiores medos estariam se confirmando e eu perderia Caroline para sempre. Simplesmente eu não poderia deixar isso acontecer, custe o que custar.


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Algumas horas antes


Caroline


Eu estava completamente estancada no chão, sem mover um músculo sequer. Aguardava, petrificada, Klaus responder alguma coisa para ela. Tátia sorria com sensualidade e havia uma mistura de malícia e dissimulação em seus olhos. Não precisei de muito para desgostar dela imediatamente. Embora seu jeito e características parecessem diferentes devido à época em que viveu, seu olhar me lembrava muito ao de Katherine. Algo semelhante à manipulação e pilantragem. Ela não era inocente, nem de longe. Seus trajes eram simples, mas muito bonitos. Usava um vestido verde, longo até os pés, algo comum naquele período. Seus cabelos, do castanho escuro típico das Doppelgangers de Amara, também não fugiam dos padrões daquela época, eram ondulados e exageradamente compridos que chegavam à altura dos quadris. Ela era alta e esbelta, com a silhueta curvilínea e postura reta e sua forma era valorizada pelo esboço de suas vestes. Era fácil cair nos seus encantos.


- Um circuito mais brutal que o de costume, devo dizer. O prêmio deve fazer jus – Klaus respondeu fingindo casualidade.


- Você tem completa razão, meu forte cavaleiro – Ela falou se aproximando até ficar com seu rosto a centímetros do dele. Ele a olhava com uma surpresa inocente, mas estava gostando. Filho de uma puta abestado – Sua apresentação foi louvável, mesmo para uma batalha encenada.


- Você acha mesmo? Não foi exatamente encenada. Ganhei hematomas com certeza – Ele perguntou com cara de besta, realmente surpreso com o elogio. Bufei e revirei os olhos. Esse Klaus era idiota demais para o meu gosto. Quase me fazendo preferir o atual, sanguinário e opressor, mais seguro e muito perspicaz. Pelo menos o de agora não era tão sem noção.


- Mas, é claro. Por que seria diferente? – Ela falava com a voz melosa demais, me dando vontade de vomitar. Ela tocou nos lábios vermelhos e carnudos de Klaus o fazendo fechar os olhos de prazer e aquilo me deu raiva. Elijah só podia estar me mostrando aquilo de sacanagem – Você é forte e guerreiro. E, se permite o meu atrevimento, bonito demais. Me encanta profundamente. Quais mulheres não gostariam de alguém com tamamhas qualidades? – Nossa, que oferecida. Pensei que as mulheres daquela época fossem mais recatadas – Eu encanto você também? – Ela perguntou roçando seus lábios nos dele e aquilo foi demais pra mim. Ele acenou com a cabeça – Venha comigo, então – Ela disse segurando as suas duas mãos.


- Não posso agora. Devo ajudar em casa – Ele respondeu engolindo em seco, nitidamente desejando dizer o oposto.


- Devo salientar a minha decepção – Ela fez biquinho de vadia ao dizer isso e se afastou um pouco, ainda segurando suas mãos.


- Não é porque não quero, você bem sabe disso. Ontem mesmo eu estava talhando um presente para você – Ele falou carinhoso e sonhador.


- É mesmo? E o que é? – Ela perguntou jogando os cabelos.


- Não posso contar, é uma surpresa.


- Não seja mau. Não me faça ficar imaginando.


- Eu direi a você e a seus pais ao mesmo tempo e veremos se você vai aceitar o meu presente ou não – Ele disse com os olhos repletos de significado escondido e meu queixo caiu. Ele ia pedi-la em casamento. Ela seria uma tonta se não notasse a que presente ele se referia. Certamente era alguma espécie de anel de noivado do tempo das cavernas. Alguma coisa feia de madeira com alguma pedra suja dos rios. Eu não conseguia nem imaginar como seria esse objeto. Fiquei feliz pelo meu bracelete de diamantes bem trabalhado que ele me deu. Nossa. Como eu podia sequer ter feito essa comparação? Voltei à tona. Seu sorriso sapeca de vadia foi resposta o suficiente. É claro que ela havia descoberto do que se tratava. Meretrizes sentiam o cheiro de uma boa oportunidade de longe.


- Vou esperar ansiosa pelo presente. Quando você quiser entregá-lo, sabe onde me encontrar – Ao dizer isso, ela deu meia volta e foi embora. Não antes de eu poder ver nitidamente a sua expressão de triunfo. Klaus era um brinquedo para ela e o idiota não via isso. Ele a acompanhou com os olhos até perdê-la de vista e Elijah saiu da cabana pisando duro e bufando, indo até o irmão.


- Não sabia que você possuía uma relação afetiva tão íntima assim com ela, Niklaus – Ele se empertigou diante do irmão mais novo, claramente exigindo explicações.


- Eu não tenho. Até onde eu sei, é você que tem – Klaus devolveu no mesmo tom e os dois se encararam em silêncio por alguns segundos – Não sabia que não é educado ouvir as conversas alheias por detrás das janelas, brother? – Klaus falou com sarcasmo. Era a primeira vez que o via sendo hostil desde o começo das memórias.


- Se não tem nada a ver com ela, se sabe que o compromisso que ela honra é comigo, por que se comporta desse jeito com ela tão sem pudor? Se sabe que temos algo, por que está cortejando ela? Isso é traição, brother.


- Que compromisso, Elijah? Está exagerando - Klaus respondeu meio baixo.


- Você está sugerindo que eu seja cego, é isso? – Elijah ignorou o seu comentário nada cortês e indagou – Que eu não acabei de ver o que vi?


- Eu não disse isso, brother. Eu disse que não estou envolvido, ainda - Ele disse enfatizando a última palavra Ela não tem nenhum compromisso com você. Não está no seu direito de reivindicar Tatia. Ela é livre ainda para receber qualquer proposta.


- Você vai mesmo pedi-la em casamento? Perdeu a noção? Quer se expor ao ridículo? – Elijah falou indignado.


- Por que isso há de acontecer? Só você tem o direito de tentar conseguir uma boa moça para casar? Só você pode cortejá-la? – Argh, boa moça. Cuspi com desdém.


- Tatia não vê você do mesmo jeito que ela me vê, Niklaus. Essa é a minha questão.


- Acho que, se você realmente bisbilhotou a minha privacidade, você constatou que a realidade é o oposto do que você acabou de externar. Não acha que está fantasiando demais? Ela demonstra interesse em mim.


- Acho que você que não deve estar prestando muita atenção ao seu redor – Elijah deu um passo em direção ao irmão - Está se iludindo.


- O que eu deveria ter visto, brother? – Klaus perguntou com deboche.


- Ela disse para a nossa mãe que deseja me desposar. Que eu sou o marido que ela procura – O tapa invisível que Klaus recebeu ficou estampado na sua cara.


- Se é assim, por que ela me corteja? Talvez ela não esteja certa do que disse para a nossa mãe – Klaus falou orgulhoso.


- Eu pretendo pedi-la em casamento em breve e você deve se conformar – Elijah disse decidido.


- Você está falando como se já tivesse a sua proposta aceita e garantida. Ela disse para Kol que eu sou um bom pretendente. Isso me leva a crer que ela quer me desposar.


- Ela não disse isso para Kol, você está inventando.


- Por que eu havia de fazê-lo? Não sou tão digno quanto o santo Elijah?


- Você sabe que não foi isso o que eu quiser dizer, Niklaus – Eu escutava aquilo tudo estupefata. Eles estavam mesmo discutindo por causa daquela vadia? Esses dois inseparáveis e leais irmãos? – Mas, todos sabem sobre você na vila.


- O que você quer dizer? – Klaus perguntou contraindo os músculos.


- Não vamos tocar nesse assunto. Eu não deveria ter dito isso – Elijah falou abaixando a cabeça, com sincero arrependimento e vergonha de suas palavras.


- Não. Agora que você começou, pode falar. Vamos, Elijah, seja corajoso e fale na minha cara - O irmão travou o maxilar e o encarou com firmeza - Se tem motivos válidos para Tatia não se casar comigo, me diga quais são.


- Correm boatos na aldeia sobre a verdadeira origem de seu nascimento e os pais de Tatia não ficariam felizes em vê-la num casamento impuro – A mágoa nos olhos de Klaus deu pena. Elijah pegou pesado dessa vez. Jogou muito sujo e baixo. Até eu quis dar um soco na cara dele.


- E você acredita nesse disparate? Duvido que tenha coragem de indagar a mãe sobre a verdade. Será um insulto a nossa família se Tatia nos fizer essa acusação. Talvez a mãe nem aceite ela com você se o fizer - Klaus falou com o rosto nublado e Elijah estava de cabeça baixa novamente. O silêncio permaneceu entre eles por alguns segundos e, vendo a falta de resposta do irmão, Klaus continuou - Compreendo. Talvez você tenha razão, brother. Mas, não há nada comprovado sobre a minha origem paterna. Ser um bastardo realmente é impuro. Isso faria de mim um ninguém. E explicaria muita coisa sobre o tratamento do nosso pai comigo – Klaus respondeu com a voz baixa, corroído e extremamente triste pela dureza do irmão - Mas, nunca questione a mãe sobre isso. Mikael pode matá-la.


- Me perdoe, Niklaus. Eu fui tomado pela ira e pelo ciúme. Você é meu irmão e nada mudará isso – Elijah falou se aproximando dele e colocando a mão em seu ombro. Mas, Klaus se afastou com delicadeza e voltou para a cabana. Elijah ficou parado ali observando Klaus entrar em casa, consternado consigo mesmo por ter magoado o irmão. E eu senti nojo de Elijah. Acredito que ele fosse um dos irmãos favoritos de Klaus e receber aquelas palavras de uma pessoa que você tanto ama era semelhante a ser apunhalado. Nenhuma mulher deveria ficar no meio do amor de dois irmãos. Isso era destrutivo para todos e injusto. Eu sabia bem porque presenciava no meu dia-a-dia a história se repetir. Mal tive tempo para digerir o que vi e logo fui arrancada daquele cenário.


A paisagem tomou outro rumo e forma me fazendo constatar a mudança de memória. Dessa vez eu estava nas proximidades da floresta, num dia chuvoso e com tempestade. A chuva caía com força e em gotas espessas. E em poucos segundos eu fiquei ensopada no meio daquela tempestade. Que sensação maravilhosa, pensei ironicamente. Olhei a minha volta e a quantidade excessiva de água deixava a paisagem turva e de difícil visão. Caminhei um pouco a fim de me localizar quando ouvi o som de vozes esbravejantes. Me guiei pela audição e encontrei Klaus e Elijah, totalmente encharcados pela chuva, discutindo no meio do nada.


- Você me traiu. Nunca esperaria por uma facada tão bem engenhosa de você, brother – Klaus vociferava com raiva e desapontamento misturados.


- Eu traí você? Como consegue ser tão hipócrita, Niklaus? – Elijah parecia ofendido e inconformado – Você, com certeza, ouviu minha conversa com Finn e se adiantou na minha frente achando que poderia ganhar de mim.


- Eu não preciso competir com você, Elijah – Ele falou com raiva – Tátia se casará com quem ela quiser. Não depende de você ou de mim. Eu não ouvi nada. Apenas segui meus instintos e meu coração.


- Mas, ainda assim, acredito que você descobriu o dia que eu visitaria a família dela e faria a proposta e correu para fazer primeiro. O que significa que você acredita sim que isso pode modificar o destino – Ele disse dando um passo em direção a Klaus.


- Sabe, brother. Acredite no que quiser. Já dei minha palavra. E você está ofendido demais. E eu não fiz nada de errado. Talvez você não se sinta seguro com os supostos sentimentos que você diz Tátia ter por você e esteja tentando me tirar do caminho, por medo de perder pra mim.


- Medo? Por Deus, Niklaus, use o bom senso. Minhas qualidades e minha reputação me procedem nessa vila. Não há motivo algum para eu ter medo de você. Qualquer mulher em juízo perfeito escolheria a mim.


- Por que você está tão seguro disso, Elijah? Por que você sempre acha que é melhor que eu? – Klaus parecia magoado, mas isso quase não era perceptível devido à raiva que ele exalava.


- Eu não acho que seja melhor que você, apenas sou mais responsável e tenho mais qualidades de alguém que pode cuidar de uma família. Você é insensato e imaturo. Ainda se comporta como um aventureiro. Fica se metendo em confusão pelo vilarejo em busca de reconhecimento e de prêmios. Está longe de entender as responsabilidades de ser um marido e um chefe de família.


- Esse, de fato, é o julgamento que faz de mim? Ou tem algo mais por trás dessas palavras camufladas, brother? Não seja cínico, Elijah, é o mínimo que você pode fazer. Pois suas palavras são muito injustas. Você bem sabe o quão falsas elas são, sabe que não sou esse moleque desmiolado que tenta me fazer parecer. Pode me dizer a verdade. Sempre dizemos a verdade um para o outro. Não precisa esconder que, no fundo, você também me repudia como nosso pai.


- Essa discussão termina aqui, Niklaus. Não vou perder mais tempo com os seus delírios. Vire homem primeiro e depois venha conversar – E esse foi o estopim.


Elijah deu às costas e no mesmo instante Klaus se jogou contra ele, o derrubando no chão. Os dois se socavam enquanto rolavam no solo enlameado, gritando e urrando de dor quando recebiam algum golpe certeiro. Depois de já estarem com os rostos deformados, sangrando e todos sujos de terra, Klaus, com agilidade, se levantou e sacou a sua espada, apontando ameaçadoramente para o irmão enquanto ele fazia o mesmo. Eu não acreditava no que via. Eles só podem ter pedido a cabeça. Dois imbecis sem juízo. Sem mais delongas, Elijah avançou com destreza e determinação e Klaus revidou.


Suas espadas se chocavam com violência. Klaus e Elijah golpeavam suas armas em choques excruciantes. O ódio que emanavam era tão evidente e forte que poderia ser sentido à distância. Fiquei estarrecida. Já os havia visto discutindo, mas não se atacando daquela forma feito bichos. Não adiantava de nada mandarem parar, não iriam me ouvir. Só o que me bastava era esperar essas duas antas recobrarem a lucidez. Mas, era impossível ser imparcial. Não tinha como eu não tentar interagir. As lembranças eram reais demais e era bem fácil me esquecer de que eu não pertencia àquela vida antiga deles. Comecei a me preocupar quando Elijah conseguiu acertar o braço de Klaus e este, por sua vez, havia conseguido fazer um corte profundo na perna do irmão. Aonde eles queriam chegar, queriam se matar? Talvez fosse, naquele momento, exatamente o que os dois queriam.


Comecei a gritar com os dois sem efeito algum até que ouvi outra voz. Esther vinha correndo até os dois, com dificuldade por causa da tempestade, com os olhos semicerrados e as mãos na frente da cabeça para protegê-la, sem sucesso, da chuva.


- Parem! – Ela gritava – Parem agora! – Mas, eles estavam tão absortos no ódio que foi como se ninguém mais estivesse ali – Niklaus! Elijah! – Esther se colocou defronte aos dois tentando, inutilmente, apartar aquela briga através de seus comandos. A tormenta de suas espadas e o festim de golpes e ataques permaneciam firmes e incessantes – Eu sou a mãe de vocês e estou ordenando que encerrem essa estupidez agora! O que deu na cabeça vazia de vocês?! – Ela continuava a gritar, com sua voz se perdendo um pouco pelo barulho pluvial, mas nada acontecia. Eu já estava ficando com raiva. Esther continuou rondando os filhos, berrando com eles embaixo daquela chuva torrencial até que decidiu interferir. Ela levantou suas mãos na direção deles e eu percebi que estava se preparando para usar magia. Ela parecia indecisa, sua expressão aterrorizada me fazia duvidar se o medo era pelos filhos ou do marido, caso descobrisse as façanhas dela. Mas, antes que ela pudesse dominar a situação, num golpe mal articulado, Elijah acertou a mãe na direção da barriga. Seu berro de agonia foi instantâneo e alto o bastante para superar as rajadas fortes da chuva. Enfim, eles olharam e perceberam, estupefatos, o que fizeram. Assim, finalmente os dois foram desligados de seu transe colérico e cessaram a briga, correndo em auxilio da mãe. Eu fiquei perplexa. Sangue jorrava de sua barriga se misturando a terra e à água suja enquanto Esther se debatia no chão.


- Mãe! – Elijah gritou, se ajoelhando desesperado ao lado dela. Ela urrava de dor e chorava. Klaus olhava tudo paralisado e com terror e num instalar recobrou a sanidade, arrancando a própria camisa, a rasgando no meio e enrolando firme em volta da cintura da mãe, a fim de conter o sangue. Não demorou muito e ela perdeu os sentidos, assustando os dois irmãos. Klaus a pegou no colo e os dois correram com ela e sumiram naquela cortina densa de água que me cegava. Me esforcei ao máximo para acompanhá-los, mas estava difícil por causa da lama que prendia meus pés e a chuva com vento que retardava a minha velocidade. Rapidamente fui distraída desses pensamentos quando avistei a cabana e os vi entrar nela apressadamente. Os segui sem pestanejar e avistei Rebekah, que estava no aposento mais externo da casa. Quando ela notou a nossa presença, seus olhos focaram no corpo desfalecido da mãe nos braços de Klaus, a fazendo derrubar com estrondo as duas tigelas de barro que carregava, as quebrando e jorrando todo o líquido no chão, que parecia ser sopa.


- Mama! – Ela gritou correndo em seu auxílio – O que houve? Foram os lobos? Mas, não é lua cheia! – Ela perguntou enquanto seguia os irmãos, que adentravam correndo mais profundamente os aposentos internos da cabana por corredores meio escuros. Esther foi acomodada em uma espécie de cama improvisada, ensopando os tecidos de água e sangue, no interior de um quarto pequeno e circular, do mesmo estilo do resto da moradia, talhado em madeira e pedaços grandes de rocha.


- Rebekah, chame a tia e peça para ela trazer Leite de Papoula – Falou Klaus. A jovem assentiu e saiu correndo. Os dois permaneceram em silêncio, sem ousarem em se encarar. Klaus mexeu na camisa rasgada em volta da ferida da mãe para checar o seu estado e não parecia nada bom. Curar machucados como esses naquela época deveria ser um desafio. Elijah parecia doente, estava pálido e de olhos cansados. Certamente culpa, medo, arrependimento e muitos outros eram os sentimentos que corroíam a sua mente. Não foi sua culpa o que houve, eu esperava que ele soubesse disso. Mas, certamente, pelo o pouco que dele já conheci, ele não sabia. Mas, sabe, pensando melhor, a culpa era dele, sim. A culpa era dos dois desmiolados que quase se mataram por uma mulher que não valia a pena e quase mataram a mãe no processo.


Rebekah voltou pouco tempo depois acompanhada de uma mulher mais velha, provavelmente próxima a meia idade naquele contexto. Ela era negra de cabelos crespos trançados até a altura dos quadris e usava um vestido marrom, encharcado pela chuva tal como Rebekah. Essa deveria ser a tia por quem Klaus chamou. Ela carregava um pequeno tubo de vidro, com um líquido meio viscoso e branco no seu interior.


- Pelos deuses Vikings. Terei muito trabalho com isso. Leite de Papoula não será o suficiente, meus garotos. Por que não me disse que se tratava de uma ferida como essa, Rebekah? – Ela falou exasperada, passando um pouco da substância no buraco sangrento na barriga da irmã – Pressione com força aqui, garota. Terei de voltar a minha casa em busca de mais recursos.


- Nós não gostamos dos seus "recursos", tia - Falou Elijah - Mágica é muito perigoso e proibida na nossa casa.


- Você gosta da sua mãe viva? – Ela respondeu dura e séria. Ele abaixou a cabeça e nada falou – Foi o que pensei – Ela disse e saiu apressada.


- Vocês podem me dizer o que houve, pelos deuses? – Rebekah perguntou com pouco fôlego pela corrida e com a expressão vermelha e assustada. Klaus olhou triste e receoso para o irmão, que permanecia de cabeça baixa.


- Foi um acidente, sistah. Uma imprudência nossa – Klaus respondeu com lágrimas nos olhos.


- Foram vocês? – Ela falou com os olhos arregalados.


- Fui eu, na verdade – Elijah saiu do seu transe – Niklaus e eu conjurávamos nossas espadas e efetivei um mau golpe.


- E por que diabos vocês decidiram treinar no meio da chuva? Nunca ouvem as instruções do pai? – Ela esbravejava em tom de repreensão.


- Não estávamos treinando. O irmão e eu tivemos uma discussão que terminou em batalha - Ela os olhava pasma e de olhos escancarados.


- Por Deus, eu pensava que vocês fossem ajuizados. Qual foi o motivo da ignorância de vocês? – Os dois se entreolharam e permaneceram em silêncio – Sério? Vão esconder de mim? Deve ter sido por algo muito vergonhoso. Mas, sou sua irmã. Quero ajudar – Rebekah falava com sinceridade e preocupação. Uma pessoa diferente da megalomaníaca que eu conheço. Ela apertou o ombro de Elijah carinhosamente, o incitando a contar.


- Foi por causa de Tátia. Tanto Niklaus quanto eu a fizemos proposta de casamento – Elijah respondeu envergonhado. A expressão incrédula de Rebekah chegou a ser cômica.


- Com tantas mulheres na vila vocês tinham que querer a mesma? E logo Tátia, a meretriz cujo filho não sabemos a origem da paternidade? Vocês tem noção do que isso significa? Significa que ela já se deitou com mais de um homem. É o que vocês querem? - Revirei os olhos. Esses ideias do passado eram péssimos - O pai e a mãe não ficarão felizes com isso. Todos os homens da vila fogem dela, porque sabem que ela quer justamente o que vocês estão sendo, dois bobos para dar-lhe um nome e segurança – Ela falava sem parar. Notoriamente não era fã de Tátia. Minha afeição por Rebekah deu uma guinada.


- Tátia não é assim. Ela cometeu um erro e agora está desacreditada por isso. Não é justo julgar uma pessoa só porque ela se desviou por um momento. E nem é justo perseguir pra sempre alguém por um erro do passado – Klaus respondeu suavemente. Eu até concordava com suas palavras, mas isso não fazia dele menos idiota.


- Seja o que acontecer, não contem a verdade ao pai sobre a razão de seu desentendimento e a origem do ferimento da mãe. Sua ira cairá sobre vocês e um corte de espada será o menor dos seus problemas.


- Não podemos mentir desse jeito, Rebekah. É errado. E a mãe irá acordar – Disse Elijah escandalizado pela descaramento da irmã.


- Sim, ela irá acordar, mas tenho certeza de que ela também não irá contar ao pai. Ela não é besta que nem vocês. Então, vocês dois, seus estúpidos, fiquem de boca fechada. Apenas digam que algum ferreiro incompetente feriu a mãe enquanto ela caminhava pela aldeia.


- A mãe dando passeio na aldeia nessa tempestade? Pensei que você fosse mais inteligente, sistah – disse Klaus.


- Eu disse caminhando, não passeando. Ela ia visitar a tia quando foi ferida, pronto. Precisava de tempero para o cordeiro assado do pai, sei lá.


- O pai vai querer saber quem foi o ferreiro para acertar as contas.


- Mas, meu querido Elijah, nós não sabemos quem foi. Só a mãe poderá dizer quando acordar. E sabemos que ela não dirá nada. Ela vai entender o nosso plano e vai cooperar. Tenho certeza que ela vai fingir falta de memória.


- Não houve testemunhas? – Perguntou Klaus.


- Por deus, parem de dificultar as coisas. Não havia ninguém por causa da tempestade. Todos estavam seguros e aquecidos em suas cabanas enquanto a mãe precisava pegar uma erva imprescindível com a tia.


- Mas, se ninguém testemunhou, como sabemos que foi um ferreiro? – Disse Klaus.


- Para a sua sorte, a mãe ainda estava acordada quando, graças a Deus, Elijah a encontrou a mãe caída no chão no caminho até Ayana. Ele achou estranho a sua demora e foi ao seu encontro. E ela só teve tempo de nos dizer isso. Ela foi ferida no caminho de volta.


- Fico impressionado com a sua capacidade de inventar histórias e mentiras, Rebekah – Falou Elijah, a olhando com espanto. Ela sorriu sapeca – Mas, o pai não é bobo. Ele irá nos fazer alguma pergunta que não saberemos responder e nos pegará na mentira. Por isso, ainda penso que é melhor a verdade.


- Você é insano? Irão sofrer com a sua cólera. E me atrevo a dizer que Niklaus pagará por isso mais que você, Elijah – Klaus abaixou a cabeça triste e o outro irmão ficou calado; ele sabia que Rebekah estava certa. O silêncio perdurou entre eles até a tia estar de volta com alguns tecidos enrolados nas mãos. Ela retirou de dentro deles algumas ervas e prostrou o restante ao lado da cama.


- Vou começar o processo da cura e gostaria de ficar sozinha, sem distrações.


- Eu prefiro ficar – Disse Elijah.


- Não comece, Elijah. São apenas ervas. Não tem magia nelas. Agora, por favor, retirem-se. E Rebekah, ferva uma pouco de água para mim, por favor – A garota acenou e os três saíram do quarto e eu os segui. Os dois irmãos se sentaram à mesa da pequena cozinha enquanto Rebekah cumpria o pedido da tia.


- Ayana sabe o quanto o pai repudia magia e não a tolera na nossa casa. Espero que ela saiba o que está fazendo – Elijah quebrou o silêncio.


- Mas, a tia disse que eram apenas ervas – Respondeu Klaus confuso. Elijah lhe jogou um olhar de descrença. Ele realmente era muito ingênuo às vezes.


- Claro que não são apenas ervas, meu irmão – Falou Rebekah enquanto mexia na chaleira de ferro negro – Mas, não temos escolha, Elijah. Uma ferida daquela pode matar a mãe - Ele acenou e baixou a cabeça, pondo as mãos sobre ela. Me sentei à mesa junto deles e observei o seu silêncio pesaroso.


Tão logo ouvi sons no exterior da cabana, algumas vozes e barulho de cavalos. Mikael estava em casa. Até eu senti um arrepio e olhei diretamente para Elijah e Klaus. Temi por eles. Sua expressão era exatamente o que deveria estar: temerosa e assombrada. Se eu não estivesse enganada, diria que podia ouvir o bater frenético do seu coração contra o peito. Mikael cruzou a soleira da porta carregando uma caça. Um show de horrores estava para começar.


- Não fiquem aí me olhando. Ajudem a carregar, garotos! – Ele falou duramente. Os dois correram em prontidão e assumiram algumas partes de animal.


- Esther ficará feliz com essa caça. Ela gosta muito de cordeiro assado. Um vigoroso animal, como prometi – Ele falou enquanto deixava o resto junto às outras partes num canto, sendo acompanhado de Finn e Kol – Onde está Henrik? Ele disse que queria ver o animal antes de ser cozido.


- Está dormindo, meu pai – Rebekah respondeu.


- Vocês perderam, irmãos. Pena que hoje não era dia de vocês irem – Falou Kol animado – Nunca pensei que eu me sairia tão bem na caçada, especialmente numa torrente de água coma essa – Ele falava animado, chegava a ser inocente – Finn não é um treinador muito paciente. Mas, quem precisa dele - Finn revirou os olhos.


- Vou acordar o Henrik. Ele vai brigar comigo se perder essa - Disse Finn de mau humor e foi para o interior da casa, fazendo os outros irmãos mais velhos se entreolharem com temor.


- Onde está sua mãe, Rebekah? Pensei que a essa hora vocês já estariam nos esperando para cozinhar a caça – Mikael perguntou enquanto retirava as botas ensopadas.


- Tivemos um problema, meu pai – Rebekah respondeu de cabeça baixa.


- Que problema? – Ele parou o que estava fazendo e a encarou – Me responda, Rebekah! – Ele alterou a voz.


- Bem, a mãe estava caminhando até a casa da tia e... – A garota começou a explicar quando Elijah a interrompeu de súbito.


- Niklaus e eu tivemos um desentendimento que nos fez empunhar nossas espadas e, numa distração, eu acertei a mãe. Ela está no quarto com a tia, que lhe prepara algumas ervas – Elijah contou a história com toda coragem que ele conseguia reunir, mas ela não foi o suficiente para ele encarar o pai. Ele olhava para o chão e remexia os dedos nervosamente. Rebekah o encarava assustada e perplexa, sem acreditar no que ele havia feito. Klaus se comportava de maneira semelhante ao irmão. Mikael demorou alguns segundos para processar as palavras do filho e depois correu para o quarto. Os filhos o seguiram correndo ao seu alcance.


- Saia da minha frente, Ayana! – Ele gritou para a cunhada a retirando com violência de perto da esposa. Se agachou defronte à cama e alisou os cabelos da mulher, enquanto olhava a ferida. Pela primeira vez eu via um Mikael fragilizado e humano. O desespero na sua expressão e o medo nítido nos seus olhos cinzas quase o fez parecer alguém que amava a esposa. Por um momento pensei que ele fosse começar a chorar, mas ele se recompôs, se levantando rapidamente e indagou os filhos, com o rosto lívido de fúria.


- O que deu na cabeça de vocês?! – Ele gritava ameaçadoramente, enquanto alternava a fúria de um irmão para o outro – Exijo explicações agora mesmo! – Sua voz se mantinha no mesmo tom alucinado, fazendo a veia da sua têmpora saltar latejante.


- Elijah e eu desejamos desposar da mesma mulher. Numa briga insensata ferimos nossa mãe. Peço perdão, meu pai – Klaus falou com a expressão nublada, certamente esperando pelo castigo. E ele veio. Mikael lhe deu uma bofetada tão forte que seu pescoço estalou, fazendo Klaus cambalear para trás. Um hematoma roxo avermelhado automaticamente começou a surgir em sua face molhada.


- Eu mereço muito mais a sua fúria, meu pai, fui eu quem... – Elijah começo a dizer em defesa do irmão, mas Mikael não o deixou terminar. Num tapa tão forte quanto o outro, ele despejou toda sua raiva no rosto do filho.


- Se a minha esposa, a mãe de vocês, morrer por causa de suas cabeças vazias, irão desejar nunca ter nascido – Ele disse entre dentes – Venham comigo, agora – Ele falava com a voz abaixada, sem gritar. Isso me preocupava um pouco. Os três chegaram ao cômodo principal e Mikael se dirigiu aos dois.


- De que mulher nós estamos falando? Eu espero estar totalmente enganado e que as informações que chegaram até meus ouvidos sejam falsas – Nenhum dos dois falou nada – Vamos, respondam! – Dessa vez ele gritou.


- Tátia – Disse Elijah e, em resposta, recebeu outro tapa forte no rosto.


- Inacreditável, Elijah. Seus tolos. Aquela mulher jamais será aceita nessa casa. Nem pensem em honrar algum compromisso com ela. Eu esperava mais de você, Elijah. Uma insensatez dessas é mais do feitio do moleque do seu irmão - Mikael reconheceu nas expressões dos filhos a verdade – a não ser que já o tenham feito. Seus tolos sem um pingo de juízo! – Ele os encarava com fúria – Torçam para que sua mãe sobreviva. Se não, sou capaz de uma atrocidade! Serei capaz de sumir com essa meretriz se ousarem chegar perto dela de novo. Querem que eu mate essa garota, é? Não duvidem dos meus limites. Ela é culpada por terem machucado a minha esposa! E quem desposar aquela mulher estará fora dessa casa e dessa família para sempre.


- Muito bem, então. Se esse é o seu desejo, meu pai, assim o farei – Meu queixo caiu. Klaus iria abandonar a própria família por causa dela? Até mesmo Elijah o olhou com incredulidade.


- O que foi que você disse, garoto? – Mikael o pegou pelo pescoço, apertando com força - Se você for, não terá volta. Nunca mais vou querer te ver nessa casa e nem perto de nenhum de teus irmãos.


- Não finja desapontamento, pai. Você sempre me quis fora dessa casa. Essa é a sua chance. Em breve estarei sendo espancado no meio da chuva. Não vou mais aguentar isso – Mikael lhe dou um soco forte no rosto, lhe derrubando no chão e lhe arrancando sangue da boca. Enquanto Klaus escondia o rosto, levou um chute no estômago, o fazendo urrar e se contorcer de dor.


- Vai se arrepender dessa tolice, garoto. Vou me deleitar em dar essa notícia a sua mãe. Pegue suas coisas e suma daqui. Devo confessar que me alegra muito que você vá embora. Realmente, o que você merece é uma surra bem dada para nunca mais esquecer o animal que é, causando essa injúria a sua mãe. Mas, sinceramente, prefiro que desapareça da minha casa, da minha família. Espero mesmo nunca mais te ver aqui. Só não te esfolarei vivo agora porque a minha esposa precisa de mim. Mas, se cruzar o meu caminho de novo, vou te retalhar e dar os seus restos para os porcos – Klaus pareceu ficar magoado com suas palavras, mas se manteve acuado. Mikael deu as costas e voltou correndo para o interior da casa.


- O que deu em você, Niklaus? A mãe precisa de nós – Elijah o indagou em consternação, o ajudando a levantar.


- O pai não me dirá mais o que fazer nem com quem casar. E nem mais vai me torturar. Vocês sabem bem o inferno pelo qual ele está sempre me fazendo passar, apenas por prazer maligno. Sair daqui e casar com Tátia pode ser a minha salvação. E pelo o que vejo, seu desejo de casar com ela e seu amor não são tão fortes, assim, irmão.


- Não seja ridículo e imprudente. Não vá embora. Espere a mãe acordar e voltaremos a tocar nesse assunto.


- Eu não quero deixar a mãe, ou você, ou Rebekah, ou Rik, ou até mesmo Kol, mas, eu vou. E Tatia verá o que fiz por ela. Você acha mesmo que consigo aguentar por mais tempo as torturais do pai? Ele vai acabar me matando, Elijah. Ou eu vou matá-lo. Tudo vai terminar de um jeito ou de outro, em tragédia certa – Ao dizer isso, ele foi para outra entrada no interior da cabana e Elijah correu para o quarto onde se encontrava a mãe, voltando com Rebekah ao seu lado se dirigindo ao outro cômodo. Ele iria usar o favoritismo de Klaus por Rebekah como golpe para fazê-lo ficar. Corri a trás dos dois e também entrei no quarto. Ele era exatamente como o outro, a diferença é que era maior, com projetos de camas para cada um dos irmãos.


- O que você pensa que está fazendo, Nik? – Ela sussurrava assombrada – Ela é uma meretriz, não merece todo esse cortejo. E nossa mãe, nossa família precisa de você. Eu preciso de você – Ela já possuía lágrimas nos olhos – Não me abandone, por favor. Podemos enfrentar Mikael juntos. Vamos acabar com ele de uma vez por todas.


- Eu jamais faria isso com você, Rebekah. Jamais te tornaria assassina do nosso pai. Você não merece esse peso. E esse não é nosso último encontro. Sempre estarei com você, sempre e para sempre – Ele lhe deu um beijo na testa e saiu apressado, sem olhar para trás. Carregava consigo algumas sacolas de pano e um malão de madeira de proporções medianas. Ele realmente estava partindo. O segui para fora da cabana, esperando com ansiedade que ele mudasse de ideia e voltasse para casa, mas ele não o fez. Continuei no seu alcance durante algum tempo naquela chuva, tentando entender por que ele havia feito aquilo tão de repente. Agiu de cabeça quente. Ou talvez já arquitetasse algum plano de ir embora e esse foi o estopim. Realmente era impossível de aguentar tanto espancamento diário. Percebi, Klaus estava desesperado para se ver livre disso e eu não poderia culpá-lo. Mas, eu sabia que ele jamais deixaria Rebekah, Elijah ou Henrik para trás. Corri até não aguentar mais e parei, respirando com dificuldade, o olhando desaparecer naquela chuva.


 



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Autor(a): anajadde

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