Fanfics Brasil - Capítulo 5 - Revenge Scarlet Dynasty - Klaroline

Fanfic: Scarlet Dynasty - Klaroline | Tema: The Vampire Diaries e The Originals


Capítulo: Capítulo 5 - Revenge

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Klaus


Passei furioso pela sala dos Salvatore, totalmente puto da vida. Eu queria sangue derramado. Queria matar, estraçalhar, tacar o terror em alguém. Isso me faria extravasar todas as minhas frustrações do momento. E toda essa minha cólera se convergia em uma única pessoa. Patético. Eu era um ser desprezível por deixar alguém me afetar tanto quanto Caroline me afetava. Senti raiva de mim mesmo pela minha fraqueza e isso bastou para eu enxergar vermelho. Ignorei totalmente a presença de quem quer que estivesse na sala enquanto eu passava. Se alguém se metesse no meu caminho, iria se arrepender amargamente. Fui em direção a um dos carros em que eu e meus irmãos viemos. Não esperei por eles. Fodam-se eles. Que não apareçam na minha casa essa noite. Bom, não irá fazer diferença se aparecerem; não estarei lá para vê-los. Precisava sumir daquele ambiente que me sufocava, precisava fugir dela...


Entrei na minha caminhonete preta e dei partida fazendo os pneus cantarem. Em poucos segundos o velocímetro já marcava 180 Km/h. Dirigi em direção à Ponte Wickery. Iria sair da cidade por algumas horas. Iria me divertir um pouco. Estava há muito tempo tentando manter um comportamento aceitável somente para não espanta-la. Confesso que estava me segurando um pouco para não matar e afugentar mais ainda aquela linguaruda. E adiantou de que? Me odeia como sempre. Mas, hoje eu queria que ela fosse para o inferno. Se eu sou o vilão da história para ela, seria um vilão com todos os direitos de autoria. Caroline era uma criatura difícil. Ela sempre conseguia me tirar do sério. Sempre com o seus julgamentos. Sempre com as suas acusações. Sempre se sentindo superior ao resto do mundo. Tudo bem, eu também me sentia superior ao resto do mundo, não poderia julgá-la por isso. Mas, isso porque eu sou superior a todos. Não existe ninguém páreo para mim. Eu sou praticamente intocável. Fisicamente, pelo menos. Mas, aí aparece essa vampirinha metida do cacete e consegue tocar na minha alma, tocar nas minhas feridas. Bem, eu não seria o único ferido essa noite.


Decidi ir até Alexandria. Ficava perto de Mystic Falls e, por ser uma cidade relativamente grande, possuía uma variação bem maior no cardápio. Ironicamente, quando convidei Caroline para sair comigo até outra cidade, tinha pensado justamente em Alexandria. Eu gostava desse lugar e queria partilhar com Caroline meus gostos pessoais, além de mostrá-la um lugar de qualidade, para que despertasse nela um interesse maior para longe daquele fim de mundo onde ela mora. Mas, a metida me recusou, como sempre. Enfim, estava eu indo pra lá de qualquer forma, mesmo sozinho e puto da vida. Meu dia terminou de um jeito bem diferente do que planejei, pois Caroline, mais uma vez, mudava meu centro gravitacional. Tentando afasta-la dos meus pensamentos, tentei me alegrar com meu passeio. Há muito tempo não aparecia para explorar Alexandria. Ela era antiga, clássica, artística e animada, repleta de Blues e Jazz, o berço da cultura que mais me encantou entre as décadas de 20 e 60. E a sua alta densidade demográfica seria bem conveniente na discrição das atividades que eu estaria fazendo em breve. Peguei a estrada Leesburg Pike e em um pouco mais de meia hora cheguei ao meu destino. Dirigi por mais uns vinte minutos em direção ao litoral, onde toda a diversão da cidade se concentrava. A parte mais alegre se encontrava num pequeno porto. Iates e barcos mais simplórios se encontravam espalhados, deixando o mar escurecido mais bonito. Já eram mais de três horas da manhã, mas eu sabia que essa era a região da bohemia, essa era a parte da cidade que nunca dormia. Estacionei o carro numa rua rente ao mar, próximo a um dos píeres e caminhei paralelamente aos bares enquanto decidia onde parar. As ruas eram bem iluminadas, vivazes e coloridas pelos diversos estilos de estabelecimentos, emitindo todo o seu potencial festivo. Impressionante como uma lugar daqueles, tão contrastante com Mystic Falls, estava tão próximo daquele fim de mundo. A rua que circundava a orla era repleta de prédios altos, uns de acabamento modernos, completamente envidraçados e outros no estilo colonial, com fachadas de um jeito clássico. Ainda alguns carros transcorriam pelas ruas. Os ambientes estavam razoavelmente lotados e em muitos locais músicas no estilo Blues tocavam bem alto e pessoas gargalhavam alegremente, felizes por estarem na companhia agradável de seus amigos, se divertindo. Bom, para alguns a diversão iria acabar em breve. Esse pensamento me fez sorrir sadicamente. Entrei num bar que estava abarrotado de gente e tocava uma melodia dos anos 20 que eu conhecia muito bem. E o gatilho veio forte, com a lembrança da minha dança passivo-agressiva com Caroline, quando eu deixei claro para ela minhas intenções quanto ao futuro. Senti o ar sumir e me peguei amaldiçoando mentalmente aquele dia. Eu deveria ter parecido um ridículo falando aquelas coisas pra ela. Mas, eu ainda queria que fosse daquele jeito. Talvez um dia...


Deixei aquele bar, pois me sufocava, e fui em busca de outro. Circulei o perímetro olhando atentamente para cada barzinho amontoado e me senti vigorosamente atraído por um que ficava mais no final da orla da praia, mais discreto. Gostei. A música me chamou mais ainda a atenção e não pude deixar de sorrir. Blues certamente ainda são a base da boa música de qualidade. Nostalgia e adrenalina correram frenéticas pelas minhas veias, deixando meus instintos de predador mais aflorados.


If you're looking for trouble
You came to the right place
If you're looking for trouble
Just look right in my face
I was born standing up
And talking back
My daddy was a green-eyed mountain jack
Because I'm evil, my middle name is misery
Well I'm evil, so don't you mess around with me**


Entrei me espremendo entre os humanos, caminhando com dificuldade para chegar até o bartender e me sentei em um dos banquinhos enquanto pedia uma bebida forte. Tequila pura.
Eu estava chateado. Ferido. Não fisicamente, é claro. O tapa de Caroline parecia mais um toque de pluma. Mas, ela me bateu. Ela teve a audácia de fazer isso. Receber um tapa dela me doeu na alma e ao mesmo tempo me deixou puto. Mas, pior foram as suas palavras. Eu apenas queria me afogar em sangue e arrancar algumas cabeças. Eu queria acabar com a festa desses imbecis, dessas gargalhadas de gente feliz demais para o meu gosto, irritante demais para os meus ouvidos. Se eu não sou feliz, por que eles tinham o direito de ser? Queria simplesmente fazer um massacre em grande estilo, queria fazer bagunça. Mas, eu tinha que ser discreto, mesmo contra a minha vontade. Olhei em volta à procura dos meus alvos, curtindo a música, mas nem precisei me esforçar muito. Do outro lado do bar, perto das janelas, duas oferecidas, uma ruiva e uma loira, me encaravam enquanto riam idiotamente uma para outra. Eu decidi que a loira iria sofrer mais. Presas fáceis, não seria nenhum desafio. Não que houvesse desafios para mim nesse universo. Eu sorri de volta para elas com falsa gentileza e caminhei em sua direção. Elas continuavam rindo sem parar e só no que eu pude pensar era que em breve suas bocas estariam caladas, cheias de formiga, aliviando meus ouvidos de suas risadinhas estridentes.


– Boa noite, senhoritas – Eu cumprimentei enquanto sorria e despejava todo meu charme em cima delas. Elas sorriram de volta se derretendo toda – Vocês me permitiriam pagar uma bebida para vocês ?


– Mas, é claro. Quantas você quiser – A loira respondeu ousadamente, se insinuando para mim. Claro. Sempre são as loiras as mais abusadas. Eu gesticulei apontando para o bar, fazendo sinal para elas me seguirem. Caminhamos até lá e pedi bebidas de qualidade para nós três. O primeiro passo é impressionar, depois você prepara o porco para o abate. Começamos a conversar e eu tive que me esforçar muito para fingir interesse no que elas diziam. Em algum momento da conversa elas me disseram seus nomes, mas eu não estava nem aí. Nem me dei o trabalho de decorá-los. Apenas disse que me chamava Klaus. Eu gostava de me apresentar para as minhas vítimas. Nenhuma obra de arte pode ser reconhecida sem a assinatura do artista. Eu queria acabar logo com esse joguinho. Mas, eu não iria afugentá-las com algum movimento fora de hora. Como um serial killer de séculos de experiência, eu sabia muito bem o que fazer. E fazia com maestria. A princípio eu iria contar ao meu favor o fato de elas serem duas vagabundas muito bêbadas. Elas eram muito gostosas, isso eu tinha que admitir. O meu interesse principal era o vinho, mas isso não significava que eu não podia aproveitar o resto do bufê. Depois de mais um tempo elas já estavam totalmente envoltas na minha teia. Não permiti que bebessem mais. Eu queria as minhas vítimas bem lúcidas. Lúcidas o bastante para sentirem todo o pavor e toda dor que viriam. Descaradamente elas começaram a passar a mão em mim, em todas as partes do meu corpo. Eu não deixei por menos, é claro, retribuí os gestos. Eu sorria maliciosamente e elas me sorriam de volta com ganância. Elas estavam a fim de brincar, só não sabiam que estavam brincando com o demônio, no playground do inferno. Uma começou a beijar o meu pescoço enquanto a outra me beijava na boca. Que bocas gostosas, diga-se de passagem. Isso quase me fazia pensar no desperdício que aconteceria hoje à noite. Quase. As coisas começaram a esquentar, até estavam conseguindo me deixar excitado. Talvez eu esperasse mais um pouco antes de dar o bote final. Há um tempo que eu não transava com ninguém. A última tinha sido a lobinha sem eira nem beira. Ela não fazia muito o meu estilo, mas era gostosinha demais para ser ignorada quando estava se insinuado tão descaradamente pra mim. Elas continuaram a me atacar sem um pingo de vergonha. Uma delas simplesmente colocou a mão nas minha apartes por cima da calça, me endurecendo mais. Segurei ela pelo cabelo com força e mordisquei seu pescoço, quase enterrando as minhas presas nela até que me puxaram me levando para fora, para um beco escuro ao lado do bar. Perfeito. Elas não poderiam estar contribuindo mais, totalmente ignorantes ao que estava por vir. Eu deixei que elas me arrastassem, eu as deixaria pensar que estavam no comando. Controlando a minha força, joguei a ruiva contra uma das paredes enquanto a loira me beijava no pescoço por trás. Elas eram umas ferinhas, em outras circunstâncias até poderia ter desfrutado melhor do momento. Com a mão direita eu segurava o pescoço da ruiva e com a esquerda eu agarrei um dos pulsos da loira. Elas não viram o perigo chegando. Beijei algumas vezes o pescoço da ruiva e sem pensar duas vezes cravei as minhas presas nela. Instintivamente ela começou a berrar e a se debater em baixo de mim. Eu simplesmente a ignorava e drenava o seu sangue como se a minha existência dependesse disso. E nesse momento de fato ela dependia. Eu estava com raiva. A loira percebeu e começou a berrar também, tentando, em vão e desesperadamente, soltar o seu pulso da minha mão. Ela teria que esperar mais um pouquinho. Eu ainda não tinha finalizado com a ruiva. Quando ela estava quase desfalecendo por causa da ausência de sangue necessária para manter um ser vivo, eu rasguei a garganta dela com meus dentes e a joguei no chão, morta e desfigurada. Isso fez a loira gritar ainda mais, me olhando totalmente horrorizada. Então, finalmente deixei que ela se soltasse de mim. Ela corria enquanto chorava soluçando e pedia socorro. Muitos já me perguntaram por que eu não compelia as vítimas para que ficassem quietinhas enquanto eu fazia o serviço. E a minha resposta era sempre a mesma; é muito mais divertido com a caçada, com as presas fugindo do predador. Ver a agonia e o desespero era o que mais me impulsionava e me animava. Era eletrizante. Só o sangue não basta, tem-se que lutar por ele. Assim como as vítimas têm que lutar por suas vidas inúteis. Eu dei a ela alguns segundos de falsa vantagem, porque é claro que ela não tinha nenhuma chance contra mim. Eu lambia os meus lábios e meus dedos encharcados de sangue enquanto observava, deleitado e sorrindo, a idiota correr. Então, tratei de acabar com a folga dela. Corri na minha velocidade vampírica e a puxei pelos seus cabelos lisos e longos. Cravei meus dentes no seu pescoço bebendo e apreciando cada gosta do seu sangue, segurei a sua cintura com uma das minhas mãos e enfiei a outra dentro do sei peito, tocando, literalmente, no seu coração. Ela gritava de dor e de desespero e isso só me fazia ficar mais elétrico. Tirei a mão de dentro do seu peito e a enfiei na sua barriga, tocando nos seus órgãos. E antes que ela morresse, voltei para o seu coração e o arranquei de vez. A joguei no chão enquanto saboreava o seu sangue que havia restado na minha boca e nas minhas mãos. Cambaleei até a parede e me encostei nela, ofegante, observando os corpos mutilados no chão. De repente, me senti estranho, embora não soubesse identificar o que sentia. Com medo desses pensamentos, saí apressado do beco.


Olhei a hora no meu relógio de pulso, que estava todo manchado de sangue. Limpei um pouco a tela na minha blusa  preta e percebi que já eram quase 5h da manhã. Decidi não voltar ainda para Mystic Falls e ficar num hotel por ali mesmo. Ainda não estava totalmente relaxado para aturar aquele povinho chato do caralho. Em outras palavras, não estava com a menor vontade de lidar com as críticas de Caroline outra vez. Iria embora só mais tarde. Dormiria um pouco e daria um tempo antes de voltar para aquele inferno. Corri até o meu carro que estava próximo a um dos píeres e, ao abrir a porta, tive o reflexo da minha imagem no espelho retrovisor externo; por um golpe de sorte as minhas roupas estavam praticamente limpas, com exceção de alguns respingos de sangue quase que imperceptíveis e a mancha do relógio. Eu era realmente um mestre. Sobre o meu o rosto eu já não poderia dizer o mesmo; Minha cara e minhas mãos, até a altura dos cotovelos, estavam encharcados de sangue. Isso me fez sorrir. Esses resquícios eram frutos do meu trabalho impecavelmente majestoso. Varri mentalmente os hotéis que eu conhecia nessa região e decidi ficar no Hilton Hotel. Era um prédio extremamente luxuoso, com vista para o mar e se encontrava a uns 15 minutos de onde eu estava. Entrei no carro e, sem me importar nem um pouco com a quantidade obscena – pelo menos para os humanos, pensei sarcasticamente - de sangue espalhado em mim, dei a partida com o carro em direção ao hotel. Só sentia muito por sujar a minha belíssima caminhonete. Mais um inconveniente para os meus empregados hipnotizados, mas muito bem pagos também. Ao chegar lá e descer do carro, os dois manobristas de plantão que estavam na porta arregalaram os olhos para mim e um deles tentou fugir. Mas, eu fui mais rápido; os agarrei e os compeli, um a um, para que esquecessem o que viram. Entrei no hotel e me deparei com a "sorte" de haver apenas dois recepcionistas no saguão principal e sem turistas. As suas reações foram as mesmas dos manobristas e, antes que eles pudessem se manifestar de alguma outra forma, eu também os compeli. Fiz o Check-in e peguei um dos elevadores para o meu quarto, no último andar. Eu iria apagar por horas, como não fazia há muito tempo, sumir totalmente do radar. Peguei meu celular e o desliguei. Queria me descolar desse universo agora. Pensaria nos meus problemas só mais tarde. E isso era uma raridade para mim. Eu era cheio de inimigos e carregava uma carga tão pesada de problemas que era quase impossível eu conseguir me desligar e dormir em paz. Mas, nesse momento, se eu não fizesse isso, eu acabaria fazendo uma chacina.


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Caroline


Continuei parada feito uma estátua olhando para a entrada da cozinha, por onde Elijah tinha acabado de sair. Ele tinha perdido o seu juízo Original se realmente achava que por algum momento eu reconsideraria a proposta de Klaus. Eu estava exausta e ficar gastando as energias que eu nem tinha com essa família problemática não era bem o que eu queria agora. Já era muito tarde e eu apenas queria desligar a minha mente. Mas, eram tantos problemas, literalmente, porque deveriam ter dezenas de pessoas lá fora querendo me matar. E havia Tyler. Com tudo o que aconteceu eu não tive mais tempo de lembrar da promessa de Klaus. Resolvi ligar para o meu namorado desaparecido, mas após incontáveis tentativas fracassadas, resolvi deixar uma mensagem de voz. Eu deveria esperar até poder falar com ele para dar as boas notícias, mas a ansiedade era demais para me conter.


"Hey, Tyler. Saudades de você. Eu preciso muito que esteja aqui comigo agora. As coisas estão muito feias, está uma bagunça que você nem imagina. Silas conseguiu. O véu caiu e todos os mortos estão de volta indefinidamente. Estou morrendo de medo, preciso do seu apoio. E não se preocupe mais com o Klaus... Ele e eu fizemos um acordo e você está livre para voltar. Olha que notícia maravilhosa! Então, apenas volte. Eu sinto a sua falta. Sinto falta do meu namorado e do meu melhor amigo. Espero te ver em breve, o mais breve que for possível. Então, volte, por favor. Sua família te espera ansiosamente"


Terminei e fiquei melancólica. Tentei parecer animada, para incentivá-lo a acreditar que era verdade que ele poderia voltar. Mas, que gafe. Falar da família dele. Ele não tinha mais nenhuma, graças a Klaus. Mas, eu e Matt ainda éramos a sua família. Respirei fundo e soltei o ar pesadamente. Eu apenas queria escolher um dos quartos e dormir. Mas, eu jamais conseguiria fazer isso sabendo que a minha mãe estava lá fora desprotegida, isso me deixava agoniada e incapaz de ficar relaxada. Sabia que seria perigoso sair agora, talvez ela nem estaria em perigo se eu não estivesse perto dela. Porque, afinal, viriam atrás de mim. Só que ficar na incerteza era pior. Peguei o celular e disquei para ela. Já havia mandado uma mensagem e a sua resposta foi positiva, mas não era o suficiente para mim. O telefone chamou algumas vezes e caiu na caixa postal. Bufei com impaciência e disquei de novo. Era muito tarde, eu sabia, provavelmente ela já estaria dormindo, mas eu queria saber se ela estava bem. Mais uma vez chamou e ela não atendeu. Disquei a terceira vez e nada. Argh! Seriously. Isso não estava certo. O instinto policial e protetor da minha mãe a teria feito atender no primeiro toque. Eu já estava balançando as pernas impacientemente, andando em círculos pela cozinha. Disquei a quarta e dessa vez ela atendeu. Finalmente! Suspirei com alívio.


– Mãe? Droga, mas que demora. Fique com o telefone do seu lado, pelo amor de Deus. Está tudo certo aí? Já estou voltando pra casa – Eu falei tentando conter a minha voz trêmula, mas muito feliz por ela ter atendido.


– Caroline, fique onde você está – Ela falava com muito esforço, bem ofegante e seu tom de voz fez as minhas entranhas congelarem.


– O ... o que está acontecendo ? Me diga! Mãe? – Ela não precisou responder para eu saber que ela estava ferida. Eu ouvi vozes e gritaria do outro lado da linha. Alguém estava discutindo com alguém. Eu não consegui distinguir as vozes, mas não precisei de mais do que isso para saber que não se tratavam de amigos. Eu entrei em desespero total. Eu só conseguia pensar em alguém matando a minha mãe. Saí correndo da cozinha indo direto para a sala, gritando por Stefan. Ele estava em uma das poltronas junto de Damon e Elena. Aparentemente os outros Originais já tinham ido embora. Eu queria chorar e ir socorrer a minha mãe, mas precisaria da ajuda deles.


– O que foi, Caroline? – Stefan veio até a mim alarmado, pegando meu rosto com delicadeza com as suas duas mãos e me olhando com preocupação.


– Alguém está atacando a minha mãe! Bem agora! Acabei de ligar para ela e ouvi! Vamos até ela agora! – Eu não conseguiria falar mais do que isso. Já tive extrema dificuldade para pronunciar essas poucas palavras. Eu queria sair logo dali. Eles não entendiam que cada segundo que passava era tempo precioso perdido? – Eu preciso ir! – Eu gritei me soltando do Stefan e correndo na minha velocidade vampírica até a porta, mas algum filho da puta me parou. Damon!


– Isso pode ser uma armadilha para nós sairmos de casa – O desgraçado falou me segurando, me impedindo de passar. Eu olhava para ele com ódio. Ele não iria me prender aqui enquanto minha mãe corria perigo. Egoísta como sempre. Eu bati na cara dele com meu cotovelo e o atirei para longe de mim num chute. E corri novamente. Só tive tempo de ouvir Stefan mandando Lexi ficar na casa para proteger os outros. Peguei o meu carro e dei partida dirigindo furiosamente. Ainda estava escuro, faltava um pouco para amanhecer. Olhei pelo retrovisor e vi o carro de Stefan me seguindo. Eu só queria chegar na minha casa. Não olhei mais para trás e foquei no meu destino, acelerando ruidosamente. Demorei um quarto de hora para chegar lá e cada minuto que passava eu ficava mais nervosa. Se alguém tivesse matado ou ferido a minha mãe iria se arrepender muito. Eu não costumava matar, mas às vezes abria uma exceção. E essa seria perfeita para colocar meu lado negro em ação. Quando cheguei lá, fui atingida por uma onda de pavor. A porta tinha sido arrancada e a luz do hall de entrada estava acesa. Eu fiz menção de entrar, mas Stefan me segurou pelo braço, me pedindo silenciosamente para esperar e colocando seu próprio dedo indicador em seus lábios para que eu não fizesse barulho. Eu apenas sacudi a cabeça em concordância enquanto Damon e Elena apareciam do nosso lado. Eles se entreolharam fazendo um acordo silencioso e, então, entramos na casa. Eu caminhei devagar tentando a todo custo controlar a minha vontade de chamar pela minha mãe. Quando estávamos chegando na sala um grupo de pessoas, uns nove, para ser mais exata, que eu já havia visto antes, apareceu na nossa frente.


– Olá, Caroline – Disse uma mulher branca e de cabelos escuros e ondulados – Você se lembra de alguns de nós, eu suponho. Eu sou Kimberley, a propósito – Ela falou com um sorriso debochado no rosto.


– Onde está a minha mãe? – Eu falei contendo a raiva e o temor na minha voz. É claro que eu me lembrava deles. Tyler tentou ajudá-los a quebrar a ligação com o Klaus, depois de tê-los transformado em híbridos. Klaus descobriu e matou todos eles no dia da festa Winter Wonderland e logo depois matou a mãe do Tyler afogada no chafariz. Além disso, alguns deles já haviam me sequestrado e me torturado para atingir Tyler. Como eu poderia me esquecer? – Onde. Está. Minha. Mãe? – Repeti, pronunciando cada palavra pausadamente, impregnando ameaça em cada uma delas.


– Relaxe, loirinha – Disse um rapaz alto e branco, de cabelos castanhos – Não temos interesse algum na sua querida mãe. Apenas queremos você. Me chame de Adrian – Ele acrescentou com sarcasmo. E num reflexo protetor, Stefan, Damon e Elena se postaram ao meu redor. Eu me curvei um pouco na defensiva, pronta para atacar – Infelizmente, sua mamãezinha tentou brigar com a gente e acabou se ferrando um pouco. Não queríamos machuca-la, eu juro, só queríamos a permissão para entrarmos na sua linda casinha – Ele falou num falso tom de desculpas – Mas, de uma maneira geral ela está bem.


– E o que exatamente vocês querem comigo? – Eu fiquei mais puta e mais temerosa do que já estava ao ouvir isso. Eu queria encontrar a minha mãe o mais rápido possível, quanto mais cedo eu pudesse dar o meu sangue para ela, mais chances ela teria de viver. Eu não sabia qual era a gravidade de seus ferimentos. Mas, precisava ganhar tempo, precisava mantê-los falando para que se distraíssem – Deixem que pelo menos um de nós possa ajuda-la, já que seus problemas são comigo.


– Ah, não mesmo. Ela é a nossa moeda de troca – Disse Kimberley. Desgraçada. – Mas, respondendo a sua pergunta. Usar você é trunfo em dobro a favor da nossa vingança. Você é a vadiazinha do Tyler e ao mesmo tempo do Klaus. E queremos acabar com os dois. Não poderia ser mais perfeito – Ela continuou ironicamente - Tyler, aquele gênio, arquitetou um plano para derrotarmos de vez aquele diabo do Klaus. Tyler começou essa ladainha de quebrarmos a ligação e nos arrastou para morte.


– Eu não sei se você notou, mas Tyler não está mais na cidade – Disse Stefan – Ele foi embora depois do massacre.


– Mas, é claro que ele foi – Disse Adrian – Aquele covarde. Simplesmente fugiu e nos deixou para trás, para morrer – Ele cuspiu as palavras com raiva.


– E o que vocês pretendem; me prender e esperar que Tyler ou Klaus apareça? Me parece um plano bem bosta – Eu falei com ironia – Tyler está a quilômetros de distância daqui e Klaus é imortal. Não tem nada que vocês possam fazer contra ele. Klaus vai se certificar de dizimar cada um de vocês de novo - Falei entredentes, torcendo para que Klaus pudesse dar um fim excruciante a esses filhos da puta.


– Isso é o que você pensa, Caroline. Olho por olho, dente por dente. A gente até pode morrer no final, mas Klaus e Tyler vão perder também. A nossa conta fecha com doze mortes. Vamos começar por você – E dito isso eles nos atacaram. Um dos que estavam mais a minha direita tentou passar em volta de mim uma corrente que ele possuía em suas mãos, mas eu fui mais rápida; arranquei o coração dele e corri pela casa à procura de minha mãe. Não vi mais o que estava acontecendo com os outros, eu apenas queria salvá-la. Fui guiada pelo cheiro de sangue e este me levou até o seu quarto. Ela estava deitada na cama, desacordada e com uma ferida bem grande e feia no ombro esquerdo. Mas, ela não estava sozinha. Mais três híbridos estavam com ela. Na velocidade vampírica, peguei a luminária de pés altos e enfiei no estômago de um deles que bloqueavam meu caminho até ela. Ele arfou e se debruçou no chão gritando de dor. Quando eu fiz menção de ir até ela de novo, eles me jogaram verbena no rosto e me seguraram. Eu continuei lutando mesmo assim, mesmo às cegas, mesmo com o meu rosto ardendo como se tivesse sido banhado em ácido. Eu só queria chegar até ela. Mas, só o que eu consegui foram numerosas mordidas excruciantes pelo meu corpo e mais verbena. Eu gritei a plenos pulmões, me debatendo alucinadamente. Eu não aguentava mais ficar em pé. Minha cabeça rodava e minhas pernas estavam fracas. Senti o veneno de lobisomem se espalhar e aflorar rapidamente por todo o meu corpo ao queimar as minhas veias como se estivessem em brasas enquanto a verbena tornava tudo muito mais insuportável. E, então, eu não pude mais resistir e meu consciente foi levado para o abismo.


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Klaus


Acordei sobressaltado com uma batida forte e apressada na porta. Deveria ser a estúpida da camareira. Pelo menos eu teria o meu café da manhã servido sem que eu precisasse ter o trabalho de caçar alguém. Olhei no relógio da cabeceira ao lado da cama e vi que já passavam das 8h. Praticamente não consegui dormir nada. Meus planos, mais uma vez, indo pro ralo. Quem quer que tivesse me acordado iria sofrer lentamente. Já era hora de voltar para Mystic Falls, infelizmente. Tinham muitos problemas a serem resolvidos, embora eu quisesse passar o dia deitado naquela cama larga e macia. Elijah deveria estar puto por eu ter largado ele lá com a bagunça para ser consertada. Mas, foda-se. Ele estava sempre me desmerecendo e exaltando os outros irmãos. Que pedisse ajuda a eles, então. Levantei, vesti o roupão branco que havia deixado, após o banho, na poltrona ao lado e fui abrir a porta. Levei um susto ao ver quem era.


– Mas, é muita vontade de me infernizar, não é mesmo, Kol. Vindo até de outra cidade, logo de manhã cedo.


– Ora, irmãozinho, eu gosto muito da sua companhia. Mas, embora isso seja uma verdade, eu não estou aqui por isso – Kol respondeu com cinismo.


– Espero que seja algo realmente muito importante para que eu tenha que aturar essa sua cara cínica enquanto eu poderia estar dormindo – eu falei com sarcasmo – Além disso, Elijah é perfeitamente capaz de lidar com Silas sem mim. Aquele patife queria a Cura e em breve ela será dele. Não tem muito que eu possa fazer – Falei enquanto ia até o banheiro tomar outro banho rápido.


– Elijah discorda. Ele acha que tem muito o que você possa fazer – ele continuou com ironia – E você concordou em participar do plano. Se realmente tiver algo que possamos fazer para nos livrarmos dos outros sobrenaturais, imagino que a força do Híbrido Original será de suma importância – ele falou com deboche eu fiquei de cara feia.


– Então, você veio aqui para isso, para me convencer a dar meia volta para aquela cidade ridícula. Elijah mandou você, suponho. Embora me surpreenda que não seja ele na soleira da minha porta, porque Elijah sempre foi o diplomata da família – Falei com desdém – Me admira que ele tenha mandado você aqui fazer o trabalho sujo e ele não tenha vindo em pessoa, pois ele gosta de tripudiar – Continuei com sarcasmo – E falando em vir aqui; como que diabos você me achou? – Falei do chuveiro.


– Ah, ser um vampiro milenar pode muito em seus efeitos. No entanto, eu devo dar o crédito ao GPS do seu carro. Esqueceu que nossos carros fazem parte da mesma interface de rastreamento? Às vezes o óbvio é a resposta certa – Ele deu uma risada altamente irritante.


– Primeira coisa que farei é ligar para a empresa e mandar retirar o meu perfil – Eu falei meio enraivecido - Era só o que faltava, vocês ficarem me seguindo.


– Eu sei, Niklaus, que ser um velhote de mil anos te coloca em muita desvantagem em relação à tecnologia – Ele disse com ironia – Mas, você sabe que esse algoritmo de rastreamento é para o caso de seu carro ser roubado, não para te seguirem, não é ? Não pode retirá-lo. Até seu carro vai entrar na onda da paranoia também, é? - Ele soltou uma risadinha irritante até que ficou sério de repente - E Elijah está muito ocupado no momento com um imprevisto que surgiu. Por isso a urgência da minha visita.


– Essa ladainha toda ainda não explica o motivo de você ter dirigido quilômetros até aqui sem Elijah e sem Rebekah – Eu falei desconfiado, enquanto saía do banho e me vestia – Fala logo o que você quer, Kol. Por que Elijah não está com você? Que imprevisto foi esse? – Eu falei já perdendo a paciência, saindo do banheiro totalmente vestido. Kol e eu não tínhamos mais uma relação muito afetiva ao ponto de ele vir me buscar em outra cidade, embora no século XVIII estivemos mais chegados que nunca, isso acabou após inúmeras traições da parte dele.


– Bem, Elijah e Rebekah estão na casa dos Salvatore – Dessa vez ele me olhou sério, sem cinismo – Nós tentamos muito te ligar, mas estava fora de área. Foi quando decidimos te rastrear e eu vir atrás de você.


– E o que eles estão fazendo lá? Já não tinham pego a maldita da cura? – eu falei sem um pingo de paciência, guardando as chaves no bolso e conferindo meu telefone. Muitas ligações perdidas dos meus irmãos apareciam no visor, me fazendo revirar os olhos. Não eram capazes de passar uma noite sequer sem mim. Reclamavam da minha presença, mas a qualquer sinal do caos eles corriam me pedindo socorro. Mas, o estranho foi ver várias chamadas de Stefan Salvatore. Contraindo o rosto, olhei para Kol. Sua presença somada à ligações suspeitas agora sim começavam a me preocupar.


– Não se altere, preste atenção no que eu vou dizer – Ele falou sério e eu percebi que algo realmente grande tinha acontecido. Eu cheguei a abrir a boca para xingar, mas apenas esperei calado.


– Aqueles híbridos que você massacrou alguns meses atrás voltaram e atacaram alguns deles – Kol falou calmamente.


– E daí? – Eu disse sorrindo falsamente, querendo disfarçar a angústia que havia caído sobre mim. Porque eu soube, eu simplesmente soube, que um dos atingidos foi Caroline. Eu engoli em seco e esperei por mais informações, tentando ao máximo parecer desinteressado, enquanto me apressava pelo quarto pegando o que faltava. Eu precisava voltar agora.


– E daí que aquela loirinha do bar estava na briga. Os amigos que estavam com ela foram atingidos apenas com verbena, mas ela foi mordida também – Ele disse sério.


– Nada de mais – Meu coração deu um salto. Eu disse enquanto virava de costas para esconder a dor que deveria estar mais do que transparecendo na minha cara – É só eu chegar lá e dar o meu sangue para ela. Viu, sem crise – Eu falei tentando disfarçar o que eu estava sentindo. Meu coração acelerou e meu corpo tremeu, me conferindo espasmos involuntários. Eu precisava controlar o turbilhão de emoções que me atingiam no momento. Eu não queria mostrar de jeito nenhum que eu me importava com alguém, sobretudo com ela, ainda mais na frente do meu irmão mais novo. Mas, eu precisava sair logo dali e voltar, ela precisava de mim.


– O problema, Niklaus – Falou Kol – é que Stefan nos falou que eles contaram muitas mordidas no corpo dela. Uma, inclusive, perto do coração – Ele continuou muito sério. Virei meu pescoço num estalo, mas sem olhar pra ele – Ela recebeu uma carga muito grande de veneno de lobisomem. Quando eu saí de lá ela estava quase morta.


E bastou essas palavras para todo o meu auto controle ir para o quinto dos infernos. Eu me virei e avancei nele com violência, com todo ódio que eu pude reunir. Soquei a cara dele e o joguei longe. Ele bateu na parede, caiu quebrando a mesa de canto, mas logo se levantou. Não me atacou de volta, só ficou me encarando assustado. Sem ligar para mais nada, saí furiosamente do quarto. Ele veio atrás de mim, me seguindo, e eu simplesmente ignorei a presença dele. Cheguei num dos elevadores e apertei com força o botão para chamá-lo, contando os segundos para essa merda chegar logo.


– Por que você me atacou daquele jeito? – Ele falou enraivecido – Não é minha culpa o que aconteceu. Eu cruzei a cidade atrás de você, para te avisar, te ajudar e você me agradece assim.


– Eu não te devo nada – Eu falei entredentes – Por que você ficou com toda aquela enrolação e não me disse logo? – Eu disse quase gritando – Só me fez perder tempo.


– Não adiantaria de nada, Niklaus. Ela levou muitas mordidas – Kol disse totalmente sério e calmo - Ficamos horas te ligando. Teria feito diferença se tivesse atendido a porra do telefone a voltado logo para Mystic Falls. Agora já era.


– Cala essa boca! – Dessa vez eu gritei e a minha voz fez eco no corredor vazio, que era todo branco - Se não adiantava nada, veio fazer o que aqui, então?


– Elijah não aceitaria o contrário. E eu só queria evitar que você explodisse. Eu queria conversar um pouco com você antes de te jogar essa bomba, para te deixar mais calmo. Você iria chegar em Mystic Falls com uma surpresa e tanto. E você não é muito bom em lidar com abalos. Cometeria uma chacina – Ele continuou – Mas, parece que não adiantou muito.


– Eu juro, Kol, que se você continuar falando esse bando de asneira eu vou arrancar a sua língua fora – Eu falei totalmente alterado. Ele me olhou sério, mas calou a boca. Escutei um barulho de sino que anunciava a chegada do maldito elevador. Entrei nele e apertei o botão T de "térreo". Kol também entrou e eu apenas continuei o ignorando. Eu estava muito nervoso. Passava as mãos nos cabelos toda hora ou as esfregava freneticamente uma na outra.


– Dá pra ver que você se importa muito com essa garota. Quando Elijah me disse, achei que ele estivesse de sacanagem. Mas, depois muita coisa fez sentido pra mim. Tudo o que vi... – Kol falou.


– Eu não me importo com ninguém – Falei puto da vida por ele ter resolvido quebrar o silêncio e ter falado merda. Ou talvez porque eu tinha sido desmascarado vergonhosamente e não tivesse mais como esconder o que sentia por Caroline.


– Ah, para com isso, Niklaus – Ele falou impaciente – Nem tem mais como você tentar negar. Até Elijah já sabe. Ele ficou na casa dos Salvatore para ajudar a cuidar da moça. Ele não faria isso se não soubesse o que se passa com você. E só quando a ficha caiu pra mim que achei melhor vir te procurar primeiro. E não tem nada de errado em se importar. Eu não entendo esse seu desespero em demonstrar falta de amor, até mesmo com a sua própria família.


– Se importar é uma fraqueza, irmão – eu falei ainda na defensiva. Eu não admitiria, não mesmo – Eu já disse isso. Acho que vocês estão fantasiando demais.


– Então, como você me explica o seu comportamento nos últimos minutos? – Ele falou me pressionando. Eu detestava ser pressionado. Ele sabia disso – Que desculpa a mais você vai inventar? Não tem problema algum em amar alguém, Niklaus. Eu já amei muitas vezes. Se eu permanecer vivo, vou encontrar alguém, tenho certeza.


– Ah, pelos infernos, você está parecendo o Elijah agora. Ou Rebekah. Vai se casar e adotar órfãos também, vai? – Eu estava sendo literalmente encurralado pelo Kol naquele elevador. Fiquei particularmente feliz quando ele finalmente chegou ao térreo. Nem me dei o trabalho de fazer o Check-Out. Saí do hotel e fui em direção ao meu carro e entrei nele. Kol também entrou – Puta que pariu, me deixe em paz, vai no seu carro, porra! – Eu gritei com raiva.


– Quando eu cheguei aqui, compeli um dos manobristas a levarem o meu carro de volta para Mystic Falls caso ele me visse indo embora com você – Ele falou sério, nitidamente tentando não se descontrolar. Que se descontrolasse, então. Assim eu teria um bom motivo para atirá-lo fora do meu carro. Dei partida cantando os pneus e em poucos segundos eu já estava na estrada a 240 Km/h. Eu não tinha mais tempo a perder. Já tinha perdido muito por causa dessa mula.


– O que você está fazendo aí parado? – Falei entredentes – Por que você não pega essa porra desse celular e não liga para Elijah para saber como ela está? – Ele olhou sério para mim, pegou o celular e discou. Kol parecia outra pessoa, mais focado e mais humano. Meu coração acelerava mais a cada chamada que eu ouvia. Mas, que caralho Elijah estava fazendo que não atendia aquela merda?


– Olá, Kol? Conseguiu localizar Niklaus? – Eu pude ouvir a voz diplomática do infeliz do outro lado da linha com a minha super audição. Mas, não consegui falar. Minha língua estava presa. Eu simplesmente congelei quando ele atendeu.


– Sim – Respondeu Kol – Estamos a caminho. Apenas me atualize do estado dela – Ele disse sério.


– As coisas não estão muito boas – Elijah falou e meu coração deu um estalo e acelerou mais ainda – Ela está alucinando muito. Antes ela até voltava para a sua própria consciência, mas já faz um tempo que ela apenas fica devaneando – Eu pude ouvir Elijah fazer uma pausa e respirar fundo antes de dizer – Está sendo um martírio assistir. Estão muito longe? Estão demorando. Ela está chegando no seu limite.


Ouvindo isso eu pisei mais fundo no acelerador e usufruí de toda a potência e velocidade que aquele carro tinha a oferecer. Ela não poderia morrer. Eu não deixaria isso acontecer. Por hora tínhamos a vantagem do Outro Lado e o véu derrubado. Mas, se não encontrássemos uma solução permanente, teríamos que fechar as passagens e isso significaria perder Caroline para sempre. E isso eu não iria suportar. Levou séculos para que eu pudesse me importar com alguém novamente, que eu amasse novamente, que eu encontrasse alguém como ela. E não estava pensando somente em mim. Ela é aquele tipo de pessoa que merece viver, que merece ser feliz. Uma pessoa cheia de luz e de bondade. Era uma beleza genuína. Tão pura e tão esperta ao mesmo tempo, com muito potencial a ser atingido. O mundo estaria perdendo muito se ela morresse. E eu não queria isso para ela. Ela tinha uma vida muita longa pela frente, com muitas coisas para experimentar e explorar. A jornada dela não poderia acabar assim.


– Nós vamos conseguir, Niklaus. Nós vamos conseguir – Disse Kol, numa tentativa estupidamente falha em tentar me acalmar, percebi. Nem ele acreditava nas próprias palavras.


- Por que não trouxeram ela pra mim? Vocês são estúpidos, por acaso? Agora eu tenho que cruzar quilômetros a preço de nada.


- Eu não sabia onde você estava. Fui me guiando pelas informações da empresa até que consegui sua localização final. Eles não queriam me passar certas informações sigilosas e não dá pra hipnotizar ninguém pelo telefone. Eu fiquei horas insistindo com eles até obter resultados e com isso fiquei rodando nas fronteiras das cidades vizinhas.


– E desde quando você se importa comigo ou com qualquer outro? – Eu cuspi com raiva. Não estava afim de ouvi-lo falando, mas também já era demais pra mim ouvir Kol me consolando.


– Tá me zoando, porra? Não ouse em falar comigo dessa forma – Ele falou se alterando – eu estou aqui por você. Você me trancafiou num caixão, já me sabotou de inúmeras formas e vezes, simplesmente ignorou o meu assassinato e mesmo assim eu ainda estou aqui por você e pela nossa família! – Ele continuou quase gritando – Então, não se faça de sofrido. Você não é melhor do que eu e eu não sou melhor do que você. Esse seu drama de bastardo sofredor e mal amado pela família já está me enchendo!


– Eu ignorei o seu assassinato?! – Falei já gritando, com raiva pelas suas palavras – Eu chorei por você! Eu senti a sua morte! – Eu nunca falava sobre os meus sentimentos, mas hoje eu estava cheio. Queria simplesmente explodir – Você é meu irmão! Eu amo você. Eu nunca te odiei ou odiei qualquer um de vocês! Eu não quero destruir vocês e é horrível pensar que vocês queiram me destruir. Vocês nunca pararam para pensar no que eu sinto, somente no que queriam que eu sentisse por vocês! – Falei isso pensando nas palavras de Caroline, de algumas horas atrás.


– Se eu sou tão importante assim, por que não vingou a minha morte? Deixou aquela ralé se safar a troco de que? Foi com medo da garota lá de Mystic Falls? E como você pode ser tão injusto e egocêntrico? – Falou Kol gritando também – Elijah sempre te seguiu, para onde quer que você fosse. Ele sempre foi o seu fiel escudeiro. Ele deixava de lado as vontades dele só para te deixar feliz. Até Rebekah sempre foi leal a você. Ela era cega de devoção por você e ainda é. Tudo o que você dizia era lei para ela. Rebekah te aguentou e te aceitou de volta na vida dela mesmo após as inúmeras vezes em que você colocou ela no caixão – Ele continuou irritado – E eu, se você não tivesse me trancado, talvez eu tivesse seguido o mesmo caminho auto destrutivo que o deles.


– Você só pode estar de sacanagem com a minha cara – Eu falei puto da vida, não mais gritando, pois estava ficando sem energia – Rebekah sempre foi inconsequente e retardada. Sempre guiada pelas paixonites dela. Você sabe que eu estava apenas cuidando dela.


– Cuidando? Puta que pariu! Paixonites que você matou. Porque, se eu me lembro bem, você matou todos os namorados dela. Aos seus olhos lunáticos, ninguém nunca era digno o bastante para estar com ela – Kol cuspiu com raiva.


– E não eram. Matei e não pensaria duas vezes se acontecesse de novo. Fiz isso para protegê-la dela mesma, da sua própria imbecilidade! – Eu falei indignado com a acusação.


– Mas, esse é o seu problema. O seu egocentrismo. Você sempre acha que os outros precisam da sua permissão e aprovação para viver as suas vidas – Ele falou com raiva – Como se o seu julgamento fosse único e soberano. Você nunca parou para pensar que só o que queríamos era sermos felizes? Sem alguém nos ameaçando e nos manipulando o tempo todo? Só queríamos o apoio e amor incondicional do nosso irmão. De abusivo e controlador já tivemos o nosso pai. Você se transformou numa versão piorada dele - Isso foi golpe baixo.


- Você me acha pior que Mikael?! Isso é sério, Kol? - Perguntei de olhos arregalados, encarando ele pelo retrovisor. Ouvi isso foi pior que qualquer tortura que um dia já sofri.


- Tudo bem, eu me excedi. Não penso assim. Desculpe. Falei pela raiva - Ele foi sincero, vi em seus olhos. Inspirei fundo, tentando ser menos agressivo.


- E eu tento dar apoio, da minha forma distorcida, mas dou. É só vocês lerem nas entrelinhas, não vai doer usar a cabeça de vez em quando - E antes que ele argumentasse, o interrompi - E agradeço o apoio que você me dá, Kol. Sobretudo hoje. Só não esperava isso de você.


- E por que não? Sempre nos demos suporte. E não parece estar feliz com meu retorno. Desde que apareci, você só demonstrou frieza e desprezo. Eu esperava uma recepção mais calorosa. Eu sou seu irmão caçula, é seu dever me proteger. Depois de todo o nosso histórico, minha presença não te fez sentir nada? - Ele estava nitidamente magoado.


- Eu não sou muito bom em demonstrar meus sentimentos, você bem sabe. Mas, já falei que... - Disse envergonhado, com os olhos grudados na estrada.


- Então, aprenda, Niklaus. Não adianta nada perder as estribeiras depois que a pessoa morrer, deve manifestar o que sente em vida, ainda quando a pessoa pode ver. Pois, só assim poderemos saber. Use a sua provação de hoje como lição.


Ele terminou olhando emburrado para a rua e eu não tive mais energia para continuar com a discussão. Então, sem dizer mais nada e sem conseguir me conter, deixei algumas lágrimas caírem,  sobrecarregados de emoções. Sabia que precisava ter uma conversa mais aberta com meu irmão caçula, assim como com os outros, mas era muito difícil me abrir. Me dava muito constrangimento e sensação de inferioridade externar meus sentimentos. Além de que não me sentia digno, não depois de todas as atrocidades que cometi contra eles. Ainda valia a pena tentar alguma verdadeira aproximação? Será que já não tinham passado do ponto em que nunca mais voltariam a confiar em mim? Eu achava que sim.
Eu tinha muito o que dizer, ma isso ficaria para mais tarde. Eu já estava exausto e o meu foco no momento era chegar logo em Mystic Falls. Eu apenas continuei olhando para estrada, torcendo mentalmente para que Caroline estivesse viva quando eu chegasse lá.


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Caroline


Eu estava correndo pela floresta, brincando de pique-esconde com os meus amiguinhos. Elena convidou a gente para passar o fim de semana na casa do lago de seus pais. Matt contava enquanto Bonnie, Elena e eu nos escondíamos. Era muito divertido brincar disso, o mundo externo sumia das nossas mentes. A gente ria sem parar e era muito fácil para o Matt nos achar por causa do barulho que fazíamos. Mas, tinha alguma coisa estranha acontecendo. Eu não sabia o que era, mas eu sentia. Era como se eu estivesse vendo um filme e não vivendo a história dele. Era como se eu fosse uma mera espectadora, não uma protagonista. Eu não sentia muito o ambiente. Era como se eu estivesse insensível fisicamente. Então, o cenário mudou bruscamente. Eu não tinha mais oito anos de idade, já era uma adolescente. Me olhava no espelho comprido ao lado da minha cama; estava com um vestido amarelo claro de gala e rodado até a altura dos joelhos. Usava uma pulseira de diamantes, mas não lembrava de ter ganhado de presente da minha mãe. Ela jamais poderia ter comprado uma joia dessas.
Saí do meu quarto e desci as escadas, indo em direção à cozinha. Minha mãe também estava com uma roupa formal. Um vestido tubinho azul escuro, até os tornozelos. Ela estava deslumbrante, com aqueles olhos azuis que ganhavam destaque com o tom da roupa e sua maquiagem prateada impecável. Ela veio e me abraçou forte. E eu me senti segura e amada. Eu não dizia com muita frequência para ela, mas eu a amava muito e perdê-la seria o meu fim. Nos últimos anos só era eu e ela enfrentando esse mundo.


– Feliz aniversário, querida. Quinze anos! Como o tempo passa rápido. Ainda lembro de quando te levei a primeira vez para a escola ou de quando te ensinei a andar de bicicleta. Minha pequena aventureira – Ela falava para mim com lágrimas nos olhos, enquanto alisava minha bochecha. Eu a olhei e sorri para ela. E, lá no fundo do seu olhar, pude ver uma tristeza. Eu sabia bem porquê; Meu pai não estava conosco. Ele havia nos deixado anos atrás para viver a vida dele de outra forma – Vamos logo, eles estão esperando por você. Elena fez questão de comprar um bolo bem grande, alegando que era o que você faria no lugar dela - Eu soltei uma gargalhada, porque era a mais pura verdade. Eu gostava de coisas elaboradas e sofisticadas. Me senti leve e feliz, era muito raro um momento como esse na nossa vida. Passávamos quase o tempo todo brigando uma com a outra e eu me sentia muito sozinha com isso. Ela me estendeu a mão e caminhamos em direção à porta de entrada do hall. Quando estávamos chegando na casa dos Gilbert, o cenário mudou outra vez.
Eu estava dentro de uma tumba, em forma de casebre, aparentemente num cemitério, sentada de costas para o portão, comemorando meu aniversário de dezoito anos, mas sozinha. Havia um pequeno bolo rosa com o meu nome nele, com três velinhas acesas e eu estava com um arco na cabeça com pompons também rosas. Estava melancólica porque me sentia abandonada. Eu não me sentia especial para ninguém, a primeira escolha de ninguém. Não conseguia achar na minha mente alguém que sempre me visse como prioridade. Minha mãe era o mais perto do que eu tinha da amizade verdadeira, mas eu cresci me distanciando dela, me sentia rejeitada pelas minhas ideias muito sonhadores, pois ela sempre foi muito prática, muito pé no chão. Era difícil fazê-la se conectar comigo nos meus sonhos mirabolantes e isso me chateava ao extremo. Ser realista é uma coisa, não incentivar seus filhos é outra. Ouvi o som do portãozinho sendo aberto e olhei para trás.


Klaus entrava sorrindo para mim. Ele trazia um champagne e duas taças de vidro nas mãos. Eu sorri para ele. Todos preferiram fazer outra coisa ou apenas se esqueceram do meu aniversário, mas ele não. Ele estava ali e eu me senti especial naquele momento. O Híbrido Original largou os seus afazeres milenares apenas para estar comigo no meu aniversário aparentemente insignificante para os outros, no meio daquela tumba feia e velha. O valor e o carinho vinham das pessoas mais inusitadas.


– Poeticamente irônico você comemorar o seu aniversário num cemitério. Bela simetria – Ele falou de bom humor, enquanto sentava na minha frente. Eu soltei uma gargalhada com vontade enquanto jogava a minha cabeça para trás.


– Eu também achei que fazia muito sentido. Até que não é tão ruim. Bom para pensar com meus botões – Respondi no mesmo tom.


– E posso saber quais seriam esses pensamentos tão precisos assim? - Ele me indagou, mas minha advertência no olhar foi o suficiente pra ele não me pressionar - Trouxe algo para nos relaxar, talvez no final da noite você me conte tudo – Ele disse apontando para o champagne. Eu ri alto revirando os olhos e ele abriu a garrafa num estalo forte, fazendo a tampa voar. Ele encheu uma das taças e me entregou. Depois encheu a dele e fez um gesto de brinde. Eu bati a minha taça na dele e experimentei a bebida. Deliciosa – Eu trouxe um presente para você – E dito isso, tirou do seu bolso da calça jeans uma caixinha de veludo preta, com uma fita branca em volta e me entregou. Eu fiquei surpresa com o presente, mas feliz. Abri a caixinha e dentro dela havia um papel enrolado, mais parecido com um pergaminho. Fiquei extremamente curiosa, o tirei da caixinha e o desenrolei. Nele havia um esboço de um desenho meu ao lado de um cavalo. O desenho era lindo e muito bem feito. Eu lembrava muito bem desse cenário. Foi no dia do baile que a família dele organizou e nesse dia tivemos uma pequena briga, depois da minha sinceridade petulante e cirúrgica, mas nada grave o bastante para ele querer se afastar de mim. E secretamente eu fiquei feliz com isso, pois queria a atenção dele, mesmo me condenado por isso. Olhei de volta para Klaus totalmente sem palavras, eu havia sido tocada fortemente por esse desenho, pois ele retratava até os mínimos detalhes do meu rosto e da minha expressão deleitada ao olhar para o cavalo. E, por um momento, senti vontade de retribuir a gentileza dele de alguma forma. Mas, eu estava triste. Morta por dentro, incapaz de reagir. Faltava alguma cosia na vida e não sabia o que era. À vezes eu me sentia um estorvo para os meus amigos e para a minha mãe.


– O que foi, love, ficou tão distante de repente? Eu fiz alguma coisa que te desagradou? – Ele me perguntou, me olhando com intensidade. Só balançei a cabeça – Hoje é seu aniversário. Deveria ficar animada com isso. Eu particularmente adoro aniversários.


– Seriously? Você não tem... Um bilhão de anos ? – Eu disse sorrindo para ele.


– Precisa ajustar sua percepção de tempo quando vira vampira, Caroline – Ele disse sorrindo de volta - Celebre o fato de que não está mais presa aos laços humanos. Você está livre.


– Não sei. Nesse momento algo me prende, mas para seguir a direção oposta à celebração da vida. Eu sinto como se estivesse morrendo, como se alguma coisa me chamasse para ir junto – Eu disse melancólica - E parte de mim quer ir, como um alívio, como se o meu lugar não fosse mais aqui.


– Se é isso o que quer. Se realmente acredita que sua existência não faz sentido – Ele continuou - Eu mesmo já pensei nisso uma ou duas vezes ao longo dos séculos, verdade seja dita – Então, ele disse com brilho nos olhos - Mas vou te contar um pequeno segredo: Há um mundo inteiro esperando por você. Ótimas cidades, arte e música. Beleza genuína e você pode ter tudo isso. Pode ter mais mil aniversários – Ele terminou sorrindo lindamente para mim - Você pode conquistar o mundo se tiver coragem para explorar o seu potencial. Eu vejo em você alguém poderoso o suficiente para ser muito mais do que pensa de si. Você quer mesmo deixar tudo isso para trás? Não quer mesmo ficar para descobrir até onde é capaz de ir? Ou quer vir comigo e ter uma vida extraordinária? - Ele me estendeu a mão e parou com ela no ar, me esperando segura-la.


– Eu não quero morrer. Eu quero ir como você – Eu disse plenamente convicta disso, tentando desesperadamente alcançar a sua mão, mas algo não me deixava toca-la. Eu fiquei com medo e vi na sua expressão o mesmo pavor que o meu. Eu não queria morrer. Queria viver plenamente.


- Caroline! - Ele gritou - Segure a minha mão. Nunca vou deixar você ir! - Ele gritou enquanto era afastado cada vez mais de mim.


Mas, quando estive próxima de tocar sua mão, o cenário mudou de novo. Só que dessa vez eu me sentia realmente viva, como se de fato eu pertencesse àquele mundo. Eu estava na sala da minha casa, de frente para uma bancada com vários retratos meus e da minha mãe. Ver fotos dela fez me lembrar de tudo o que havia acontecido nas últimas horas. O outro lado desmoronado, a morte da Bonnie, a discussão com Klaus, minha mãe ferida, os ataques dos híbridos, eu ter levado um monte de mordida de lobisomens e ter ficado impregnada de veneno à beira da morte. Mas, não fazia sentido eu estar ali parada, na minha casa. Até onde eu lembrava eu estava na casa dos Salvatore, super defasada numa cama. E agora eu me sentia estranhamente bem. Eu não estava mais delirando, disso eu sabia e sentia. Não foi como das outas vezes. Quando eu voltava à minha consciência, sabia que havia delirado. Mas, não sabia o que estava diferente agora. Klaus tinha conseguido me salvar?


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Klaus


Eu estacionei em frente à casa dos Salvatore e saí do carro correndo na minha velocidade vampírica, deixando Kol para trás. Não bati na porta e nem esperei que abrissem para mim, apenas entrei. Ao chegar na sala, eu encontrei Elijah, Rebekah, a loira chata amiga de Stefan e os caçadores chinfrins. Todos muito sérios. Ao me verem, Elijah e Rebekah se entreolharam. Meu irmão mais velho veio até mim. Eu simplesmente disse:


– Onde ela está? Vamos logo acabar com isso. Tenho muito o que fazer – Eu disse enquanto caminhava até as escadas, totalmente exasperado, não me importando nem um pouco de esconder o que eu estava sentindo – Me digam logo para que eu possa dar o meu sangue a ela – Tentei sentir seu cheiro e identifica-la naquele mausoléu. O silêncio deles era mortal. E era isso o que eu temia; que tivesse havido alguma morte ali.


– Niklaus, Caroline recebeu muitas mordidas, foi muito veneno e ... – Elijah começou e eu apenas o deixei falando sozinho. Eu subi as escadas correndo, procurando desesperadamente por algum sinal da sua presença, enquanto meu corpo tremia por inteiro. Eu estava morrendo de medo pelo pior. E ele se concretizou quando eu cheguei em um dos quartos e vi o corpo ressecado e cinzento de Caroline na cama. Ela estava morta. Me encostei na porta, segurando a madeira para eu cair. Coloquei a mão no peito e senti uma ardência, uma dor descomunal. Meu corpo tremeu e o senti pegajoso de suor.
Eu não sabia muito bem como reagir. No geral, eu não sabia lidar muito bem com a dor, com a perda. Os meus reflexos eram causando destruição e mortes. Eu sabia que nem tudo estava perdido ainda. Ela era uma sobrenatural, isso significava que enquanto o véu estivesse levantado, ela ainda estaria entre nós. Mas, isso não diminuía a minha dor e meus medos em nenhum grau, pois ela estava realmente tecnicamente morta. Muita coisa poderia dar errado ainda e ela morrer de verdade, deixar de existir para sempre. Eu tentei ao máximo conter as minhas lágrimas, mas foi impossível. Eu detestava chorar. Muito menos na frente de um monte de gente que eu desconsiderava. Então, eu me recompus e falei para alguém que tinha chegado logo atrás de mim, sem desgrudar os olhos do rosto de Caroline :


– Onde ela está? Ela não deveria ter aparecido aqui, ao lado do corpo? – Eu falei tentando conter a emoção na voz, tentando disfarçar o que eu sentia, mas estava falhando imensuravelmente. Nesse instante Elijah entrou no quarto. Ele me olhava com cautela e preocupação.


– Não sabemos ainda onde ela está – Falou Stefan com a voz embargada – Ela não apareceu aqui ainda e ela se foi há pouco tempo – Ouvi-lo falar isso em voz alta foi como ter novamente a sensação de verbena, há muito tempo não sentida, sendo derramada nos meus ouvidos. Dei uma olhada em volta no quarto, finalmente prestando atenção em algo além do corpo dissecado de Caroline e nele estavam também a doppelganger, a bruxinha, o quarterback e o Salvatore mais velho.


– Onde está a mãe dela? – Eu perguntei curioso. Estranho ela não estar ali.


– Ela ficou desesperada, então lhes demos um sedativo. Temos de sobra na casa. Ela está dormindo no quarto de Damon. – Disse Stefan. Eu olhei para ele de cara séria e ele me retribuiu do mesmo jeito – Alguém pode dar um jeito de localizar Caroline e descobrir onde ela está? – Eu já estava ficando puto com a incompetência desses imbecis. Como assim ela estava desparecida e ninguém foi procurar por ela? – Elijah, peça Rebekah e Kol que levem Liz para a nossa casa e que fiquem lá com ela. Ela estará mais segura lá do que aqui com esses idiotas - Eu disse olhando com desdém para eles.


– Eu acho que Caroline nunca iria aceitar e gostar que você fizesse isso - Falou a vadia da doppelganger. Ela disse me olhando de cara feia, se posicionando para me impedir. Que ela tentasse.


– Eu penso que você não está em posição de achar nada, preciosa Elena, tendo em vista o seu fracasso para proteger a sua amiga - Eu falei com rispidez – E nós dois sabemos que de fato ela estará melhor lá do que aqui. Olhe em volta. Vocês são todos uns inúteis, se escondendo covardemente enquanto a miga de vocês está vagando lá fora sozinha – Ela fechou a cara para mim, ainda em discordância, mas nada mais falou ou fez. Porque ela não podia contra mim. Ninguém naquela casa podia. Sendo assim, Elijah saiu do quarto e foi em direção ao outro fazer o que eu mandei.


– Ora, veja pelo lado bom – Damon abriu a boca para falar – Agora que ela morreu e O outro lado continua por aqui, ela não corre mais perigo. Ela vai voltar todas as vezes que morrer.


Ele falou, um comentário totalmente infeliz e fora de hora. Ouvir aquilo dele, naquele tom, como se a morte de Caroline não fosse nada, me fez perder as estribeiras. Eu avancei nele e o joguei pela janela abaixou, quebrando a vidraça colorida. Eu só não o mataria por que Caroline saberia disso. E eu já estava com um somatório de culpa muito grande para me redimir. Os outros na sala ficaram horrorizados com a minha violência, como se ela fosse alguma surpresa. Se prostraram em posição de ataque, mas eu levantei as mãos num simbolismo de paz travada. Não que eu tivesse medo desses fracos, mas eu queria sair logo dali, ter alguma paz e controle da situação. Eu queria ficar sozinho, mas também queria ter certeza de que ela estava "bem". Então, faria uma busca na cidade, nem que eu tivesse que buscar em cada canto inóspito dessa desse lugar mequetrefe. Eu fui até a cozinha para me exilar do resto da casa, planejar meus próximos passos sem gritaria e olhos raivosos sobre mim e isso me fez lembrar da nossa discussão. A última vez que eu a havia visto. Se eu pudesse voltar no tempo, eu faria muitas coisas diferentes. Não teria dito nada daquilo para ela, não teria feito da última lembrança minha para ela algo ruim, ofensivo. Não a teria deixado desprotegida e desamparada só porque eu estava ferido. Teria pensado mais nela do que em mim. Mas, acima de tudo, eu não teria ido para outra cidade apenas para extravasar, apenas para matar e fazer alguém sofrer. Talvez tenha sido um castigo do universo, uma vingança dele. Eu causei sofrimento a alguém e agora eu que sofria, como um preço justo a pagar. A dor da morte dela valeria por todas as outras dores que causei. Mas, não tinha como eu voltar no passado e mudar as coisas. Eu estive prestes a perdê-la para sempre. Se não fosse uma piada de muito mau gosto do universo, ela de fato não estaria mais viva. E agora, todos sabiam o que eu sentia. Não tinha mais como eu esconder. Fui pego ridiculamente no pulo. Não que estivesse guardado a sete chaves, mas, pelo menos, eu mantinha isso longe de gente intrometida, como Elijah. Então, ele sabia e iria encher a porra da minha paciência com isso. Eu já podia ver. Ele já era um total pé no saco apenas com as suas ideias, coisas da sua cabeça. Imagine agora com algo que ele podia de fato ver que existia. Com certeza, naquela cabecinha fantasiosa e delirante dele, ele deveria estar imaginando que eu seria extremamente feliz ao encontrar o meu amor verdadeiro. Que Caroline e eu nos casaríamos e adotaríamos órfãos, pensei nessa coisa ridícula que disse a Kol. Que seríamos uma família grande e feliz, que ele teria sobrinhos correndo pela casa enquanto ele os ensinava a serem as pessoas mais chatas do mundo. Eu tinha total e absoluta certeza de que isso nunca aconteceria comigo. Eu não receberia o amor de Caroline. Não depois de hoje. Eu não merecia ser amado ou ter alguém como ela para mim.


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**Trouble - Elvis Presley


 



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Autor(a): anajadde

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

  Elijah Niklaus é impossível às vezes. Bem no meio de todo esse caos ele resolve desaparecer, mesmo sabendo que eu preciso da ajuda dele. Mais uma vez demonstrando a sua total falta de interesse no bem-estar da nossa família. Eu deixei a casa dos Salvatore, depois de uma conversa um tanto enigmática com a senhorita Forbes, e fui d ...


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