Fanfics Brasil - Capítulo 6 - A New Hope Scarlet Dynasty - Klaroline

Fanfic: Scarlet Dynasty - Klaroline | Tema: The Vampire Diaries e The Originals


Capítulo: Capítulo 6 - A New Hope

31 visualizações Denunciar



 


Elijah


Niklaus é impossível às vezes. Bem no meio de todo esse caos ele resolve desaparecer, mesmo sabendo que eu preciso da ajuda dele. Mais uma vez demonstrando a sua total falta de interesse no bem-estar da nossa família. Eu deixei a casa dos Salvatore, depois de uma conversa um tanto enigmática com a senhorita Forbes, e fui direto para casa na esperança de encontrar o meu irmão mais genioso e de traçarmos um plano para contatar Silas. Mas, não. Só o que eu consigo é uma Rebekah resmungando, proferindo ofensas contra Niklaus, e um Kol tirando sarro da situação, como se ela fosse engraçada. Ao chegarmos em casa, pudemos notar a ausência de Finn. Certamente ele já havia acordado e ido embora. Por mais que eu amasse cada um de meus irmãos, não ter Finn por perto no momento era um alívio. Não teríamos mais discussões, pelo menos por enquanto. Finn e eu precisávamos ter uma conversa séria. Estava na hora de ele escolher em qual lado iria jogar e eu torcia fortemente para que ele nos escolhesse. Me doeria na alma saber que meu irmão ainda quer me matar. Eu parei diante da lareira com os pensamentos zunindo na minha cabeça. Tínhamos a Cura, mas não fazíamos ideia de onde achar Silas. Geralmente era ele quem vinha até nós. E, mesmo assim, nada estava garantido. Entregar a cura era um tiro no escuro, um voto de fé. Não sabíamos se Silas nos contaria a verdade ou se ao menos havia, de fato, uma resposta para toda essa loucura. Precisávamos de Niklaus. Embora me doesse admitir, não existia criatura mais cruel, impiedosa e sem um pingo de remorso do que o meu segundo irmão. Ele saberia o que fazer com Silas.


– Nik pelo menos se deu ao trabalho de te dizer aonde ele foi? – Rebekah falou com petulância.


– O que você acha, Rebekah? Alguma vez Niklaus já nos deu explicações do que ele faz? – Eu falei com calma, mas com um incomum sarcasmo. Ela me olhou emburrada, mas não falou nada.


– Bem, eu vou para o meu quarto – Falou kol – Mesmo para um vampiro milenar, eu tive muitas aventuras para um dia só – Ele terminou olhando para mim com a cara debochada.


– Ainda não, Kol. Eu preciso tratar um assunto delicado com você – Eu falei sério e ele me olhou na mesmo intensidade – Por favor, Rebekah, nos deixe a sós.


– Por quê? Eu não posso participar da conversa, é isso? Vocês como sempre me escondendo as coisas – Ela falou irritada, alternando seu olhar entre Kol e eu.


– Por favor, Rebekah – Eu olhei para ela em súplica – Além disso, não é como se você não fosse ficar sabendo. Você vai ouvir tudo mesmo – Eu completei, ela me deu um sorriso sapeca e saiu da sala.


– Então, o que é que eu fiz dessa vez? – Falou Kol com deboche, enquanto sentava no sofá, cruzando as pernas e jogando os braços atrás da cabeça.


– Não é o que você fez. É o que eu penso que você planeja fazer, mas tenho esperanças de que não faça – Eu disse calmamente.


– Meus Deus, Elijah! Quanta paranoia – Ele falou com falsa indignação – Cuidado para não ficar que nem Niklaus, que vê ameaça até num bolinho com chá – Eu revirei os olhos.


– Não estou sendo paranoico e tampouco estou achando tudo isso engraçado – Falei com paciência e ele respirou fundo – Eu penso que você sabe do que eu vou falar. Eu vi na casa dos Salvatore o jeito que você olhava para Elena e Jeremy Gilbert – Dessa vez ele me olhou sério – Eu sei que você tem motivos de sobra para querer vingança, mas agora não é o momento.


– Você está querendo dizer para eu "adiar" a morte iminente daqueles dois desgraçados? – Kol falou cuspindo veneno.


– Sim – Eu respirei cansado – Você terá o seu momento quando for a hora certa. Talvez eu mesmo te ajude. Mas, por enquanto, penso que não seja uma boa ideia você traçar mais uma guerra, porque é isso o que teremos se você matá-los.


– Nós somos imortais, Elijah! Eles não podem nada contra nós. Até hoje não engoli o jeito como me derrotaram. Foi ridículo – Ele falou já bem alterado – Você quer que eu "deixe pra lá" o meu assassinato?! Eles me mataram! E se não fosse pela queda do véu eu não estaria aqui agora. Você age como se não fosse nada. Não é você que está sempre gritando por aí que "ninguém machuca a minha família e vive"? Se tivesse sido Niklaus ou Rebekah, você já tia metido a porrada nessa gente. Mas, como fui eu, o esquecido e o que recebe menos consideração, você está pouco se fudendo. E por que Niklaus e Rebekah também não fizeram nada? Está entendendo meu ponto? - Ele terminou exasperado, sacudindo os braços, mas era nítida a mágoa em seus olhos.


– Não fale besteira, Kol. Você não é menos amado. Mas, entendo perfeitamente a sua indignação. Talvez tenhamos reagido mal, não demonstrando o que sentimos. Não reagimos da forma como deveríamos – Eu continuei, com calma – E eu sei que somos imortais e mais fortes, não é pela batalha em si que quero evitar uma guerra, precisamos de aliados para consertarmos esse problema do Outro Lado. Se não sentirem que estamos do mesmo lado, podem nos ocultar informações. E no propósito de derrotarmos nossos pais, estou disposto a concessões. Matar inocentes não vai ajudar.


– Inocentes?! Elena e Jeremy Gilbert são inocentes para você ?! Você só pode estar de sacanagem comigo! – Kol falou já quase gritando, notoriamente chateado e enraivecido. Ele havia levantado do sofá e andava de um lado para o outro, enquanto passava as mãos nervosamente pelos cabelos – Não precisamos da ajuda deles, Elijah, nós somos os Originais!


– Fisicamente, eu concordo com você, não precisamos da ajuda deles. Mas, você não deve se esquecer de que não há nada que a nossa força física possa fazer de maneira definitiva, apenas temporária. Nenhum deles de fato morre. E Silas pode controlar a nossa mente, estamos em desvantagem nessa – Eu continuei – Precisamos de aliados para buscarmos respostas, quanto mais, melhor – Eu vi que ele estava reconsiderando. Aproveitei essa brecha e continuei - Sabemos que nossos pais virão atrás de nós. Não sabemos quando, como ou onde, mas sabemos que virão. E tudo o que eu quero é proteger vocês. Fiquei enraivecido pela sua morte e estou muito feliz de ter voltado. Você é meu irmão caçula e sempre vou tentar te proteger. Ninguém mexe com a minha família e sai impune, você está mais que certo. Na hora certa eles vão pagar. Mas, por hora, tente não ampliar o nosso ciclo de violência. Então, em nome da nossa família, eu estou te pedindo para recuar por enquanto – Eu terminei, olhando para ele com súplica. Kol era temperamental, mas bem mais acessível e dobrável que Niklaus. Ele me olhava de cara feia, mas bem mais compreensivo. Então, eu soube que ele havia aceitado, mesmo que muito relutantemente.


– Bem, de qualquer maneira, com a barreira levantada, não faria o menor sentido matá-los agora – Ele falou sorrindo sem humor algum – Mas, eu estou te avisando, Elijah, estou levantando a bandeira branca agora – Ele me olhava sério – Se, realmente, conseguirmos uma solução para toda essa bagunça, eu não vou deixar isso passar novamente. Os pestinhas Gilbert vão ter o que merecem. – Ele terminou e eu quis protestar diante do que ele disse, a vingança deveria ser nos meus termos, mas respirei fundo e não falei nada. Por hora esse problema estava resolvido, eu lidaria com ele mais tarde se fosse preciso. No momento eu iria concentrar a minhas energias no que era mais urgente. Eu sorri para ele de modo pacífico e fui me servir de um pouco de Whisky - Parece que não, mas às vezes vocês me excluem. Sempre o trio perfeito e parada dura. É uma droga ser a sobra - Ele continuou com as reclamações no meu ouvido.


- Lamento. Às vezes não te damos o devido valor. Mas, vamos tentar sermos melhores de agora em diante? Lembra, sempre e para sempre. Você coopera conosco, nos apoia e retribuiremos o afeto.


- Fale isso por você e por Rebekah. Niklaus me detesta. Ele acha que sou o irmão mais novo idiota e desnecessário na família.


- Isso não é verdade. Ele só está preso dentro do seu egocentrismo e do seu ódio pelos nossos pais e por ele mesmo. Quantas vezes ele já te defendeu e te protegeu? Inúmeras. Vamos guia-lo a novos horizontes. Após séculos estamos juntos de novo, vamos aproveitar essa oportunidade. Foi um presente nada merecido. Não acha melhor assim do que travamos uma guerra entre nós?


- Eu vou tentar, mas só por você e pela Rebekah - Ele falava magoado, mas eu sabia que não era só por nós. Ele também se importa com Niklaus. Mas, não insisti nisso. Por hora não iria mais catucar a onça.


Comecei a vagar no meus próprios pensamentos e deixei Kol pra lá.


Eu não fazia ideia de onde estava Niklaus e precisava dele aqui. Decidi não esperar mais; peguei meu celular e comecei a discar para ele. Mas, a minha ligação foi interrompida por outra, direcionada a mim. Olhei surpreso para o visor, atônito por alguns segundos, e atendi.


– Stefan, a que devo a honra de sua ligação? – Eu perguntei totalmente confuso. Eu saí da casa dos Salvatore pouco mais que uma hora atrás.


– Elijah, Klaus esta aí com você? – Ele falava do outro lada da linha totalmente exasperado, com a respiração pesada e acelerada. Eu também pude ouvir que havia um carro em alta velocidade e gemidos de dor – Eu liguei para ele agora, mas só dava caixa postal.


– Infelizmente, eu não faço ideia de onde o meu irmão esteja. Mas, eu posso ajudar de alguma forma? – Eu perguntei, verdadeiramente preocupado.


– É uma longa história. Mas, só o que importa é que precisamos do sangue do Klaus, a Caroline foi mordida, ela está com muito veneno de lobisomem no sistema e precisamos do seu irmão agora – Ele falava com muito esforço - Eu estou com ela no meu carro e planejava leva-la até aí. Mas, se o Klaus não está, vou levá-la para a minha casa. Por favor, Elijah, tente encontrá-lo.


– Mas, é claro que eu farei isso – Eu falei sinceramente atordoado. Há não muito tempo eu estive com ela e agora essa moça corria risco de morrer. E alguma coisa me dizia que ela era, de alguma maneira, especial para Niklaus. Senão, porque Stefan sabia que podia a recorrer a Niklaus mesmo conhecendo bem o espírito nada generoso do meu irmão? – Eu também vou ver pela casa se há alguma bolsa com o sangue dele. Niklaus é muito ... singular. Talvez ele tenha guardado algum.


– Obrigado. Vamos esperar pelo seu contato ou eu mesmo posso buscá-lo agora...


- Eu não sei se há sangue. Deixe-me procurar primeiro. Tentarei ser rápido - Ele respondeu com um apenas "Ok" desanimado - Antes dele desligar eu pude ouvir alguns soluços e gritos. As coisas não estavam nada boas. Como isso foi acontecer?


– Eu ouvi direito? – Kol falou, dessa vez sem ironia ou sarcasmo – A loirinha foi atacada por lobisomens? – Eu balancei a cabeça afirmativamente para ele.


– Por favor, Kol, chame Rebekah e peça para ela te ajudar a fazer uma varredura na casa, para ver se vocês encontram algum pouco de sangue de Niklaus – Eu falei enquanto começava novamente a discar para o meu irmão desaparecido – Vou tentar falar com ele – Kol acenou para mim e foi em direção ao andar de cima. Surpreendentemente, Kol estava cooperando. Eu não sabia exatamente quais eram os seus verdadeiros motivos, se foi pela nossa conversa ou por algo mais, mas isso já bastava. Assim como Stefan disse, o celular de Niklaus só dava fora de área. Eu já estava começando a ficar inquieto. Ele resolveu sumir num momento muito inoportuno. Se ele não voltasse a tempo, a garota iria morrer. E eu já estava começando a ter uma ideia do quanto aquilo o afetaria. E, se ela morresse, só teríamos que contar com a ajuda da boa sorte com as imprevisibilidades do Outro Lado. Coloquei as duas mãos no rosto e fechei os olhos, tentando clarear os pensamentos. Nenhuma ideia me surgia, mesmo com meus séculos de experiência em tretas sobrenaturais. As coisas só estavam piorando. Quando resolvi sair do lugar e ajudar, meus irmãos voltaram.


– Não tem nada aqui, Elijah – Ouvi a voz de Rebekah próxima de mim – Só você mesmo para ser tão ingênuo ao ponto de pensar que Nik guardaria algum sangue dele – Ela disse com incredulidade – Ele não perderia a oportunidade de ver alguém implorando pela sua ajuda – Eu levantei a cabeça e olhei para ela, sem energia.


– Não custa nada tentar, Rebekah. A gente nunca sabe o que Niklaus planeja, mesmo - Eu disse sorrindo fraternalmente para ela – Eu vou até lá oferecer o meu apoio e ajuda. Kol, você fica aqui para o caso de Niklaus voltar. Podem continuar as buscas. Vocês não olharam tudo.


– É mais fácil Rebekah ficar. O meu querido irmão não é o meu fã número um, você sabe – Ele disse com sarcasmo.


– E eu acho melhor você ficar – Ela falou com petulância – Eu tenho mais amizade com eles do que você.


– É mesmo? Até onde eu me lembro eles te odeiam e também já tentaram te matar – Kol falou com cinismo – Eu serei mais útil que você e seus melindres.


– Não inventa, Kol. Eu sei muito bem que você quer ir apenas para atormentar os Gilbert – Eu disse sério.


– Eu já te dei a minha palavra, não dei? Eu não vou fazer nada com eles, por enquanto – Ele frisou a última palavra  com um sorrisinho cínico. Talvez fosse melhor mesmo ele ir. Assim eu o vigiaria de perto – Além disso, eu aprecio aquela rapariga. Ela é uma garota legal. Adorei vê-la enfrentar Niklaus no bar, me senti vingado brevemente. E Rebekah nem gosta dela.


– Eu nunca disse que não gostava dela – Rebekah argumentou – Ela é chata, controladora e cabeça dura, mas nada que eu nunca tenha visto em nenhum de vocês.


– Ou em você, né, irmãzinha. Porque você acabou de se descrever – Kol falou com cinismo e Rebekah já ia abrindo a boca para continuar com a discussão. Mas, eu não deixei.


– Já chega. Não comecem com a palhaçada. Parecem duas crianças – Eu falei, perdendo um pouco da minha preciosa paciência – Rebekah, você fica, então. Vamos logo, Kol.


– Eu não entendo. O que é que você vai fazer lá, Elijah? – Perguntou Rebekah, incrédula – O que você tem a ver com ela?


– Eu só quero garantir que tudo será feito para ajudá-la – Eu respondi apenas isso, porque nem eu sabia a resposta certa. Apenas seguia meus instintos, que naquele momento apontavam para isso – Juntarei os meus esforços aos deles, caso precisem – Ela não falou nada, apenas levantou as sobrancelhas confusa. Minha irmã era geniosa, mas não era má. Disso eu tinha certeza. Em uma última olhada para Rebekah, eu saí da sala acompanhado por Kol.


Caminhamos em silêncio até o carro. O que era uma raridade para Kol, ficar de boca fechada. Eu apenas queria organizar os meus pensamentos e traçar um plano, mesmo sem ajuda de Niklaus. Eu ainda tinha esperança de que um dia ele voltaria a ser quem ele era. Era só uma questão de muita paciência e de tempo investido, e isso eu tinha de sobra. Eu não reconhecia esse irmão de hoje. Não conseguia aceitar o que aconteceu com ele, no que ele havia se transformado. Não quando eu conheci o verdadeiro Niklaus, um humano gentil e honrado. Eu tentaria com todos os meus recursos trazê-lo de volta, e os meus instintos me diziam que Caroline seria uma peça muito importante nesse jogo. Não que eu quisesse apenas usar a moça ou sacrificá-la para conseguir ser bem sucedido. Mas, se de alguma forma, ela representasse uma ajuda, significasse algo positivo para Niklaus, eu usaria isso. Foi esquisito observá-los interagindo, ouvir a conversa deles. Me surpreendeu bastante a leveza e a familiaridade com que ele se comunicava com ela. Ele não fazia isso nem conosco, seus companheiros de séculos. Mas, a supresa mesmo veio depois do tapa. Ele ficou lá, parado, não se defendeu, não reagiu. Ali eu percebi o poder que a garota tinha sobre ele. Uma outra pessoa teria terminado com a cabeça decapitada. Então, automaticamente fiquei curioso para saber mais dessa história que passou direto pelo meu radar.
Entramos no meu carro e dirigi até a casa dos Salvatore. Não demoramos mais que quinze minutos para chegarmos lá. Saímos do carro e fomos em direção à porta principal. Enquanto eu batia nela, eu pude ouvir gemidos de dor vindo do andar de cima. Certamente era Caroline e eu senti compaixão por ela, pelo seu sofrimento. Seria uma pena se ela morresse. Meus pensamentos foram interrompidos por alguém que abriu a porta de repente.


– Olá, Damon – Eu o saudei amigavelmente. Ele apenas acenou e nos deu passagem para entrar – Onde ela está?


– No quarto do Stefan, lá em cima. Vou conseguiu o sangue? – Ele falava um pouco atormentado. Eu não sabia até onde ia o seu afeto pela moça, mas pelos menos parecia haver um.


- Não tinha nenhum na casa. Sinto muito - Ele bufou e me deu às costas. Eu subi as escadas enquanto Kol permaneceu na sala. Me guiei pelo barulho e cheiro para encontrar o quarto certo. Ao chegar lá, vi a garota Forbes deitada na cama, lavada em suor, gemendo e se debatendo. Elena e Bonnie sentadas na cama, uma de cada lado da moça, com expressões aterrorizadas, tentando segura-la, e Stefan e Matt Donavan com os semblantes tristes, os dois em pé perto da janela.


– Olá, novamente. No que eu posso ajudar? – Falei enquanto chegava mais próximo da cama para dar uma olhada mais de perto em Caroline. Ela era apenas uma garota, estava apenas começando a viver. Seria um desperdício perdê-la.


– Nada além do sangue do Klaus pode ajudá-la, Elijah – Stefan falou meio ríspido. Eu não poderia culpá-lo ou julgá-lo pela falta de educação.


– Podem me explicar o que aconteceu, exatamente? – Eu perguntei genuinamente preocupado e curioso.


– Caroline ligou para a mãe, que estava em casa, e percebeu que ela estava em perigo – Falou Elena – Ela saiu daqui desesperada atrás da mãe e seguimos ela.


– Damon, Elena e eu, para ser mais exato – Falou Stefan – Quando chegamos lá encontramos um grupo de doze híbridos que o seu querido irmão Klaus massacrou alguns meses atrás – Ele continuou com sarcasmo – Então, os seus amiguinhos híbridos vieram atrás de vingança, para acabar com o Klaus e Tyler Lockwood, um amigo nosso e líder do grupo que se rebelou contra Klaus.


– E o que a Caroline e a mãe dela tem a ver com tudo isso? – Eu questionei em dúvida, mas com leves desconfianças.


– Tyler é ou era namorado da Caroline – Continuou Stefan – Ele se virou contra Klaus para ajudar os outros híbridos a quebrarem a ligação. Obviamente o seu irmão descobriu tudo e você, que o conhece melhor do que nós, sabe qual foi o fim da história; sangue e cabeças rolando, literalmente. De alguma forma Tyler conseguiu fugir e os híbridos ficaram putos com ele por ir embora e deixá-los à mercê da ira de Klaus sem nem ao menos serem avisados que Klaus já sabia de tudo.


Ouvir essas coisas me deixava triste. Eu sabia do que o meu irmão era capaz, mas era muito pior ouvir alguém explanar isso em voz alta. Mais uma vez a crueldade e falta de bom senso de Niklaus trazia problemas para a nossa família. E dessa vez estava indo além de apenas nos prejudicar. Uma inocente estava pagando pelos erros dele. Justamente uma inocente por quem, provavelmente, ele nutria algum afeto especial.


– E como que só a Caroline foi infectada pelo veneno e vocês não?


– Não entendemos bem o que aconteceu – Explicou Elena – Mas, depois de um tempo lutando com a gente, nos jogando verbena, eles simplesmente foram embora. Nos deixaram lá no chão, caídos. Depois que nos recuperamos, pegamos Liz, que levou um tiro no ombro, e Caroline.


– Achamos que eles só queriam ferir a Caroline. Talvez nem de fato matá-la, apenas dar um susto, um aviso para Tyler e Klaus – Falou Stefan – Porque todos eles sabiam muito bem que era apenas ela beber o sangue do Klaus que ela ficaria bem. Se eles quisessem matá-la, teriam feito na hora. E talvez nos matassem também.


– Isso é verdade – Eu completei – Eu entendo os motivos da vingança contra Niklaus, mas não entendo o canal usado para isso. Atacar a Caroline só diz respeito a esse Tyler, certo? O que isso tem a ver com Niklaus? – Minha pergunta foi retórica. Eu já sabia a resposta. Mas, eu queria ouvir deles, queria ter certeza de que eu não estava imaginando coisas.


– Alguns de nós sempre desconfiamos de certos sentimentos do seu irmão por ela – Disse Stefan – Mas, depois de hoje, ficou claro que nós não somos os únicos que achamos isso.


Touché. Eu não pude deixar de sorrir por isso. A situação era crítica, é claro, eu não poderia ficar tão feliz estando a moça morrendo em cima daquela cama. Mas, saber disso me trazia uma alegria muito grande. A única vez que eu vi Niklaus amar alguém foi quando ainda éramos humanos, mais de mil anos atrás. Eu não sabia ainda qual era a profundidade de seus sentimentos por essa garota, mas isso já era um começo. Um traço de humanidade há muito deixado de existir, ou ter ficado em estado de hibernação, naquele coraçãozinho gelado dele. Se ela sobreviveria ou não para Niklaus atingir novos patamares na sua relação com ela, eu não saberia dizer. Mas, ele ser capaz de sentir algo era uma nova esperança. Talvez fosse a reabertura de seu coração para futuras relações mais afetivas. Então, o que eu precisava agora era dele ali antes que fosse tarde demais. Seria um desperdício ter esse trunfo na manga e deixá-lo escapar. Peguei meu celular e disquei para ele novamente. Nada. Eu suspirei cansado e olhei triste para ela. E agora pude notar que ela estava com diversas mordidas pelo corpo. Isso explicava o estado deplorável em que ela tinha chegado em tão pouco tempo.


– Onde está essa Liz, que eu suponho ser a mãe dela? – Eu perguntei preocupado com a humana.


– Está no quarto do Damon. Ela recobrou a consciência, Elena deu seu sangue para ela se curar, mas ela ficou muito nervosa com a situação da filha, então lhes demos um sedativo – Falou Stefan. Sedativos em casa? Ergui as sobrancelhas, mas não comentei sobre.


– Pelo o que você deve estar vendo, ela levou muitas mordidas – Disse Elena – contamos pelo menos doze delas. Devem ter mais. Mas, essa é a pior – Ao dizer isso, ela afastou um pouco a blusa branca de Caroline e me mostrou uma mordida bem profunda e feia, perto do coração. Ela se debatia e gemia, provavelmente sentindo dor. Eu não sabia ao certo se ela estava apenas inconsciente ou se já estava alucinando. Se continuasse desse jeito, ela estaria morta em breve. Eu fechei os olhos momentaneamente e supliquei aos céus que trouxesse aquele maldito e bastardo do meu irmão de uma vez por todas para aquela casa. Se ela morresse seria culpa dele. Ela era um anjo no meio de todos aqueles demônios, uma inocente. E eu não queria nem sequer pensar no humor dele para lidar com aquela situação. Seria desastrosa para qualquer um que atravessasse o caminho dele. Quando Niklaus era contrariado, ele se tornava um caprichoso, cujo temperamento ruim culminava em assassinato em massa.


– Eu acho que posso ajudar – Kol apareceu no quarto de repente. Nem o ouvi chegar.


– Fale, por favor, Kol – Eu ordenei, ansioso. Alguma coisa tinha que ser feita.


– Posso falar com a empresa de rastreamento do carro, afirmar ser uma emergência. Tentei acessar o aplicativo, mas está bloqueado pela administradora do GPS do carro. Mas, é possível ter uma ideia do local mais provável de acordo com o rastreador e parece que não é em Mystic Falls – Por que não pensei nisso? Ele disse um pouco exasperado, talvez com as mesmas esperanças que eu acabei de me dar ao luxo de ter.


– Mas, por que diabos ele saiu da cidade? - Disse Stefan e eu não me importava. Pelo menos agora tínhamos um ponto de partida.


– Kol, por favor, faça o possível para encontrá-lo. Sei lá, suborne a empresa. Mas, ache-o. Mais cedo, ele me pareceu interessado demais no bem estar dela, você não concorda? Vai querer ajudá-la, eu sei – Eu falei um pouco eufórico. Ele acenou para mim e saiu do quarto na velocidade vampírica. Eu estava muito grato ao meu irmão mais novo. Não sabia por que ele mudou de atitude e decidido cooperar tão de repente, não deveria ser só pelo meu pedido, mas estava sendo de muita utilidade e ajuda. Peguei o celular e disquei para Rebekah. Ela atendeu no segundo toque.


– Kol pode ter a solução para achá-lo. Vamos apelar para a empresa de rastreamento – Eu falei sem esperar que ela falasse algo – Você acredita que ele foi parar em outra cidade, aparentemente? De acordo com os dados expostos.


– Eu não estou surpresa – Ela cuspiu com petulância – Ele é um covarde. Sempre foge quando a situação se aperta.


– Se você quiser, não precisa mais ficar aí sozinha. Pode vir aqui ficar conosco – eu falei enquanto sorria amigavelmente.


– Obrigada, Elijah – E sendo assim ela desligou. Eu sorri um pouco aliviado. Ainda tínhamos uma chance. Esse momento de alívio durou apenas alguns segundos; Nesse meio tempo Caroline começou a gritar e a se debater ainda mais forte. Eu pude notar que dessa vez ela estava consciente, não estava delirando. O seu grito era de dor, não por qualquer coisa que ela pudesse estar imaginando.


– Stefan, faz isso parar, por favor, faz isso parar ... – Ela gemeu enquanto chorava e soluçava. Eu senti pena dela. Não tinha muito o que pudesse ser feito até Niklaus chegar – Está doendo muito, por favor, faz isso parar – Ela agonizava. Então, de repente, ela parou de chorar e começou a pronunciar palavras desconexas, ainda se debatendo muito, gritando por ajuda, por alguma coisa que a sua mente reproduzia em forma de ameaça e assim eu soube que ela havia começado a alucinar. Eu tinha que fazer alguma coisa para aliviar a agonia daquela pobre garota, pega no fogo cruzado das travessuras de Niklaus. Eu pedi a Elena e a Bonnie, que até então estava extremamente calada, que se retirassem da cama, pois eu faria algo para ajudar Caroline. Elas assim o fizeram, embora desconfiadas, ter um Original cooperando não era o mais viável, aparentemente, muito menos visto com bons olhos. Mas, as circunstâncias atuais as deixavam sem muitas alternativas. Deitei ao lado da garota, encostando na cabeceira da cama e pondo a sua cabeça no meu peito. Comecei a acariciar os seus cabelos enquanto penetrava devagar na sua mente. Notoriamente ela estava fraca, sem nenhuma defesa e isso facilitou que eu pudesse chegar até o fundo dos seus pensamentos. Assim como eu suspeitava, ela estava imaginando sendo atacada por figuras aterrorizantes em forma de lobos, certamente uma reprodução distorcida do ataque que ela sofreu pouco tempo atrás. Então, eu comecei o meu trabalho. Eu sabia muito pouco sobre ela e isso dificultou no início, mas logo eu achei um caminho. A fiz imaginar coisas simples, coisas humanas, mas que certamente representavam a paz e não o caos. A coloquei num cenário onde ela e seus amigos riam e brincavam num piquenique num domingo à tarde. Todos felizes, todos humanos, sem a interferência da maldição do vampirismo. E, sendo assim, depois de um tempo ela se acalmou. Sua respiração voltou a ser leve e controlada. Eu olhei para os seus amigos que estavam a nossa volta e sorri de maneira complacente, tentando passar algum conforto para eles. Fiquei bastante tempo ali, a observando e pronto para acalmá-la caso seu estado voltasse ao de antes. Era como se eu tivesse adivinhado. Sua consciência ficava indo e vindo até que ela só passou a alucinar. Mas, eu estava ali de plantão, para acalmar a sua  mente todas as vezes em que ela entrava em colapso. Me pareceram horas, e ali fiquei controlando a sua sanidade mental até que fui tirado do estado de transe. Meu celular começou a tocar e eu temi que isso a perturbasse. Levantei da cama e fui para o andar debaixo para atender.


– Olá, Kol. Conseguiu localizar Niklaus? – Eu disse super ansioso e ávido por respostas.


– Sim – Respondeu Kol – Ele estava em Alexandria. Estamos a caminho. Apenas me atualize do estado dela – Ele disse sério.


– As coisas não estão muito boas – Eu disse muito sério - Ela está alucinando muito. Antes ela até voltava para a sua própria consciência, mas já faz um tempo que ela só fica devaneando – Eu fiz uma pausa para respirar fundo, antes de dizer o que eu diria, porque a realidade era dura - Está sendo um martírio assistir. Estão muito longe? Então demorando. Ela está chegando no seu limite – Eu pude ouvir o carro acelerar e soube que Niklaus estava se esforçando muito para conseguir. Ele não se esforçava com muita frequência para salvar alguém. Então, eu tive certeza de que ele tinha sentimentos por essa moça e automaticamente a considerei parte da minha família. Salvá-la virou uma questão pessoal agora. Não tinha mais nada a ser dito, então desliguei a chamada. Totalmente perturbado, não tinha me dado conta da presença de outra pessoa na sala.


– Por que você não está lá em cima com os outros amigos dela? – Eu perguntei para Damon, curioso.


– Ah, Caroline e eu não somos tão chegados assim – Ele falou com tom sátiro – bem, já fomos um dia, quando a gente trepava por aí – Eu fiz cara de incrédulo diante desse comentário. Era desconfortável, mexi na minha gravata olhando para o lado – Não que eu tenha que hipnotizar alguém para transar comigo. Olhe para mim – Ele continuou com cinismo – Eu juro que ela fez tudo por livre e espontânea vontade. Bem, quase tudo. Em outras palavras; ela me odeia.


– Não acho que chegue a tanto – Eu falei – Ela me parece ser uma boa garota. Mas, se de fato ela te odeia é porque você deve ter feito algo muito errado para merecer esse sentimento.


– Eu faço coisas erradas o tempo inteiro – Ele continuou no mesmo tom satírico - Se você me perguntar porque especificamente ela me odeia, eu não sei te responder. Agora, eu que pergunto: O que você está fazendo aqui? Por que o interesse em ajudar a Caroline? Não vai nos enganar com o topete roubado de mocinho. Conhecemos bem o seu tipo e dos seus irmãos. O que vocês querem?


– Ela é uma amiga próxima de Niklaus. Eu faria o mesmo com qualquer outro amigo dele – Eu falei tentando esconder o óbvio, mas não tinha mais o que fazer.


– Ah, corta essa - Ele falou sorrindo maliciosamente – Você já notou também. Todos já sabem que a vampirinha loira é o casinho do seu irmão. Extra oficial, diga-se de passagem, porque até onde eu sei ela nunca demonstrou estar trepando com ele. Até finge falta de interesse – Eu não falei nada, apenas ponderei suas palavras – Mas, vou te contar um segredo. Eu acredito fortemente que ela também tem uma quedinha por ele. Ela só não admite, porque às vezes ela é muito hipócrita e falsa modelinho perfeito, mas adora participar de um escândalo. Então, aposto que ela anda se enrabichando com ele às escondidas – Ele terminou. Mas, eu queria saber muito mais sobre essa história que, por minha falta de atenção e negligência, havia deixado passar.


– E o que te leva a pensar tudo isso, está se baseando exatamente em que? – Eu perguntei disfarçando, tentando transparecer apenas uma educada curiosidade.


– Bem, são muitas coisas – Ele disse – Por onde eu devo começar... – Ele alisou o queixo num falso gesto pensativo - Vou apenas fazer um resumo. Ele sempre a convida para bailes e para sair. Qualquer oportunidade de encontro ele a alfineta com flertes e indiretas que estão mais para diretas – Ele falava animadamente, eu pude notar. De alguma forma ele gostava desse assunto – De vez em quando dá presentinhos. Ela pensa que a gente não sabe, mas a gente sempre sabe de tudo – Ele riu ironicamente – E todas às vezes que ela se mete em confusão, ele dá um jeito de livrar a cara dela. Ele foi à formatura dela e a salvou de morrer nas mãos de umas bruxas loucas lá. E ela gosta, mas disfarça bem. Mas, um dia a casa cai. Então, acha mesmo que vamos cair nas mentirinhas dela? Ela só não admite, mas já deve ter dados uns pegas nele. E ele ficou focado, gostou demais.


– Isso tudo é muito surpreendente para mim, devo confessar – E, de fato, era mesmo. Eu estava sendo sincero. As suas palavras foram chocantes para mim. Niklaus na formatura de uma humana, um evento humano e totalmente sem importância para ele. No entanto, ele esteve lá. Por causa dela.


– Como você soube hoje, Tyler Lockwood fez os híbridos de Klaus virarem contra ele e planejavam matá-lo – Ele continuou a me contar tudo, mesmo sem eu pedir – Quando Klaus soube, ele massacrou todos os híbridos e matou a mãe do Tyler – Eu devo ter feito uma expressão de horror diante dessa revelação, pois Damon contorceu a cara. Até onde Niklaus seria capaz de ir? – E também iria matar o lobinho, mas ele não fez isso. E também não foi atrás dele. E você já deve imaginar por quê – Ele falou isso enquanto levantava uma das sobrancelhas, num gesto insinuativo. Eu apenas fiquei ali, digerindo aquelas palavras. Niklaus nunca deixa a vingança de lado por consideração a alguém.


– Mas, sabe quando eu tive certeza? – Ele me disse e eu balancei a cabeça negativamente – Uma vez, quando o seu adorado e querido irmão Kol me hipnotizou para matar Jeremy Gilbert – Eu fiz cara de surpresa, não sabia disso. Meus irmãos só aprontavam. Eu suspirei cansado. O que mais eu ficaria sabendo que eles fizeram? – Eu me tranquei aqui no porão de casa, para não matar o moleque. Klaus veio ficar de babá, para me impedir caso eu tentasse fugir – Eu o olhei confuso. Niklaus não faria isso por querer e Damon entendeu o meu olhar – Ele não fez isso por amor a mim ou para ajudar alguém. Ele apenas não queria que eu matasse o seu precioso caçador. Ele precisava de Jeremy por causa da tatuagem da asquerosa fraternidade The Five – Agora tudo fez sentido, eu apenas acenei com a cabeça – Então, voltando. Ele me perguntou o que eu havia feito ou dito para a Elena me perdoar. E devido ao tom de voz e a expressão dele de cachorrinho sem dono eu soube na hora que ele apenas queria entender ou saber como lidar com a Caroline, como agir com ela, tendo em vista tudo o que ele já aprontou, né, porque, valha-me Cristo, já foi muita merda mesmo contando só com a passagem dele por Mystic Falls – Ele terminou e eu fiquei ali parado, raciocinando em cima de suas palavras. Toda aquela informação, tudo o que ele disse era bom demais para ser verdade. Ter alguém com quem Niklaus se preocupasse ou se importasse com a opinião era muito raro, quase impossível, eu diria. Eu estava diante de um milagre.


– Obrigado, Damon, pelas suas palavras – Eu disse com sinceridade – elas foram muito esclarecedoras para mim. Só me explique mais uma coisa – Eu ainda tinha uma dúvida – Qual ainda é o envolvimento de Caroline com esse Tyler ?


– Eu não sei te dizer – Ele respondeu simplesmente – Ele fugiu e não voltou mais. Não que eu saiba, pelo menos. Ela nunca nos disse. E nem vai dizer. Adora nos julgar, mas na vez dela esconde a merda toda debaixo do tapete – Eu apenas acenei com a cabeça. Saber de tudo isso me permitiu ter uma esperança com tamanha intensidade que nunca antes eu me permito ter, de ter novamente o irmão que um dia conheci. E tudo isso por causa de uma simples garota de uma cidade pacata e pequena. Incrível como as coisas acontecem. Eu estava certo, não estava imaginando coisas. Eu me atreveria a dizer que Niklaus estava apaixonado por ela e isso me fez sorrir largamente.
Então, o meu sorriso despencou quando eu escutei mais gritos vindo lá de cima. Ela estava alucinando novamente, provavelmente coisas ruins. Falar com ele me distraiu completamente do meu dever, de mantê-la segura dentro da sua mente em colapso. Eu corri na minha velocidade vampírica e fui novamente até ela. Quando cheguei no quarto, o cenário era o mesmo de antes. Ela se debatia e gritava pedindo ajuda, para quem quer que fosse que ela estivesse imaginando. Seu grito era de desespero e aquilo me angustiou. Ela estava muito pálida, com os lábios ressecados, com o rosto e o corpo lavados em suor. Os amigos tentavam acalmá-la, mas todos nós sabíamos que era inútil. Stefan tentava repetir o meu truque e parecia querer entrar em sua mente, mas não estava sendo eficaz, tendo em vista o desespero nítido da garota. Ela não sabia o que estava acontecendo ao seu redor. A sua única realidade era o que se passava na sua mente. Então, mais uma vez me deitei ao seu lado, enquanto Stefan se afastava, e coloquei a sua cabeça no meu peito, enquanto passava um braço ao seu redor e acariciava os seus cabelos. Demorou um pouco para que ela se acalmasse, mas eu consegui fazê-la parar de se debater e gritar. Vasculhei o seu subconsciente em busca de alguma lembrança confortável e a fiz voltar no tempo, numa época em que ela ainda era criança. Não implantei imagens novas, apenas a direcionei à lembranças de coisas familiares e amigas, que a deixariam confortável e relaxada. Assim, ela sozinha foi traçando o seu próprio caminho na mente, com as suas memórias favoritas. Eu não queria invadir a sua privacidade, mas temia que se a deixasse por si só, ela pudesse voltar com as alucinações perturbadoras. Primeiro ela brincava com três amiguinhos numa floresta, depois estava com a sua mãe, aparentemente, no dia de seu aniversário de quinze anos. O cenário mudou novamente e ela estava sozinha, dentro do que parecia ser uma tumba de cemitério, comemorando algum aniversário mais recente, pois havia um bolo rosa em cima de uma pedra, com velas em volta. O portão se abriu e eu me surpreendi com quem apareceu ali de repente, naquela lembrança, se é que de fato fosse mesmo uma lembrança e não apenas uma reprodução misturada de eventos. Niklaus entrou com um sorriso para ela tão genuíno que há muito eu já não via mais. Eu apenas prestei mais atenção na conversa, tentando reter alguma informação daquilo, observar ao máximo as reações do meu irmão. Descobrir se foi ou não real aquele acontecimento. O jeito como ele falava com ela e a tratava era diferente de qualquer coisa que eu já tenha visto desde que ele se tornou essa pessoa horrível que hoje ele é. Ele mostrava muita paciência, carinho e respeito e isso era muito raro ele fazer. Respeito era tudo o que ele não tinha pelos outros. Se de fato aquilo foi real, ou pelo menos as suas palavras, eu estava convicto de que ele estava apaixonado por essa moça. E ela estava nesse exato momento morrendo nos meus braços e eu não podia fazer nada além do que eu já estava fazendo. A sua respiração começou a ficar cada vez mais fraca e lenta. Seu coração seguia o mesmo exemplo e seus pensamentos começaram a dar lugar a um espaço vazio e escuro. Então, a sua respiração parou de vez e ela começou a dissecar lentamente enquanto eu acariciava seus cabelos.
Era tarde demais para ela. E era tarde demais para Niklaus. Ela tinha partido. E com ela se foram todas as minhas esperanças, bem como as de Niklaus. Os outros integrantes do quarto começaram a chorar. Vê-la daquele jeito, frágil e indefesa nos meus braços partiu o meu coração também me fazendo derramar algumas lágrimas. Só o que eu pude fazer foi dizer:


– Nem tudo está perdido ainda – Eu falei controlando a minha emoção, falando mais para mim do que para eles – Com a barreira do Outro Lado caída ainda a teremos por aqui. Só precisamos achar uma brecha nesse feitiço. Todos eles tem uma brecha. Vamos encontrar Silas e ver o que conseguimos. Vamos dar um jeito de mantermos as pessoas que amamos perto de nós – Eu apenas disse isso. Não havia mais nada que eu pudesse falar que melhorasse a situação. Eu levantei da cama e dei uma olhada geral nela. Suspirei pesadamente diante daquela imagem e peguei meu celular para ligar para Kol. Mas, desisti no meio da ação. Deixaria Niklaus chegar para falar com ele. Fiz um aceno com a cabeça para os outros que estavam no quarto e me retirei. Quando cheguei na sala, constatei que Rebekah tinha chegado e que havia mais pessoas, as mesmas que estavam algumas horas atrás quando eu vim buscar a Cura. Olhei no meu relógio de pulso e vi que já eram 9h da manhã. Todos nós passamos a noite em claro. Foi uma madrugada bem agitada, tensa e perdida. Eles me olharam de maneira indagadora e eu balancei a cabeça negativamente, indicando que ela não tinha conseguido resistir. Eles me olharam pesarosos e Damon correu para o andar de cima. Eu fui até Rebekah e ela colocou uma mão no meu ombro e falou:


– Eu sinto muito, Elijah. Eu percebi o quanto você estava preocupado com ela. Embora me pareça estranho – Ela me disse com um olhar sincero e meigo.


– Eu sei que mesmo com as suas diferenças, você também se importou com ela. Mas, você sabia que Niklaus gostava dela? – Eu disse e ela apenas abaixou a cabeça ao responder.


- Tinha noção, claro. Mas, é só uma atração. Nada que me alarmasse - Levantei as sobrancelhas incrédulo.


- Acho que é mais que isso, Rebekah.


– De qualquer jeito, ela ainda está entre nós – Disse o caçador que eu conhecia como Alaric. Eu sorri para ele.


– Duas mortes em uma noite – Falou Jeremy Gilbert – Se continuar assim, todos nós estaremos mortos até o fim da semana.


– Não seja chorão, garoto. Vamos consertar as coisas – Disse a vampira loira, amiga do Stefan. Rebekah foi até um sofá se sentar e eu me juntei a ela. Ficamos um bocado de tempo conversando sobre as nossas ideias para encontrar Silas quando eu ouvi um barulho de motor de carro.
Ele havia chegado.
Eu respirei fundo e troquei um olhar preocupado com Rebekah. Tinha acabado de me levantar quando ele entrou na sala, sem cerimônia alguma. Pela sua expressão, eu constatei ao vivo e a cores o que aquela garota significava para ele. Era a primeira vez que eu estava tendo oportunidade de observá-lo após as minhas descobertas de hoje. E eu não sei como pude deixar essa passar. Logo eu, que sempre me considerei um grande observador, alguém que cuidava dos interesses da nossa família, que estava sempre alarmado para possíveis abalos na união familiar, não tinha visto meu irmão cair na armadilha bem antiga do amor. Era nítido que ele estava apaixonado por ela. Essa era a brecha que há séculos estou esperando, era uma nova esperança.


–---------------------------------


Caroline


Continuei ali, parada feito uma retardada, tentando organizar os turbilhões de pensamentos. Eu não entendia o que aconteceu. Tinha certeza absoluta de que meus amigos e eu fomos atacados por híbridos numa tentativa tosca de salvar a minha mãe. Olhei ao redor da sala da minha casa em busca de respostas e obviamente não encontrei nada. Até que a minha mente sofreu um estalo tão forte que parecia que levei um chute no cérebro. Passei a mão pelo meu corpo tentando achar as feridas e não tinha nada. Corri até um espelho que ficava na parede do hall de entrada para ter uma visão completa do meu corpo e vi que nada tinha mudado. Eu estava com as mesmas roupas; mesma calça jeans azul escura, regata de renda branca e jaqueta jeans azul escura e botas marrom de cano longo. Eu passei as mãos pelos cabelos não querendo acreditar no que aquilo tudo poderia significar. Será que eu tinha mesmo morrido? Só de pensar nisso eu ficava possessa. Chequei os meus bolsos em busca do meu celular e das minhas chaves, mas não encontrei nada ali. Outra evidência, porque eu tinha certeza de que os deixei na minha calça. Bufei pesadamente e subi as escadas para ver se encontrava a minha mãe lá em cima. Nada também. Mas, que merda. Vasculhei o quarto dela em busca das chaves do seu carro e só o que eu achei foi a chave da sua viatura de polícia. Pelo menos isso. Saí batida de lá e corri para o carro. Iria para a casa dos Salvatore e descobriria o que tinha acontecido. Enquanto eu dirigia, tamborilava com dedos impacientemente no volante. Eu não estava ficando louca, tinha certeza disso. E queria saber onde estava a minha mãe, se ela estava bem. Também Stefan, Elena, que estiveram comigo contra os híbridos. Eu estacionei em frente à mansão dos Salvatore, saí do carro e entrei numa disparada sem bater na porta. Todos que estavam na sala me olharam surpresos e de boca aberta. Alaric, Jeremy e Lexi estavam ali. Elijah estava novamente aqui. Por quê? Enruguei a testa.


– Caroline! Estamos felizes em vê-la aqui conosco – Disse Alaric enquanto vinha até a mim e me abraçava. Eu retribuí o abraço fazendo cara de indagação, pois era muito estranho esse gesto.


– Onde estão os outros? – Perguntei ansiosa. Elijah, que sorria amigavelmente para mim, foi quem respondeu.


– Eles estão lá em cima, Caroline. No quarto de Stefan – Eu agradeci num gesto com a cabeça e subi as escadas correndo.


Quando eu cheguei lá minha boca se abriu num gesto de horror e parei de supetão na porta. Meus piores medos se confirmaram, eu realmente tinha morrido. Ver o meu corpo ressecado e inerte deitado naquela cama me fez ficar paralisada e sem ar.


– Seriously, eu estou morta?! – Eu falei com a voz esganiçada e alta. Os meus amigos que estavam no quarto levaram um susto ao me verem e eu apenas corri até eles e os abracei, um a um, menos Damon. Depois me agarrei em Stefan. Ele sorria enquanto algumas lágrimas rolavam no seu rosto.


Klaus tinha me deixado morrer. Esse filho da puta me deixou morrer.


A minha sorte era que o véu estava abaixado. Enquanto isso eu poderia ficar desse lado. Chorei convulsivamente até que juntei algum fôlego e perguntei por minha mãe.


– Klaus a levou daqui, Caroline, para a casa dele. Tentaram impedi-lo. Mas, você já deve saber o final – Matt falou. Eu o olhei de boca aberta. Como assim aquele filho de uma puta milenar tinha carregado a minha mãe para a mansão mal assombrada dele, mesmo depois de tudo o que ele fez?


– E por que vocês o deixaram sair daqui com ela? Tivessem falado com Elijah para segura-lo! – Eu os acusei incrédula no que eu ouvia.


– Porque não havia nada que eles pudessem fazer para me impedir, love.


Ouvir aquele sotaque britânico arrogante foi o suficiente para eu perder as estribeiras. Meus olhos escureceram, minhas presas tomaram forma na minha mandíbula e eu avancei contra ele enquanto rosnava de ódio.


———————————————


Klaus


Eu estava na cozinha, sendo torturado pelos meus demônios interiores, sentado em um dos banquinhos ao redor da bancada, no mesmo lugar onde vi Caroline viva pela última vez, quando eu ouvi alguém chegar na casa. Minha respiração parou por alguns segundos. Porque talvez fosse ela, meus instintos diziam. Após algum curto tempo de movimentação eu ouvi aquele caçador de merda falar. Caroline. Meu coração deu um estalo forte e eu fiquei paralisado. Era ela mesma. Eu não sabia bem o que fazer, se ia até ela ou não. Ninguém tinha a capacidade de me deixar desse jeito, sem ação, com o cérebro embaralhado. Pelos infernos! O que tinha acontecido comigo? Essa garota tinha virado a minha cabeça. Eu resolvi engolir a covardia e enfrentá-la. Saí da cozinha e passei batido pela sala, ignorando qualquer um que estivesse nela, especialmente Elijah, que passou a me observar descaradamente. Peguei as escadas e enquanto passava pelos corredores, pude ouvi-la perguntando sobre a mãe e sua indignação por seus amigos terem me deixado leva-la daqui. Eu respirei fundo antes de confrontá-la. Ela era uma criaturinha muito geniosa e irritante quando queria. Teimosa de doer, mas até parece que ela não me conhecia bem o bastante para ainda duvidar dos meus métodos. O que mais poderia ser feito se eu me decidisse por algo? E que ingratidão. Eu estava ajudando a mãe dela, isso sim, mais do que aqueles patifes que ela chama de amigos. Entrei no quarto e falei com toda a minha familiar arrogância.


– Porque não havia nada que eles pudessem fazer para me impedir, love – Ela estava abraçando Stefan e eu fiz um esforço enorme para não olhar o corpo dissecado dela estirado na cama. Além de achar muito incômodo meu amigo Stefan tão próximo dela assim. E em décimos de segundos ela me atacou, voando pra cima mim que nem um furacão. Ela me batia por todas as partes do meu corpo. Eu apenas deixei, fiquei assistindo de camarote ela bancar a ridícula. Eu era um híbrido de mil anos; seus tapas não eram nada além de cócegas, toque de pluma. Então, apenas deixei que ela extravasasse suas frustrações pós morte, estava nesse direito. Por fim a minha paciência chegou no limite e eu a parei, segurando os seus dois pulsos. Ela me olhava possessa e ainda muita agitada. Suas presas bem afiadas na direção do meu rosto. Até que achei fofo. Parecia um gatinho arisco. Ela tinha o dom para a briga, claro, com que estivesse a altura dela. Eu não entendia bem por que ela direcionou todas as suas frustrações em mim, mas nós teríamos uma conversa. Eu não gostava de plateias quando o assunto era algo particular, não queria falar com ela naquela casa lotada de espectadores. Mas, Caroline estava instável demais e eu corria o risco dela sumir se eu tentasse levá-la para outro lugar. Então, a puxei pelo braço com mais força do que eu pretendia e a levei para um dos outros quartos da casa. Fechei a porta e virei para ela, que me olhava de cara emburrada, ofegante e de cabelos desgrenhados, bochechas coradas e lábios avermelhados. Ela conseguia ser linda e sexy mesmo quando estava possessa.


– Eu posso saber por que de todo esse espetáculo, Caroline? – Eu falei entredentes. Apesar de eu gostar bastante do seu gênio ruim, não deixa de ser irritante de vez em quando.


Klaus e Caroline


– Espetáculo?! Seriously?! – Eu disse incrédula, com a voz subindo umas duas oitavas, olhando bem na cara cínica e irritante dele – Minha mãe foi ferida por aqueles sádicos dos seus híbridos, eu fui embebida em veneno e você não teve a coragem de fazer algo descente e me salvar – Eu continuei quase gritando – Fico sabendo que você a tirou daqui, da proteção dos meus amigos e ainda aparece na minha frente com essa cara lavada, indignado, como se tivesse sido o herói da noite. Eu que tenho razão para ficar indignada aqui – Eu terminei com respiração ofegante, tentando conter as minhas lágrimas.


Eu olhava duro e frio para ela. Nunca vi a Caroline ser tão ingrata quanto ela estava sendo essa noite. Eu queria cuspir umas verdades naquela cara arrogante dela, fazê-la engolir aquelas palavras.


- Você me deixou morrer de propósito? Pensava que você...


- O que? - Vi em seus olhos uma certa mágoa.


- Se importasse um mínimo comigo..., mas parece que eu só estava delirando. Ou te dando muito crédito - Terminou falando baixo.


– Pois bem. Se você tiver a decência - Repeti o seu argumento - de me dar o benefício da dúvida, você vai notar o quão errada está – Eu disse enquanto me aproximava dela lentamente, até ficar a alguns centímetros de distância. Ela apenas me olhava séria, de braços cruzados. Eu estava me esforçando para ser mais paciente. E estar tão perto dela me fazia fraquejar. Suas íris azuis e seus lábios rosas delineavam seu rosto com perfeição. E para completar, todo o esforço de guerra contra mim deixava seu rosto avermelhado e um pouco suado. Estava sexy demais para a minha sanidade. Engoli em seco e tentei me concentrar – Eu não estava aqui, Caroline. Eu estava em outra cidade, em Alexandria, para ser mais preciso. Eu passei a madrugada toda lá.


– E o que você foi fazer em outra cidade no meio da noite? – Eu disse e bufei sem paciência. Eu não era besta para cair nas armadilhas dele. E também precisava reclamar de algo para me distrair, pois seus lábios vermelhos provocantes estavam perigosamente perto. Abaixei o olhar e foquei neles por um breve segundo, me esforçando para voltar a mirar aqueles olhos verdes intensos – Você espera que eu engula tudo o que você diz? No mínimo você foi lá atormentar a vida de alguém ou foi atrás de alguma vantagem macabra para você.


– Eu fui para espairecer, conseguir um pouco de paz. Coisa que certamente eu não conseguiria em Mystic Falls – Ignorei o comentário petulante dela. Eu disse uma meia verdade. Claro que eu não contaria as minhas atividades recentes, ainda mais envolvendo assassinatos. Não seria nem louco de confessar – Parece que Stefan ligou para Elijah, me procurando. Obviamente ele não me encontrou. Depois disso Elijah veio para cá e Kol me rastreou, indo me buscar. Ele já estava longe demais daqui quando me localizou pelo GPS e não fazia sentido voltar para te buscar. Demoraria mais. E eu apenas não consegui chegar a tempo. Eu sinto muito, Caroline. Eu tentei, de verdade. Eu lamento ter te deixado sozinha, especialmente quando mais precisava. A última coisa que eu quero na vida é te desapontar – Eu falei sendo totalmente sincero dessa vez. Me doía saber que eu não tinha conseguido. Ela me olhava mais calma agora, nitidamente abaixando a guarda, mas me olhava bem nos olhos, em busca de alguma pista ou de alguma mentira – E quanto a sua mãe, eu apenas penso que ela está mais segura na minha casa sendo protegida pelos Originais do que aqui. Eu disse ontem para você ir pra lá, lembra? Só me desesperei por mais coisas ruins acontecerem com você, então nos preveni mandando sua mãe pra minha casa. Mas, você pode tirá-la de lá se você quiser, quando quiser.


Ele parecia dizer a verdade, parecia estar realmente tentando me ajudar. E por alguns instantes eu me senti envergonhada pelas minhas atitudes. Mas, eu não pediria desculpas. Ele já cansou de arruinar a minha vida e a dos meus amigos e nunca se deu o trabalho de se desculpar, pelo contrário. Seria um absurdo enorme eu me sentir mal pelas merdas que ele faz. Ele me olhava fixamente, esperando que eu dissesse alguma coisa. Mas, ele era assim, me passava essa confiança estranha. E eu acabava acreditando em tudo o que ele dizia. Eu apenas sorri para ele meio a contra gosto e sentei na cama. Eu estava pesada, cansada, queria uma trégua. Coloquei as duas mãos no rosto e, então, tudo veio de uma vez só caindo sobre a minha cabeça e eu desabei em lágrimas novamente, soluçando.


Vê-la chorar daquela forma me fazia ficar nervoso. Eu não era um especialista em saber lidar com as emoções, especialmente com as emoções alheias. Mas, uma vez Elijah disse que era só ser natural e dar vazão ao que estivesse sentindo que as atitudes viriam naturalmente. Porque não era algo que você pudesse pensar a respeito ou traçar um plano, era apenas se deixar sentir, se deixar ser levado. E essa era a pior parte, não poder controlar o rumo dos sentimentos. Mas, tudo que eu queria naquele momento era abraçá-la forte, para que meus braços se tornassem uma barreira entre ela e o mundo. Mas, eu também tinha medo de tomar alguma atitude que pudesse assusta-la, se afastar mais de mim. Com Caroline eu precisava ser muito cauteloso, mas às vezes ela me fazia entrar por caminhos bem longe da minha zona de conforto. Tomado pelo impulso, sentei ao seu lado e coloquei um dos braços ao redor dos seus ombros, enquanto a puxava para encostar no meu peito. Eu acariciei os seus cabelos até que ela parasse de soluçar, mas continuava chorando. Então, levantei a sua cabeça, retirei as suas mãos do seu rosto e enxuguei um pouco das suas lágrimas com as minhas mãos. Eu daria tudo só para trazer alguma felicidade pra ela. Sem dizer nada, eu ajeitei os travesseiros e deitei encostando na cabeceira da cama, trazendo Caroline para deitar ao meu lado. Ela me olhou desconfiada, mas no fim cedeu. Acho que estava cansada demais para travar outra briga comigo. Aproveitaria essa chance milenar. Coloquei novamente o braço a sua volta, enquanto alisava seu braço e seus cabelos. Lentamente, a trouxe para se encostar em mim, deitando sua cabaça no meu peito. Para a minha alegria, ela não me recusou, mas se manteve um pouco travada. Era uma sensação sem igual tê-la assim tão perto de mim. Eu nunca me dei ao luxo de me aproximar dela desse jeito, porque eu já sabia qual seria a sua reação. Eu apenas senti e me deixei levar, como algum dia me foi aconselhado. Fechei os olhos e só foquei no calor do seu corpo bem próximo do meu. Se eu pudesse, pararia o mundo naquele instante só para que nunca mais pudéssemos sair dali. Eu tinha muita coisa para dizer, mas não era o momento.


Eu estava em paz, como há muito não me sentia. O toque dele era suave e acolhedor. Familiar e protetor. Estar envolvida por ele daquela forma me fazia sentir que tudo ficaria bem e me fez sentir em casa. Era contraditório isso, pois geralmente ele é quem causava a desgraça. Mas, ele me passava isso, essa segurança inexplicável. O quer era bem irônico, vindo de quem vinha. O conforto do seu abraço somado com o daquela cama macia era tão grande que rapidamente eu comecei a ficar sonolenta. Seus dedos varrendo os meus cabelos e meu braço só me deixavam mais inebriada ainda. Eu girei um pouco o rosto e encostei mais para perto do seu pescoço, sentindo o cheiro de algum perfume caro misturado à loção pós barba. Tão sexy, tão delicioso. Então, ele beijou o topo da minha cabeça e minha testa e automaticamente eu fechei os olhos. Nos momentos mais vulneráveis é quando mostramos nossa verdadeira face. Apenas me deixei aproveitar aquele momento extremamente peculiar. Se eu pensasse demais, sairia correndo sem olhar para trás.


– Eu juro que eu tentei, Caroline – Eu sussurrei para ela - Eu juro que usei todos os recursos que me estavam disponíveis naquele momento para chegar a tempo. Eu sinto muito por não ter conseguido. Não deveria ter deixado você sozinha. Você pode ter certeza de que aqueles híbridos vão pagar pelo o que fizeram – Eu disse tentando controlar a minha súbita raiva – Nós vamos dar um jeito nisso, love, você vai continuar aqui conosco. Comigo. Eu prometo.


– Não quero pensar nisso agora. Eu estou esgotada – Eu respondi, levemente arrepiada por ouvir tão de perto aquele sotaque. Nunca antes me permiti tamanha intimidade e aproximação com ele. Mas, era bom demais para ignorar. Melhor do que imaginei um dia. Meu coração palpitou mais rapidamente ao sentir seu cheiro inebriante, ao sentir seu hálito perto do meu ouvido me causando calafrios de prazer. Dei uma breve olhada no seu rosto e notei os detalhes da sua barba rala e loira - Não quero vingança contra ninguém. Já basta a treta em que estamos metidos - Ouvi seu suspiro contrariado. Resolvi mudar o foco para ele não entrar no seu ciclo típico de ódio e de paranóica. Se eu concordasse, ele reiniciaria um banho de sangue contra os malditos híbridos - Obrigada por estar aqui agora. Não sou uma total ingrata. Aprecio a sua ajuda. Mesmo do seu jeito tortuoso.


Ela falou, como se tivesse lido os meus pensamentos. Eu sorri com essa possibilidade e apenas respondi – Eu sempre vou estar aqui por você.


– Por que? – Eu falei baixinho, sussurrando que nem ele.


– Você sabe porque – Eu falei para ela, olhando para o teto e revirando os olhos pela pergunta óbvia e inconveniente.


É. Eu realmente sabia porquê.


E, sendo assim, depois de uns minutos ela adormeceu com a cabeça no meu peito e um dos seus braços envolvendo a minha cintura. E eu também não pude resistir. Acabei sucumbido à escuridão da inconsciência.


 


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): anajadde

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

    Klaus Eu abri os olhos repentinamente, o que foi um erro, porque a claridade que vinha das altas janelas me cegou por alguns instantes. Eu perdi a noção do tempo; não fazia ideia de quantas horas tinha dormido, mas, ter conseguido essa folga foi revigorante. Olhei no meu relógio de pulso e vi que já passava do meio-dia. E ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 0



Para comentar, você deve estar logado no site.


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.




Nossas redes sociais