Fanfics Brasil - Capítulo 9 - Breath Of Life Scarlet Dynasty - Klaroline

Fanfic: Scarlet Dynasty - Klaroline | Tema: The Vampire Diaries e The Originals


Capítulo: Capítulo 9 - Breath Of Life

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Klaus e Caroline


Andávamos lado a lado com bastante pressa e velocidade. Klaus estava sério e impecavelmente concentrado, buscando por algum sinal estranho. Nós sabíamos onde era a tumba e a escuridão não era empecilho algum em sua busca, mas era uma vantagem para os inimigos. Ele segurava um dos meus braços, como se a minha segurança dependesse daquilo. Eu revirei os olhos, mas fiquei calada. O foco era encontrar Rebekah e depois partir imediatamente para resgatar Kol. Quando pareceu que ele havia escaneado a floresta num raio bem extenso, ele olhou para mim e fez um gesto que eu entendi com perfeição. Corremos com a velocidade vampírica e em poucos segundos estávamos na entrada da tumba. O corpo de Klaus endureceu e eu senti que ele ficou muito tenso. Não por medo, tenho certeza, mas pela realidade da situação; por seu próprio pai ter trancado os filhos apenas para ter o caminho livre e poder atormentar outro sem contratempos. Ele me puxou pela mão e tentou entrar comigo na tumba, mas eu o parei.


– O que você está fazendo? - Eu falei num sussurro enquanto puxava a minha mão de volta - Não vou entrar, vou ficar aqui vigiando.


– Você perdeu os últimos resquícios de sanidade que te sobraram, só pode - Respondi a essa tonta. Ela queria ficar aqui fora, totalmente vulnerável apenas para "vigiar". Como se eu precisasse de guarda-costas. Ela iria entrar comigo de um jeito ou de outro.


– Para de palhaçada, Klaus! - Eu alterei a minha voz algumas oitavas, mesmo que sussurrando - Quem vai te avisar se houver algum imprevisto? Nós não sabemos em que parte da tumba ele escondeu a Rebekah. Você pode não ser tão rápido para achar.


– Você ainda duvida das minhas habilidades, love? - Falei com um sorriso debochado - Eu te asseguro de que não preciso de um segurança. Vai ficar aqui perdendo o seu tempo e se expondo sem necessidade.


– Não estou querendo ser a sua segurança, mas... - E ele não me deixou terminar. Me arrastou para dentro da tumba sem nem ao menos olhar para a minha cara. Babaca. Eu quis bater nele, mas as coisas já estavam bem complicadas para eu entrar nessa discussão. E, mesmo quando ele estava sendo meio bruto, seu toque era suave demais, de uma delicadeza incomum para um vampiro-ogro de mil anos. O toque dele era estranhamente familiar, como se fizesse parte do meu dia-a-dia. Quando ele me soltou, eu apenas o olhei de cara feia, sem falar nada, mas me senti estranhamente vazia e desejei mais do seu toque, que deixou um leve formigamento na minha pele. Ele sorriu com triunfo e voltou a sua atenção para o que de fato viemos fazer aqui.


– Rebekah! - Gritei pelo nome da anta da minha irmã esperando que ela esboçasse alguma reação. Depois eu cuidaria do mau comportamento de Caroline. Ela era muito birrenta às vezes e o meu mau humor, somado à minha natural falta de paciência, não era a melhor combinação para lidar com esse tipo de atitude. Não demorou mais que um segundo para ouvirmos Rebekah falar "Nik" de volta, mesmo que bem fracamente. Nunca gostei de que ela me chamasse assim depois de termos virado adultos, era um nome molenga e afetuoso demais para alguém do meu calibre. Mas, ela insistia nessa palhaçada de continuar usando o apelido que me deu quando éramos crianças e inseparáveis. Mas, no fundo eu não queria que ela deixasse de fazê-lo, pois isso implicaria que eu havia deixado de ser aquele "Nik" para ela. Não perdi mais tempo e segui o rastro de sua voz na minha super velocidade, com Caroline bem no meu alcance, para o bem dela. Os corredores estavam um breu e era impossível distinguir formas naquele nível de escuridão. A nossa vantagem no momento era a nossa super audição e olfato. Percorremos um longo corredor, provavelmente até quase o seu fim, para que pudéssemos encontrar a minha irmã. Caroline acendeu a tela do seu celular e isso ajudou que a achássemos. Rebekah se encontrava dentro de uma cela trancada por portões de grade. Ela estava caída, encostada entre duas paredes consecutivas, com a cabeça jogada por sobre os ombros. Mesmo sob muito pouca luz, pude ver com clareza sua forma. Ela parecia meio atônita, como se não conseguisse distinguir com muita clareza a realidade a sua volta. Ela me olhou na minha direção por alguns segundos um tanto desnorteada e com os olhos desfocados antes de desfalecer por completo. Seu semblante tinha um aspecto fraco, quase doente e ambos os braços e pernas estavam presos por correntes. Vê-la nesse estado deplorável, minha amada e preciosa irmã caçula, fez meu ódio por Mikael atingir proporções extremas. Não pensei duas vezes e arranquei as grades com apenas um puxão, sentindo minhas mãos arderem. Alcancei o seu corpo e quebrei as correntes puto da vida. Meu toque no ferro fez minhas mãos queimarem de novo, pois, com certeza, as correntes estavam embebidas em verbena assim como o portão. Mikael iria pagar bem caro por isso. Meus irmãos nada tinham a ver com o desprezo que ele nutria por mim. Afastei seus cabelos do rosto e passei a mão carinhosamente pela sua testa e buchecha. Meus olhos arderam em sinal de lágrimas pedindo passagem, e eu não sabia se queria chorar de tristeza ou de raiva. A peguei no colo com muito cuidado, para não feri-la mais do que já estava, com um braço meu sob suas costas, o outro sob a dobradura de seus joelhos, saí dali com pressa. Enquanto caminhava, matinha todos os meus sentidos apurados; com uma parte deles vigiando Caroline, outra em Rebekah e outra no panorâmica do ambiente. Eu estava possesso de raiva, mas estava retendo tudo para mais tarde, alguém iria sofrer com a minha cólera.


Klaus andava a passos largos me fazendo ter dificuldade de acompanhá-lo. Não há um meio termo entre a velocidade humana e a vampírica e, provavelmente, ele estava usando a primeira para não perturbar Rebekah. Ela, por sinal, estava muito afetada fisicamente pelas horas mantida presa nessa caverna podre. E, com certeza, psicologicamente também. Até que nível a mente de uma pessoa pode ser diluída em ácido a ponto de machucar os próprios filhos por causa do ressentimento e orgulho ferido? Eu torcia para que essa família nunca chegasse a descobrir. Eles eram complicados, geniosos e, de vez em quando, não muito benevolentes, mas eu não torcia pelo seu mal, nem tampouco queria que sofressem. Eu observava concentradamente o jeito de Klaus com a irmã. Ele a carregava com muito cuidado e atenção, de uma forma tão humana e vulnerável, com jeito de um irmão que zela por uma irmã. O irônico era, eu notei, que ele estava sempre reclamando dela, sempre proferindo ofensas e ameaças contra a sua vida, porém ele nunca as cumpriu de fato. E se mais alguém fizesse ou tentasse fazer o mesmo, ele a defendia com garras e presas, literalmente. E não só a ela, mas a todos os seus irmãos. E isso me fez admirá-lo, perceber que a família é muito importante para ele, que a amava sim, mesmo que se esforçasse para esconder ou agisse de maneira antagônica e incoerente aos seus verdadeiros sentimentos apenas por vergonha, pois Klaus era orgulhoso demais. Por que ele sentia a necessidade de esconder o que sentia sobre os irmãos? Era tão vergonhoso assim amar alguém? Pois sempre se portava de um jeito meio possessivo, lunático, agressivo e muito paranóico. Mas, percebi, era o seu jeito de demonstrar afeto, mesmo que com muitos defeitos a se consertar e lições para aprender. Mas, afinal, quem era perfeito em relacionamentos ou em qualquer outra coisa na vida? E esse sempre foi o meu maior problema, o que sempre me empediu de crescer de verdade; o fato de eu tentar ser perfeita o tempo todo e em tudo, ser a melhor, a bem mais aceita, me esforçando para conseguir coisas que deveriam acontecer naturalmente. E no final eu não fui nem boa o suficiente em nada. Eu não era ninguém para julgar Klaus e sua família.


Chegamos à saída e fiz um sinal mal humorado para que Caroline chegasse mais perto e ficasse sob a periferia da minha visão, pois ela, distraidamente, havia se afastado um pouco. Ela me fez cara feia, mas obedeceu prontamente, para o meu gosto. A floresta estava fantasmagoricamente um breu e silenciosa, seus únicos sons provenientes eram dos animais e do vento que zumbia e balançava as árvores. Enquanto pegava o caminho, rapidamente passei os olhos no ambiente a fim de evitar surpresas. Caroline fez o mesmo e concordamos só com uma troca de olhares que era seguro seguir em frente. Eu havia deixado o carro mais próximo à beira da estrada, numa estratégia de escape rápido se fosse necessário. Levamos mais tempo do que eu gostaría para encontrá-lo. Abri uma das portas traseiras e coloquei Rebekah deitada no banco de trás. Ela não mexeu um dedo, provavelmente super apagada pela quantidade alta de verbena. Bati a porta com força e raiva com o meu pensamento e falei para Caroline:


– Entra no carro - Ordenei irritado e sem cerimônias e fiquei feliz ao vê-la cooperar imediatamente, porque Caroline era sempre do contra. Ela correu até o banco do carona ao meu lado.


– Só para constar, não precisa falar comigo nesse tom - Rebati implicante, sabendo que isso não tinha a menor importância no momento, mas era bom ele já ficar ciente.


– Não estou usando nenhum tom que fuja do normal - Menti. Eu sabia que não estava no meu melhor humor no momento.


– Ah é, esqueci que você se pronuncia assim normalmente. Falando entredentes com grosseria - Falei com ironia e ele nada respondeu, só inspirou fundo tentando ganhar paciência. Apenas pegou o seu celular e discou para alguém, certamente Elijah. Eu cruzei os braços e esperei ansiosamente que atendessem logo.


– Onde você está, Elijah? - Eu perguntei impaciente.


– A caminho. Rebekah está segura? - Meu irmão falou no seu tom calmo costumeiro e chato.


– Sim, ela está aqui comigo no carro - Claro que eu omiti a presença de Caroline - Me encontre na saída da cidade, na fronteira da ponte.


– Ok - Ele concordou e eu desliguei. Pisei mais fundo no acelerador e me concentrei em Kol.


– Klaus, peça pra ele levar uma bolsa de sangue pra ela.


– Ela pode se virar na estrada, love, o que não vai faltar é fonte de alimento.


– Seriously?! - Ela me olhou indignada e respirei fundo em consternação. Disquei de novo para Elijah.


– Sim? - Meu irmão disse - Nada demais. Apenas leve sangue para Rebekah - E desliguei novamente - Vou te deixar em casa primeiro, Caroline. Não é uma boa ideia você vir comigo. Não sei o que Mikael está tramando. Você pode parar num treta colossal.


- Já estou aqui com você, sem retorno. A não ser que você tenha coragem de me jogar para fora do carro - Ele soltou uma risadinha abafada, balançando a cabeça.


- Você é teimosa de doer. Eu gosto - Olhei pra ela, sentindo meu rosto esquentar quando ela sorriu.


– Esse armazém é fora de Mystic Falls? - Ela perguntou surpresa e inquieta.


–Sim, por quê? - E eu respondi curioso pela sua reação.


– Nada, só... - Comecei a me preocupar em ficar tanto tempo longe da minha mãe diante das circunstâncias em que estávamos. Peguei o celular e chamei por Stefan. Ele atendeu na primeira chamada.


– Hey, onde você se meteu, Caroline? Saiu daqui que nem um vulto - Ele perguntou alarmado - Você não pode fazer isso. Tem que nos avisar e..


– É uma longa história, mas eu estou bem. Só liguei para te pedir um favor, para tomar conta da minha mãe. Devo demorar mais um pouco - Eu falei roendo as unhas da outra mão.


– Tudo bem, mas onde você está agora? - Ele falou preocupado - Está misteriosa. Não é o melhor momento para planinhos secretos. Temos que nos dar cobertura.


Como era chato e insistente esse Rippah. Agora eu fingia não notar, mas estava totalmente ligado na conversa desses dois.


– Não muito longe. Logo estarei em casa, eu prometo. Era só isso. Resolvendo algumas questões pessoais. Você pode fazer isso por mim, certo? - Não esperei ele responder - Depois te ligo - Levei o dedo à tecla de desligar não sem antes tê-lo ouvido falar "Mas, Caroline... ". Joguei o telefone no bolso da minha jaqueta preta e olhei pelo espelho retrovisor. Rebekah estava tão quieta que parecia uma pedra. E o rosto de Klaus estava impassível. Eu não saberia dizer o que ele estaria pensando, pois mais uma vez ele se escondia dentro de si próprio.


– É muito longe daqui? Demora muito para chegar? - Eu perguntei com impaciência.


– Não muito. É em Richmond. Duas horas daqui. E para você, que não é muito boa em matemática e nem em ler mapas, essa cidade ainda fica na Virgínia - Falei com sarcasmo, num tom zombeteiro. Ela me reservou seu típico olhar de incredulidade.


- Eu não tinha terminado. Você não me deixou.


- Mas, no final, eu achei o local do massacre.


- Só a metade dele. O resto fui eu - Sorri, mas logo em seguida me contive. Lembrar do assassinato em massa que cometi naquela noite não era nada bem vindo. Resolvi voltar ao assunto da breve viagem – Nunca estive lá, em Richmond. Bem, nunca saí de Mystic Falls - Respondi amuada. Nunca ter conhecido outros lugares era uma tristeza.


– Bem, cumprindo a minha promessa de te levar para conhecer o mundo, vamos dizer, então, que ela começa hoje, em Richmond - Eu falei com um sorrisinho arteiro e animado. Ela apenas balançou a cabeça, mas estava sorrindo - É uma coisa nossa.


– Talvez esse seja o único lugar que eu vá conhecer. Não sabemos o que vai acontecer amanhã - Falei tristonha e desanimada. Jogando meu olhar pela janela, para fora do carro.


– Não diga isso. Vamos conseguir. Olhe para mim, Caroline - Ordenei sério e ela obedeceu com um certa resistência - Eu prometo que não vou deixar você partir, entendeu? Farei o que estiver no meu poder para você voltar de vez. E sabemos que eu posso fazer muita coisa - Sem pensar, num reflexo estendi a mão direita e toquei no seu queixo. Para a minha surpresa ela não desviou do meu toque e ficou me encarando, com a expressão misteriosa. Não saber o que ela estava pensando me deixava agoniado, mas eu jamais invadiria sua mente sem a sua permissão. Decidi ser mais ousado e alisei a sua bochecha bem de leve, quase não tocando a sua pele, e ela continuava estacada no mesmo lugar, sem rejeitar a minha mão e me maravilhei com isso. Abaixei os olhos mirando seus lábios. Era difícil controlar o desejo. Quantas vezes imaginei estar mais perto dela, sentindo sua pele na minha. Aqueles olhos azuis presos aos meus dificultava a minha tentativa árdua de controlar a vontade de mexer no seu cabelo macio e brilhante.


Isso era muito novo para mim. Tudo bem que no dia da minha "morte" eu deixei que ele me tocasse e, pior, dormisse comigo na cama. Céus. Mas, eu estava frágil, sem energia até mesmo para rejeitá-lo. Mas, será que isso era totalmente verdade ou eu queria aquele toque, aquele nível de intimidade? Eu já sabia a resposta cheguei nela pouco tempo atrás, naquele dia no quarto dele, enquanto minha mãe descansava em seu leito pós experiência de quase morte. A questão era que eu não sabia bem como agir em relação a ele. E o cadáver de Tyler não havia nem esfriado ainda e até onde eu me lembro, eu ainda o amava até o momento em que nos falamos pelo celular. Mas, e depois? O amor não acaba assim do nada, acaba? Não, não acaba, mas esfria. Principalmente quando você não é a prioridade do seu namorado e já está atraída por outro. E eu sempre estive por Klaus. Só não queria enxergar ou admitir. Mas, comigo mesma esse problema já estava resolvido. E ele piorava muito as coisas para o meu lado com esse jeito atencioso. Me fazia baixar a guarda totalmente. Ele me olhava com intensidade e brilho naqueles olhos verdes e num pensamento insano eu olhei para os seus lábios vermelhos, que esboçavam um sorrisinho de canto sexy, e senti vontade de mordê-los com força. Nossa ligação foi interrompida pelo seu telefone que tocava. Ele atendeu emburrado e de cara fechada.


– Já estou na saída da ponte - Falou Elijah.


– Também estou perto. Vou chegar em minutos - Ele desligou e me olhou sorrindo - Obrigada por estar aqui comigo.


– Bem, você esteve comigo quando eu "morri" - Eu simplesmente disse - Ingratidão nunca foi um defeito meu.


– Então, você está aqui apenas para pagar o favor? - Ele me perguntou com o rosto nublado. Nossa, como ele era paranóico e inseguro.


– Claro que não, Klaus! - Eu respondi irritada pelo comentário infeliz dele - Que idéia absurda. Você sabe muito bem que não é verdade. Eu não estaria metendo a louca em outra cidade apenas em busca de aventuras para pagar um favor - Ele nada respondeu, mas não melhorou de cara. Eu bufei e cruzei os braços emburrada. Será que ele sabia mesmo? Eu não fazia ou dizia nada para fazê-lo acreditar - Estou curiosa pra saber o que você faz quando não está arrumando briga com os integrantes de Mystica Falls.


Ele me olhou surpreso e ia me responder quando acenei para ele olhar para frente, pois aparentemente ja tínhamos alcançado Elijah.


Chegamos ao fim da ponte e o Audi A8 preto do meu irmão estava estacionado na encosta da estrada, bem na descida da ponte de Wickery. Eu também estacionei e saí para cumprimentá-lo, explicar melhor o que estava acontecendo, e mandei Caroline ficar no carro. Mas, é claro que ela não obedeceu. Enquanto ela se colocava ao meu lado, eu percebi a cara de surpresa de Elijah. Sem nem ao menos tentar disfarçar, ele sorriu amigavelmente enquanto alternava seu olhar entre Caroline e eu. Eu revirei os olhos por esse gesto estúpido e infantil dele e o ignorei.


– Boa noite, Caroline. Que surpresa agradável - Eu acenei e correspondi ao seu comprimento. Eu já gostava bastante dele, mesmo com esse seu jeito pegajoso de ser - Rebekah está com vocês, certo?


– Eu já disse a você, brother, que ela está no carro - Respondi com aspereza e impaciência - Vamos logo pegar o Kol.


– E por que ela não está aqui falando comigo, Niklaus? - Ele cruzou os braços calmamente olhando para o carro e isso me irritou - O que você fez com ela?


– Mas, que merda, Elijah! - Falei alterado - Nosso irmão está preso e você fica querendo conversar. Eu não fiz nada, nosso pai apagou Rebekah - Soltei o verbo e dei as costas voltando para o meu carro.


– Não é o que estou fazendo. E também quero entender que lugar é esse de que você me falou - Ele disse me seguindo - Um suposto local onde você, lunaticamente, escondia os nossos corpos. Nunca soube o que fazia com a gente quando estávamos dormindo. Pensando bem, agora estou intrigado. Pensei que nos levasse com você sempre que se mudava.


– Depois falamos sobre isso. Nós vamos para Richmond agora - Meu tom de voz expressava significativamente que o assunto estava encerrado. Falar sobre meu comportamento psicopata na frente de Caroline não me ajudaria em nada com ela. Era no mínimo para Elijah saber disso e cooperar comigo.


Klaus era genioso demais. A paciência de Elijah com ele era admirável; merecia um prêmio. Até eu estava curiosa para saber mais sobre esse local e o que mais havia nele. Bem, eu descobriria em algumas horas mais um pedaço da vida escura de Klaus. Enfiar os irmãos dentro de caixões num lugar escondido e sombrio era exatamente o tipo de coisa que se espera do Conde Drácula.


– Me deixe apenas dar uma olhada em Rebekah - Elijah disse e foi até o carro de Klaus, abrindo uma das portas de trás. Seu olhar perdurou alguns segundos sobre ela, varrendo a sua extensão, provavelmente em busca de confirmar que ela estava realmente bem e inteira. Klaus o observava serenamente e eu percebi que estavam compartilhando um momento de família, me fazendo sentir uma intrusa. O que me fez pensar; o que eu realmente estava fazendo ali? Dois Originais não precisam da minha ajuda. Mas, não era da força física de que Klaus precisava, era de apoio moral. E eu queria dar isso a ele, especialmente depois do ataque psicológico que ele recebeu do "pai". Nunca soube de nenhum amigo com que ele pudesse contar; sempre sozinho, afundado na paranoia. Seria uma diferença e tanto se ele pudesse sentir que há pessoas fora da sua família que se importam com ele. Até que, por fim, Elijah fechou a porta e voltou para o seu carro, no caminho colocou a sua mão rapidamente sobre meu ombro e apertou com carinho, me entregando a bolsa de sangue. Ele deve ter concluído que quem pediu fui eu. Sorri com ternura e fui com Klaus novamente.


O caminho até a outra cidade foi agradável para mim e silencioso. Klaus estava quieto e concentrado. Pelo retrovisor dava para ver o carro de Elijah nos seguindo. Se não fosse pela nuvem da morte constantemente pairada sobre as nossas cabeças, eu poderia realmente apreciar a viagem. Olhei para trás para dar uma olhada em Rebekah e ela continuava feito pedra. A dose de verbena deve ter sido braba, a ponto de derrubar dessa forma um Original. Quando chegamos à fronteira de Richmond já era de madrugada. levamos mais uns 20 minutos para chegarmos ao centro. Eu olhava cada canto com bastante curiosidade. Mesmo estando noite, era possível ter um vislumbre da paisagem. A cidade era grande e toda iluminada, com inumerosos prédios altos e ruas largas. Passamos pela região central que era o extremo oposto de Mystic Falls. Estava mais para aquelas grandes metrópoles famosas que apareciam na televisão. Em outras circunstâncias eu iria adorar explorar o local. Estar ali me fez perceber o quão fim de mundo era a cidade onde eu morava, cuja única especialidade era o tema sobrenatural que, diga-se de passagem, não era um atrativo muito charmoso. Me senti a mais pobre de espírito vendo o quão acomodada eu estava nessa vida sem graça e percebi o quanto a minha vida era pequena.


Pegamos uma ponte extensa e larga, que sobrevoava, ao que parecia, uma grande baía de água negra. Nela continham placas de sinalização de rodovia e uma escrita "Ponte Manchester". Eu admirei deslumbrada a vista panorâmica que aquela travessia proporcionava da cidade.


– Gostou? - Klaus me pegou de surpresa me fazendo sobressaltar num pequeno susto. Eu o olhei e ele sorria genuinamente. Eu acenei em afirmativa bastante animada - Podemos fazer outras viagens depois. Viagens de verdade, sabe. Uma escapada de inverno, talvez - Ele sorria de canto. Parecia genuinamente relaxado ao falar disso, como se fosse natural planejarmos nossas férias. Lembrei do dia do baile da sua família, onde ele me fez essa proposta aleatória. Convidar para viajar uma moça com quem estava flertando bem na frente do namorado parecia um tanto fantasioso e forçado. Mas, no fundo eu gostei da atenção e da ideia. Talvez um dia. Não respondi, mas sorri de canto enquanto olhava pra ele e então ficamos presos um no outro por alguns segundos.


Nesse meio tempo ouvimos tosses vindo do banco traseiro. Ao que parecia Rebekah estava voltando. Eu inclinei meu corpo para trás a fim de ajudá-la. Ela estava bem atordoada e com a aparência desgrenhada.


– Onde estamos? Caroline? - Ela falava apertando com força as mãos contra cabeça enquanto dividia a sua atenção entre a paisagem externa e sua surpresa ao me ver.


– Sistah, você está bem? - Finalmente ela voltava do mundo dos sonhos - Já estava pensando que você tinha entrado em coma - Eu a olhei pelo retrovisor e minha pobre Rebekah não estava no seu melhor dia. A sua cara estava amassada e mais inchada e feia do que de costume.


– Sim, sim - Ela respondeu sem muita paciência - Quero saber onde estamos e o que ela faz aqui também.


– Mikael também prendeu Kol - Eu falei pra ela, ignorando o seu tom áspero contra mim em "ela". Não era segredo para ninguém que Rebekah e eu não éramos as melhores amigas. Mas, não precisava ser grossa sempre que me visse - Estamos indo buscá-lo.


– Nós? - Ela falou incrédula enquanto se sentava - E você se importa pois...?


– Pois algumas pessoas são naturalmente capazes de se importarem com as outras sem esperarem por nada em troca. Apenas apreciam o calorzinho no coração ao ajudar alguém que precisa - Respondi já de saco cheio. Sua expressão mudou de arrogante para envergonhada. Resolvi ignorar. Peguei o sangue e a entreguei com petulância. Ela me agradeceu, sorrindo um pouco errante.


Caroline era um verdadeiro anjo. Só ela conseguia nos aturar. Eu tinha que admitir que essa tarefa não era fácil. Minha irmã era um pé no saco quando decidia ser. Talvez fosse a mais chata da minha família. A questão era que comigo sua recompensa era uma viagem para o mundo dos caixões, sem aviso prévio ou previsão de volta. Só os outros davam confianças e arregavam para o gênio forte de Rebekah.


Saímos da ponte e pegamos uma direção mais escondida na cidade. Claro que eu não teria deixado os meus caixões bem no centro, com placas de sinalização. A paisagem daqui já era um pouco diferente daqueles prédios altos, era tudo mais calmo, um subúrbio com ruas repletas de arvoredos e casas de famílias comuns. Seguimos mais em frente por um bom tempo até chegarmos ao fim de um conjunto de blocos de depósitos alugados, geralmente usados por comerciantes a guardar suas mercadorias. Saímos do carro e Elijah se juntou a nós. Ele abraçou Rebekah, e os dois nos seguiram silenciosamente. Estava tudo muito escuro e eu estava com meus sentidos aprimorados, a espera de alguma armadilha daquele filho da puta. Entrei naquele que seria o bloco 12 e os outros me acompanharam. Dentro havia dezenas de depósitos em dimensões médias e vários corredores interligados com mais outras dezenas desses depósitos. Se Kol não nos ajudasse, a procura seria longa.


– Vamos nos dividir - Sugeriu Elijah. Acenamos em concordância e eu já estava pegando um corredor quando Klaus me segurou pelo braço. Seriously, de novo?


– Você vem comigo - Ele disse sério.


– Separados é mais rápido - Argumentei com petulância.


– Separados é mais rápido de você morrer, é verdade - Eu retruquei com acidez. Tonta mesmo.


– Eu já estou morta - Respondi no mesmo tom. Ele me ignorou. Silêncio mortal - E Mikael está a solta, vocês também estão ferrados de qualquer jeito - Ele continuou fingindo que eu não estava falando - Você pode soltar o meu braço, por favor? - Falei entre dentes. Ele nada disse, mas o fez.


– Vamos primeiro ao que eu costumava usar - Ele sussurrou, com a voz carregada de raiva. Caminhamos por algum tempo, pegando corredor após corredor. Eu me perguntava por que ele não usava a velocidade vampírica, agilizaria nossa vida. O local era um verdadeiro labirinto. Finalmente ele parou diante de um dos armazéns, indistintamente aos outros, com a mesma porta prateada com abertura vertical de carretilhas. Acendemos nossos celulares em busca de alguma luz extra e ele discou a senha na tranca eletrônica e a abriu. Nada. Totalmente vazio. Eu olhei cada detalhe daquele lugar e parecia um simples depósito. Mas, não era. Klaus bateu com violência a mão contra a porta fazendo barulho de metal triturado e virou para o corredor com raiva. Ele não podia esperar que seria tão fácil, né? Ele trancou novamente a porta e seguiu em frente nos corredores.


– Aonde vamos agora? - Perguntei a ele.


– Não sei, Caroline - Ele respondeu entre dentes, parando de supetão e olhando vagamente ao redor. Ele estava perdido - Se eu soubesse, não estávamos dando volta.


Como Mikael poderia ter trancado alguém ali naqueles armazéns se todos eles possuíam senha? E não havia nada que pudesse manter um Original ali dentro, nada. Tinha alguma coisa estranha e eu não estava gostando nada disso. Apenas sequestrar um dos filhos e escondê-lo à quilômetros de distância parecia ser uma brincadeira muito leve e amadora se tratando de Mikael.


– O que te faz acreditar que ele estava dizendo a verdade? - Perguntei pra ele.


– Rebekah estava onde ele disse - Respondi, mas ela tinha um ponto. Ele poderia estar blefando e eu acreditei sem nem ao menos avaliar a situação. Quando se tratava de Mikael eu estava quase sempre um passo atrás. Guiado pelo desespero de encontrar meus irmãos feridos ou mortos, nem ao menos cogitei a possibilidade de ser um blefe. Peguei meu celular e disquei para Elijah. Ele atendeu no primeiro toque.


– Nada ainda? - Falei prendendo a respiração, na expectativa da reposta.


– Absolutamente nada - Ele disse.


– Vou dar uma volta e vasculhar os cantos. Se não o encontrar, esteja em uma hora na saída. Mikael pode estar nos enganando outra vez - Falei enquanto voltava a andar e Caroline me seguia.


– O que você acha que poderia ser, ele te atraindo até aqui? Matar você não é. Ele não tem a estaca especial, ou tem? - Ele balançou a cabeça que não - A não ser que ele tenha achado outra forma de matar vocês - Falei olhando para ele, enquanto maniacamente ele voltava a segurar meu braço.


– Não faço ideia. Mas seria uma jogada perfeita, eu não estou sozinho. Ele sabia que os outros viriam. E de brinde você está aqui também - Ele terminou com acidez na voz, com desprezo. Nada disse diante desse comentário. Éramos dois imbecis jogando o jogo que nos impuseram.


Continuamos a investigar vários corredores e não havia uma sombra alheia. Eu já nem sabia mais a direção da saída, se eu estivesse sozinha, estaria perdida. Klaus estava concentrado em cada poeira e mantinha sua mão firme ao redor do meu braço, que por sinal já estava ficando dolorido. Eu ia me soltar dele quando uma luz estranha, que parecia de chamas de fogo, vinha do final corredor à direita, e projetava uma sombra fantasmagórica. Ele começou a andar devagar em sua direção, com máxima cautela e apertando mais do que nunca o meu braço. Meu coração acelerou batendo estrondosamente contra o meu peito e eu sabia que nada de bom viria dali. Eu queria tirar Klaus e seus irmãos daquele lugar o mais rápido possível. Comecei a ofegar e ele pôs o dedo indicador sobre os lábios, indicando que eu fizesse menos barulho.


Meus instintos me diziam que estávamos mais uma vez presos numa armadilha. E o pior é que Caroline estava comigo. Eu não poderia dar meia volta e abandonar Kol, mesmo não tendo certeza de que ele estava realmente no depósito. E se eu tentasse avisar Elijah, perderia a vantagem da surpresa e nos entregaria. Eu estava sem saída. A única alternativa era ver o que estava acontecendo, mas isso implicaria colocar Caroline em perigo. Meus músculos enrijeceram com esse pensamento e eu me virei para ela. Tentei argumentar numa conversa silenciosa de gestos para que ela fosse embora. Claro que a teimosa negava petulantemente com a cabeça, formatando em seus lábios rosados num "não" bem irritante. Minha vontade era de arremessá-la para fora dali, mas estávamos muito longe da saída. Num ato impulsivo eu a puxei pelo braço e a encostei na parede, pressionando meu corpo contra o dela. Olhei bem dentro de seus olhos azuis, enquanto alisava seus cabelos loiros e macios, suplicando em silêncio para que ela me atendesse. Ela continuava relutante. Eu ordenava e reordenava que ela se mandasse dali, mas ela não aceitava. Nossas respirações ficaram ofegantes e se misturaram devido a nossa aproximação e eu quis beijá-la. Ter aquela boca tão perto de mim era demais. Me aproximei mais e ela não se afastou. Lambi os lábios com antecipação e resmunguei. Era um absurdo eu sentir tesão no meio de uma situação caótica e perigosa, mas não pude evitar. O corpo quente e cheiroso dele roçando no meu me tirava do sério. Mas não poderíamos perder o foco. Totalmente irritado, eu me afastei dela com muita dificuldade e a puxei novamente pelo braço. Se ela não iria embora, iria ficar grudada em mim.


Klaus era muito possessivo. Louco, para ser mais exata. Não havia nada que a família lunática dele pudesse fazer contra mim. Eu estava morta, por Deus. Ele continuava a me mandar embora, obviamente para me proteger, como se eu fosse de porcelana. Babaca. Eu gesticulei trocentos não's para ele, mas aparentemente não era o bastante para esse chato e teimoso. De repente ele me jogou na parede, me pegando totalmente de surpresa. Meus músculos tremeram e não estava mais me lembrando do que viemos fazer. Aquele hálito quente e delicioso me fez ficar ofegante. Eu não prestava atenção em mais nada do que ele tentava me informar com os gestos dos seus lábios, apenas focava na sua boca vermelha. Se controla, Caroline! Ele insistia em silêncio que eu deveria partir imediatamente. E minha resposta se mantinha firme; eu não iria embora. Quando ele me soltou minha mente voltou a se clarear e pude me recompor. Uma loucura total eu ficar desse jeito estando onde estávamos. Fazendo o que viemos fazer. Seriously.


Respirei fundo antes de virar o corredor e quando o fiz, sempre mantendo Caroline um passo atrás de mim, me deparei com uma cena bizarra, no mínimo tosca. Todo o resto da minha família se encontrava ali. Esther, com a sua cara de puta mais cínica sorria para mim. Eu a olhei com puro ódio e desprezo e fitei Elijah, Kol e Rebekah, que estavam juntos perto da parede que dava fim ao corredor, fechando o armazém. Aparentemente eu fui o último a chegar para a festa. Eles me olhavam com cautela, me mandando sinais através dos olhares. Sinais de advertência. Eles planejaram essa emboscada contra mim ou foram pegos de surpresa também? A luz vinha de vários lampiões que estavam espalhados no chão. Não entendi o significado disso. Mas, se tratando de Esther, era mais uma de suas merdas de feitiçaria.


– Posso entender que palhaçada de circo está acontecendo aqui? - Falei me aproximando ameaçadoramente dela - Você tem algum problema mental? - Falei entre dentes, puto com ela - Não estou aqui para jogos. O que você quer nos trazendo aqui no meio da noite?


– Por que tanta raiva, Niklaus? - Ela me perguntou com aquele seu típico jeito falso de matriarca. Desgraçada filha da puta.


– Deve ser porque na última vez em que você apareceu, você disse que estava aqui para me perdoar - Falei cuspindo ódio - E no final tentou me matar e ao resto dos meus irmãos - Disse já alterando a minha voz. Eu não iria deixar essa vadia me manipular outra vez.


– Bem, eu confesso que errei ao mentir - Ela falou com deboche - Mas, o que você esperava? Que eu dissesse bem na sua cara que queria eliminar o mal que causei, matando vocês? Esperava que eu confessasse meus planos assassinos?


– Esperava que no mínimo não tentasse nos matar, se tratando de uma mãe. O que eu quero é que você volte para o inferno de onde veio, porque lá é o seu lugar - Eu disse já cara a cara com ela. Ela parou de sorrir e me olhou magoada. Foda-se.


– Eu estava esperando que você se reunisse a nós para que eu dissesse o que vim dizer - Ela acrescentou, dessa vez olhando para os outros. Finn estava ao lado dela, eu pude finalmente me concentrar nesse traidor. Não pensei duas vezes e avancei nele, o jogando contra alguns dos lampiões. Os vidros se quebraram fazendo com que o líquido inflamável se derramasse na sua pele. Eu pude apreciar com muita alegria ele pegar fogo. Comecei a rir sadicamente enquanto ele queimava, uma alusão a ele queimando no inferno quando eu acabasse com ele de vez. Então, a alegria cessou, pois Esther apagou as chamas com um de seus feitiços. Finn já ia avançar em mim quando ela o fez parar com outro feitiço.


– Já chega! Parecem duas crianças. Meu tempo de ficar apartando as briguinhas infantis de vocês já acabou - Ela falou com a voz alterada - Eu estou aqui para fazer uma proposta misericordiosa para vocês, mas não gostaria de testemunhas - Ela disse se virando para Caroline.


Olhei pra ela enrugando a testa. Que abusada. Essa família era totalmente maluca. Uma mãe que quer matar os filhos. Irmão que quer matar irmão. Pai que quer matar os filhos. Filhos que querem matar a mãe. Filhos que querem matar o pai. Minha cabeça girou com os poucos segundos os assistindo juntos. Nem o terapeuta mais incrível do mundo, nem Freud, poderia dar um jeito nessa família. Esther queria que eu saísse. Eu não sairia mesmo. Não agora que o espetáculo estava para começar. Ela queria que eu perdesse a melhor parte? As cenas anteriores foram apenas o prelúdio. Eu cruzei os braços num gesto de desafio, explicitando que eu não iria embora. Ela me encarava sem piscar e isso já estava me incomodando. Mas, eu não iria ceder. Para a minha felicidade, Klaus se pôs novamente ao meu lado e falou:


– Caroline fica - Ele disse com desprezo - Nem sei bem se nós deveríamos ficar. Não tem nada que você possa me dizer que vá me interessar. E você, Kol, participou dessa emboscada ridícula também?


- Que? Eu fui preso pelo nosso pai, seu maluco, naquele depósito fedido que você aluga. A mãe que me salvou, porque você demorou um ano para vir me buscar. Se depender de você, seus irmãos estão fudidos.


- Modos, Kol - Esther o repreendeu – Penso que você pode estar enganado, Niklaus. Muito do que eu disser pode te interessar.


– E eu penso que Niklaus está certo - Elijah falou no seu tom educado - Não tem mais nada para nós aqui. Se você não se importa, nós estamos de saída.


– Insisto que vocês devem ficar - Ela falou já com raiva, pude notar. Ela olhava diretamente para Klaus.


– Você ainda não respondeu o que perguntamos antes dele aparecer - Rebekah falou com essa vadia enquanto eu puxava Caroline para a saída.


– Eu estava esperando Niklaus chegar. Aparentemente o atraso dele está explicado - Ela falou olhando para mim, sorrindo de maneira amigável. Quem não conhecesse poderia facilmente cair em seus encantos. Pensando bem, isso era um dom dessa família, encantar os outros e atraí-los para para trevas. Era o que Klaus estava fazendo comigo. Klaus revirou os olhos e nada falou. Parou de andar e olhou para ela, esperando por uma resposta.


– Mikael não sabe que eu estou aqui com vocês. Porque meus propósitos são diferentes dos dele. Niklaus, não me dê às costas. Eu ordeno que olhe para mim enquanto eu estiver falando - Ela disse com raiva quando ele se virou e me arrastou novamente - Eu sei como resolver o problema sobre o Outro Lado – Ele parou de andar instantaneamente e eu virei o pescoço num estalido forte. Nos entreolhamos preocupados.


– Não brinque comigo, Esther! - Andei até ela depressa, com raiva e a peguei pelo pescoço - Você não vai me manipular. Está tocando nesse assunto para jogar comigo - Disse com o rosto bem próximo ao dela. Ela me olhava com frieza, como se o fato de eu a estar estrangulando não fosse nada.


– Niklaus - Elijah me falou em advertência. Eu a soltei com relutância. Nunca antes em minha vida eu havia tocado nela dessa forma, nem mesmo na hora de sua morte séculos atrás. Mas, me sacanear justamente no tópico mais preocupante pra mim no momento não me fazia ter a mínima cautela.


– O que você quer dizer com isso? - Kol perguntou sério.


– Exatamente o que você ouviu - Ela falou sorrindo. Eu não sabia se acreditava nela. Talvez eu pudesse ficar, era uma esperança. Mas, ela era uma traidora. Não sei se eles deviam confiar nela dessa vez. E conhecendo Klaus, eu sabia que ele não o faria em hipótese alguma.


– Você deve achar que somos estúpidos, só pode - Rebekah falou com tom de deboche.


– Ela diz a verdade - Finn abriu a boca maldita.


– Vão me deixar falar sim ou não? - Ela disse olhando para cada um de nós, até mesmo para mim que não era filha dela, já sem saco para a pirraça dos filhos.


– Como você soube que estaríamos aqui à procura de Kol? - Eu perguntei para essa onça ardilosa.


– Niklaus, Finn percebeu que estava ajudando a pessoa errada - Ela respondeu - Ele não sabia que Mikael iria ferir seus irmãos. Não era seu desejo. Ele apenas acredita que você quem deve morrer, não os outros - Bufei incrédula. Ela falou isso na cara dura para Klaus? - Então, ele me procurou, num tentativa de cuidar dos irmãos.


– Nos ferir ele não queria. Mas, nos entregar para você, para a morte ,naquela vez, ele queria? E que tocante, só um irmão deve morrer. Quanta generosidade - Falei com desprezo para esses dois - Vocês se merecem. Já gastei muito do meu tempo com você.


– Por favor, fiquem vocês. Só quero que me perdoem e escutem - Ela nos suplicou.


– Você nos traiu todas às vezes que te demos uma chance. Por que agora vai ser diferente? - Rebekah respondeu com mágoa na voz.


– Não é como se Niklaus tivesse me permitido muitas chances - Ela respondeu em retorno.


– Ah, pare de se fazer de vítima, mãe - Proferiu Elijah - Seu caminho foi construído por você mesma.


– Exatamente - Ela disse - Eu paguei as consequências pelos meus erros e voltei para me redimir. Pelo menos tentar.


– E você espera que acreditemos nessa ladainha? - Kol falou com deboche, cruzando os braços.


– Num primeiro momento eu sei que não acreditarão. Mas, com o tempo vocês verão que digo a verdade.


– Eu confio em você tanto quanto confio numa cobra encarcerada. Suas palavras não valem nada para mim - Respondi para a minha mãe com ódio escaldante.


– Não me orgulho do que eu fiz. Eu fiz acreditando que era o certo a se fazer - Ela respondeu com lágrimas nos olhos. Lágrimas de crocodilo - E mesmo que você me despreze por isso, eu fiz pensando unicamente no bem de todos vocês. Porque vocês são meus filhos e eu sempre vou amar e proteger vocês. Mesmo que para isso tenha que protegê-los de vocês mesmos.


– Que tocante - Respondi com ironia.


– É muito fácil chegar agora e falar sobre o amor materno - Rebekah falou com os dentes cerrados de raiva - Depois de tudo o que você nos fez passar com a desculpa de estar nos salvando. Mas, só o que você fez foi nos destruir. Destruir a nossa família. Você não percebe isso?


– Mikael quer destruir a nossa família. Eu não estou aqui para isso - Esther falou.


– Ele sempre deixou claro a sua falta de compaixão por nós, mas não nos transformou no que você afirma ser a maldição do universo - Kol respondeu muito sério e irritado.


– Ele ajudou, se eu me recordo bem. Ele me obrigou - Ela ironizou - Foi ele quem arrancou o coração de Tátia - Aquelas palavras me feriram. Lembrar do que ela havia feito com Tátia, mulher por quem Elijah e eu um dia dividimos afeto, era cortante. Eu pude notar uma sombra escura passar pelo rosto do meu irmão mais velho - Estou aqui para me unir a vocês contra ele. E quando vocês perceberem a honestidade das minhas palavras, o meu verdadeiro propósito, eu sei que vocês irão me perdoar.


Tátia? Ouvi sobre ela quando Katherine e Klaus chegaram na cidade, mas me pareceu historinha inventada. Será mesmo que algum dia Klaus havia amado alguém? Eu pude sentir a tensão no seu corpo. Aquele nome significava algo para ele. Ou significava algo de muito importante para alguém daquela família. Um dia escutei, muito superficialmente, a história que envolvia a outra Doppelganger de Elena. Mas, me pareceu tão absurdo os dois irmãos Originais querendo a cópia, que nem Stefan e Damon, que resolvi ignorar tudo o que ouvi. Mas, agora tinha despertado meu interesse de verdade.


– E o que você espera que vai acontecer depois? - Falei para ela novamente me aproximando ameaçadoramente - Que viraremos uma família grande e feliz? - Disse bem próximo a ela - Eu irei destruir você na primeira oportunidade que eu tiver.


– Você não fará isso - Ela falou com segurança e me desafiando - Porque eu sei as respostas para as suas preces e sem mim você não tem a menor chance de conseguir o que quer - Ela me deu um sorriso irônico e olhou para Caroline.


– E quais são? - Perguntou Elijah - No mínimo você tem que nos dar alguma coisa primeiro para que acreditemos em você.


– Então, isso significa que vocês irão pelo menos me ouvir? - Ela perguntou olhando para cada um de nós até parar seu olhar sobre mim. Relutantemente eu não saí daquele lugar. Eu não estava disposto a ouvir nenhuma palavra sequer dessa boca venenosa e maldita. Mas, eu estava sem muitas escolhas quando se tratava do Outro Lado. Caroline estava estranhamente muito calada. Ela apenas olhava a cena e nada respondia. Eu me aproximei dela e segurei a sua mão. Ela me olhou séria e eu fiz sinal de que tudo ficaria bem. Mesmo numa tensão daquelas, ela parecia tranquila e estar digerindo aquilo melhor do que eu. Mas, isso não foi o bastante para me acalmar, para diminuir meus medos. Realmente envolvê-la naquilo tudo me incomodava bastante. Principalmente pelo fato dela ficar sabendo mais ainda sobre a minha escuridão e se aprofundar nas vergonhas e nas mágoas da minha família. Eu não queria isso para ela. Vê-la conhecer os meus segredos sujos e da minha família poderia afastá-la de mim para sempre e isso era o que eu menos queria. Mas, agora estávamos afundados na lama até o pescoço, pois eu concordei imprudentemente deixá-la me acompanhar numa viagem que certamente terminaria em tragédia. Meu desespero em tê-lá perto de mim me fazia não raciocinar direito. Mas, agora o que me restava era prosseguir. Inspirando profundamente para ganhar fôlego, encarei minha querida mãe.


– Muito bem - Eu disse - Pode começar com a sua enrolação. Estou ansioso para ouvir - Respondi com ironia.


– Acredito que também vá te interessar bastante, minha querida - Esther se dirigiu a mim novamente, me pegando de surpresa - Até onde pude saber você morreu envenenada por lobisomens e está aqui somente enquanto o destino for bom com você e lhe permitir.


– Você pode colocar dessa forma, se quiser - Respondi sorrindo com falsidade.


– Então, todos têm mais um motivo para ficarem.


– Ainda penso que você não é confiável - Não sei de onde veio essa coragem de falar isso, mas não pude segurar - Não com esse histórico que você tem. Mas , fazer o que, não estou podendo escolher muito. Já estou aqui no meio do nada e de um monte de vela enfeitiçada, no fundo de um armazém empoeirado. Vou ter que te ouvir - Klaus riu da cara da mãe. Era ótimo fazê-lo sorrir.


– Minha querida - Ela me respondeu buscando controle - Minha família vaga por esta terra muito antes de você nascer. Nossa história não se resume apenas aos eventos recentes, aqueles únicos que você pôde presenciar. Nosso percurso vai muito além do que você consegue enxergar.


– Verdade. Ela não pôde apreciar os eventos passados, mas nós sim - Respondi para essa víbora, apertando firme a mão de Caroline - E por experiência muita mais sólida e fundada, eu reafirmo que você é uma vadia nada confiável - Ela me olhou sentida e atacou de volta.


– Eu ainda sou a sua mãe, Niklaus. Tenha respeito. E não precisa se enraivecer. Só estou lembrando um fato.


- Ela não tem nada a ver com essa merda toda que você está falando - Esther levantou as sobrancelhas.


- Vejo que meu filho não perde um segundo para te defender - A filha da puta me envergonhou ao me rebaixar dessa forma. Ela falava olhando firmemente para Caroline - Pude observar muito bem Niklaus nos últimos meses e nunca conheci alguém que tenha conseguido testá-lo dessa forma. Eu espero que isso seja para o bem e para abrir a sua mente e não para cegá-lo.


– Já chega! - Eu dei um grito sem paciência alguma, desesperado para ela parar de me humilhar dessa forma - Vá direto ao assunto ou irei embora, não estou com humor para aturar você nem mais um segundo - Esther me fez sentir um completo idiota e vulnerável por causa de uma mulher. Elijah engolia cada uma daquelas palavras e me olhava sem nem ao menos piscar. Eu quis sair dali, fugir correndo.


– Então, como eu disse, trago notícias sobre os eventos do Outro Lado - Ela nos olhou com firmeza e continuou - Enquanto estive vagando por lá, descobri muitas coisas. Quando o véu caiu, imediatamente tentei me comunicar com vocês, mas Mikael estava sempre um passo a frente. Eu não queria que ele me descobrisse, então me mantive quieta até hoje.


– E o que você descobriu? - Kol perguntou.


– Só existem duas maneiras de consertar esse problema.


Eu prendi a respiração em expectativa. Acho que todos fizeram a mesma coisa. Talvez eu tivesse uma chance de viver e ficar aqui nesse lado. Klaus apertou fortemente a minha mão e em reflexo eu me encostei nele, buscando proteção no conforto da sua presença.


– A primeira é, muito obviamente, fechando a barreira. Mas, isso significaria mandar Kol e Caroline embora. E eu sei que nenhum de vocês quer isso. A segunda é destruindo a barreira de uma vez por todas. Todos os mortos sobrenaturais voltarão à viva de verdade. Mas, todos os seus inimigos também estarão de volta.


– E você acha que já não sabemos de nada disso? - Eu falei com raiva para ela. Estava me fazendo perder tempo. Um tempo que eu poderia estar usando com verdadeira utilidade.


– Algo me diz que tem mais por trás dessa história - Disse Elijah - Prossiga, por favor.


– A grande questão é que só a bruxa Qetsiyah ou a sua linhagem podem realizar o feitiço nos dois casos, pois no primeiro a bruxa Bennet não pode mais, suas ancestrais lhe tiraram os poderes. E no segundo porque foi ela quem criou o feitiço e a existência do Outro Lado. Só a bruxa que criou o feitiço pode desfazê-lo.


– Também já sabemos disso - Respondeu Rebekah sem paciência - Quero ver quando você vai chegar no que interessa - Esther olhou para ela com benevolência e prosseguiu.


– O que interessa é que Qetsiyah não possui interesse algum em destruir o Outro Lado, isso acabaria com o plano de vingança dela contra Silas e destruir a barreira é a única chance que vocês têm. Pois, ainda que seus inimigos também retornem à vida, eles estarão suscetíveis à morte. Pois uma vez a barreira destruída, não haverá um Outro Lado nunca mais, ele deixará de existir e todo sobrenatural que morrer partirá para sempre. Sendo assim não haverá risco de retorno ou vingança - Ela respirou fundo e continuou - Ela planeja recolocar a barreira imediatamente e prender Silas mais uma vez. Mas, dessa vez seu plano possui uma pequena mudança. Quando ela trancafiou Silas, ela esperava que ele tomasse a cura, voltasse à ser bruxo e, ao tentar se matar, ele morreria como bruxo e ficaria preso do Outro Lado com ela para sempre. Mas, de certa forma, ela deixou a decisão nas mãos dele. Ela esperava que ele tomasse a cura, ela contava com isso, mas ele não o fez. Dessa vez, para garantir e detonar com ele de uma vez por todas, ela vai forçá-lo a tomar a cura e matá-lo. E ao fazer isso ela fechará a barreira para sempre. Ela está nesse exato momento trabalhando no seu plano. Em poucas horas ela vai fechar a passagem. Vocês têm no máximo só mais um dia para achar a descendente de Qetsiyah. Esse é o plano dela, embora eu não tenha descoberto como ela vai fazer para cumprir certas etapas do processo, pois precisa de três elementos essenciais.


Eu ouvia aquelas palavras horrorizado. Se fosse verdade o que essa desgraçada falava meus piores medos se confirmariam. Caroline e Kol estariam mortos de verdade, para sempre. Destruir a barreira seria nos proporcionar um inferno, mas realmente era a nossa única opção. Tínhamos que agir rápido. A nossa vantagem era a Cura, que ainda estava conosco. Ela deveria ser guardada com mais segurança do que já estava. Eu não perderia Caroline, essa bruxa maldita não iria consumar seus planos, não se dependesse de mim. Meus irmãos olhavam para ela com espanto e Caroline estava dura feito uma pedra.


– Vocês não acharam estranho Silas não contatar vocês, mesmo ele sabendo da sua posse da Cura? - Ela perguntou em retórica - Pois bem, ele não o fez pois está arquitetando algo para impedi-la ou está se escondendo dela. Deixar a Cura no poder da família Original seria uma ótima estratégia para mantê-la segura enquanto ele está em ação contra Qetsiyah. Especialmente porque ele sabe que o plano de vocês é entregar a Cura para ele.


– E o que exatamente você está sugerindo? Não consigo enxergar uma saída satisfatória - Disse Elijah.


– Não seja ridículo. Não há uma saída satisfatória, Elijah - Eu respondi para o meu irmão idiota - Se o que essa cobra fala é verdade, temos pouco tempo para agir contra Qetsiyah. Porém, o que nos garante que você não está mentindo? - Falei com raiva. Meu humor estava mais escuro que de costume.


– Em breve, muito breve, você verá com seus próprios olhos a guerra chegando e a história se confirmando.


– Você disse que trazia repostas. Só vejo mais problemas - Falou Rebekah.


– Estou aqui para ajuda-los. Vocês podem ser os vampiros mais fortes da Terra, mas ela ainda é a bruxa viva mais poderosa que existe, exceto por mim - Ela nos olhou firmemente - Só eu posso confrontá-la de igual para igual. Eu vou pará-la. Talvez até matá-la. Enquanto isso, vou utilizar todos os meus recursos e todos os meus contatos para descobrir se há como destruir o Outro Lado sem precisar de Qetsiyah ou de seus descendentes perdidos. Ou se é possível manter vivos os que nos interessam, sei lá.


– E o que te leva a fazer isso por nós? - Perguntou Kol totalmente incrédulo.


– Eu sou a mãe de vocês, quero fazer isso por vocês. Já disse, quero me redimir.


– Não me faça rir, me diga seus verdadeiros motivos, Esther - Falei com os dentes cerrados de raiva.


– Não menti sobre querer ajudá-los, mas quero destruir Mikael para sempre.


– Aí está, a traiçoeira falando - Falei rindo sem humor. Maldita - E o que nos garante que você não tentará nos matar depois da destruição da barreira? Me parece um plano perfeito para você. Nos leva a tramar contra Qetsiyah e a destruir o Outro Lado para nos jogar no abismo de vez. Não iremos poder voltar, você vai conseguir nos eliminar para sempre.


– Deixa de ser paranoico, Niklaus - Ela respondeu - Eu quero sim matar Mikael, mas somente ele. Estou pedindo a aliança de vocês.


– Ainda não entendo. Se somente Qetsiyah ou seus ancestrais podem destruir a barreira, não vejo como você se encaixa no feitiço - Falou Elijah.


Minha cabeça girava e doía. Tínhamos uma chance, mas era perigosa demais. Muita coisa poderia dar errado nessa história. Teríamos uma guerra. Eu conseguia ver chegando. Se, numa vitória exorbitante, conseguíssemos vencer Qetsiyah e destruir a barreira, ainda teriam os outros sobrenaturais para lidarmos. Um banho de sangue estava por vir e esse sangue poderia ser o nosso. E depois da morte não teria mais volta. Se alguém que amássemos morresse, seria o fim definitivamente. Tais pensamentos me faziam sentir vontade chorar. Eu não queria uma guerra ou a morte de mais alguém. Se fosse para manter meus amigos e minha família intacta eu não me importaria de ir. A morte chega um dia para todos e a minha havia chegado. Não há como fugir do destino. Meu corpo começou a tremer e não pude mais conter as minhas lágrimas. A essa altura não me importava mais com a presença dos outros. Eu queria que isso acabasse logo. Klaus largou a minha mão e me abraçou fortemente, me agrupando no interior dos seus braços. Eu me senti acolhida e protegida, e por alguns segundos senti como se nada no mundo pudesse me atingir. E que seríamos capazes de passar por mais essa.


– Ficaremos bem, love, eu garanto a você. Apenas confie em mim - Ele sussurrou no meu ouvido e eu automaticamente confiei nele, sem hesitar. Eu não sabia quando exatamente havia cruzado essa linha, mas agora eu confiava plenamente nele - Eu prometi a você não foi? Então, eu vou cumprir, leve o tempo que for - Ele alisava os meus cabelos e eu comecei a naturalmente a relaxar. Eu me afastei um pouco dele, sem vontade alguma de sair do seu abraço, mas queria ouvir o que mais Esther tinha a dizer. Todos olhavam para nós com seriedade e preocupação. Elijah parecia consternado, eu sabia que ele tinha amizade por mim.


– Respondendo a você, Elijah - Ela continuou - Realmente não posso realizar o feitiço, mas posso retardar Qetsiyah, como eu já disse.


– Mas, fazer isso não vai resolver o problema. Só adiá-lo. Dificilmente vamos chegar perto dessa mulher para conseguirmos matá-la - Falou Kol.


- Eu vou matar essa desgraçada - Klaus falou - Esther não tem poder para isso.


– Eu sou a bruxa Original. Vamos medir meus poderes com os dela e ver quem vence.


-  Perdeu a noção? Ela vai te massacrar, mãe. Você quer mesmo competir com a precursora de dois mil anos atrás e que criou o Outro Lado? Tem nem como - Disse Finn, se recostando na parede de cara emburrada.


- Não é possível que não consigam - Falei com a voz meio rouca de choro - São seis Originais contra apenas uma bruxa. Vocês podem pará-la.


- Caroline, é Qetsiyah de quem falamos. Silas pode controlar a nossa mente e ela pode controlar a dele. Ela tem um poder imensurável - Elijah falou pacientemente. Eu suspirei cansada.


- Vamos ver. Eu ainda estou trabalhando nos meus planos. Tentando encontrar algum ancestral e que esteja disposto a quebrar a barreira. Enquanto isso, precisamos de tempo. Vocês não podem deixá-la concluir as etapas. A magia tem suas regras e Qetsiyah precisa segui-las.


– Que seriam pegar a Cura e matar Silas - Disse Rebekah.


– Tem mais outra - Ela falou.


– Qual? - Perguntei apreensivo demais.


– Ela precisa completar um ritual de sangue. O sangue de três Doppelgangers da linhagem que ela usou quando criou o feitiço do Outro Lado - A minha boca foi no chão ao ouvir isso. Eu jamais colocaria a vida de Elena em risco por minha causa.


– Foi assim que ela arquitetou o feitiço dois mil anos atrás. Para baixar o véu, ela criou o triângulo de massacres. Um obstáculo bem grande para dificultar a ação de Silas ou de mais alguém caso tentassem fazer algo - Ela continuou bem séria - Porém, a natureza fez algo que ela não esperava. Quando ela destruiu a vida de Silas e de seu verdadeiro amor, Amara, ela também destruiu um evento raro que era um sentimento puro e verdadeiro entre duas pessoas.


– Não me pareceu nada puro Silas enganar a bruxinha, fingir amor por ela e depois roubar a imortalidade para dar para outra mulher - Respondi com ironia para a minha querida e venenosa mãe. Ela me censurou com o olhar e prosseguiu.


– Seus sentimentos não eram puros com relação a ela, mas eram com relação à humana. Enfim, isso não nos interessa, Niklaus - Ela me repreendeu - Ao causar tal dano, a natureza contra-atacou e criou as Doppelgangers. Até aquele momento ela não sabia qual seria a frequência de nascimento das Cópias, mas engenhosamente usou isso ao seu favor, pois percebeu que seria bem difícil reunir três desses seres mágicos ao mesmo tempo. No mínimo levariam séculos de distância entre um nascimento e outro. Sendo assim, ela lacrou o feitiço com essa ironia do destino para tornar impossível derrotá-la. Para que alguém conseguisse levantar o véu novamente, deveria reunir três Doppelgangers e usar o seu sangue.


– E quando você diz usar o sangue, você diz matar? - Perguntou Kol com um brilho assassino nos olhos. Eu sabia bem aonde meu irmão queria chegar. Matar Elena é algo que ele deseja tanto quanto salvar a própria vida.


– Não sei ao certo o que isso significa, para dizer a verdade - Ela respondeu.


– Mas, não necessariamente tem a ver com as Cópias de Amara. Pode ser de Silas também - Eu falei. Eu podia sentir a tensão no corpo de Caroline. Estávamos diretamente falando de Stefan e Elena.


– Verdade, porém eu descobri que se trata das Cópias de Amara, pois foi ela quem Qetsiyah matou primeiro, arrancando o coração. E foi o seu sangue que ela usou para criar o feitiço do Outro Lado.


– Até agora você nos disse como não deixar que ela feche a passagem. Mas, não nos disse como derrubar a barreira definitivamente - Falou Rebekah. Eu não conseguia proferir uma palavra, era muito para lidar. Pelos menos o intuito era não deixar que ela chegasse em Elena. Mas, algo não fazia sentido.


– Rebekah, eu ainda estou trabalhando nisso. E nem é possível apenas derrubar a barreira para sempre, deixando um portal aberto, é necessário destruir o Outro Lado definitivamente para que não seja possível levantar a barreira outra vez, já disse. Estou em busca de algum ancestral de Qetsiyah para isso. Enquanto busco, vocês precisam manter os planos dela frustrados.


- Sinto muito por vocês, mas destruir o Outro Lado é um absurdo - Rebekah disse petulantemente - Kol, meu irmão, farei tudo o que puder para você viver, mas sabe que certas linhas não devem ser cruzadas.


- Você realmente acha, Rebekah, que a essa altura existe algum limite que nós não tenhamos ultrapassado? Não seja hipócrita - Ela ia responder quando a interrompi.


– Não entendo - Minha boca abriu antes mesmo de eu perceber o que tinha feito. Todos olharam para mim - Minha amiga Bonnie Bennet iria fechar a barreira sem ter precisado do sangue das Cópias. Por que Qetsiyah precisa? - Eu vi a dúvida se formar na expressão de todos e Esther se remexeu incomodada.


– A bruxa Bennet possuía a energia canalizada do triângulo de massacres e da pedra impregnada de sangue de Qetsiyah - Ela respondeu categoricamente - Que era a informação que Silas possuía. Ele não chegou a descobrir sobre o triângulo do sangue das Doppelgangers. Provavelmente ele teria ido atrás delas se soubesse. A sua amiguinha Bennet não concluiu o feitiço e não conseguiu levantar o véu. Quando ela tentasse, não conseguiria sem o sangue das Doppelgangers.


– Mas, sendo ela a pioneira do feitiço, ela não pode simplesmente fazer o que quiser? Não usar nada das Cópias ou massacres e apenas realizar o feitiço? - Perguntei impaciente com essa mulher. Klaus apertava meu braço em advertência.


– Obviamente que não, minha querida - Ela respondeu incomodada, como seu fosse uma estúpida - Se fosse assim, nenhum feitiço teria uma condição ou faria sentido. Era somente o seu criador desfazer, o que não é a realidade. Uma vez concretizada a mágica, ela possui seu equilíbrio e suas condições - Eu não estava totalmente convencida, mas não tinha mais nada a dizer.


– Mas, nem mesmo Qetisyah possui três Cópias. No máximo ela possui apenas uma - Falou Elijah - Não vejo como ela pode encontrar as outras.


– Duas, na verdade - Disse Klaus de cara sombria.


– Katerina está bem longe a essa altura, Niklaus. Ninguém sabe onde ela pode estar - Respondeu Elijah com alegria mal contida.


– Aí que você se engana, brother– Eu sorri para ele sadicamente. Ele me olhou confuso e eu tratei de responder, me vangloriando - Eu sempre soube dos passos de Katerina. Não houve um só instante em que eu não vigiei a sua fracassada fuga. Ela sempre pensou que estava fugindo de mim nesses quinhentos anos. Muito patética e inútil, se você quer saber.


– Não consigo entender - Ele disse se aproximando de mim - Por que você simplesmente não a capturou e a matou se você realmente sempre soube de seu paradeiro?


– O medo é a melhor vingança - Respondi com veneno - Fazê-la sempre olhar por cima dos ombros e não ter um momento de paz, sempre sob a sombra da caça e da tortura de ser encontrada por mim é muito mais eficaz e prazeroso do que matá-la.


– Você possui sérios problemas, Niklaus - Ele me respondeu com frieza. Eu sabia bem de sua fraqueza por Katerina. Muito tolo, o que ele era.


– Bem - Interferiu Esther - Protejam as Cópias. Não deixem Qetsiyah capturá-las. Se puderem essa façanha, matem a bruxa de vez. Basicamente é isso. E enquanto isso, vou reivindicar a lealdade bruxa para encontrar alguma informação da linhagem dessa mulher.


– Muito bem, se você não possui nada mais a nos dizer, não preciso mais olhar para a sua cara - Eu disse isso e já estava pronto para ir embora puxando Caroline comigo quando me lembrei de algo - Você quer a nossa confiança, não é mesmo? Então, você não pode esperar que depois de tudo a gente vá simplesmente se aliar a você.


– Diga logo a sua proposta, Niklaus - Ela me respondeu séria.


– Quer a nossa confiança? A minha confiança? - Soltei relutantemente a mão de Caroline e cheguei bem perto de Esther, com bastante ameaça no meu corpo tenso e nos meus olhos que ardiam - Mikael. Não importa como, só quero vê-lo pagar, tremer de medo. Se revire na sua feitiçaria da pesada e mate ele.


– Eu estou tentando trabalhar nas sombras, Niklaus. Não pretendo deixar que ele me veja ou saberá o que estou planejando contra ele - Ela respondeu com calma - E tentará me impedir, me destruindo. E não poderei mais ajudá-los contra Qetsiyah. Como vou matá-lo sem a estaca? Você precisa me entregá-la primeiro.


– Não brinque com a minha paciência, mulher. Faça o que eu estou mandando ou não terá nenhuma aliança entre nós. Você é a bruxa Original, como fez questão de frisar. Vai saber improvisar - Eu não queria mais olhar naquela cara dissimulada de Esther e tinha muito trabalho a se fazer. Pelo menos agora havia um ponto de partida. Não estávamos mais totalmente perdidos.


– Brother, precisamos nos reunir e ir buscar Katerina. Aposto que ela vai adorar encontrar com alguns de seus velhos amigos - Eu disse sorrindo sadicamente para Elijah e, segurando na mão de Caroline, a arrastei comigo. Deixei meus irmãos para trás. Eles sabiam se virar e eu não estava com humor para aturá-los também. Caroline nada dizia e isso estava me preocupando. Enquanto ela tagarelasse no meu ouvido, eu poderia afirmar que estava bem.


Percorremos rapidamente aqueles corredores que mais pareciam um labirinto. Eu queria sair logo daquele lugar, tirar Caroline dali. Eu imaginava o peso que deve ter sido ouvir tudo aquilo. Se eu pudesse ter o que fazer, faria qualquer coisa para que ela não estivesse passando por essa desgraça. Na verdade eu tive. Poderia ter evitado aquilo tudo, mas estava em outra cidade matando pessoas inocentes e não consegui salvá-la da morte. Se arrependimento matasse...


Chegamos à saída e pegamos direção até o carro. Eu não havia me dado conta do tempo em que passamos lá dentro, mas era de espantar; estava amanhecendo. Alguns raios de luz alaranjados raiavam no horizonte, indicando que logo o Sol estaria nascendo. Entramos no carro e dei partida a caminho da ponte que ligava ao centro da cidade. Alguns metros depois vi pelo retrovisor meus três irmãos deixarem o local e entrarem no carro de Elijah. Não vi Esther e nem Finn saírem do armazém.


– Você acha que ela diz a verdade? - Caroline finalmente abriu a boca.


– Não sei te dizer. Ela é uma traiçoeira e mentirosa.


– Mas, não temos mais nada além disso.


– É verdade, love – Eu olhei para ela e vi tristeza nos seus olhos e fiquei confuso. Ela não deveria estar feliz que havia uma brecha para nós? - Pode me dizer por que você está com essa cara?


– Ah, Klaus, qualquer caminho a ser tomado pode implicar na morte definitiva de alguém que eu amo - Respondi para ele mal contendo as minhas lágrimas - E isso está bem longe do que eu quero. Eu nunca, nunca sacrificaria a vida de um dos meus amigos pela minha.


– Esse é um dos motivos por eu apreciar tanto você. Sempre altruísta, não importa o que aconteça. Mesmo quando deveria estar se protegendo, está protegendo os outros. Mas, isso não chegará a acontecer, não precisará escolher - Eu disse com o coração na boca.


– Você não tem como me garantir - Falei e ele nada respondeu, porque sabia que eu estava certa. Minha mente estava pesada. Meus olhos ardiam e eu só queria descansar um pouco a cabeça - Nós vamos voltar para Mystic Falls agora, certo?


– Você decide. Embora eu ache que você deveria dormir um pouco antes, em algum lugar confortável, não no banco de um carro - Respondi para ela.


– Não acho uma boa ideia demorarmos mais algumas horas. Qetsiyah pode estar agindo e Elena pode estar em perigo.


– Você tem razão. Vamos voltar, então. Mas, deita a cabeça e durma um pouco.


– Você também deveria - Falei me virando para ele e agradecendo pelo apoio dele.


– Alguém precisa dirigir, sweetheart – Ele falou sorrindo, evidenciando as suas covinhas e alisando a minha bochecha de leve. Eu fechei os olhos diante daquele toque macio e suave e automaticamente relaxei os meus músculos. Voltei a me encostar no banco e olhei pela janela. Já havia amanhecido quase que totalmente e atravessávamos a ponte. Mais uma vez me deparei com uma bela vista da cidade, mas dessa vez era bem mais bonita. Dava para ver tudo e os prédios reluziam sob a luz do Sol. A cidade era magnífica e enorme. Por um momento me permiti ficar deslumbrada e feliz, sob a emoção por ver algo tão bonito e diferente do que eu estava acostumada a ver. Talvez fosse a única e última vez que eu veria um lugar assim.


– Sabe, eu consigo sentir a sua empolgação no olhar - Klaus falou e eu sorri alegre para ele - Ainda está de pé a minha oferta. Posso te levar para onde você quiser, Caroline. Basta uma palavra sua - Eu olhei para ele um tanto emocionada. Apesar de tudo ele ainda se preocupava em me deixar feliz. E numa loucura impetuosa eu respondi.


– Tudo bem, eu aceito. Quando tudo acabar, você pode me levar para conhecer o mundo afora - Disse verdadeiramente animada e espontaneamente. Não pensei antes de falar e talvez estivesse louca, me excedendo. Não seria nada sensato eu sair por aí viajando com ele. Mas, era verdade que eu iria gostar de conhecer muitos lugares. E eu já não via mais Klaus com os maus olhos de antes. Eu o conhecia melhor e pretendia conhecê-lo ainda mais. E isso me fez lembrar uma conversa que eu pretendia ter com Elijah mais tarde. Não deixei para lá tudo o que vi e ouvi. Queria ir mais fundo no passado, na vida humana de Klaus.


– Você está falando sério? - Ele me olhava espantado, mas com os olhos verdes brilhando e isso me fez rir.


– Sim, por que não? Não tenho nada a perder - Já estou morta, mesmo, pensei. Somente diante do fim que se dava valor a determinadas coisas na vida. Passei meses renegando Klaus e meus sentimentos para enfim entender, postumamente, que não se pode perder tempo, pois tudo pode acabar num piscar de olhos.


– É verdade, você só tem a ganhar - Falei muito feliz. Era algo inédito e adorável demais Caroline aceitar essa oferta. Me agarraria a ela com tudo, morrendo de medo de escapar. Sabia que ela poderia voltar à razão e mudar de ideia. As pessoas falam coisas estranhas no calor do momento. Mas, nunca antes ela declarou algo assim e me fazia ter esperanças de ser tornar verdade - Por onde você gostaria de começar?


– Não faço ideia, são tantos lugares bonitos que não sei. Você vai me ajudar a escolher - Eu disse sorrindo e ele sorria de volta carinhosamente. Isso me fez derreter por dentro. Ele estava me levando para ele bem devagar e eu não estava fazendo nada para impedir. Eu não sei bem quando deixei a barreira entre nós cair por completo. Só sei que não estou fazendo o menor esforço para levantá-la de volta. E para ser sincera eu não me importava mais em manter esse bloqueio entre nós. Indo mais além, eu não queria mais esse bloqueio. Queria ele por perto, o mais perto que fosse possível.


– Claro que vou. Conheço lugares encantadores, rodeados de música, arte, boa comida, boa cultura. Garanto que você vai adorar. Um dos meus lugares favoritos no mundo é Roma. A Cidade Eterna. Perfeita para vivenciar o melhor do mundo antigo mesclado ao mundo novo e moderno. Não importa em que séculos estivermos, lá vai estar a imponente Roma contando a sua trajetória gloriosa para todos aqueles que sabem apreciar uma boa história. Eu vivi mil anos e mesmo assim não pude conhecer, vivenciar a Antiguidade Clássica. Está aí uma das minhas maiores frustrações. Confesso que meu sonho seria hipnotizar o Vaticano para cortarem um pedaço da Capela Sistina e decorar minha casa com ela. Mas, seria um ultraje, um crime contra essa obra prima - Ele falava animadamente. Era delicioso vê-lo dessa forma. Eu sabia o quanto ele apreciava arte e cultura. Era um de seus temas favoritos. E um de seus muitos charmes. Era quando ele parecia outra pessoa, mais culta e suave, entrava no seu mundinho interno, colocado em destaque seus talentos aristocráticos. E eu ficava feliz de proporcionar isso a ele e de ouvi-lo falar tão apaixonadamente sobre algo. Ele continuou tagarelando sobre Roma, me contando tudo o que sabia sobre sua história. Às vezes, eu ficava verdadeiramente encantada, em outras eu só fazia caras e gestos de espanto apenas para agradá-lo e incentiva-lo a falar mais sobre seus gostos, sobre o que o agradava. Ele mergulhava fundo nos seus devaneios, dando vida a outra pessoa a anos luz de distância do Klaus serial killer. Então, fiquei admirando ele encantada, acompanhando sua boca quando pronunciava com tanto gosto as palavras que descreviam suas aventuras em Roma, me levando junto com ele a sonhar acordada. Depois de viajar muito no tempo, ele parou de falar e encarou meu reflexo pelo retrovisor.


– Eu estou muito feliz em ter você aqui comigo. Eu sei que as circunstâncias não são as melhores, mas eu aprecio muito a sua companhia - Ele disse me olhando com ternura e num reflexo estendi a mão e fiz carinho nos seus cabelos loiros, passando as unhas na sua nuca. Ele não olhava mais para a estrada. Seus olhos estavam grudados nos meus. Verdes nos azuis. O ambiente estava quente e denso, eu conseguia sentir as vibrações, nossos corpos reagindo ao nosso contato. Olhei para os seus lábios vermelhos e carnudos, imaginando que gosto teriam. Fazê-lo parar o carro para eu agarra-lo bem ali não me parecia mais uma ideia tao ruim assim. Mas, o nosso momento foi quebrado pelo toque do meu celular. Era o nome de Damon que aprecia na tela e não senti vontade alguma de atender. Mas, não era comum ele me ligar e isso me alarmou.


– Sim? - Falei áspera ao atender o telefone.


– Pelos céus, onde você está, Barbie? - Ele falava um tanto irônico, mas não conseguindo disfarçar o seu nervosismo.


– No caminho para casa, por quê? - Meus instintos me fizeram tremer. Um mau pressentimento me tomou e eu sabia que boa coisa não vinha.


– Aquela bruxa maluca nos atacou e levou Stefan com ela. Ficou falando um monte de merda sobre canalizar a mente dele e encontrar Silas. Volta logo! Precisaremos de um esquadrão suicida se quisermos enfrentar a doida. E no momento estamos muito desfalcados - Meu coração congelou. Eu olhei para Klaus com os olhos arregalados e ele pisou com força no acelerador, nos levando de volta para Mystic Falls com toda a potência que aquele carro tinha a oferecer.



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Autor(a): anajadde

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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