Fanfics Brasil - Capítulo: 14 O Guardião

Fanfic: O Guardião | Tema: ( AyA )


Capítulo: Capítulo: 14

19 visualizações Denunciar


     Segurando uma sacola de compras e a correspondência, Anahi abriu a porta da frente e andou com dificuldade até a cozinha. Sem quase nada em casa, havia parado na mercearia na esperança de comprar algo saudável, mas, em vez disso, escolhera uma porção individual de lasanha congelada.
     Singer não a seguiu para dentro da casa. Assim que Anahi estacionara, ele pulou do jipe e correu para os lotes arborizados que se estendiam até Intracoastal Waterway. Demoraria alguns minutos para voltar.
     Anahi pôs a lasanha no microondas, foi para o quarto trocar de roupa e voltou para a cozinha. Examinou a correspondência, contas, vários folhetos de propaganda, alguns catálogos de vendas por correio e então deixou a pilha de lado. Naquele momento não estava disposta a lidar com essas coisas. Ia sair com Alfonso, pensou. "Alfonso".
     Murmurou o nome dele, vendo se aquilo soava tão inacreditável quanto parecia. Soava.
     Enquanto pensava sobre isso, olhou para a secretária eletrônica e viu a luz piscando. Acionou a tecla “play” e ouviu a voz de Emma, perguntando-lhe se gostaria de almoçar com ela na sexta-feira. “Nos encontraremos na delicatéssen, o.k.? Se não puder, me avise.” Por mim está bom, pensou Anahi. Um momento depois, a secretária eletrônica apitou e ela ouviu a voz de Christopher. Ele parecia cansado, como se tivesse martelado coisas o dia inteiro.
     “Oi, Anahi. Só estou ligando para saber como você está, mas acho que não está em casa, não é? Ficarei fora durante a maior parte da tarde, mas estarei em casa à noite.” Ele fez uma pausa e Anahi pôde ouvi-lo respirar fundo. “Você não imagina como estou sentindo sua falta.” Anahi ouviu o clique quando ele desligou. Viu um passarinho saltitar duas vezes no peitoril da janela antes de ir embora voando.
    " Ah, meu Deus!", pensou ela de repente. "Por que tenho a sensação de que ele
não vai aceitar isso muito bem?"


 

     Alfonso chegou à casa de Anahi ao entardecer do dia seguinte, um pouco antes das sete, usando calças Dockers e camisa de linho branca. Desligou o motor da picape, pôs as chaves no bolso, pegou a caixa de bombons e começou a andar, ensaiando o que diria. Ainda que Anahi quisesse que ele agisse normalmente, não conseguia resistir ao desejo de impressioná-la desde a primeira frase da conversa. Após horas de reflexão, decidira-se por “Que ótima ideia ir para a
praia. Está uma noite linda”. Isso soava natural e não daria a impressão de que estava ansioso demais. Talvez essa fosse sua única chance e não queria desperdiçá-la.
    Anahi saiu de casa quando Alfonso se aproximava da porta e disse algo amigável, algum tipo de cumprimento, mas a voz dela, combinada com desconcertante sensação de que o encontro realmente estava acontecendo, o impediu de pensar e o fez se esquecer do que pretendia dizer.      Na verdade, fez com que se esquecesse de quase tudo. Havia mulheres bonitas em toda parte, pensou, olhando para Anahi. Havia mulheres que faziam os homens virarem a cabeça mesmo quando estavam de mãos dadas com suas namoradas, e mulheres que, com uma simples
piscadela, conseguiam se livrar de multas por excesso de velocidade. E havia Anahi.
    A maioria das pessoas a consideraria linda e atraente. É claro que ela tinha defeitos,algumas sardas, o que para muitos poderia ser considerado algo negativo, e cabelos que em alguns momentos pareciam ter vontade própria. Mas quando Alfonso a observou descendo a escada, com seu vestido leve esvoaçando à brisa da primavera, soube que nunca vira uma mulher tão bonita.

 

 

Anahi: Alfonso?  ("O.k", pensou ele, esta é a minha chance. Não posso desperdiçá-la. Sei
exatamente o que dizer. É só ficar calmo e deixar as palavras fluírem) Alfonso?.

 

 

       

      A voz dela o trouxe de volta à realidade. Mas não conseguiu se lembrar do que tinha ensaiado dizer.

 

 

Anahi: Está se sentindo bem?  Parece um pouco pálido (ele abriu a boca por um momento e depois a fechou. Não entre em pânico, pensou, já começando a entrar. Faça o que fizer, não entre em pânico! Ele decidiu apenas confiar em si mesmo e respirou fundo).

 

Alfonso: Trouxe chocolates (disse por fim, entregando-lhe a caixa de bombons. Anahi olhou para ele).

 

Anahi: Estou vendo. Obrigada. ("Trouxe chocolates? Foi tudo o que conseguiu dizer?" Pensou Alfonso) Ei, tem alguém aí?

 

 

 

         A primeira frase... a primeira frase... Alfonso se concentrou e sentiu que ela começava a tomar forma. Contudo, Anahi esperava que ele dissesse alguma coisa, qualquer coisa.

 

 

 

Alfonso: Você estava linda na praia esta noite (disse ele por fim. Anahi o estudou por um momento e depois sorriu).

 

Anahi: Obrigada. Mas ainda não fomos à praia (Alfonso enfiou as mãos nos bolsos. "Idiota!" era tudo que ele conseguia pensar de si mesmo).

 

Alfonso: Desculpe (disse, sem saber o que fazer).

 

Anahi: Pelo quê?

 

Alfonso: Por não saber o que dizer.

 

Anahi: Do que você está falando? (A expressão dela era uma mistura de confusão e paciência e foi isso que finalmente permitiu a Alfonso encontrar a coisa certa a dizer).

 

Alfonso: De nada. Acho que só estou feliz por estar aqui (sentiu a sinceridade nas palavras dele).

 

Anahi: Eu também (Com isso, Alfonso se recuperou um pouco. Sorriu, mas ficou com um olhar
distante, como se começasse um longo estudo do ambiente. Demorou um pouco a falar, inseguro sobre como prosseguir).

 

Alfonso: Bem, podemos ir? 

 

Anahi: Quando você quiser (Ao se virar e se dirigir à picape, Alfonso ouviu Singer latir dentro de casa e olhou para trás).

 

Alfonso: Singer não vem?

 

Anahi: Não sabia se você queria que ele fosse (Alfonso parou. Pensou que o cão poderia acalmá-lo, diminuindo as expectativas de ambas as partes. Como um acompanhante de namorados).

 

Alfonso: Ele pode vir, se você quiser. Iremos para a praia e ele vai adorar.

 

 

        Quando Anahi olhou na direção da casa, Singer latiu de novo. Estava com o focinho encostado na janela. Gostaria que ele fosse porque ia a praticamente todos os lugares com ela, mas aquilo era para ser um encontro. Com Christopher ou com qualquer um dos outros homens com quem saíra nem havia pensado nisso.

 

 

Anahi: Tem certeza de que não se importa?

 

Alfonso: Nem um pouco (Ela sorriu).

 

Anahi: Então vou buscá-lo.

 

 

 

          Alguns minutos depois, eles estavam atravessando a ponte que levava a Bogue Banks. Singer latiu de novo. Estava na carroceria da picape, com a boca e a língua balançando ao vento, parecendo tão feliz quanto um cão pode parecer.

          Singer se enroscou na areia morna na frente do restaurante e Anahi e Alfonso se sentaram a uma pequena mesa no terraço do segundo andar. Nuvens baixas se dissipavam no céu, que escurecia lentamente. A brisa do oceano, sempre mais forte na ilha, agitava as abas do guarda-sol num ritmo constante e Anahi pôs os cabelos para trás das orelhas para que os fios não voassem para seu rosto. A praia estava quase vazia,as pessoas só começavam a chegar depois do Memorial Day, e as ondas lambiam os macios montes de areia à beira-mar.
          O restaurante era simples e agradável e, por causa de sua localização na praia, quase todas as mesas estavam ocupadas. Quando o garçom se aproximou, Anahi pediu uma taça de vinho e Alfonso optou por uma garrafa de cerveja.
          Durante a curta viagem até lá eles tinham conversado um pouco sobre o que haviam feito mais cedo naquele dia. Como sempre, falaram sobre Mabel, Maite, Henry e Emma. Enquanto conversavam, Alfonso tentou se recompor. Não conseguia esquecer que desperdiçara um dia inteiro de planejamento ao não conseguir dizer a primeira frase, mas de algum modo aquilo dera certo no fim.
          Gostaria de atribuir isso ao seu charme natural, mas no fundo sabia que Anahi só não havia percebido porque era o seu normal. Havia algo de desanimador nisso, mas o lado positivo era que pelo menos Anahi não havia zombado dele.
          Alfonso achou difícil se concentrar nos primeiros minutos no restaurante. Afinal de contas, havia sonhado com aquele momento todos os dias dos últimos dois anos. Achava que, se fizesse aquilo certo, teria uma chance de beijar Anahi mais tarde. Quando ela ergueu a taça de vinho e tomou um gole, franzindo os lábios, Alfonso constatou que era uma das coisas mais sensuais que já vira.
          Enquanto bebiam, ele manteve o ritmo da conversa e até a fez rir algumas vezes. Quando o jantar chegou, porém, ele estava tão nervoso que não conseguia se lembrar de grande parte do que tinha sido dito. "Controle-se", pensou.

          Alfonso não estava sendo ele mesmo. Anahi não estava surpresa. Sabia que ele demoraria um pouco para relaxar. Só não esperava que fosse tanto. Ela também não se sentia totalmente à
vontade e Alfonso não estava facilitando as coisas. O modo como arregalava os olhos sempre que ela pegava a taça fazia com que ela tivesse vontade de perguntar se ele nunca tinha visto ninguém beber vinho. Na primeira vez que isso aconteceu, achou que ele estava tentando avisá-la de que havia um inseto em sua bebida.
         Esta era uma noite diferente daquela em que Alfonso fora à casa dela consertar a torneira. Mas no dia anterior, no Tizzy’s, quando o convidara para sair, não havia imaginado como isso poderia ser estranho. Afinal de contas, Alfonso não era apenas uma possível parte do seu futuro, mas alguém ligado ao seu passado. E a Rodrigo, é claro.
        Anahi pensou nele mais de uma vez durante o jantar. O que a surpreendeu foi que Alfonso, mesmo tornando aquilo mais difícil do que deveria ser, estava se saindo muito bem. Ele nunca seria como Rodrigo, mas havia algo no modo como ela se sentia quando estava com ele que a lembrava dos bons momentos em seu casamento. E agora tinha certeza, como tivera com Rodrigo, de que Alfonso a amava e nunca deixaria de amá-la. Durante o jantar, a ideia de que aquilo era traição só lhe ocorreu uma vez, deixando-a com a impressão de que Rodrigo, de algum modo, os estava observando, mas esse pensamento desapareceu tão rápido quanto surgira. E pela primeira vez ela teve uma sensação de conforto que lhe garantiu que Rodrigo não ficaria nem um pouco aborrecido com isso.
        Quando terminaram o jantar, a lua já estava alta, deixando um rastro branco na água escura.

 

 

Alfonso: Gostaria de dar uma caminhada? 

 

Anahi:  Acho uma ótima ideia (respondeu ela, pousando sua taça na mesa)

 

 

 

           Alfonso se levantou. Anahi ajeitou o vestido e subiu a alça que escorregara de seu ombro. Dirigindo-se à balaustrada, Alfonso precisou encostar em Anahi para passar e, além do cheiro de sal e mar, ela sentiu o da água-de-colônia dele e se lembrou de quanto as coisas haviam mudado de repente. Alfonso se inclinou procurando Singer, seu rosto obscurecido pelas sombras. Mas, quando ele virou a cabeça, o luar pareceu captar e ressaltar a textura rústica de sua pele, fazendo-o parecer alguém que ela mal conhecia. Seus dedos pousados no ferro
estavam manchados de graxa e, mais uma vez, Anahi percebeu como ele era diferente do homem com quem se casara. "Não", pensou, "não estou apaixonada por Alfonso". Ela começou a sorrir. "Pelo menos, ainda não".

 

 

Alfonso: Você ficou um pouco calada no final do jantar (Eles estavam caminhando descalços à beira-mar. Alfonso havia enrolado as calças até o meio das canelas. Singer seguia na frente, farejando a areia em busca de caranguejos).

 

Anahi:Eu só estava pensando (murmurou ela. Alfonso fez um sinal afirmativo com a cabeça).

 

Alfonso: Em Rodrigo? (Anahi relanceou os olhos para ele).

 

Anahi: Como sabe?

 

Alfonso: Já vi essa expressão muitas vezes. Você seria uma péssima jogadora de pôquer. E sabe que nada me escapa.

 

Anahi: É mesmo? No que exatamente eu estava pensando?

 

Alfonso: Você estava pensando... que se sentia feliz por ter se casado com ele.

 

Anahi: Ah, você está chutando.

 

Alfonso: Mas acertei, não foi?

 

Anahi: Não.

 

Alfonso: Então no que você estava pensando?

 

Anahi: Nada importante. Além disso, não quero lhe contar.

 

Alfonso: Por quê? É algo ruim?

 

Anahi: Não.

 

Alfonso: Então me conte.

 

Anahi: Está bem. Eu estava pensando nos dedos dele.

 

Alfonso: Nos dedos?

 

Anahi: Sim. Você tem os dedos sujos de graxa. Eu estava pensando que nunca vi os dedos de Rodrigo com a aparência dos seus (Constrangido, Alfonso escondeu as mãos atrás das costas) Ah, isso não foi uma crítica. Sei que você é mecânico. É normal ter as mãos sujas de graxa.

 

Alfonso: Elas não são sujas. Eu as lavo o tempo todo. Mas estão manchadas.

 

Anahi: Não fique tão na defensiva. Você sabe o que quero dizer. Além do mais,gosto delas.

 

Alfonso: Gosta?

 

Anahi: Tenho que gostar. Elas fazem parte do pacote (Alfonso estufou o peito enquanto eles caminhavam em silêncio).

 

Alfonso: Então, gostaria de sair amanhã à noite? Talvez possamos ir para Beaufort.

 

Anahi: Parece ótimo.

 

Alfonso:  Dessa vez poderíamos deixar Singer em casa.

 

Anahi: Tudo bem. Ele já é adulto. Vai entender e ficar bem.

 

Alfonso: Há algum lugar em particular aonde gostaria de ir?

 

Anahi: É sua vez de escolher. Eu escolhi hoje.

 

Alfonso: E fez isso muito bem (Alfonso a olhou de lado, procurando a mão dela) Que ótima ideia vir para a praia. Está uma noite linda (Anahi sorriu quando seus dedos se entrelaçaram).

 

Anahi: Está, sim (concordou).
 

 

 

 

           Eles saíram da praia alguns minutos depois, quando Anahi começou a sentir frio. Alfonso relutou em soltar a mão dela, mesmo quando chegaram à picape, mas não teve escolha. Pensou em pegá-la de novo dentro do carro, mas Anahi manteve as duas mãos no colo e olhava para fora da janela.
           Nenhum deles falou muito durante a volta para casa e, quando a levou até a porta, Alfonso se deu conta de que não tinha a mínima ideia do que ela estava pensando. Ele, por sua vez, esperava que Anahi hesitasse à varanda, antes de se despedirem, dando-lhe uma chance de se certificar de que seu embaraço era justificado. Também não queria estragar isso.

 

 

Alfonso: Eu me diverti muito esta noite.

 

Anahi: Eu também. A que horas devo estar pronta amanhã?

 

Alfonso: Pode ser às sete?

 

Anahi: Por mim está ótimo.

 

 

 

         Alfonso fez que sim com a cabeça, sentindo-se como um adolescente. Pensou: "Este é o grande momento. Tudo se resume a isso".

 

 

Alfonso: Então (disse tentando parecer calmo, Anahi sorriu, lendo seus pensamentos. Pegou a mão dele, apertou-a e depois a soltou).

 

Anahi: Boa noite, Alfonso. Até amanhã (Ele demorou um segundo para processar a rejeição).

 

Alfonso: Amanhã? (perguntou, inseguro).

 

Anahi: Sim. Marcamos um encontro, lembra?  (disse Anahi, abrindo a bolsa para procurar suas chaves. Quando as encontrou e enfiou uma delas na fechadura, ergueu os olhos para
Alfonso de novo. Àquela altura, Singer havia se juntado a eles e Anahi abriu a porta, deixando-o entrar)  E mais uma vez obrigada por esta noite tão agradável.
     

 

 

        Ela acenou antes de seguir Singer para dentro de casa. Quando a porta se fechou, Alfonso ficou parado ali até perceber que Anahi não voltaria. Alguns segundos depois, ele se afastou da varanda, chutando o cascalho ao se dirigir à picape.

        Sabendo que não conseguiria pegar no sono, Anahi se sentou no sofá e começou a folhear as páginas de um catálogo, repassando a noite. Estava feliz por Alfonso não a ter beijado na varanda, embora não soubesse bem por quê. Talvez só precisasse de mais tempo para se acostumar com seus sentimentos recém descobertos por ele.
        Ou talvez apenas quisesse vê-lo em agonia. Alfonso ficava uma graça angustiado, de um jeito que só ele era capaz de ficar. E Henry tinha razão. Era divertido provocá-lo. Anahi pegou o controle remoto e ligou a televisão. Ainda era cedo, antes das dez, e ela decidiu ver um filme, um drama sobre um xerife de cidade pequena que se sentiu compelido a arriscar a vida para salvar pessoas. Vinte minutos depois, justamente quando o xerife estava prestes a salvar uma jovem presa num carro em chamas, alguém bateu à porta.
        Singer se levantou depressa, saltitando pela sala de estar, e enfiou o focinho entre as cortinas. Ela achou que Alfonso tivesse voltado. Então Singer começou a rosnar.

 

 

 

Anahi: Christopher.

 

Christopher: Oi, Anahi (Ele lhe entregou um buquê de rosas) Comprei no aeroporto e vim direto para cá. Desculpe-me por não estarem tão frescas, mas não havia muitas opções.

 

 

 

        Anahi estava em pé à soleira, com Singer ao seu lado. Ele havia parado de rosnar assim que ela abrira a porta e Christopher lhe estendeu a mão espalmada.
       Singer a cheirou antes de olhar para cima, certificando-se de que o rosto correspondia ao cheiro familiar. Depois deu as costas para Christopher, como se dissesse: "Ah, é ele. Não estou muito feliz com isso, mas tudo bem". Aquilo não era fácil para Anahi. Ela hesitou antes de pegar as flores, desejando que Christopher não as tivesse levado.

 

 

 

 

Anahi: Obrigada.

 

Christopher: Desculpe-me por vir tão tarde, mas queria vê-la antes de ir para casa.

 

Anahi: Não tem problema.

 

Christopher: Telefonei mais cedo para avisar, mas acho que você não estava.

 

Anahi: Deixou uma mensagem?

 

Christopher: Não, não tive tempo. Estavam fazendo a última chamada para o embarque e meu lugar ainda não estava confirmado. Você sabe como são essas coisas. Mas deixei uma ontem.

 

Anahi: Sim (concordou ela com a cabeça) Essa eu recebi.

 

Christopher: Você estava em casa? Quero dizer, mais cedo? (Anahi sentiu seus ombros caírem um pouco. Não queria fazer isso agora).

 

Anahi: Saí com um amigo.

 

Christopher: Um amigo?

 

Anahi: Você se lembra de Alfonso? Nós fomos jantar.

 

Christopher: Ah, sim. Aquele daquela noite no bar? O que trabalha na oficina?

 

Anahi: Isso mesmo.

 

Christopher: Ah (murmurou, fazendo um sinal afirmativo com a cabeça) Foi divertido?

 

Anahi: Não o tenho visto muito ultimamente, por isso foi bom para colocarmos a conversa em dia.

 

Christopher: Legal ( Christopher olhou de relance para a varanda, depois para seus pés e de novo para ela)  Posso entrar? Esperava que pudéssemos conversar um pouco.

 

Anahi: Não sei (hesitou) Está tarde. Eu já estava me preparando para dormir.
 

Christopher: Ah. Tudo bem, eu entendo. Então posso vê-la amanhã? Que tal jantarmos juntos?

 

 

 

      No escuro, suas feições pareciam mais sombrias, mas ele sorriu, como se soubesse qual seria a resposta dela.
      Anahi pestanejou, mantendo os olhos fechados por um segundo a mais. Odeio ter que fazer isso, pensou. Odeio, odeio, odeio. Pelo menos Bob devia suspeitar que o fim estava próximo. Mas Christopher não.

 

 

 

Anahi: Sinto muito, mas não posso. Já tenho outros planos.

 

Christopher: Com Alfonso de novo? (Anahi assentiu, Christopher coçou distraidamente o rosto, sustentando o olhar dela) Então está acabado? Quero dizer, entre nós? (A expressão de Anahi disse tudo) Fiz algo de errado? 

 

Anahi: Não. Não é isso.

 

Christopher: Então... o que é? Não se divertiu quando saímos juntos?

 

Anahi: Sim, eu me diverti.

 

Christopher: Então, por quê? (Anahi hesitou).

 

Anahi: Não é você,de verdade. Somos Alfonso e eu. Parece que nós... Bem, não sei explicar. O que posso dizer?

 

 

 

 

         Enquanto Anahi tentava encontrar as palavras, o maxilar de Christopher se enrijeceu e ela viu o músculo de seu rosto se contrair. Por um longo momento ele não disse nada.

 

 

Christopher: Esses dias que passei fora devem ter sido animados, não é? 

 

Anahi: Olhe, sinto muito...

 

Christopher: Pelo quê? Por ter me traído assim que virei as costas? Por me usar para fazer ciúme em Alfonso? (Anahi demorou um momento para registrar aquelas palavras).

 

Anahi: Do que você está falando?

 

Christopher: Você ouviu.

 

Anahi: Eu não o usei... (Ele a ignorou, seu tom se tornando mais zangado).

 

Christopher: Não? Então por que está terminando comigo quando ainda estávamos nos conhecendo? E por que Alfonso se tornou tão interessante de repente? Quero dizer, eu saí da cidade por alguns dias e a primeira coisa que ouço ao voltar é que está tudo terminado entre nós e Alfonso ocupou meu lugar (Ele a olhou fixamente, os lábios começando a perder a cor) Para mim está bem claro que você planejou tudo isso.

 

 

     

         A explosão dele foi tão surpreendente e inesperada que as palavras saíram da boca de Anahi antes que ela pudesse se conter:

 

 

 

Anahi: Você é um idiota (Christopher continuou a encará-la por um longo tempo antes de enfim desviar os olhos. Sua raiva subitamente deu lugar a uma expressão de mágoa).

 

Christopher: Isso não é justo (falou em voz baixa)  Por favor, só quero falar com você por um minuto, está bem? (implorou).

 

 

 

        Quando Anahi olhou para ele, ficou surpresa ao ver lágrimas surgindo em seus olhos. Concluiu que ele era uma verdadeira montanha-russa de emoções.

 

 

 

Anahi: Olhe, desculpe-me, Christopher. Eu não deveria ter dito isso. Não quis magoá-lo. De verdade ( Ela fez uma pausa, certificando-se de que ele estava ouvindo) Mas é tarde e nós dois estamos cansados. É melhor eu entrar antes que algum de nós diga mais alguma coisa, está bem? (Como ele não respondeu, ela deu um passo atrás e começou a fechar a porta. Mas ele estendeu a mão de repente, impedindo).

 

Christopher: Anahi! Espere! Sinto muito. Por favor... realmente preciso falar com você.

 

 

 

 

        No futuro, quando Anahi se lembrasse daquele momento, sempre seria chocada com a rapidez com que Singer reagiu. Antes que ela tivesse tempo de processar o fato de que Christopher havia agarrado a porta, o cachorro se lançou na direção da mão dele, como se tentasse pegar um objeto no ar. Sua boca atingiu o alvo e Christopher gritou de dor ao bater no batente.

 

 

 

Anahi: Singer! (gritou, Christopher caiu de joelhos, com o braço estendido, enquanto Singer balançava a cabeça de um lado para outro, rosnando).

 

Christopher: Faça-o parar! (gritou, Anahi se lançou na direção do cachorro, o agarrou pela coleira e puxou com força).

 

Anahi: Solte-o! (ordenou) Solte-o agora!

 

 

 

        Apesar da fúria do momento, o cão recuou na mesma hora e Christopher levou a mão instintivamente ao peito, cobrindo-a com a outra. Singer permaneceu ao lado de Anahi, mostrando os dentes e com os pelos das costas eriçados.

 

 

 

Anahi: Singer, não! (gritou ela, ainda espantada com a ferocidade do cão) Machucou muito a sua mão? (ele moveu os dedos, com cara de dor).

 

Christopher: Acho que não quebrou nada (Anahi pôs a mão em Singer. Ele estava com os músculos rígidos e os olhos fixos em Christopher) Nem vi de onde ele veio. Lembre-me de
não pôr a mão na sua porta de novo quando ele estiver por perto.

 

 

 

 

         Apesar dele falar como se o incidente fosse um pouco cômico, Anahi não respondeu. Singer agira instintivamente para protegê-la e ela não devia puni-lo por isso.
          Christopher ficou abrindo e fechando a mão. Anahi viu as marcas dos dentes de Singer, embora a pele não parecesse cortada. Christopher deu um passo para longe dela.

 

 

 

Christopher: Sinto muito. Eu não deveria ter tentado impedi-la de entrar. Foi um erro.

 

 

   

      "Foi mesmo", pensou Anahi.

 

 

 

 

Christopher: E também não deveria ter me zangado com você antes (Ele suspirou) É só que tive uma semana muito difícil. Por isso vim aqui. Sei que não justifica, mas... (ele pareceu sinceramente arrependido, mas Anahi ergueu as mãos para impedir que ele prosseguisse).

 

Anahi: Christopher... (Seu tom deixou claro que ela não queria mais falar naquele assunto. Ele desviou os olhos. Com a luz da varanda tremulando em seu rosto, parecia fitar o nada, e Anahi percebeu que não estava enganada sobre as lágrimas que vira antes. Os olhos dele estavam marejados de novo. Quando Christopher falou, sua voz soou engasgada e falhada).

 

Christopher: Minha mãe morreu esta semana  (sussurrou)  Acabei de vir do enterro dela. Foi por isso que deixei o bilhete no seu jipe naquela noite (explicou) O médico disse que era melhor eu pegar um avião o mais rápido que pudesse, porque não sabia se ela aguentaria mais um dia. Consegui o primeiro voo para Raleigh na terça-feira de manhã e, com todas as novas normas de


segurança, tive que sair no meio da noite para chegar a tempo.
       

 

 

 

 

              Alguns minutos depois ele estava sentado no sofá de Anahi olhando para o chão, ainda lutando contra as lágrimas. Ela havia demorado um pouco para registrar o que ele dissera, mas enfim compreendeu que não conseguiria evitar um pouco de compaixão. Depois de balbuciar as palavras de praxe como  “Sinto muito” e “Por que você não me disse logo?”.  Christopher parecera desmoronar e suas lágrimas a comoveram. Depois de pôr Singer no quarto, Anahi deixara Christopher entrar. Agora estava sentada na cadeira diante dele, ouvindo-o falar e
pensando: "que grande senso de oportunidade o seu, Anahi. Você escolhe bem o
momento certo para partir corações, não é?"

 

 

 

 

Christopher: Sei que isso não mudará o que você me disse na varanda, mas não queria
que terminássemos com uma briga. Gostei muito do tempo que passamos juntos para permitir que isso aconteça (Ele pigarreou e passou os dedos nas pálpebras, com força)  É só que pareceu tão repentino, sabe? Eu não estava preparado para o que você me disse ( Ele suspirou)  Droga, não estava preparado para quase nada. Você não pode imaginar como foi lá. Tudo... a aparência dela no fim, as coisas que as enfermeiras disseram, o cheiro...

 

 

 

 

            Ele levou as mãos ao rosto e Anahi ouviu sua respiração entrecortada, uma série de inspirações rápidas seguidas de uma longa expiração.

 

 

 

 

Christopher: Eu só precisava falar com alguém que me ouvisse ( "Ah"... pensou Anahi. "Aquilo podia ficar pior?" Ela se forçou a dar um leve sorriso antes de dizer)

 

 

 

 

Anahi: Podemos conversar. Ainda somos amigos, não é?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                                         Continua...

 

 

 

 

 

 

 

 

Isso não tá me cheirando bem não...

 

 

LeandroPortinon: Olha Leandro, eu também espero isso viu.

 



 




Compartilhe este capítulo:

Autor(a): machadobrunaa

Este autor(a) escreve mais 3 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

       Christopher falou por algumas horas, mudando de um assunto para outro: suas lembranças da mãe, o que pensou ao entrar no quarto de hospital, como se sentiu ao descobrir, na manhã seguinte, que havia segurado a mão dela pela última vez. Anahi lhe ofereceu uma cerveja e, com o passar da noite e sem&nb ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 52



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:43

    dá andamento nessa tbm pfvr

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:26

    pq sumiu dessa fic aqui?

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:12

    postaaaaaaaaaaa mais pfvr

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:31:57

    Pelo amor de deus não abandona a fic não. Estou muito ansioso

  • leandroportinon Postado em 22/01/2023 - 01:42:36

    Voltaaaaaaa pfvr

  • leandroportinon Postado em 22/01/2023 - 01:42:22

    '-' não vai mais postar? sumiu daqui

  • leandroportinon Postado em 15/01/2023 - 23:38:43

    Quero saber a continuação!

  • leandroportinon Postado em 15/01/2023 - 23:38:22

    voltaaaaaaa

  • leandroportinon Postado em 12/01/2023 - 15:02:14

    Volte logo

  • leandroportinon Postado em 12/01/2023 - 15:01:56

    Estou muito nervoso, ansioso pra saber o que vai acontecer.


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais