Fanfics Brasil - Capítulo: 15 O Guardião

Fanfic: O Guardião | Tema: ( AyA )


Capítulo: Capítulo: 15

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       Christopher falou por algumas horas, mudando de um assunto para outro: suas lembranças da mãe, o que pensou ao entrar no quarto de hospital, como se sentiu ao descobrir, na manhã seguinte, que havia segurado a mão dela pela última vez. Anahi lhe ofereceu uma cerveja e, com o passar da noite e sem parecer se dar conta disso, ele bebera três. De vez em quando parava e olhava para a sala, com uma expressão confusa, como se tivesse se esquecido do que ia dizer.         Em outros momentos falava como se tivesse tomado café em excesso, atropelando as palavras. Durante todo esse tempo, Anahi o ouviu. Às vezes fazia uma pergunta que lhe parecia apropriada, mas só. Mais de uma vez viu lágrimas nos olhos dele, mas sempre que elas surgiam Christopher fechava bem os olhos para contê-las.
        Os ponteiros do relógio no console da lareira marcaram meia-noite, depois uma, duas horas. Àquela altura a cerveja e o esgotamento emocional já haviam surtido efeito. Christopher começara a se repetir e a falar com a voz arrastada.
        Quando Anahi foi à cozinha buscar um copo de água, notou que ele fechou os olhos. Estava encolhido em um canto do sofá, com a cabeça apoiada na almofada do encosto e a boca aberta, respirando num ritmo constante.
        Segurando o copo de água, ela parou, pensando: Ah, que ótimo! O que eu faço agora?
Quis acordá-lo, mas não achava que Christopher estivesse sóbrio o suficiente para dirigir. Não se sentia à vontade deixando-o ficar, mas ele estava dormindo e, se o acordasse, poderia querer falar mais. Apesar de sua disposição de ouvi-lo, ela estava exausta.


 


 


Anahi: Christopher? (sussurrou) Está acordado?


 


 


        Nada.
        Um momento depois tentou novamente, e mais uma vez nada aconteceu.
        Poderia gritar ou cutucá-lo para que acordasse, mas, pesando as opções, achou que não valeria a pena.
        Por fim concluiu que aquilo não era muito importante, pois ele já estava fora
da sua vida. Apagou as luzes, deixou Christopher onde estava, foi para o quarto e trancou a porta. Singer estava na cama. Levantou a cabeça, observando-a vestir seu pijama.
   


 


 


Anahi: É só esta noite (explicou Anahi, como se tentasse se convencer de que estava fazendo a coisa certa) Não mudei de ideia. Só estou cansada, sabe?


 


       


 


          Ao acordar, depois de olhar para o relógio, Anahi gemeu e virou para o lado, tentando evitar o dia. Sentia-se lerda, como se estivesse de ressaca.
       Arrastou-se para fora da cama, abriu a porta do quarto e espiou para fora. Parecia que Christopher ainda estava dormindo. Anahi tomou um banho e se vestiu para ir trabalhar. Não queria que ele a visse de pijama. Quando entrou na sala,com Singer andando cautelosamente ao seu lado, Christopher estava sentado no sofá, esfregando o rosto. Suas chaves estavam em cima da carteira na mesa à sua frente.


 


 


 


Christopher: Ah, oi (disse ele, parecendo constrangido) Acho que apaguei, não foi? Desculpe-me por isso.


Anahi: Foi um longo dia – disse ela.


Christopher: Foi mesmo ( Ele se levantou e parou por um instante para pegar suas coisas. Um breve sorriso surgiu em seu rosto) Obrigado por me deixar ficar durante a noite. Fico grato por isso.


Anahi: Não precisa agradecer. Você vai ficar bem?


Chistopher: Acho que terei que ficar. A vida continua, não é? (A camisa dele estava amassada e ele a alisou com as mãos) Mais uma vez peço desculpas pelo modo como agi ontem. Não sei o que deu em mim.


 


 


             Os cabelos de Anahi ainda não estavam totalmente secos e ela sentiu uma gota de água se infiltrar pelo tecido de sua blusa.


 


 


Anahi: Não faz mal. Sei que isso deve parecer inesperado, mas... ( Ele balançou a cabeça).


Christopher: Tudo bem. Não precisa explicar. Eu entendo. Alfonso parece ser um homem bom (Anahi hesitou).


Anahi: Ele é (disse por fim) Obrigada.


Christopher: Quero que você seja feliz. Foi isso que sempre quis. Você é uma ótima pessoa e merece. Especialmente depois de ter me ouvido tanto na noite passada. Não sabe como isso foi importante para mim. Sem mágoas?


Anahi: Sem mágoas.


Christopher: Ainda amigos?


Anahi: É claro.


Christopher: Obrigado.


 

         

 

          Logo depois ele pegou suas chaves e se dirigiu à porta. Ao abri-la, olhou por cima do ombro.

 

 

 

 

Christopher: Alfonso é um homem de sorte (falou) Não se esqueça disso (Ele sorriu, mas em seu sorriso havia um traço de melancolia) Adeus, Anahi.

 

 

 

 

          Quando ele finalmente entrou no carro, Anahi suspirou, grata por aquilo ter sido muito melhor do que havia esperado. Então franziu as sobrancelhas, mudando de ideia. Bem, pelo menos melhor do que a noite anterior. Qualquer coisa teria sido melhor do que a noite anterior. Mas pelo menos agora o assunto estava encerrado.

 

 

 

 

 

*******************************************************************************

 

 

 

         Dentro da casa vitoriana alugada, Christopher subiu a escada e foi para o quarto do canto. Tinha pintado as paredes de preto e coberto as janelas com lona encerada e fita vedante a fim de bloquear a luz natural. Na parede oposta, havia uma lâmpada vermelha pendurada sobre uma mesa improvisada. Seu equipamento de fotografia estava num canto: quatro câmeras diferentes, uma dúzia de lentes, rolos de filmes. Ele acendeu a lâmpada e ajustou o ângulo da sombra para que a luz se espalhasse melhor. Perto dos recipientes rasos com os produtos químicos que ele usava na revelação havia uma pilha de fotografias que tirara em seu encontro com Anahi. Ele as pegou.
         Viu as imagens, parando de vez em quando para olhar para Anahi. Ela parecia feliz naquele fim de semana, como se soubesse que sua vida mudaria para melhor. Era adorável. Estudando suas feições, não encontrou nada que explicasse o que acontecera na noite anterior.
         Christopher balançou a cabeça. Não se ressentiria do erro de Anahi. Uma pessoa capaz de passar da raiva para a empatia tão facilmente quanto ela era um tesouro, e tinha sorte de tê-la encontrado.
         Agora ele sabia bastante sobre Anahi Barenson. Sua mãe era uma alcoólatra, com preferência por vodca, que morava em um trailer caindo aos pedaços nos arredores de Daytona.           O pai morava em Minnesota com outra mulher e sobrevivia com uma pensão por invalidez em decorrência de um acidente de trabalho na construção civil. Os pais dela estavam casados havia dois anos quando ele deixou a cidade de repente. Anahi já tinha 3 anos na época. Seis
homens diferentes moraram com ela e a mãe durante vários períodos, sendo o mais curto de um mês e o mais longo, dois anos. Elas haviam se mudado meia dúzia de vezes, sempre de uma espelunca para outra.
         Anahi trocara de escola todos os anos até o ensino médio. Aos 14, teve o primeiro namorado, que jogava futebol e basquete, e eles tiraram uma foto juntos para o anuário. Atuou em papéis secundários em duas peças na escola.
         Saiu antes de se formar e desapareceu por alguns meses até chegar a Swansboro.
Christopher não tinha a menor ideia do que Rodrigo fizera para atraí-la para um lugar como aquele. Casamento feliz, marido sem graça. Um cara legal, mas sem graça.
         Christopher também obtivera informações sobre Alfonso com um habitante local. Impressionante o que se pode descobrir apenas pagando uma bebida num bar.
         Alfonso estava apaixonado por Anahi, mas disso ele já sabia. Não sabia era do fim de seu relacionamento anterior e a infidelidade de Sarah o intrigara. Lembrou-se de ter balançando a cabeça pensando nas oportunidades que se apresentavam.
         Christopher também soube que Alfonso tinha sido padrinho de casamento de Anahi, e o relacionamento entre os dois começou a fazer sentido para ele. Alfonso era um elo confortável, um elo com o passado dela com Rodrigo. Entendia o desejo de Anahi de se apegar a isso e afastar tudo o que pudesse lhe tirar o que tivera.
         Mas esse era um desejo nascido do medo, medo de acabar como sua mãe, medo de perder tudo pelo qual tanto se esforçara, medo do desconhecido. Não era de admirar que Singer dormisse no quarto com ela. Ele também suspeitava que Anahi tivesse trancado a porta.
         "Muito cautelosa", pensou. Provavelmente ela fazia isso desde criança, considerando os homens que sua mãe levava para casa. Mas não tinha mais motivos para viver assim. Não mais.             Ela podia seguir em frente, como ele seguira. Afinal de contas, a infância dos dois não tinha sido muito diferente. A bebida. As surras. A cozinha infestada de baratas. O cheiro de mofo e a parede de gesso apodrecendo. A água de poço que saía da torneira e fazia seu estômago doer. Sua única fuga eram as fotografias nos livros de Ansel Adams, que pareciam sussurrar sobre lugares melhores. Ele havia descoberto os livros na biblioteca da escola e passara longas horas estudando as imagens, perdendo-se nas paisagens incrivelmente belas. A mãe notara seu interesse e, embora o Natal costumasse ser uma decepção, de algum modo convencera o pai a gastar dinheiro em uma pequena câmera e dois rolos de filmes, quando Christopher tinha 10 anos. Essa tinha sido a única vez em sua vida que ele se lembrava de ter chorado de felicidade.
         Christopher passou horas tirando fotos de objetos na casa ou de pássaros no quintal. Tirou-as ao anoitecer e ao amanhecer, porque gostava da luz nessas horas; tornou-se perito em se mover em silêncio, obtendo closes que pareciam impossíveis. Quando um rolo de filme acabava, ele corria para dentro e implorava ao pai que o revelasse. Quando as fotos ficavam prontas, olhava para elas em sua cama, tentando descobrir o que fizera certo ou errado.
         No início o pai pareceu se divertir com seu interesse e chegou a dar uma olhada nos primeiros rolos. Então começaram os comentários. “Ah, outro pássaro”, dizia sarcasticamente. “Puxa, aqui está outro.” Por fim começou a lamentar o dinheiro gasto no novo hobby do filho. “Você está jogando dinheiro fora”, reclamava, mas em vez de sugerir que Christopher fizesse alguns biscates no bairro para pagar as revelações, decidiu lhe dar uma lição.
        Naquela noite ele havia bebido de novo e Christopher e a mãe estavam tentando ficar fora de seu caminho, fazendo o possível para não serem notados. Quando o garoto se sentou à cozinha, ouviu o pai xingando enquanto assistia a um jogo de futebol na TV. Havia apostado em seu time favorito os Patriots,mas 
perdera,e Christopher percebeu sua raiva quando ele veio pelo corredor. Um segundo depois entrou na cozinha com a câmera e a pôs sobre a mesa. Na outra mão segurava um martelo. Certificando-se de que tinha a atenção do filho, esmagou a câmera com um único golpe. "Trabalho a semana inteira para ganhar a vida e tudo o que você faz é jogar dinheiro fora. Agora esse problema acabou!"
        Mais tarde naquele ano, o pai morreu. As lembranças daquele dia também eram vívidas: a fresta do sol da manhã sobre a mesa da cozinha, o olhar perdido da mãe, o pingar constante da torneira enquanto as horas passavam e a tarde chegava. Os policiais falando em tons apressados, indo e vindo. O médico-legista chegando e levando o corpo.
        E depois o choro da mãe, quando eles finalmente ficaram sozinhos. "O que vai ser de nós sem ele?" soluçava, sacudindo-o pelos ombros. "Como isso pôde acontecer?"
        O pai estivera bebendo no O’Brian, um bar sujo em Boston, não muito longe de casa. Segundo as pessoas no bar, ele jogara uma partida de bilhar e perdera. Depois se sentara ao balcão pelo resto da noite, bebendo uísque e cerveja.
        Tinha sido despedido da fábrica dois meses antes e passava a maior parte das noites ali, furioso e buscando compaixão e consolo na companhia de alcoólatras.
        Naquela época, Vernon batia nele e na mãe com frequência,na noite anterior tinha sido particularmente violento.
        Ele saiu do bar um pouco depois das dez horas, parou na loja da esquina para comprar um maço de cigarros e passou de carro pelas casas do bairro operário em que morava. Um vizinho que passeava com seu cão o viu chegando em casa. A garagem estava aberta e Vernon entrou com o carro naquele espaço pequeno. Havia caixas empilhadas ao longo das duas paredes.
        Era aí que começava a especulação. Os altos níveis de monóxido de carbono não deixavam dúvida de que ele havia fechado a porta da garagem. Mas médico legista se perguntou: por que ele não desligou o motor primeiro? E por que voltou para dentro do carro depois de fechar a porta da garagem? Parecia um caso de suicídio, embora seus amigos de bar insistissem em que não havia a menor chance. Disseram que ele era batalhador, não alguém que desistia facilmente. Não teria se matado.
       Dois dias depois policiais voltaram à casa, fazendo muitas perguntas procurando respostas. A mãe se lastimara, sem dizer coisa com coisa. O filho de 10 anos se limitara a olhá-los fixamente. Àquela altura, os machucados nos rostos de ambos tinham começado a ficar amarelados, dando-lhes uma aparência fantasmagórica. Os policiais foram embora sem descobrir nada.
       No final, consideraram que foi um acidente provocado por embriaguez. Uma dúzia de pessoas foi ao enterro. A mãe estava vestida de preto e chorava segurando um lenço branco, com Christopher a seu lado. Três pessoas disseram palavras gentis sobre um homem passando por uma fase de má sorte, mas em outras ocasiões um bom ser humano e provedor, marido e pai amoroso.
       O filho representou bem o seu papel. Manteve os olhos abaixados e em alguns momentos levou o dedo ao rosto como se enxugasse uma lágrima. Passou um dos braços ao redor da mãe, balançou tristemente a cabeça e agradeceu ao receber condolências. Contudo, no dia seguinte, quando a multidão se fora, voltou à sepultura e ficou em pé na frente da terra revolvida.
Então cuspiu nela... Na câmara escura, Christopher prendeu uma das fotos na parede, lembrando que o passado projeta longas sombras. "É fácil se confundir", pensou. Sabia que Anahi não podia evitá-lo e a entendia. Perdoou-a pelo que fizera. Olhou para a foto dela. Como poderia não perdoá-la?

 

       

 

 

 

********************************************************************************

 

 

 

 

         

           Como já estava vestida quando Christopher foi embora, Anahi tinha tempo suficiente para comprar um jornal antes de ir para o trabalho. Ela se sentou a uma pequena mesa na calçada de uma padaria, tomando café e lendo, com Singer descansando a seus pés. Pôs o jornal de lado e observou o centro da cidade ganhar vida. Uma a uma, as plaquinhas nas vitrines das lojas foram viradas e portas se abriram para deixar entrar a brisa do início da manhã. Não havia nuvens no céu e um pouco de orvalho cobria os para-brisas dos carros que passaram a noite estacionados na rua.
       Anahi se levantou, ofereceu o jornal a um casal na mesa ao lado, jogou seu copo vazio no lixo e começou a andar em direção ao salão. A oficina já estava aberta havia uma hora e, como ainda tinha alguns minutos antes de chegar ao trabalho, pensou: "por que não?" Ele ainda não deve estar muito ocupado. Além disso, queria se certificar de que o que havia sentido na noite anterior não era fruto da sua imaginação.
       Não pretendia dizer a Alfonso que Christopher tinha passado a noite na casa dela. Por mais que tentasse, não conseguia pensar num modo de lhe contar que não parecesse suspeito, especialmente em vista do que acontecera com Sarah. Ele ficaria desconfiado, criando uma sombra permanente de dúvida e mágoa. De qualquer maneira, aquilo não era importante, afinal estava terminado.
       Anahi atravessou a rua, com Singer trotando à sua frente. Quando passou pelos carros que esperavam por conserto, Alfonso já vinha em sua direção, parecendo que tinha acabado de ganhar na loteria.

 

 

 

 

Alfonso: Oi, Anahi. Que surpresa boa! (Ainda que ele tivesse um pouco de graxa no rosto e a testa já brilhasse de suor, Anahi não pôde evitar pensar: "como ele está bonito! E definitivamente isso não é imaginação minha" ) Sim, também estou feliz em vê-lo, grandalhão (acrescentou Alfonso, estendendo o braço na direção de Singer. Enquanto ele acariciava o cachorro, Anahi notou os Band-Aids).

 

Anahi:O que aconteceu com seus dedos? (ele olhou para as  próprias mãos).

 

Alfonso: Ah, nada, só estão um pouco arranhados esta manhã.

 

Anahi: Por quê?

 

Alfonso: Acho que os esfreguei com muita força ontem à noite, quando cheguei em casa (Anahi franziu as sobrancelhas).


 

Anahi: Foi por causa do que eu disse na praia?

 

Alfonso: Não (respondeu ele. Então, encolheu os ombros e acrescentou) Bem,acho que em parte.

 

Anahi: Eu só estava brincando.

 

Alfonso: Eu sei. Mas pensei que um produto de limpeza diferente talvez resolvesse.

 

Anahi: O que usou? Ajax?

 

Alfonso: Ajax, Lysol... Experimentei quase tudo (Anahi pôs as mãos nos quadris e o observou).

 

Anahi: Sabe, às vezes não consigo evitar pensar em como você será quando crescer.

 

Alfonso: Para falar a verdade, acho que não há muitas chances de eu crescer (Ela riu, pensando: "gosto desse cara. Como poderia não gostar?").

 

Anahi: Bem, só passei aqui para lhe dizer que me diverti muito ontem à noite.

 

Alfonso: Eu também. E estou ansioso por hoje. Vai ser divertido (Os olhos deles se encontraram antes de Anahi olhar para o relógio).

 

Anahi: É melhor eu ir. Tenho clientes durante toda a manhã e combinei de almoçar com Emma, por isso não posso me atrasar.

 

Alfonso:Dê um abraço nela por mim.

 

Anahi: Pode deixar. Tenha um bom dia.

 

Alfonso: Você também (Anahi piscou).

 

Anahi: E cuide desses dedos, está bem? Eu odiaria pensar que você está sangrando sobre todos os motores em que trabalha.

 

Alfonso: Rá, rá (disse ele).

 

 

 

            Não que se importasse com as provocações de Anahi. Sabia que esse era seu modo de flertar com ele. Flertar de verdade, não brincar como amiga. E, por Deus, ele gostava muito disso! Eles se despediram e, um momento depois, Anahi estava atravessando a rua, saltitante.

 

 

 

Henry: Parece que seu encontro correu bem, não foi? (Henry segurava a metade de uma rosquinha. Alfonso passou os dedos pelas alças do macacão e fungou).

 

Alfonso: Ah, sim. Correu realmente bem (Henry acenou com a rosquinha e balançou a cabeça).

 

Henry: Quer fazer o favor de parar de bancar o galã, maninho? Isso não combina com você. E também não esconde seu olhar bobo.

 

Alfonso: Não estou com o olhar bobo.

 

Henry: Bobo. Apaixonado. Chame como quiser.

 

Alfonso: Não posso evitar que ela goste de mim.

 

Henry: Sei que não. Você é irresistível, não é?

 

Alfonso: Achei que você ficaria feliz por mim.

 

Henry: Eu estou (disse Henry) E também orgulhoso.

 

Alfonso: Por quê?

 

Henry: Porque de algum modo, qualquer que fosse seu plano, parece que deu certo.

 

 

 

 

 

*********************************************************************************

 

 

 

 

 

Emma: Então, o que aconteceu com Christopher? Na outra noite, no bar, vocês pareciam estar se dando muito bem.

 

Anahi: Ah... sabe como é... Ele foi gentil, mas não sinto nada por ele.

 

Emma: Foi a aparência dele, não foi? (brincou Emma).

 

Anahi: Devo admitir que essa parte não era tão ruim (disse Anahi e Emma riu).

 

 

 

 

 

              Elas estavam comendo salada na delicatéssen que ficava numa casa no bairro histórico. A luz do sol se espalhava pela mesa no canto, projetando um brilho cor de âmbar em seus copos de chá.

 

 

 

 

Emma: Comentei isso com Henry quando voltamos para casa. Perguntei por que ele não tinha mais a mesma aparência.

 

Anahi: O que ele respondeu?

 

Emma: Respondeu... (Emma se aprumou na cadeira e abaixou a voz, imitando Henry) “Não sei do que você está falando, mas, se não tivesse certeza de que me amava tanto, acharia que acabou de me insultar.” (Anahi riu).

 

Anahi: Você falou exatamente como ele.

 

Emma: Querida, quando se está casada há tanto tempo, isso não é nada difícil. A única coisa que ficou faltando foi acenar com uma rosquinha (Anahi deu uma risada e tomou um gole do chá, derramando um pouco na mesa).

 

Anahi: Mas ele ainda a faz feliz, não é? Mesmo depois de todo esse tempo?

 

Alfonso: Quase sempre ele é ótimo. Às vezes tenho vontade acertá-lo com uma frigideira, mas acho que isso é normal, não é? (Os olhos de Anahi adquiriram um brilho travesso quando ela se inclinou para a frente).

 

Anahi: Já lhe contei que uma vez atirei uma panela no Rodrigo?

 

Emma: Atirou? Quando foi isso?

 

Anahi: Não lembro. Não sei nem por que estávamos brigando, mas atirei a panela. Errei o alvo, mas depois disso ele me deu atenção (Emma ergueu as sobrancelhas).

 

Emma: A intimidade de um casal é sempre um mistério, não é?

 

Anahi: Eu diria que sim (Emma tomou um gole de chá e voltou a comer sua salada).

 

Emma: Então, o que foi isso que eu soube sobre Alfonso? (Anahi sabia que isso ia acontecer. Em vez de falar sobre política, esportes ou as últimas notícias, as pessoas daquela cidade falavam sobre seus vizinhos).

 

Anahi: Depende do que você soube.

 

Emma:: Que ele a convidou para sair e vocês foram jantar juntos.

 

Anahi: Foi mais ou menos isso. Na verdade, eu o convidei.

 

Emma: Ele não conseguiu convidá-la? (Anahi a olhou por cima do copo).

 

Anahi: O que você acha?

 

Emma: Hum... acho que ele provavelmente ficou imóvel como um lago em dia sem vento.
(Anahi riu).

 

Anahi: Acertou em cheio.

 

Emma: Como foi isso? O que você fez? (Anahi contou como foi o encontro. Quando terminou de falar, Emma se recostou na cadeira) Parece que correu tudo bem.

 

Anahi: Sim (Emma estudou o rosto de Anahi por um momento).

 

Emma: E quanto a... você sabe... Você pensou em... (Emma hesitou e Anahi terminou a frase por ela).

 

Anahi: Rodrigo? (Emma assentiu e Anahi refletiu sobre isso) Não tanto quanto eu esperava. No fim, não me preocupei nem um pouco. Alfonso e eu... simplesmente nos damos muito bem. Ele me faz rir. Faz com que eu me sinta bem comigo mesma. E já faz muito tempo que não me sinto assim.

 

Emma: Parece que você ficou surpresa.

 

Anahi: Fiquei. Para ser sincera, não sabia bem como seria.

 

Emma: Não é de admirar. Você e Rodrigo eram mesmo especiais. Nós costumávamos fazer piadas sobre o modo como se olhavam quando saíamos juntos.

 

Anahi: Sim, éramos (disse Anahi, com um traço de melancolia na voz. Emma fez uma pausa).

 

Emma: Como Alfonso pareceu reagir?

 

Anahi: Bem. Para falar a verdade, estava um pouco nervoso, mas acho que isso não teve muito a ver com Rodrigo. Era mais o encontro em si.

 

Emma: É mesmo? (Anahi sorriu).

 

Anahi: É. Mas eu me diverti muito.

 

Emma: Então... você gosta dele?

 

Anahi: É claro que gosto.

 

Emma: Não. Quero dizer, você gosta dele?

 

 

 

 

          "Era a isso que se resumia tudo, não era?", pensou Anahi. Ela não precisou responder. Sua expressão disse tudo e Emma estendeu o braço sobre a mesa para apertar sua mão.

 

 

 

Emma: Estou feliz. Sempre achei que isso fosse acontecer.

 

Anahi: Achou?

 

Emma: Todo mundo achou, menos você e Alfonso. Era só uma questão de tempo.

 

Anahi: Você nunca disse nada.

 

Emma: Não foi preciso. Achei que, quando você estivesse pronta para recomeçar, veria em Alfonso as mesmas coisas que eu vejo.

 

Anahi: Como o quê?

 

Emma: Que ele nunca a desapontará. Aquele rapaz tem um coração enorme e ama você. Isso é importante. Sei do que estou falando. Minha mãe costumava me dizer: “Não importa com quem você se case, desde que ele a ame mais do que você o ama.”

 

Anahi: Não, ela não dizia isso.

 

Emma: É claro que dizia. E eu a ouvi. Por que acha que Henry e eu nos damos tão bem? Não estou dizendo que não o amo. Claro que amo. Mas, se algum dia eu o deixasse ou, Deus me livre, me acontecesse alguma coisa, acho que ele não conseguiria seguir em frente. Henry daria a vida por mim sem pensar duas vezes.

 

Anahi: E você acha que Alfonso é assim?

 

Emma: Querida, pode apostar tudo nisso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                                            Continua...

 

 

 

 




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Autor(a): machadobrunaa

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 52



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  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:43

    dá andamento nessa tbm pfvr

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:26

    pq sumiu dessa fic aqui?

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:12

    postaaaaaaaaaaa mais pfvr

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:31:57

    Pelo amor de deus não abandona a fic não. Estou muito ansioso

  • leandroportinon Postado em 22/01/2023 - 01:42:36

    Voltaaaaaaa pfvr

  • leandroportinon Postado em 22/01/2023 - 01:42:22

    '-' não vai mais postar? sumiu daqui

  • leandroportinon Postado em 15/01/2023 - 23:38:43

    Quero saber a continuação!

  • leandroportinon Postado em 15/01/2023 - 23:38:22

    voltaaaaaaa

  • leandroportinon Postado em 12/01/2023 - 15:02:14

    Volte logo

  • leandroportinon Postado em 12/01/2023 - 15:01:56

    Estou muito nervoso, ansioso pra saber o que vai acontecer.


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