Fanfic: O Guardião | Tema: ( AyA )
Quando saiu do salão, no fim do dia, Anahi ainda pensava em seu almoço com Emma.
Na verdade, pensava em muitas coisas, principalmente em Rodrigo. É claro que essa não tinha sido a intenção de Emma, nem a própria Anahi sabia dizer por que se sentia daquela maneira, mas aquilo tinha algo a ver com o comentário de Emma sobre a mãe dela. E, é claro, sobre Henry não conseguir seguir em frente se a perdesse.
Naquela tarde, Anahi sentiu falta de Rodrigo como havia muito tempo não sentia. Achou que era em virtude do que estava acontecendo com Alfonso. Ela estava seguindo em frente,mas começou a se perguntar se Rodrigo seguiria, se estivesse em seu lugar. Achava que sim, mas, se não seguisse,isso significaria que a amara mais do que ela a ele? "O que vai acontecer se eu me apaixonar por Alfonso?",perguntou-se."O que vai acontecer com meus sentimentos por Rodrigo"?
Minhas lembranças? Essas coisas não saíam de sua cabeça desde o almoço e Anahi ainda não queria encarar as respostas. Será que, pouco a pouco, suas lembranças se tornariam menos nítidas, como fotografias antigas?
Anahi não sabia. Também não sabia por que a perspectiva de ver Alfonso esta noite a deixava mais nervosa do que na véspera. Mais nervosa do que se sentira em todos os seus encontros. Por quê? Talvez porque esse encontro seja diferente.
Anahi chegou ao jipe e entrou. Singer pulou para o banco de trás e ela ligou o motor. Não foi para casa. Em vez disso, seguiu pela rua principal por alguns quarteirões, virou à esquerda e dirigiu para os arredores da cidade. Alguns minutos depois, após outra curva, chegou ao Brookview Cemetery.
A sepultura de Rodrigo ficava a uma curta distância a pé, logo depois de uma pequena elevação e fora da aleia principal, à sombra de uma nogueira. Quando se aproximou do local, Singer parou, recusando-se a ir em frente. Ele nunca passava dali. No início, Anahi não entendia por que Singer sempre ficava para trás, mas, com o passar do tempo, começou a achar que, de algum modo, o cão sabia que ela queria ficar sozinha. Anahi chegou à sepultura e ficou ali, sem saber o que sentiria hoje. Respirou profundamente esperando as lágrimas surgirem, mas isso não aconteceu.
Também não sentiu o peso que sempre sentira no passado. Viu Rodrigo em sua mente, relembrando os momentos felizes, e embora as recordações trouxessem um leve sentimento de tristeza e perda, aquilo foi como ouvir um relógio soar em uma torre distante, o som ecoando suavemente antes de desaparecer. Anahi sentiu um torpor que não soube ao certo o que significava até ver o anjo alado gravado acima do nome dele, que sempre a lembrava da
carta que viera com Singer. "Eu ficaria arrasado se você nunca mais voltasse a ser feliz..." "Encontre alguém que a faça feliz... O mundo fica melhor quando você sorri".
Em pé junto à sepultura de Rodrigo, Anahi de repente percebeu que talvez fosse isso que ele quisera dizer com aquelas palavras. E, como na noite anterior, subitamente sentiu que Rodrigo ficaria feliz por ela. "Não", pensou, "eu não o esquecerei. Nunca". "E Alfonso também não o esquecerá".
E isso também torna Alfonso diferente. Ela ficou ali até os mosquitos começarem a cercá-la. Um pousou em seu braço e ela o espantou, feliz por ter vindo, mas sabendo que precisava ir
embora. Alfonso iria buscá-la em menos de uma hora e queria estar pronta.
Uma aragem balançou as folhas acima dela, produzindo um som que lembrava o de seixos sendo sacudidos em um pote. Depois de um momento o som parou, como se alguém o tivesse interrompido. Mas já não havia silêncio.
Ela ouviu um carro passando na estrada, o som do motor aumentando e diminuindo até sumir, a voz de uma criança em uma casa distante. Depois um leve farfalhar, algo arranhando a casca de uma árvore próxima. Um pássaro saiu voando por entre os galhos e, olhando por cima de seu ombro, Anahi viu Singer virar a cabeça e erguer as orelhas. Mas o cão continuou parado e Anahi não viu nada. Ela franziu ligeiramente as sobrancelhas e cruzou os braços. Virou-se de costas para a sepultura, baixou a cabeça e começou a andar na direção do carro, com os pelos dos braços arrepiados.
Alfonso chegou na hora marcada e Anahi saiu, fechando a porta antes que Singer a
seguisse. Notou que Alfonso estava usando calça social e blazer, e sorriu.
Anahi: Nossa! Há duas noites seguidas você está muito elegante. Vou demorar um pouco a me acostumar com isso (O comentário também valeria para ela mesma. Como na noite anterior, Anahi usava um vestido leve que realçava sua silhueta. Pequenas argolas de ouro pendiam de suas orelhas e Alfonso notou um leve traço de perfume).
Alfonso: Exagerei?
Anahi: De jeito nenhum (tranquilizou-o Anahi, tocando em sua lapela) Gostei do blazer. É novo?
Alfonso: Não, já o tenho há algum tempo. Só não o usava muito.
Anahi: Pois deveria. Fica ótimo em você (Alfonso ergueu os ombros e apontou para a picape antes que ela prolongasse o assunto).
Alfonso: Então, podemos ir?
Anahi: Quando você quiser (Quando Alfonso começou a se virar, Anahi segurou o braço dele) Onde estão os Band-Aids?
Alfonso: Eu os tirei. Meus dedos melhoraram.
Anahi: Já?
Alfonso: O que posso dizer? Eu fico bom depressa (Em pé na varanda, ela estendeu a mão como uma professora pedindo a um aluno que jogasse seu chiclete fora, e Alfonso lhe mostrou os dedos).
Anahi: Ainda estão vermelhos (Fez uma pausa antes de olhar para ele) Você esfregou com muita força? Parece que alguns chegaram a sangrar.
Alfonso: Mas já pararam.
Anahi: Meu Deus, se eu soubesse que você faria isso, não teria dito nada. Mas acho que sei como fazer com que melhorem.
Alfonso: O quê? (Ela olhou para ele fixamente enquanto levava sua mão aos lábios e beijava
seus dedos).
Anahi: Isto. O que acha? (perguntou ela, sorrindo. Ele pigarreou. "Parece que estou ligado a um fio elétrico", pensou. "Ou em pé num túnel de vento. Ou esquiando montanha abaixo".
Alfonso: Acho ótimo (conseguiu responder ele abobado).
equipamentos e afinavam pela última vez suas guitarras. Haviam chegado mais barcos do que cabiam no cais e, no espírito de sexta-feira à noite, os retardatários amarravam suas embarcações perto das que estavam próximas, até dúzias de barcos de formas e tamanhos diferentes se juntarem como uma comunidade flutuante. Cervejas e cigarros circulavam livremente, barcos balançavam quando usados como extensão de calçadas e pessoas eram
forçadas a entabular conversas com estranhos que talvez nunca voltariam a ver, tudo em nome da diversão.
Ao saírem do restaurante, Alfonso ofereceu a mão a Anahi. Ela a pegou e começaram a andar pelo calçadão, seus sapatos batendo na madeira com um som como o de cascos de cavalos puxando carruagens. Alfonso sentiu o calor da mão dela irradiando pelo braço até o centro do seu peito.
Ondas preguiçosas batiam no paredão e o brilho branco do luar deslizava na água. Pararam mais uma vez num pub e se sentaram a uma mesa castigada pelo tempo, embaixo de um ventilador de teto que rangia. O cantor que estava se apresentando conhecia Alfonso e o cumprimentou com um movimento de cabeça. Alfonso pediu outra cerveja enquanto Anahi tomava uma Coca Light.
Enquanto ouviam a música, Anahi sentiu os olhos de Alfonso nela e se surpreendeu com quanto as coisas haviam mudado nos últimos dias. Com quanto ela havia mudado. E quanto ainda mudaria dali para a frente. Era estranho você conhecer alguém há anos e ainda descobrir algo que nunca tinha notado. Apesar da luz fraca, ela viu traços de cinza nos cabelos perto das orelhas de Alfonso e uma pequena cicatriz sob a ruga em sua testa.
Dias antes, diria que ele parecia estar no final da casa dos 20, mas agora conseguia ver marcas de expressão em suas faces e pés de galinha nos cantos dos olhos.
O músico começou outra canção e Alfonso se inclinou na direção dela.
Quando Alfonso terminou, pousou a guitarra para receber uma bela rodada de aplausos e depois voltou para a mesa, lançando, aos que lhe davam tapinhas nas costas, um olhar que dizia: “Isso não foi nada.” Alfonso acabara de fazer com que uma noite realmente boa ficasse ainda melhor.
Pouco depois, quando estavam indo embora, o atendente do bar os informou de que a conta deles já tinha sido paga.
Lá dentro, Alfonso tirou sua jaqueta e a pendurou na cadeira reclinável. Anahi foi até a cozinha e voltou com dois copos de água. Alfonso ainda estava em pé e ela apontou para o sofá. Sentaram-se um perto do outro, mas sem se tocar. Anahi pegou o controle remoto e começou a passar os canais. Apesar de não terem encontrado um filme bom, estava passando um antigo episódio de I Love Lucy, ao qual assistiram, rindo. Depois assistiram a The Dick Van Dyke Show.
Quando o programa terminou, Singer havia voltado para a porta da frente e latia. Anahi bocejou.
Ao observar Alfonso vestindo o blazer, Anahi pensou no fato de que ele era amigo dela havia anos e que dar um passo adiante poderia ser o fim de tudo isso. Valeria a pena arriscar?, perguntou-se. Não tinha certeza. E beijar Alfonso seria como beijar um irmão?
Anahi também não sabia. Ainda assim, como uma jogadora diante de uma máquina caça-níqueis esperando que a próxima jogada mudasse sua vida para melhor, aproximou-se
antes que perdesse a coragem. Pegou a mão de Alfonso e o puxou em sua direção, perto o suficiente para sentir o corpo dele junto ao seu. Ergueu os olhos para ele, inclinando ligeiramente a cabeça ao se mover para a frente.
Alfonso, percebendo o que acontecia, mas ainda sem acreditar, inclinou a cabeça e
fechou os olhos e seus rostos se aproximaram.
Na varanda, mariposas voavam ao redor da lâmpada, batendo nela como se tentassem atravessar o vidro. Uma coruja piou em uma árvore próxima. Alfonso, contudo, não ouviu nada. Perdido no toque suave de Anahi, teve certeza de uma coisa: no instante em que seus lábios se tocaram pela primeira vez, houve uma vibração quase elétrica que o fez acreditar que aquela sensação duraria para sempre.
O cão a olhava com a cabeça inclinada e as orelhas erguidas, como se perguntasse: "Eu acabei de ver o que achei que vi?"
flagrante pelos pais) Até parece que você nunca me viu beijar ninguém (Singer continuou a encará-la) Não é nada de mais.
Singer havia entrado na cozinha. Estava sentado perto do balcão, olhando-a com a mesma expressão. Anahi pôs as mãos nos quadris.
Perdida em pensamentos, Anahi mal notou os faróis de um carro vindo por sua rua normalmente tranquila e desacelerando ao passar pela casa dela.
Era tarde quando voltaram para a casa de Anahi e mais uma vez se beijaram na varanda. Dessa vez o beijo durou um pouco mais. Para Anahi, foi ainda melhor. Para Alfonso, isso era possível ou necessário.
Ela o observou trabalhando e mais uma vez notou como ele ficava bonito de jeans e era mais confiante ao fazer coisas desse tipo. Ao beijá-lo enquanto trabalhava, a expressão no rosto de Alfonso lhe disse exatamente como ele se sentia em relação a ela, e Anahi percebeu que o que antes era perturbador agora era a reação pela qual ansiava.
Quando Alfonso foi embora, ela se encostou no lado de dentro da porta e fechou os olhos. "Uau", pensou, sentindo-se como Alfonso se sentira duas noites antes: Completamente extasiada.
Quase no fim das compras, Anahi percebeu que se esquecera de uma coisa. Estava examinando a seção dos temperos, tentando lembrar se Alfonso precisava de cebola picada ou temperada, quando sentiu o carrinho parar de repente ao esbarrar em alguém.
Quando a carne estava pronta, Alfonso acrescentou a sopa, ketchup e mostarda antes de começar a mexer. Anahi se apoiou nele para olhar a mistura, com uma expressão de desagrado.
Autor(a): machadobrunaa
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Na quarta-feira foi a vez de Anahi preparar o jantar. Ela fez linguado recheado com carne de caranguejo e legumes salteados, acompanhados por uma garrafa de Sauvignon Blanc. Alfonso: Não é hambúrguer creole, mas acho que serve (brincou Alfonso) ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 52
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leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:43
dá andamento nessa tbm pfvr
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leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:26
pq sumiu dessa fic aqui?
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leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:12
postaaaaaaaaaaa mais pfvr
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leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:31:57
Pelo amor de deus não abandona a fic não. Estou muito ansioso
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leandroportinon Postado em 22/01/2023 - 01:42:36
Voltaaaaaaa pfvr
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leandroportinon Postado em 22/01/2023 - 01:42:22
'-' não vai mais postar? sumiu daqui
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leandroportinon Postado em 15/01/2023 - 23:38:43
Quero saber a continuação!
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leandroportinon Postado em 15/01/2023 - 23:38:22
voltaaaaaaa
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leandroportinon Postado em 12/01/2023 - 15:02:14
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leandroportinon Postado em 12/01/2023 - 15:01:56
Estou muito nervoso, ansioso pra saber o que vai acontecer.