Fanfics Brasil - Capítulo: 16 O Guardião

Fanfic: O Guardião | Tema: ( AyA )


Capítulo: Capítulo: 16

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      Quando saiu do salão, no fim do dia, Anahi ainda pensava em seu almoço com Emma.


       Na verdade, pensava em muitas coisas, principalmente em Rodrigo. É claro que essa não tinha sido a intenção de Emma, nem a própria Anahi sabia dizer por que se sentia daquela maneira, mas aquilo tinha algo a ver com o comentário de Emma sobre a mãe dela. E, é claro, sobre Henry não conseguir seguir em frente se a perdesse.
       Naquela tarde, Anahi sentiu falta de Rodrigo como havia muito tempo não sentia. Achou que era em virtude do que estava acontecendo com Alfonso. Ela estava seguindo em frente,mas começou a se perguntar se Rodrigo seguiria, se estivesse em seu lugar. Achava que sim, mas, se não seguisse,isso significaria que a amara mais do que ela a ele? "O que vai acontecer se eu me apaixonar por Alfonso?",perguntou-se."O que vai acontecer com meus  sentimentos por  Rodrigo"?


       Minhas lembranças? Essas coisas não saíam de sua cabeça desde o almoço e Anahi ainda não queria encarar as respostas. Será que, pouco a pouco, suas lembranças se tornariam menos nítidas, como fotografias antigas?
       Anahi não sabia. Também não sabia por que a perspectiva de ver Alfonso esta noite a deixava mais nervosa do que na véspera. Mais nervosa do que se sentira em todos os seus encontros. Por quê? Talvez porque esse encontro seja diferente.
       Anahi chegou ao jipe e entrou. Singer pulou para o banco de trás e ela ligou o motor. Não foi para casa. Em vez disso, seguiu pela rua principal por alguns quarteirões, virou à esquerda e dirigiu para os arredores da cidade. Alguns minutos depois, após outra curva, chegou ao Brookview Cemetery.
       A sepultura de Rodrigo ficava a uma curta distância a pé, logo depois de uma pequena elevação e fora da aleia principal, à sombra de uma nogueira. Quando se aproximou do local, Singer parou, recusando-se a ir em frente. Ele nunca passava dali. No início, Anahi não entendia por que Singer sempre ficava para trás, mas, com o passar do tempo, começou a achar que, de algum modo, o cão sabia que ela queria ficar sozinha. Anahi chegou à sepultura e ficou ali, sem saber o que sentiria hoje. Respirou profundamente esperando as lágrimas surgirem, mas isso não aconteceu.
      Também não sentiu o peso que sempre sentira no passado. Viu Rodrigo em sua mente, relembrando os momentos felizes, e embora as recordações trouxessem um leve sentimento de tristeza e perda, aquilo foi como ouvir um relógio soar em uma torre distante, o som ecoando suavemente antes de desaparecer. Anahi sentiu um torpor que não soube ao certo o que significava até ver o anjo alado gravado acima do nome dele, que sempre a lembrava da
carta que viera com Singer. "Eu ficaria arrasado se você nunca mais voltasse a ser feliz..." "Encontre alguém que a faça feliz... O mundo fica melhor quando você sorri".
      Em pé junto à sepultura de Rodrigo, Anahi de repente percebeu que talvez fosse isso que ele quisera dizer com aquelas palavras. E, como na noite anterior, subitamente sentiu que Rodrigo ficaria feliz por ela. "Não", pensou, "eu não o esquecerei. Nunca". "E Alfonso também não o esquecerá".
     E isso também torna Alfonso diferente. Ela ficou ali até os mosquitos começarem a cercá-la. Um pousou em seu braço e ela o espantou, feliz por ter vindo, mas sabendo que precisava ir
embora. Alfonso iria buscá-la em menos de uma hora e queria estar pronta.
      Uma aragem balançou as folhas acima dela, produzindo um som que lembrava o de seixos sendo sacudidos em um pote. Depois de um momento o som parou, como se alguém o tivesse interrompido. Mas já não havia silêncio.
      Ela ouviu um carro passando na estrada, o som do motor aumentando e diminuindo até sumir, a voz de uma criança em uma casa distante. Depois um leve farfalhar, algo arranhando a casca de uma árvore próxima. Um pássaro saiu voando por entre os galhos e, olhando por cima de seu ombro, Anahi viu Singer virar a cabeça e erguer as orelhas. Mas o cão continuou parado e Anahi não viu nada. Ela franziu ligeiramente as sobrancelhas e cruzou os braços. Virou-se de costas para a sepultura, baixou a cabeça e começou a andar na direção do carro, com os pelos dos braços arrepiados.


       Alfonso chegou na hora marcada e Anahi saiu, fechando a porta antes que Singer a
seguisse. Notou que Alfonso estava usando calça social e blazer, e sorriu.


 


 


Anahi: Nossa! Há duas noites seguidas você está muito elegante. Vou demorar um pouco a me acostumar com isso (O comentário também valeria para ela mesma. Como na noite anterior, Anahi usava um vestido leve que realçava sua silhueta. Pequenas argolas de ouro pendiam de suas orelhas e Alfonso notou um leve traço de perfume).


Alfonso: Exagerei? 


Anahi: De jeito nenhum (tranquilizou-o Anahi, tocando em sua lapela) Gostei do blazer. É novo?


Alfonso: Não, já o tenho há algum tempo. Só não o usava muito.


Anahi: Pois deveria. Fica ótimo em você (Alfonso ergueu os ombros e apontou para a picape antes que ela prolongasse o assunto).


Alfonso: Então, podemos ir?


Anahi: Quando você quiser (Quando Alfonso começou a se virar, Anahi segurou o braço dele)  Onde estão os Band-Aids?


Alfonso: Eu os tirei. Meus dedos melhoraram.


Anahi: Já?


Alfonso: O que posso dizer? Eu fico bom depressa (Em pé na varanda, ela estendeu a mão como uma professora pedindo a um aluno que jogasse seu chiclete fora, e Alfonso lhe mostrou os dedos).


Anahi: Ainda estão vermelhos (Fez uma pausa antes de olhar para ele) Você esfregou com muita força? Parece que alguns chegaram a sangrar.


Alfonso: Mas já pararam.


Anahi: Meu Deus, se eu soubesse que você faria isso, não teria dito nada. Mas acho que sei como fazer com que melhorem.


Alfonso: O quê? (Ela olhou para ele fixamente enquanto levava sua mão aos lábios e beijava
seus dedos).


Anahi: Isto. O que acha? (perguntou ela, sorrindo. Ele pigarreou. "Parece que estou ligado a um fio elétrico", pensou. "Ou em pé num túnel de vento. Ou esquiando montanha abaixo".


Alfonso: Acho ótimo (conseguiu responder ele abobado).


 

 
 

 

 

 

            Eles jantaram no Landing, um restaurante à beira-mar no centro de Beaufort. Como na noite anterior, optaram por se sentar a uma mesa no terraço, de onde podiam ver os barcos chegando e partindo. No calçadão de tábuas, casais e famílias passeavam tomando sorvetes de casquinha ou carregando sacolas cheias de lembrancinhas. Anahi pôs seu guardanapo no colo e se inclinou para a frente.

 

 

 

 

Anahi: Ótima escolha, Alfonso. Adoro este lugar.

 

Alfonso: Fico feliz em saber (disse ele, aliviado) Também gosto, mas costumo vir para almoçar. Não janto aqui há algum tempo. Eu me sentiria estranho jantando sozinho.

 

Henry: Podia convidar Henry.

 

Alfonso: Sim (disse ele, assentindo) Ou não.

 

Anahi: Você não gosta de sair com seu irmão?

 

Alfonso: Passo o dia inteiro com ele. Seria como você sair com Mabel.

 

Anahi: Eu gosto de sair com Mabel.

 

Alfonso: Ela não a insulta (Anahi sorriu e Alfonso pôs seu guardanapo no colo. Ela parecia relaxada radiante com ele, totalmente à vontade) Como foi o almoço com Emma? 

 

Anahi: Ah, foi divertido. É fácil conversar com ela.

 

Alfonso: E comigo?

 

Anahi: Com você é diferente. Também é fácil conversar, mas de outro modo. Com ela posso falar de assuntos sobre os quais não posso falar com você.

 

Alfonso: Como eu? (Anahi o olhou com ar travesso).

 

Anahi: É claro. Qual é a graça de sair com alguém se você não pode conversar com ninguém sobre isso?

 

Alfonso: O que você disse sobre mim? Espero que coisas boas.

 

Anahi: Não se preocupe. Só coisas boas (ele sorriu e pegou o cardápio).

 

Alfonso: Gostaria de começar com uma garrafa de vinho? Talvez um Chardonnay? Eu estava pensando que um Kendall-Jackson cairia bem. É suave e acho o sabor de carvalho apropriado.

 

Anahi: Nossa! Estou impressionada. Não sabia que você entendia tanto de vinhos.

 

Alfonso: Sou um homem de muitos talentos (admitiu ele) 

 

 

 

 

        Anahi riu enquanto pegava o cardápio. Eles comeram e beberam sem pressa, conversando e rindo, mal notando o garçom andando rapidamente ao redor da mesa, recolhendo seus pratos.

        Quando estavam prontos para partir, o céu ficara repleto de estrelas. Ainda havia muito movimento no calçadão, mas agora a multidão era mais jovem; pessoas na casa dos 20 ou 30 anos se apoiavam na balaustrada acima do mar e perambulavam pelos bares. A alguns passos dali havia dois restaurantes com terraços e, em ambos, músicos preparavam seus
equipamentos e afinavam pela última vez suas guitarras. Haviam chegado mais barcos do que cabiam no cais e, no espírito de sexta-feira à noite, os retardatários amarravam suas embarcações perto das que estavam próximas, até dúzias de barcos de formas e tamanhos diferentes se juntarem como uma comunidade flutuante. Cervejas e cigarros circulavam livremente, barcos balançavam quando usados como extensão de calçadas e pessoas eram
forçadas a entabular conversas com estranhos que talvez nunca voltariam a ver, tudo em nome da diversão.
         Ao saírem do restaurante, Alfonso ofereceu a mão a Anahi. Ela a pegou e começaram a andar pelo calçadão, seus sapatos batendo na madeira com um som como o de cascos de cavalos puxando carruagens. Alfonso sentiu o calor da mão dela irradiando pelo braço até o centro do seu peito.

         Eles passaram mais uma hora em Beaufort, observando e conversando até Anahi sentir os últimos traços de nervosismo desaparecerem por completo. Alfonso ainda segurava sua mão, deslizando o polegar por ela de vez em quando. Compraram chocolate e caminharam descalços pelo parque até encontrarem um lugar para sentar e saboreá-lo. A lua estava alta e as estrelas tinham mudado de posição quando eles voltaram para o calçadão, ainda animado.
         Ondas preguiçosas batiam no paredão e o brilho branco do luar deslizava na água. Pararam mais uma vez num pub e se sentaram a uma mesa castigada pelo tempo, embaixo de um ventilador de teto que rangia. O cantor que estava se apresentando conhecia Alfonso e o cumprimentou com um movimento de cabeça. Alfonso pediu outra cerveja enquanto Anahi tomava uma Coca Light.
         Enquanto ouviam a música, Anahi sentiu os olhos de Alfonso nela e se surpreendeu com quanto as coisas haviam mudado nos últimos dias. Com quanto ela havia mudado. E quanto ainda mudaria dali para a frente. Era estranho você conhecer alguém há anos e ainda descobrir algo que nunca tinha notado. Apesar da luz fraca, ela viu traços de cinza nos cabelos perto das orelhas de Alfonso e uma pequena cicatriz sob a ruga em sua testa.
         Dias antes, diria que ele parecia estar no final da casa dos 20, mas agora conseguia ver marcas de expressão em suas faces e pés de galinha nos cantos dos olhos.
         O músico começou outra canção e Alfonso se inclinou na direção dela.

 

 

 

 

 

 

 

Alfonso:  Rodrigo e eu vínhamos muito aqui. Antes de você se mudar para a cidade. Sabia disso?

 

Anahi: Ele me contou. Disse que vocês vinham aqui para conhecer mulheres.

 

Alfonso: Estávamos aqui quando ele me falou de você pela primeira vez.

 

Anahi: Aqui?

 

Alfonso: Sim. Viemos no fim de semana depois que ele voltou de Daytona. Ele me contou sobre a garota que havia conhecido.

 

Anahi: O que ele disse?

 

Alfonso: Que pagou seu café da manhã algumas vezes. E que você era bonita.

 

Anahi: Eu tinha uma péssima aparência.

 

Alfonso: Ele não achava. Também disse que prometeu lhe arrumar um emprego e um lugar para ficar se viesse para cá.

 

Anahi: Você achou que ele estivesse maluco?

 

Alfonso: Claro. Principalmente porque não parava de falar de você.

 

Anahi: O que achou quando aceitei a proposta dele?

 

Alfonso: Que você também era maluca. Mas depois comecei a achar que era corajosa.

 

Anahi: Mentira.

 

Alfonso: É claro que achei. É preciso coragem para mudar de vida como você fez.

 

Anahi: Eu não tinha escolha.

 

Alfonso: Sempre se tem uma escolha. Só que algumas pessoas fazem a errada.

 

Anahi: Nossa, estamos filosofando hoje.

 

Alfonso: Às vezes isso acontece depois de algumas cervejas (A música parou e a conversa deles foi interrompida quando o cantor pousou sua guitarra e se aproximou da mesa para sussurrar algo no ouvido de Alfonso. Anahi se inclinou para a frente).

 

Anahi: O que houve? (O cantor ergueu os olhos).

 

Cantor: Ah, oi. Desculpe-me por interromper. Estou fazendo um intervalo e queria saber se Alfonso gostaria de dar uma palhinha em uma canção ou duas (Alfonso se virou na direção do palco e olhou para Anahi antes de finalmente balançar a cabeça).

 

Alfonso: Eu gostaria, mas estou acompanhado.

 

Anahi: Ah, vá em frente (insistiu ela) Eu ficarei bem.

 

Alfonso: Tem certeza de que não se importa?

 

Anahi: De jeito nenhum. Além disso, está na cara que você quer ir.

 

 

 

 

 

             Alfonso sorriu e pôs a garrafa sobre a mesa. Um minuto depois estava com a guitarra nas mãos e dedilhava as cordas, afinando o instrumento. Olhou para Anahi e piscou antes de arranhar os primeiros acordes. Demorou apenas um instante para todos reconhecerem a canção. Primeiro as pessoas bateram palmas e assobiaram; algumas vaiaram. Depois, para surpresa de Anahi, elas começaram a balançar suas cervejas seguindo o ritmo da música.

 

             Alfonso havia escolhido uma canção que agradava ao público em noites de boemia, “American Pie”, a eterna favorita das jukeboxes. A voz dele era desafinada, Anahi notou, mas esta noite, com esta multidão, isso não importava. As pessoas cantavam e se moviam ao seu ritmo, inclusive ela.
            Quando Alfonso terminou, pousou a guitarra para receber uma bela rodada de aplausos e depois voltou para a mesa, lançando, aos que lhe davam tapinhas nas costas, um olhar que dizia: “Isso não foi nada.” Alfonso acabara de fazer com que uma noite realmente boa ficasse ainda melhor.
            Pouco depois, quando estavam indo embora, o atendente do bar os informou de que a conta deles já tinha sido paga.


 

 

 

 

Anahi: Deve ter sido um dos seus fãs.

 

 

 

 

 

         Durante a volta para casa, Anahi estava surpresa com quanto a noite tinha sido divertida. Alfonso a levou até a porta e, ao se virar para ele, Anahi viu que ele estava pensando em beijá-la, mas, depois do que acontecera na noite anterior, não sabia o que fazer. Anahi o olhou, dando-lhe o consentimento oficial, mas Alfonso não entendeu o sinal e não se aproximou.

 

 

Alfonso: Olhe, eu me diverti muito esta noite...

 

Anahi: Gostaria de entrar um pouco? (perguntou, interrompendo-o) Poderíamos assistir a um filme na TV.

 

Alfonso: Não está muito tarde?

 

Anahi: Não para mim. Mas se você preferir ir...

 

Alfonso: Não, eu adoraria.

 

 

 

 

     

 

        Ela destrancou a porta e eles entraram. Singer estava esperando à entrada e os cumprimentou antes de ir para o lado de fora. Ele apontou o focinho para o ar, latiu uma vez e então abaixou a cabeça para cheirar o quintal, como se satisfeito por não haver criaturas que precisassem ser caçadas. Um minuto depois, desapareceu nas sombras das árvores.
        Lá dentro, Alfonso tirou sua jaqueta e a pendurou na cadeira reclinável. Anahi foi até a cozinha e voltou com dois copos de água. Alfonso ainda estava em pé e ela apontou para o sofá. Sentaram-se um perto do outro, mas sem se tocar. Anahi pegou o controle remoto e começou a passar os canais. Apesar de não terem encontrado um filme bom, estava passando um antigo episódio de I Love Lucy, ao qual assistiram, rindo. Depois assistiram a The Dick Van Dyke Show.
       Quando o programa terminou, Singer havia voltado para a porta da frente e latia. Anahi bocejou.

 

 

 

 

Alfonso: Acho que está na hora de ir (disse, levantando-se) Parece que você está ficando cansada (Ela assentiu com a cabeça).

 

Anahi: Deixe-me acompanhá-lo até lá fora.

 

 

 

 

 

 

         À porta, Alfonso girou e puxou a maçaneta. Singer passou por eles a caminho da sala de estar, como se também soubesse que era hora de ir para a cama.
         Ao observar Alfonso vestindo o blazer, Anahi pensou no fato de que ele era amigo dela havia anos e que dar um passo adiante poderia ser o fim de tudo isso. Valeria a pena arriscar?, perguntou-se. Não tinha certeza. E beijar Alfonso seria como beijar um irmão?
         Anahi também não sabia. Ainda assim, como uma jogadora diante de uma máquina caça-níqueis esperando que a próxima jogada mudasse sua vida para melhor, aproximou-se
antes que perdesse a coragem. Pegou a mão de Alfonso e o puxou em sua direção, perto o suficiente para sentir o corpo dele junto ao seu. Ergueu os olhos para ele, inclinando ligeiramente a cabeça ao se mover para a frente.
         Alfonso, percebendo o que acontecia, mas ainda sem acreditar, inclinou a cabeça e
fechou os olhos e seus rostos se aproximaram.
         Na varanda, mariposas voavam ao redor da lâmpada, batendo nela como se tentassem atravessar o vidro. Uma coruja piou em uma árvore próxima. Alfonso, contudo, não ouviu nada. Perdido no toque suave de Anahi, teve certeza de uma coisa: no instante em que seus lábios se tocaram pela primeira vez, houve uma vibração quase elétrica que o fez acreditar que aquela sensação duraria para sempre.


 

        "Foi bom. Muito bom mesmo", pensou Anahi. Melhor do que achei que seria. E definitivamente não foi como beijar um irmão...

         Anahi ainda estava pensando nisso quando ouviu Alfonso ligar o motor da picape e desaparecer na rua. Sorria e, quando esticou o braço para apagar a luz, viu Singer.
         O cão a olhava com a cabeça inclinada e as orelhas erguidas, como se perguntasse: "Eu acabei de ver o que achei que vi?"

 

 

 

 

Anahi: O que foi? Nós nos beijamos (tirou os copos da mesa, ainda sentindo os olhos de Singer nela. Por algum motivo, aquilo era quase como se ela fosse uma adolescente pega em
flagrante pelos pais) Até parece que você nunca me viu beijar ninguém (Singer continuou a encará-la) Não é nada de mais.

 

 

 

 

 

             Disse, dirigindo-se à cozinha. Pôs os copos na máquina de lavar louça e acendeu a luz acima da torneira. Quando se virou, viu uma sombra e pulou para trás antes de reconhecê-la.
Singer havia entrado na cozinha. Estava sentado perto do balcão, olhando-a com a mesma expressão. Anahi pôs as mãos nos quadris.

 

 

 

Anahi: Quer parar de me olhar assim? E não fique me seguindo. Você me assustou.

 

 

 

 

           O cão finalmente desviou os olhos. "Assim é melhor", pensou Anahi. Ela pegou um pano e começou a limpar o balcão, mas decidiu deixar a cozinha para o dia seguinte. Atirou o pano na pia e foi para o quarto, repassando as cenas da noite. Sentiu-se corar um pouco. Afinal de contas, Alfonso beijava muito bem,muito bem mesmo, concluiu Anahi sorrindo.
           Perdida em pensamentos, Anahi mal notou os faróis de um carro vindo por sua rua normalmente tranquila e desacelerando ao passar pela casa dela.

 

 

 

 

 

 

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Anahi: Você está acordado? (perguntou Anahi ao telefone na manhã seguinte. Alfonso lutou com o lençol e se sentou na cama ao reconhecer a voz dela).

 

Alfonso: Agora estou.

 

Anahi: Então vamos.O dia está passando. Levante,soldado (Alfonso esfregou os olhos, pensando que ela devia estar acordada há horas).

 

Alfonso: Do que você está falando?

 

Anahi: Do fim de semana. O que você planejou?

 

Alfonso: Nada. Por quê?

 

Anahi: Levante-se e se vista. Eu estava pensando em irmos à praia. Vai ser um ótimo dia. Achei que poderíamos levar Singer e deixá-lo correr um pouco. O que você acha?

 

         

 

 

 

         Eles passaram o dia andando descalços na areia branca, jogando frisbee para Singer e sentados em toalhas vendo a espuma se agitar sobre as ondas. Compraram uma pizza para o almoço. Ficaram lá até o céu se tornar púrpura com o pôr do sol. Jantaram juntos e depois foram assistir a um filme. Alfonso deixou Anahi escolher e não reclamou quando ela se decidiu por um romance água com açúcar. E quando Anahi ficou com lágrimas nos olhos no meio do filme e se aconchegou a ele até o fim, ele esqueceu a crítica mordaz que estava preparando em sua mente.
         Era tarde quando voltaram para a casa de Anahi e mais uma vez se beijaram na varanda. Dessa vez o beijo durou um pouco mais. Para Anahi, foi ainda melhor. Para Alfonso, isso era possível ou necessário.

        Eles passaram o domingo na casa de Anahi. Alfonso cortou a grama, aparou a sebe e cuidou das plantas no vaso. Depois entrou e começou a fazer os pequenos reparos necessários em casas antigas,martelou os pregos que haviam se soltado de algumas tábuas do chão de madeira de lei, lubrificou as fechaduras e pendurou uma nova luminária que Anahi havia comprado para o banheiro meses antes.
        Ela o observou trabalhando e mais uma vez notou como ele ficava bonito de jeans e era mais confiante ao fazer coisas desse tipo. Ao beijá-lo enquanto trabalhava, a expressão no rosto de Alfonso lhe disse exatamente como ele se sentia em relação a ela, e Anahi percebeu que o que antes era perturbador agora era a reação pela qual ansiava.
       Quando Alfonso foi embora, ela se encostou no lado de dentro da porta e fechou os olhos. "Uau", pensou, sentindo-se como Alfonso se sentira duas noites antes: Completamente extasiada.

 

         

 

 

           Na terça-feira seguinte, depois do trabalho, um dia ainda mais atribulado no salão, porque Maite havia faltado e alguns de seus clientes pediram que Anahi os atendesse, Anahi estava empurrando um carrinho devagar pelo corredor do supermercado, pegando o que era preciso para o jantar. Alfonso prometera cozinhar para ela e, embora a lista que ele havia feito não a empolgasse, estava disposta a lhe dar uma chance. Apesar de ele ter jurado que a comida ficaria boa, Anahi não achava que algo que incluía batatas fritas e picles se qualificava como um jantar fino. Mas ele pareceu tão animado que ela não quis magoá-lo.
          Quase no fim das compras, Anahi percebeu que se esquecera de uma coisa. Estava examinando a seção dos temperos, tentando lembrar se Alfonso precisava de cebola picada ou temperada, quando sentiu o carrinho parar de repente ao esbarrar em alguém.

 

 

 

Anahi: Ah, desculpe-me (disse automaticamente) Não vi você...

 

xxxx: Não faz mal... estou bem (respondeu o homem, virando-se. Anahi arregalou os olhos).

 

Anahi: Christopher?

 

Christopher: Ah! Oi, Anahi (respondeu ele em voz baixa) Como vai?

 

Anahi: Bem. E você? (Ela não o via desde aquela manhã quando saíra de sua casa, e ele parecia um pouco abatido).

 

Christopher: Indo. Tem sido difícil. Tenho que cuidar de muitas coisas. Mas você sabe como é isso.

 

Anahi: Sim. Sei. A propósito, como está sua mão?

 

Christopher: Melhor. Ainda dolorida, mas nada preocupante (Então, como se apertar os dedos trouxesse de volta lembranças daquela noite, ele olhou para baixo) Ouça, quero me desculpar de novo pelo que fiz semana passada. Eu não tinha direito de ficar tão zangado.

 

Anahi: Tudo bem.

 

Christopher: Também quero lhe agradecer mais uma vez por me ouvir. Poucas pessoas teriam feito o que você fez.

 

Anahi: Não fiz nada.

 

Christopher: Fez, sim  (insistiu ele)  Não sei o que teria sido de mim sem você. Eu estava péssimo naquela noite (Ela deu de ombros) Bem (disse ele, como se tentasse descobrir o que falar a seguir. Ele acomodou a cesta de supermercado em seu braço) Por favor, não me leve a mal, mas você está linda (Disse isso como um amigo diria, sem segundas intenções, e ela sorriu).

 

Anahi: Obrigada.

 

 

 

        Uma mulher vinha pelo corredor na direção deles, com um carrinho cheio. Anahi e Christopher chegaram para o lado para que ela passasse.

 

 

 

Christopher: Ouça, mais uma coisa sobre a outra noite. Acho que lhe devo algo por ter sido tão compreensiva comigo.

 

Anahi: Você não me deve nada.

 

Christopher: Ainda assim gostaria de demonstrar minha gratidão. Será que posso levá-la para jantar? Só como um modo de lhe dizer obrigado (Anahi não respondeu imediatamente e, notando sua hesitação, ele continuou) É só um jantar, nada mais. Não é um encontro. Eu juro (Anahi olhou para o lado e depois para ele de novo).

 

Anahi: Acho que não é uma boa ideia. Sinto muito.

 

Christopher: Tudo bem. Só pensei em convidá-la (Ele sorriu) Então sem mágoas?

 

Anahi: Sem mágoas.

 

Christopher: Certo (ele deu um pequeno passo para longe dela) Bem, ainda preciso comprar algumas coisas. Vejo você por aí?

 

Anahi: É claro.

 

Christopher: Adeus.

 

Anahi: Adeus, Christopher.

 

 

 

 

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Anahi: Como é mesmo o nome disso? (Alfonso estava em pé junto do fogão, no apartamento dele, a carne moída ainda chiando na frigideira).

 

Alfonso: Hambúrguer creole.

 

Anahi: Então é cozinha cajun?

 

Alfonso: Sim. Por que acha que pedi as duas latas de sopa? É isso que dá o autêntico sabor.

 

 

 

 

 

        "Só mesmo Alfonso para considerar sopa de frango com quiabo da Campbell’s o autêntico sabor da cozinha cajun", pensou ela.
         Quando a carne estava pronta, Alfonso acrescentou a sopa, ketchup e mostarda antes de começar a mexer. Anahi se apoiou nele para olhar a mistura, com uma expressão de desagrado.

 

 

Anahi: Lembre-me de nunca me tornar uma solteirona.

 

Alfonso: Tudo bem. Agora você está fazendo piadas, mas daqui a pouco achará que está jantando no paraíso.

 

Anahi: Não duvido disso (Alfonso se chocou contra ela em fingido protesto e a sentiu se mover com ele).

 

Alfonso: Alguém já lhe disse que você tende a ser sarcástica? 

 

Anahi: Algumas vezes. Mas acho que foi você mesmo.

 

Alfonso: Sempre tive certeza de que eu era um homem inteligente.

 

Anahi: Eu também.  Não é seu cérebro que me preocupa, mas seus dotes culinários

 

 

 

 

 

 

         Quinze minutos depois eles estavam sentados à mesa, com Anahi olhando para seu prato.

 

 

 

Anahi: Isto é um Sloppy Joe (anunciou ela).

 

Alfonso: Não (disse pegando o sanduíche) É um hambúrguer creole. O Sloppy Joe é um sanduíche de carne moída com molho de tomate.

 

Anahi: Mas você prefere o sabor típico da Louisiana.

 

Alfonso: Exatamente. E não se esqueça de comer os picles. Eles são parte importante da experiência.

 

 

          Anahi olhou ao redor do pequeno apartamento, tentando ganhar tempo. Embora as principais peças de mobiliário fossem de razoável bom gosto, havia detalhes que deixavam claro que Alfonso tinha o estilo de vida de homens solteiros do mundo todo. Como os tênis no canto da sala de estar, perto da guitarra. A pilha de roupas por dobrar em cima da cama. A televisão de tela gigantesca com a coleção de garrafas de cerveja importadas enfileiradas do lado. E o alvo para dardos pendurado na porta. Ela se inclinou sobre a mesa, para prender a atenção de Alfonso.

 

 

 

Anahi: Adorei o clima que você criou esta noite. Só precisamos de uma vela para eu me sentir em Paris.

 

Alfonso: É mesmo? Acho que tenho uma (Ele se levantou e abriu uma gaveta. Um instante depois, uma pequena chama tremulava entre eles Alfonso voltou a se sentar) Está melhor?

 

Anahi: Igual a um dormitório de universidade.

 

Alfonso: Em Paris?

 

Anahi: Hum... acho que me enganei. Está mais para... Omaha (Ele riu).

 

Alfonso: Vai experimentar ou está com medo?

 

Anahi: Não. Vou experimentar. Só estou fazendo suspense (Ele fez um sinal com a cabeça na direção do prato).

 

Alfonso: Ótimo. Então pode ir pensando num bom modo de se desculpar com o chef (Anahi pegou o sanduíche e deu uma mordida. Alfonso a observou avaliar o sabor).

 

Anahi: Nada mau (disse depois de engolir).

 

Alfonso: Nada mau? (Anahi olhou para o sanduíche, com um leve ar de surpresa no rosto).

 

Anahi: Na verdade, está muito gostoso.

 

Alfonso: Eu falei. É a sopa de frango com quiabo que dá o sabor (Anahi pegou os picles e piscou).

 

Anahi: Vou tentar me lembrar disso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                                                                                 Continua...

 

 

 

leandroportinon: kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk verdade. Você não gosta mesmo da Anahi dessa fic né?

 

mileponnyforever: Seja bem vinda, espero que goste da fic... Singer é mais esperto que a dona dele kkkkkkkkk. Alfonso é uma graça, timido demais.

 

 

 

 

 




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Autor(a): machadobrunaa

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         Na  quarta-feira foi a vez de Anahi preparar o jantar. Ela fez linguado recheado com carne de caranguejo e legumes salteados, acompanhados por uma garrafa de Sauvignon Blanc.     Alfonso: Não é hambúrguer creole, mas acho que serve (brincou Alfonso)             ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 52



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  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:43

    dá andamento nessa tbm pfvr

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:26

    pq sumiu dessa fic aqui?

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:12

    postaaaaaaaaaaa mais pfvr

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:31:57

    Pelo amor de deus não abandona a fic não. Estou muito ansioso

  • leandroportinon Postado em 22/01/2023 - 01:42:36

    Voltaaaaaaa pfvr

  • leandroportinon Postado em 22/01/2023 - 01:42:22

    '-' não vai mais postar? sumiu daqui

  • leandroportinon Postado em 15/01/2023 - 23:38:43

    Quero saber a continuação!

  • leandroportinon Postado em 15/01/2023 - 23:38:22

    voltaaaaaaa

  • leandroportinon Postado em 12/01/2023 - 15:02:14

    Volte logo

  • leandroportinon Postado em 12/01/2023 - 15:01:56

    Estou muito nervoso, ansioso pra saber o que vai acontecer.


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