Fanfics Brasil - Capítulo: 17 O Guardião

Fanfic: O Guardião | Tema: ( AyA )


Capítulo: Capítulo: 17

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         Na  quarta-feira foi a vez de Anahi preparar o jantar. Ela fez linguado recheado com carne de caranguejo e legumes salteados, acompanhados por uma garrafa de Sauvignon Blanc.


 


 


Alfonso: Não é hambúrguer creole, mas acho que serve (brincou Alfonso)


 


 


         Na quinta-feira, eles se encontraram para almoçar em Emerald Isle. Depois, enquanto andavam na areia fina, Singer cutucou a perna de Anahi com um graveto que encontrara. O cão soltou o graveto na frente deles. Como foi ignorado, pegou o graveto de novo e se pôs na frente de Anahi e Alfonsobloqueando o caminho. Olhou para Alfonso, parecendo dizer: vamos, você sabe o que fazer.


 


 


Anahi: Acho que Singer quer que você atire o graveto (observou Anahi) Ele acha que não o jogo longe o suficiente.


Alfonso: Porque você é uma garota (Ela lhe deu uma cotovelada).


Anahi: Cuidado, predador. Há uma feminista à espreita em algum lugar e ela vai ficar ofendida com comentários desse tipo.


Alfonso: As feministas se ofendem com tudo o que os homens fazem melhor (Brincou Alfonso se afastando antes que ela pudesse lhe dar outra cotovelada, e pegou o graveto. Tirou os sapatos e as meias e enrolou as pernas das calças. Entrou correndo no mar, até as ondas baterem abaixo de seus joelhos, e segurou o graveto na sua frente. Singer lançou-lhe um olhar entusiasmado, como se ele fosse um pedaço de filé) Pronto? 


 


       


       Ele levantou o braço e atirou o graveto o mais longe que pôde. Singer entrou nas ondas.
Anahi se sentou na areia, dobrando as pernas e abraçando os joelhos. Estava frio. O sol espreitava de vez em quando por entre as nuvens. Andorinhas voavam rápido perto do mar, à procura de alimento, batendo de leve na água com seus bicos como se fossem agulhas.
       Singer voltou saltitando com o graveto e sacudiu a água do pelo, molhando Alfonso, que pegou o graveto e o atirou novamente antes de se virar na direção de Anahi. A camisa dele estava colada ao corpo. De onde estava, Anahi pôde ver os músculos em seus braços e o modo como seu peito se estreitava nos quadris. "Bonito", pensou, "muito bonito".


 


 


Alfonso: Vamos fazer algo amanhã à noite, está bem?  (gritou ele).


 


 


        Anahi concordou com a cabeça. Quando Singer voltou, ela puxou as pernas um pouco mais para cima e os observou recomeçando. A distância, um barco de pesca de camarão avançava sobre a água, arrastando longas redes abertas. O farol de Cape Lookout brilhava ao longe. Anahi sentiu a brisa em seu rosto enquanto os observava, perguntando-se por que havia se preocupado.


 


 


Anahi: Putt Putt? (perguntou Anahi quando eles entraram no estacionamento na noite seguinte. Estava de jeans, como Alfonso. Ele lhe dissera que não se arrumasse demais, e agora ela entendia o motivo)  É isso que você quer fazer esta noite?


Alfonso: Não só isso. Há muitas coisas para fazer. Eles também têm videogames. E um campo de minigolfe.


Anahi: Aaah (disse ela) Estou animadíssima.


Alfonso: Porque sabe que não pode me vencer (disse Alfonso, torcendo o nariz).


Anahi: Eu posso. Sou como Tiger Woods quando se trata dessas coisas.


Alfonso: Então prove (Anahi concordou, com um brilho desafiador nos olhos. E Alfonso segurou o riso, sabia que ela poderia faze-lo sim).


Anahi: Está bem (Eles saíram da picape e se dirigiram à cabine para pegar os tacos).


Alfonso: Rosa e azul (disse Alfonso, apontando para as cores das bolas de golfe) Você e eu. Homem e mulher.


Anahi Qual você quer? (perguntou ela, bancando a ingênua)


Alfonso: Rá, rá (ironizou ele) Continue assim e não vou ter nenhuma pena de você no campo.


Anahi: Nem eu (Desafiou Anahi... Alguns minutos depois chegaram ao primeiro buraco) Os mais velhos, primeiro (disse Anahi, apontando para Alfonso).


 


 


      Ele se fez de ofendido antes de pôr a bola no lugar. O primeiro buraco exigia que ela passasse por um moinho giratório antes de ir para um nível mais baixo, onde ficava o buraco. Alfonso se posicionou ao lado da bola.


 


 


Alfonso: Preste atenção e aprenda (zombou ele).


Anahi: Apenas jogue (Ele bateu com força na bola, que passou pela abertura no moinho e pelo
túnel e parou a menos de 30 centímetros do buraco).


Alfonso: Está vendo? É fácil.


Anahi: Chegue para o lado. Vou lhe mostrar como se faz (Anahi pôs a bola no chão e a lançou. A bola bateu nas pás do moinho e voltou para ela).


Alfonso: Hum... sinto muito (disse, balançando a cabeça) É uma pena.


Anahi: Só estava me aquecendo (Ela demorou um pouco mais para recuar e bater de novo na bola. Dessa vez conseguiu, e quando olhou para ver onde cairia, viu-a rolando na direção do
buraco até desaparecer de vista).


Alfonso: Bela tacada (admitiu ele) Mas foi sorte de principiante (Ela o cutucou com o taco).


Anahi: É tudo parte do plano...


 


 


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        Christopher estava sentado na cama do quarto escuro, com as costas apoiadas na cabeceira. Havia fechado as cortinas. O quarto só estava iluminado por uma pequena vela na mesa de cabeceira. Ele enrolava um pedaço de cera entre os dedos, pensando em Anahi.
Ela tinha sido bastante gentil no supermercado, mas sabia que lamentara ter encontrado com ele. Christopher hesitou, perguntando-se por que Anahi havia tentado esconder isso. Era inútil, pensou.Ele sabia exatamente como ela era. Conhecia- a melhor que ela mesma. Por exemplo, sabia que Anahi estava com Alfonso esta noite e que via nele o conforto que um dia tivera e esperava reencontrar.
        Anahi tinha medo do novo, pensou Christopher, desejando que conseguisse ver que havia muito mais para ela lá fora, muito mais para eles dois. Será que ela não percebia que, se continuasse ali, Alfonso a arrastaria para baixo? Que seus amigos acabariam magoando-a? Era o que acontecia quando você deixava o medo comandar suas decisões.
        Christopher sabia disso por experiência própria. Havia desprezado seu pai tanto quanto Anahi desprezara os homens que entraram e saíram de sua vida. Ele odiava sua mãe pela fraqueza dela, assim como Anahi odiava a fraqueza da própria mãe. Mas Anahi estava tentando fazer as pazes com seu passado, revivendo-o. O medo fazia com que tivesse um conforto ilusório, mas aquilo era apenas ilusão. Ela não tinha que acabar como a mãe; não tinha que levar a vida que a mãe levara. Podia ser tudo o que quisesse. Como ele era.


 


 


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Alfonso: Sorte de principiante! (repetiu Alfonso... No meio do campo, eles estavam empatados até a última tacada de Anahi, que fez a bola ricochetear na parede e cair no buraco. Ela foi buscá-la com ar de superioridade).


 


Anahi: Por que quando eu acerto é sorte e quando você acerta é habilidade? (perguntou, Alfonso ainda estava olhando para o curso que a bola seguira).


Alfonso: Porque é. Você não tinha como planejar isso!


Anahi: Parece que você está ficando nervoso (Zombou)


Alfonso: Não estou (Imitando o que ele havia feito antes, Anahi correu as unhas sobre seu peito e torceu o nariz).


Anahi: Pois deveria. Você detestaria ser vencido por uma garota.


Alfonso: Você não vai me vencer.


Anahi: Como está o placar? (Ele enfiou o cartão de pontuação e lápis em seu bolso traseiro).


Alfonso:Não importa. O que importa é o final (ele andou altivamente na direção do buraco seguinte, com Anahi rindo pelas suas costas)


 


 


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        Christopher fez sua respiração desacelerar, concentrando-se na imagem de Anahi.
Embora neste momento estivesse confusa, sabia que ela era diferente das outras pessoas. Era especial; melhor, como ele.
        Fora esse conhecimento secreto de seu caráter único que o confortara nos sucessivos lares de adoção temporária. Além de algumas peças de roupa, os únicos itens que havia trazido com ele foram a câmera que roubara de um de seus antigos vizinhos e a caixa de fotografias.
        As primeiras pessoas que o receberam pareceram bastante gentis, mas na maioria das vezes ele as ignorou. Ia e vinha quando bem entendia, sem querer nada além de um lugar para dormir e comer. Como em muitos lares de adoção temporária, não era o único morador e dividia um quarto com dois garotos mais velhos. Foram eles que roubaram sua câmera dois meses depois de ele se mudar para lá e a venderam em uma casa de penhores para comprar
cigarros.
       Quando Christopher os encontrou, eles estavam jogando num estacionamento vazio. No chão havia um taco de beisebol. Ele o pegou. No início os garotos riram, porque eram mais altos e mais fortes. Contudo, acabaram indo para o hospital de ambulância, com seus rostos irreconhecíveis. A assistente social do lar de adoção temporária quis mandar Christopher para um centro de detenção juvenil.


        Ela fora à casa mais tarde naquele dia acompanhada da polícia, depois que seus pais adotivos o denunciaram. Christopher foi algemado e levado para a delegacia. Lá, sentou-se em uma cadeira de madeira dura de frente para um policial corpulento chamado Dugan, numa pequena sala espelhada.
       Com nariz de batata e rosto marcado pela catapora, Dugan tinha um modo severo de falar. Inclinando-se para a frente, disse a Christopher quanto ele ferira os garotos e que passaria os próximos anos preso. Mas Christopher não sentiu medo, assim como não sentira quando a polícia interrogara ele e a mãe a respeito da morte de seu pai. Ele sabia que isso ia acontecer. Baixou os olhos e começou a chorar. "Eu não queria fazer isso" (disse em voz baixa) "Mas eles roubaram minha câmera e eu lhes disse que contaria para a assistente social. Eles iam me matar. Fiquei com medo. Um deles me atacou com uma faca".


        Christopher abriu sua jaqueta e Dugan viu sangue. Ele foi levado ao hospital, com um corte na barriga. Disse que o ferimento só não tinha sido mais grave porque conseguira se livrar das garras deles no último minuto. Dugan encontrou a faca no telhado do depósito, exatamente
onde Christopher disse que vira um dos garotos atirá-la.
        Os dois garotos, não Christopher, foram enviados para um centro de detenção juvenil, apesar de alegarem que nenhum deles havia tocado na faca, muito menos atacado Christopher. Mas o homem na casa de penhores confirmou que havia comprado a câmera deles e ninguém acreditou em seus protestos. Afinal de contas, ambos tinham a ficha suja.
        Anos depois, Christopher viu um dos garotos no bairro, caminhando do outro lado da rua. Àquela altura era um homem, mas, ao ver Christopher, ficou paralisado. Ele apenas sorriu e continuou a andar, lembrando-se com desdém do corte que fizera tão facilmente em si mesmo.
        Ele abriu os olhos. Sim, sabia que todos os obstáculos podiam ser superados. Anahi só precisava da pessoa certa para ajudá-la. Juntos conseguiriam realizar tudo, mas era preciso que ela quisesse. Ela precisava aceitar o que tinha a oferecer. Isso era pedir demais?


 


 


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Anahi:  Como está o placar? (perguntou Anahi).


 


 


        Eles estavam no último buraco e agora Alfonso parecia sério. Sabia que estava com uma tacada de desvantagem; a primeira bola havia saído do campo e parado atrás de uma pedra, tornando impossível a jogada seguinte. Ele enxugou a testa, ignorando o sorriso no rosto de Anahi.


 


 


Alfonso: Você pode estar na frente. Mas cuidado para não estragar tudo no último buraco.


Anahi: Certo.


Alfonso: Ou vai acabar perdendo.


Anahi: Certo.


Alfonso: Quero dizer, você detestaria estragar tudo no final.


Anahi: Certo.


Alfonso: Então, faça o que fizer, não cometa nenhum errinho.


Anahi: Hum... tem razão, treinador. Obrigada pelo incentivo.


 


 


 


            Anahi pôs a bola no lugar e ficou de pé perto dela, olhando alternadamente para a bola e o buraco. Deu a tacada e a bola rolou devagar até parar a três centímetros do buraco. "Eu gostaria de ter uma câmera", pensou, ao olhar para Alfonso. A expressão no rosto dele era impagável.


 


Anahi: Parece que você está ficando nervoso (insistiu ela provocando-o) Acho que precisa acertar esta para empatar e, de onde está, isso não vai ser possível (Alfonso estava olhando para a bola. Por fim se virou para Anahi e deu de ombros).


Alfonso: Tem razão (reconheceu) O jogo terminou.


Anahi: Rá! (Ele balançou a cabeça).


Alfonso: Detesto admitir, mas eu realmente não me esforcei muito esta noite. Deixei você ganhar (provocou)


 


 


           Anahi hesitou apenas por um instante antes de ameaçá-lo com seu taco erguido, enquanto Alfonso fazia uma tímida tentativa de fugir. Ela o alcançou, virou-o e o puxou para perto.


 


 


Anahi: Você perdeu! Admita.


Alfonso: Não (disse, encarando-a) Você entendeu errado. Posso ter perdido a partida, mas acho que ganhei o jogo.


Anahi: Como assim? (Ele sorriu, inclinando-se para beijá-la).


 


 


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           Christopher se levantou da cama e foi até a janela. Espiando para fora, viu as sombras se estendendo pela propriedade e cobrindo a terra de escuridão. Quando chegasse a hora, contaria a Anahi tudo sobre si mesmo. Ele lhe contaria sobre sua mãe e seu pai e os garotos no lar de adoção temporária.
           Sabia que ela entenderia que ele não teve escolha. Falaria sobre a Sra. Higgins,
a conselheira escolar que manifestou um interesse especial por ele no ensino médio, quando descobriu que era órfão.
           Christopher se lembrou da conversa que teve com ela quando se sentaram no sofá em seu escritório. Lembrou-se de ter pensado que um dia ela devia ter sido bonita, mas que todo o glamour desaparecera. Seus cabelos eram uma mistura de louro desbotado e cinza e, quando ela sorria, as rugas faziam seu rosto parecer seco e rachado. Mas Christopher precisava de uma aliada. Precisava de alguém que atestasse seu caráter, que dissesse que ele não era um
arruaceiro, mas uma vítima, e a Sra. Higgins era perfeita. Tudo na atitude dela sugeria um desejo de demonstrar empatia e gentileza, o modo como se inclinava para a frente com olhos tristes, assentindo constantemente enquanto ele lhe contava histórias terríveis sobre sua infância.
          Mais de uma vez, os olhos da Sra. Higgins ficaram marejados. Meses depois ela o via como um filho e Christopher cumpriu bem o seu papel.
          Deu-lhe um cartão de aniversário e ela lhe comprou outra câmera, uma 35mm com lentes de qualidade, que ele tinha até hoje.
          Christopher sempre havia sido bom em matemática e ciências, mas a Sra. Higgins conversou com seus professores de história e inglês, que começaram a ser mais benevolentes com ele. Seu rendimento escolar deu um salto. Ela informou ao diretor que o resultado do teste de QI de Christopher alcançara um nível de gênio e insistiu para que ele fosse admitido nos programas para alunos superdotados. Sugeriu que ele fizesse um portfólio com suas fotografias para mostrar seu talento e arcou com todos os custos. Escreveu uma carta de recomendação para a Universidade de Massachusetts, a alma mater dela, dizendo que nunca vira um jovem superar tantas coisas. Fez uma visita à universidade, se reuniu com o comitê de admissões, mostrou o portfólio dele e implorou que lhe dessem uma chance. Ela fez tudo o que pôde e, embora tivesse ficado profundamente satisfeita ao saber que seu esforço valera a pena, não foi Christopher quem lhe contou. 


       Depois de ter sido aceito na universidade, ele nunca mais falou com a Sra. Higgins. Ela servira ao seu propósito e não tinha mais utilidade para ele. Do mesmo modo, Alfonso servira ao seu propósito com Anahi, mas agora isso havia acabado. Alfonso tinha sido um bom amigo, mas era hora de tirá-lo do caminho. Ele a estava empatando, contendo, evitando que ela escolhesse seu próprio futuro. O futuro com Christopher.


 


 


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      Para Anahi, os dias começaram a ter um novo ritmo. Desde as manhãs, quando Alfonso saía da oficina para cumprimentá-la na rua, até seus almoços em lugares afastados e as noites preguiçosas de longas conversas, ele estava se tornando uma parte emocionante e importante de sua vida.
      Eles ainda estavam indo devagar no relacionamento, como se acreditassem que um gesto brusco pudesse fazê-lo desaparecer como fumaça. Um não passava a noite na casa do outro. Embora algumas vezes essa oportunidade tivesse se apresentado, nenhum dos dois parecia pronto para isso.
      Um dia, passeando com Singer após o trabalho, Anahi se deu conta de que aquilo era só questão de tempo.


      Era uma terça-feira, duas semanas depois do primeiro encontro deles e, o que era mais importante, dez dias depois do terceiro encontro, o que, segundo as revistas, era o número mágico com relação a sexo. Eles haviam passado por esse marco sem perceber, mas isso
não a surpreendeu. Desde a morte de Rodrigo, ela tinha momentos em que se sentia um tanto... sensual, como gostava de dizer. Mas já fazia tanto tempo que não transava que quase aceitara o celibato como um estilo de vida permanente. Havia até se esquecido de como era desejar algo assim, mas seus hormônios andavam muito ativos ultimamente e havia momentos em que se
via fantasiando sobre Alfonso.
      Não que Anahi fosse atacá-lo sem aviso. Isso provavelmente assustaria Alfonso. De qualquer modo,ela ficaria tão apavorada quanto ele. Se beijá-lo pela primeira vez a deixara com os nervos à flor da pele, como seria o próximo passo? Ah, imaginou-se dizendo em pé na frente dele, "essas gordurinhas?"
      "Desculpe-me, mas você sabe que temos comido muito fora ultimamente. Apenas apague as luzes, querido".
      Era possível que aquilo tudo acabasse sendo um fiasco, com cotovelos se esbarrando, cabeças batendo e frustração no final. E então o que aconteceria? Sexo não era a coisa mais importante em um relacionamento, mas também não era a terceira ou a quarta em ordem de importância.


      Anahi imaginou que, quando chegasse a hora, o estresse associado ao seu primeiro momento juntos tornaria quase impossível desfrutá-lo. "Eu deveria fazer isso? Deveria sussurrar aquilo? Era como ir a um daqueles programas de TV de jogos com perguntas impossíveis, só que os participantes ficavam nus", pensou Anahi. O.k., talvez eu esteja me preocupando demais, repreendeu-se. Mas é o que acontece quando você só teve um homem na vida. Esse era o resultado de ter uma vida comportada e, para ser sincera, não queria mais pensar nisso. Um
passeio com Singer deveria ser relaxante, não deixá-la com as mãos frias e suadas.


       Singer perambulava à sua frente, pelos lotes arborizados que se estendiam até a Intracoastal Waterway, e Anahi avistou o caminho que a maioria dos corretores usava. Um mês antes, haviam surgido placas por todo o caminho até a água, e ela tinha visto faixas de plástico cor de laranja onde eles pretendiam construir a estrada. Em alguns anos aquilo se tornaria um bairro.
       Embora isso fosse bom em termos de valorização imobiliária, era um pouco desagradável. Anahi gostava da privacidade dos terrenos desocupados, que também eram ótimos para Singer. Realmente não queria ter que começar a levar uma pá quando fosse caminhar com ele, recolhendo suas fezes dos gramados recém-plantados. Pensar nisso lhe dava náuseas e ela não suportaria os olhares que Singer lhe lançaria. Não tinha a menor dúvida de que ele entenderia o que estava acontecendo.


       Depois das primeiras vezes, a olharia antes de virar seu focinho, pensando algo como: "Fiz minhas necessidades perto da árvore, quer ser boazinha e limpar para mim?" Nem pensar. Não havia a menor chance de ela aguentar isso.


       Anahi andou durante quinze minutos antes de chegar à água e se sentar um pouco num tronco, observando os barcos passarem. Não conseguia ver Singer, mas sabia que ele estava por perto, pois viera de tempos em tempos se certificar de que ela o estava seguindo.
Ele a protegia. Como Alfonso, à sua própria maneira.


Alfonso.
Alfonso e ela juntos. Realmente juntos. Anahi logo viu seus pensamentos voltarem ao ponto em que haviam começado, com mãos frias e úmidas e tudo mais.


 


 


          Uma hora depois, ao se aproximar de casa, Anahi ouviu o telefone tocando. Entrou correndo e deixou a porta de tela se fechar atrás de si com um barulho. Devia ser Emma, pensou. Ela andava telefonando muito ultimamente. Adorava o que estava acontecendo com Alfonso e mal podia esperar para falar sobre isso. E, para ser sincera, Anahi também gostava de conversar. Apenas para pôr as coisas em perspectiva, é claro. Ela levou o fone ao ouvido.


 


Anahi: Alô? (Não houve resposta, embora parecesse haver alguém na linha)  Alô? 


 


 


         Nada. Anahi recolocou o fone no gancho e foi abrir a porta para Singer. Na pressa, batera-a na cara dele. Mas assim que chegou à porta o telefone tocou de novo.


         Mais uma vez houve silêncio do outro lado da linha. Só que agora, antes de recolocar o fone no gancho, ela achou ter ouvido um leve clique quando a pessoa desligou.


 


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Henry: Como vão as coisas com Anahi? 


Alfonso: Bem (respondeu Alfonso)


 


 


       Com a cabeça sob um capô. Na última semana, não havia falado muito com o irmão sobre isso, simplesmente porque não tivera tempo. Com a chegada do verão, os aparelhos de ar-condicionado estavam apresentando defeito tão logo eram ligados, e as pessoas iam à oficina com os colarinhos empapados de suor. Além disso, era muito divertido omitir informações de Henry e, pelo menos uma vez, sentir-se no controle. Henry olhou para ele.


 


 


Henry: Com base na frequência com que vocês têm se encontrado, eu esperaria que estivessem muito bem.


Alfonso: Você sabe como é (disse, sem parar de trabalhar. Ele estendeu o braço para pegar uma chave de encaixe e começou a tentar soltar os parafusos que mantinham o compressor no lugar).


Henry: Na verdade, não sei, não.


Alfonso: Sim, eu sei! As coisas vão bem. Pode me passar um pano? Minhas mãos estão
escorregando (Henry lhe entregou o pano).


Henry: Soube que você preparou um jantar para Anahi na sua casa, há alguns dias.


Alfonso: Sim.


Henry: E?


Alfonso: E o quê?


Henry: O que aconteceu?


Alfonso: Ela gostou.


Henry: Só isso?


Alfonso: O que você quer que eu diga, Henry?


Henry: Como acha que Anahi se sente em relação a você?


Alfonso: Acho que ela gosta de mim (Henry juntou as mãos, satisfeito. Agora estavam chegando a algum lugar).


Henry: Acha que ela gosta de você, é? (Alfonso demorou alguns segundos para responder, sabendo que Henry queria detalhes).


Alfonso: Sim (Sob o capô, ele sorriu, pensando: "isso é ótimo!").


Henry: Hum ("Esse cara se acha muito esperto, mas há mais de uma maneira de se obter respostas", pensou) Bem, eu estava me perguntando se vocês dois gostariam de sair de barco com Emma e comigo no próximo fim de semana.


Alfonso: No próximo fim de semana?


Henry: É. Vamos pescar um pouco e tomar umas cervejas. Vai ser divertido.


Alfonso: Acho que talvez eu possa ir (Henry ergueu as sobrancelhas. "Agora o maninho está se achando muito importante, hein? É engraçado o que uma namorada nova faz") 


Henry: Tente não parecer tão empolgado.


Alfonso: Ei, não fique irritado. Eu só tenho que perguntar a Anahi primeiro.


Henry:  Ah, isso faz sentido (disse Henry. E o pior é que fazia mesmo).


 


 


         Ele ficou em pé ao lado de Alfonso por mais um minuto, mas o irmão não se deu o trabalho de tirar a cabeça de debaixo do carro. Por fim, Henry se virou e foi para seu escritório, pensando: "Ok., Alfonso, você não sabe o que o espera. Eu só queria algumas informações, mas você quis bancar o durão."
         O único problema era que, mesmo após vinte minutos, Henry não conseguia pensar em nada que pudesse fazer. Adorava um bom comentário sarcástico, mas o que era justo era justo e não iria estragar as coisas para seu irmão. "Posso ser um homem fraco", pensou, "mas não sou mesquinho".


 


 


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Mabel: Estou lhe dizendo, você está praticamente ardendo estes dias.


Anahi: Não estou. Só tenho pegado sol.


 


           Elas estavam no salão, desfrutando um intervalo tranquilo entre um cliente e outro. Maite estava cortando os cabelos de um cliente, tendo uma conversa sobre política que foi fadada ao fracasso no momento em que ela mencionou que gostava do governador atual porque “o cabelo dele é mais bonito que o do outro”. O “outro” ao qual se referia era irrelevante para seu cliente, que não tinha ido lá para conversar mesmo.


 


Mabel: Não é do sol que estou falando, e você sabe disso (Anahi estendeu o braço para pegar a vassoura e começou a varrer o chão ao redor de sua cadeira).


Anahi: Sim, Mabel, eu sei. Você não é a pessoa mais sutil que já conheci.


Mabel: Para que ser sutil? É muito mais fácil ir direto ao ponto.


Anahi: Para você, talvez. Nós, mortais, às vezes nos preocupamos com coisas como o que faríamos se encontrássemos outras pessoas.


Mabel: Querida, não se preocupe com isso. A vida é muito curta. Além disso, você gosta de mim, não é?


Anahi: Você é única, sem dúvida (Mabel se inclinou na direção dela).


Mabel: Então vá em frente...


 

 

 


 


 


 


 


 


                                                                                                                  Continua...



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Autor(a): machadobrunaa

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 52



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  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:43

    dá andamento nessa tbm pfvr

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:26

    pq sumiu dessa fic aqui?

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:12

    postaaaaaaaaaaa mais pfvr

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:31:57

    Pelo amor de deus não abandona a fic não. Estou muito ansioso

  • leandroportinon Postado em 22/01/2023 - 01:42:36

    Voltaaaaaaa pfvr

  • leandroportinon Postado em 22/01/2023 - 01:42:22

    '-' não vai mais postar? sumiu daqui

  • leandroportinon Postado em 15/01/2023 - 23:38:43

    Quero saber a continuação!

  • leandroportinon Postado em 15/01/2023 - 23:38:22

    voltaaaaaaa

  • leandroportinon Postado em 12/01/2023 - 15:02:14

    Volte logo

  • leandroportinon Postado em 12/01/2023 - 15:01:56

    Estou muito nervoso, ansioso pra saber o que vai acontecer.


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