Fanfic: O Guardião | Tema: ( AyA )
Do outro lado da cidade,Christopher estava em pé ao lado da bandeja de produtos químicos no quarto escuro. Um brilho vermelho iluminava seu rosto enquanto ele observava a imagem surgir devagar no papel fotográfico. O processo ainda lhe parecia misterioso,fantasmas e sombras escurecendo e se tornando reais. Tornando-se Anahi.
Os olhos dela cintilavam no recipiente raso, brilhavam em tudo ao redor. Sempre voltava para a fotografia, a única constante em sua vida. Olhar para a beleza da luz e das sombras refletidas nas imagens trazia uma sensação de objetivo, lembrando-o de que ele controlava seu próprio destino.
Christopher ainda estava feliz com a outra noite. Sem dúvida a imaginação de Anahi estava solta. Mesmo agora, ela provavelmente se perguntava onde ele estaria, o que estaria pensando, o que faria depois. Como se ele fosse algum tipo de monstro, o bicho-papão dos pesadelos da infância. Sentiu vontade de rir. Como uma coisa tão terrível o fazia se sentir tão bem?
E Alfonso, atacando como a cavalaria. Tão previsível! Christopher quase riu naquele instante. Alfonso não representava nenhum desafio. Anahi por sua vez... Tão emotiva! Tão corajosa! Tão viva!
Estudando a fotografia à sua frente, Christopher observou novamente as semelhanças entre Anahi e Analia. Os mesmos olhos. Os mesmos cabelos. O mesmo ar de inocência. No momento em que ele entrou no salão, achou que as duas podiam ser irmãs.
Ele balançou a cabeça, sentindo a lembrança de Analia atraí-lo. Eles haviam alugado uma residência nas Bermudas para a lua de mel, não longe dos grandes resorts. A residência era silenciosa e romântica, com ventiladores de teto, móveis de vime branco e uma varanda com vista para o mar. Tinha uma praia particular onde podiam passar horas sozinhos ao sol, apenas os dois. Ah, como ele havia ansiado por isso! Tirara dezenas de fotografias dela naqueles primeiros dias.
Christopher adorava a pele de Analia, lisa e macia, brilhante com uma camada de óleo. Mas no terceiro dia sua pele havia começado a ficar bronzeada e ela estava deslumbrante com o vestido de algodão branco. Naquela noite, ele não queria nada além de tomá-la nos braços, despi-la lentamente e fazer amor com ela sob o céu. Mas ela queria dançar. No resort. "Não", dissera ele, "vamos ficar aqui. É nossa lua de mel". "Por favor", pedira ela. "Por mim. Fará isso por mim?".
Eles foram e o resort estava barulhento e cheio de bêbados, e Analia estava barulhenta e bebendo. Ela começou a ficar com a fala arrastada e mais tarde cambaleou ao ir ao banheiro. Esbarrou num homem jovem e quase derramou a bebida dele. O homem tocou no braço dela e riu. Analia também riu.
Christopher ferveu de raiva ao observá-los. Aquilo o constrangeu e o enfureceu. No entanto, disse a si mesmo que a perdoaria. Analia era jovem e imatura. Mas ela teria que prometer que não faria aquilo de novo.
Naquela noite, quando eles voltaram para casa, ele havia tentado falar com Analia e ela não o ouvira.
Analia: Eu só estava me divertindo (dissera) Você poderia ter tentado se divertir também.
Christopher: Como eu poderia, se a mulher com quem acabei de me casar estava flertando com estranhos?
Analia: Eu não estava flertando.
Christopher: Eu vi (gritou)
Analia: Pare de agir como um louco.
Christopher: O que você disse? O que você disse? (Berrou ele irado)
Analia: Ai... me solte... você está me machucando... (reclamou)
Christopher: O que você disse?
Analia: Ai... por favor... Ai! (reclamou chorando)
Christopher: O que você disse? (perguntou berrando outra vez)
"No fim, ela o desapontara", pensou ele. "E Anahi o desapontara também".
No supermercado, no salão, no modo como desligara o telefone na cara dele.Christopher estava começando a perder a esperança, mas ela se redimira no bar. Não tinha sido capaz de ignorá-lo, não conseguira simplesmente se afastar.
"Não", pensou ele, "ela teve que falar comigo". E, embora suas palavras tivessem sido raivosas, ele sabia o que Anahi realmente estava sentindo. Ela se importava com ele, pois a raiva e o amor não eram dois lados da mesma moeda? Uma grande raiva não era possível sem um grande amor... e ela havia demonstrado uma grande raiva. Esse pensamento o deixou feliz.
Christopher saiu do quarto escuro e foi para o quarto de dormir. Na cama, entre a profusão de câmeras e lentes, procurou o celular. Sabia que o telefone de sua casa poderia ser rastreado, mas precisava ouvir a voz de Anahi esta noite, mesmo que apenas pela secretária eletrônica. Quando a ouvia, podia ver os dois no teatro de novo, as lágrimas nos olhos dela, e ouvia a respiração de Anahi se acelerar enquanto o Fantasma decidia se deixava sua amada ir embora ou se ambos deveriam morrer. Christopher discou o número e fechou os olhos, na expectativa. Mas em vez da voz familiar de Anahi, ouviu uma gravação da companhia telefônica. Desligou e ligou de novo, dessa vez com mais cuidado, mas ouviu a mesma mensagem gravada. Ele olhou para o telefone. "Ah, Anahi", perguntou-se, "por quê? Por quê?"
Parecia que não seria. Seu telefone era uma prova de que números fora da lista e não divulgados eram um modo eficaz de evitar telefonemas indesejados. Embora fosse um alívio não se preocupar com isso, Anahi havia começado a pensar que poderia enterrar o telefone no quintal, porque era óbvio que nunca mais, pelo resto da vida, ninguém lhe ligaria apenas para conversar. Somente quatro pessoas,Mabel, Alfonso, Henry e Emma, tinham seu número e, como ela passava o dia inteiro com Mabel e a noite inteira com Alfonso, eles não tinham por que ligar. Em todos os anos que o conhecia, Henry nunca havia telefonado, o que tornava Emma a única pessoa que poderia pensar em usar o telefone. Mas depois de saber como as ligações haviam assustado Anahi, Emma parecia estar lhe dando um descanso, sem querer sobressaltá-la.
Anahi admitia que no início aquilo não havia sido tão ruim. Era bom poder cozinhar, tomar banho, folhear uma revista ou se aconchegar em Alfonso sem ser perturbada, mas, depois de uma semana, se tornara um pouco irritante. É claro que ela poderia usar o telefone e fez isso, mas não era a mesma coisa. Como ninguém ligava, ninguém podia ligar, Anahi começou a se sentir como se tivesse sido transportada de volta no tempo. Estranho o que uma semana tranquila faz com a perspectiva de uma pessoa.
O fato é que a semana tinha sido tranquila. De verdade. Normalmente tranquila. Anahi não tinha visto ninguém nem parecido com Christopher, nem mesmo a distância, e estava atenta a ele quase o tempo todo. E, é claro, havia Alfonso,Mabel e Henry. Anahi tinha espiado pelas janelas do salão em ambas as direções uma dúzia de vezes por dia. Quando dirigia, às vezes entrava numa rua diferente e parava, olhando pelo retrovisor para ver se alguém a estava seguindo. Examinava estacionamentos minuciosamente e ficava de frente para a porta quando estava na fila do correio ou do supermercado. Quando chegava em casa e Singer ia na direção do bosque, ela o chamava de volta para vasculhar a casa. Enquanto ele percorria os cômodos, Anahi esperava do lado de fora, com a mão no spray de pimenta que comprara no Walmart. Minutos depois Singer voltava abanando o rabo e babando, parecendo feliz como uma criança numa festa de aniversário. "O que você ainda está fazendo aí na varanda?", parecia perguntar. "Não quer entrar?"
momentos isso era um pouco sufocante. Fazia algumas coisas melhor quando Alfonso não estava bem ali.
No âmbito legal, havia uma certa confusão. A policial Jennifer tinha aparecido na semana anterior e conversado com os dois. Ela ouvira sua história e dissera que não hesitassem em telefonar caso voltasse a acontecer algo fora do comum. Isso fez Anahi se sentir melhor, o que, por sua vez, também fez Alfonso se sentir melhor, mas até agora eles não haviam tido motivo para telefonar. Além disso, o promotor público havia desistido do processo e, embora tivesse deixado aberta a possibilidade de instaurá-lo no futuro, por hora Alfonso não corria perigo. O promotor disse que fez isso não por achar que Alfonso fosse inocente, mas porque Christopher não aparecera para prestar um depoimento formal. E também não tinham conseguido entrar em contato com ele. "Que estranho", pensou Anahi, ao saber disso.
Mas oito dias de nada, absolutamente nada, haviam encorajado Anahi. Não que ela fosse boba a ponto de se esquecer do possível risco, "nunca serei uma dessas convidadas de programas de TV considerada uma idiota por toda a plateia por não ter visto que isso ia acontecer", disse a si mesma, mas ocorrera uma mudança sutil sem que ela estivesse particularmente consciente disso. Na semana anterior, esperara ver Christopher. Esperara vê-lo à espreita em algum lugar e havia se preparado para isso. O que iria fazer dependeria das circunstâncias, é claro, mas ela não hesitaria em gritar, correr ou, se preciso, soltar Singer para cima dele. "Estou pronta para tudo", repetia para si mesma, "basta você dar um passo. Qualquer sinal de problema e se arrependerá, Sr. Franklin".
Até que tanto tempo olhando, prestando atenção, sem encontrar nenhum traço dele, aos poucos reduziram sua determinação. Embora ainda mantivesse bastante cautela, Anahi chegara ao ponto em que não esperava vê-lo. Por isso, quando Alfonso mencionou que Steven Sides deixara uma mensagem pedindo que ele passasse em seu escritório para uma breve reunião depois do trabalho, Anahi lhe disse que estava cansada e ia para casa sozinha.
Edna era uma frequentadora assídua do salão. Apesar de ser cliente de Mabel, com o passar do tempo Anahi passara a conhecê-la. Rechonchuda e de meia-idade, era gentil como todos os corretores são,alegre e entusiasmada, com uma tendência a distribuir seu cartão de visita no salão, mas também um pouco avoada. Quando estava animada, o que era praticamente o tempo todo, parecia não perceber o óbvio e sempre estava um passo atrás na conversa. Os outros já haviam mudado de assunto e Edna ainda discutia o anterior. Às vezes Anahi achava aquilo irritante, mas tolerava com uma atitude de “ainda bem que ela é cliente de Mabel e não minha”.
Singer balançava o rabo de um lado para outro, como um aceno. "Por favoor?" Anahi não queria ir, mas não levava Singer para passear havia muito tempo. Ela olhou novamente para a rua. Nada. Christopher andaria alguns quilômetros na remota possibilidade de ela levar seu
cão para passear?
"Não", concluiu Anahi. Além disso, Singer estava com ela, e não era nenhum chihuahua. Tudo o que ela tinha que fazer era gritar e o cão atacaria como um louco.
Ainda assim Anahi não gostava disso. Agora o bosque a apavorava. Havia muitos lugares para alguém se esconder. Muitos lugares para observar e ser observado. Oferecia muitas oportunidades para Christopher se ocultar atrás de uma árvore, esperar ela passar e surgir por trás, com os galhos estalando sob seus pés...
Mais uma vez Anahi sentiu-se dominada pelo pânico e se forçou a afastá-lo. Nada vai acontecer, repetia. Não com Singer por perto, não com Edna percorrendo os loteamentos. Não sem o carro dele na área. Ele não estava lá. Então por que não levar o cão para passear?
Singer latiu como se tentasse chamar sua atenção. "E aí?"
Porque, por algum motivo, isso não parece certo". Então Anahi os reviu e novamente chegou à conclusão lógica de que Christopher não estava à espreita. Mas isso não ajudou, e ela começou a ficar ofegante. Aquilo não estava sendo uma caminhada relaxante no bosque.
Anahi seguiu apreensiva, afastando galhos das árvores que haviam crescido demais. A folhagem ficara mais densa desde a última vez em que estivera ali, ou pelo menos era o que parecia. No passado, ela podia ver feixes de luz passando por entre a copa das árvores, mas como o sol abaixara e as nuvens estavam da cor de cinzas de carvão, o bosque parecia mais escuro que o normal.
Aquilo era estúpido. Estúpido, estúpido, estúpido. Se tivessem o número do seu telefone, aqueles programas de TV provavelmente lhe ligariam amanhã. "Por que você não tomou mais cuidado?", perguntaria o apresentador. "Porque", responderia ela, tocando levemente em seus olhos, "eu sou uma idiota".
Anahi parou a fim de escutar, mas não ouviu nada além do gorjeio distante de um pássaro. Virou-se de um lado para outro, olhou para a frente e para trás e não viu nada estranho. Nada.
vinho para relaxar, mas, puxa vida, sou humana. Afinal de contas, Singer adora isso...
Anahi andou depressa, seguindo a trilha sinuosa, até ver a água da Intracoastal. Aqui a floresta se abria e ela avistou Edna acariciando a cabeça de Singer. O cão estava sentado com a boca aberta. Quando ouviu Anahi entrando na clareira, se virou. "A vida é assim", parecia dizer. Um pouco de passeio, um pouco de amor... O que poderia ser melhor? Edna também se virara.
você (Anahi pestanejou. "Ele me ama?")
Ouvindo um barulho, olhou rapidamente para trás; não havia nenhum sinal de Christopher. Começou a correr de novo, forçando suas pernas a continuarem a se mover e sentindo os galhos espetarem seu rosto à medida que avançava com dificuldade. "Quase lá, quase lá..."
Minutos depois, estava contendo as lágrimas quando Alfonso entrou na casa. Ele a abraçou enquanto Anahi chorava. Depois de lhe contar o que havia acontecido, ela finalmente se recuperou o suficiente para perguntar por que ele voltara tão cedo. O rosto de Alfonso estava branco e sua voz saiu num sussurro:
Autor(a): machadobrunaa
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+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Meia hora depois, a policial Jennifer Romanello estava sentada à mesa da cozinha, olhando para Anahi, que contava sua história. Não demorou muito para ela contar tudo. Embora suas palavras fossem importantes, era seu olhar que confirmava que ela estava dizendo a verdade.Apesar de tentar aparentar calma, estava vi ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 52
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leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:43
dá andamento nessa tbm pfvr
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leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:26
pq sumiu dessa fic aqui?
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leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:12
postaaaaaaaaaaa mais pfvr
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leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:31:57
Pelo amor de deus não abandona a fic não. Estou muito ansioso
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leandroportinon Postado em 22/01/2023 - 01:42:36
Voltaaaaaaa pfvr
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leandroportinon Postado em 22/01/2023 - 01:42:22
'-' não vai mais postar? sumiu daqui
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leandroportinon Postado em 15/01/2023 - 23:38:43
Quero saber a continuação!
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leandroportinon Postado em 15/01/2023 - 23:38:22
voltaaaaaaa
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leandroportinon Postado em 12/01/2023 - 15:02:14
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leandroportinon Postado em 12/01/2023 - 15:01:56
Estou muito nervoso, ansioso pra saber o que vai acontecer.