Fanfics Brasil - Capítulo: 3 O Guardião

Fanfic: O Guardião | Tema: ( AyA )


Capítulo: Capítulo: 3

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         As letras das canções de Alfonso Herrera deixavam muito a desejar e a voz dele não faria com que os executivos das gravadoras batessem à porta de sua casa, em Swansboro. Entretanto, ele tocava guitarra e ensaiava todos os dias, esperando que sua grande oportunidade estivesse próxima. Em dez anos, havia tocado em uma dúzia de bandas diferentes, desde as formadas por roqueiros cabeludos e barulhentos dos anos 1980 às de estilo country, singelo e meloso.
      No palco, usara de tudo, de calças de couro e pele de cobra a calças de vaqueiro e chapéus de caubói. Embora tocasse com um entusiasmo evidente e os membros das bandas gostassem dele, em geral era descartado após algumas semanas, sob a alegação de que as coisas não estavam funcionando por algum  motivo. Isso tinha acontecido vezes suficientes para que até Alfonso percebesse que talvez não fosse apenas um conflito de personalidade, embora ainda não
conseguisse admitir que não era bom o bastante. Ele também tinha um caderno em que, em seu tempo livre, anotava seus pensamentos, pretendendo usá-los num futuro romance. Porém o processo de escrita era mais difícil do que ele havia imaginado. Não que ele não tivesse ideias. Pelo contrário: tinha até de mais e não conseguia decidir o que deveria incluir na história ou não.      No ano anterior, tentara escrever um romance policial ambientado num cruzeiro,algo no estilo de Agatha Christie, que incluía a costumeira dúzia de suspeitos. Mas ele achou que a trama não era muito empolgante, por isso tentou usar todas as ideias que já tivera: uma ogiva nuclear escondida em São Francisco, um policial corrupto que testemunhara o assassinato de John Fitzgerald Kennedy, um terrorista irlandês, a Máfia, um garoto e seu cão, um investidor em capital de risco inescrupuloso e um cientista que, viajando no tempo, escapara da perseguição do Sacro Império Romano. No fim das contas, o prólogo se estendera por centenas de páginas
sem que os principais suspeitos tivessem entrado em cena. É claro que ele não levou o projeto adiante. No passado, Alfonso também tentara desenhar, pintar, trabalhar com vitrais,cerâmica, entalhe em madeira e macramê. Fizera até algumas peças de arte livre numa explosão de inspiração que o mantivera afastado do trabalho durante uma semana. Juntou e soldou peças velhas de carros em três estruturas altas e desequilibradas e, quando terminou, sentou-se nos degraus da frente de sua casa, olhando com orgulho para o que fizera, sabendo no fundo do seu coração que enfim encontrara sua vocação. Esse sentimento durou uma semana, até que, numa reunião convocada às pressas, o conselho municipal expediu uma ordem de proibição de “lixo no quintal”. Como muitas pessoas, Alfonso Herera tinha o sonho e o desejo de ser artista; só não tinha talento para isso. Contudo, Alfonso conseguia consertar praticamente qualquer coisa. Era o perfeito faz-tudo, um verdadeiro cavaleiro de armadura brilhante quando apareciam vazamentos na pia da cozinha ou quando o triturador de lixo dava defeito. Além de um bom faz-tudo, ele era um Merlin dos tempos modernos quando se tratava de qualquer coisa com quatro rodas e um motor. Ele e Henry eram donos da oficina mais concorrida da cidade e, enquanto Henry lidava com a papelada, Alfonso se encarregava do trabalho de verdade. Carros importados ou nacionais, ele era capaz de consertar todos. Conseguia ouvir um motor, os silvos e cliques que ninguém mais ouvia,e descobrir o que estava errado,em geral em poucos minutos. Entendia de tubulações e válvulas de admissão. Amortecedores, pistões, radiadores e ajustes de chassis, e se lembrava do tempo de conserto de quase todos os carros que já haviam passado pela oficina. Era capaz de reconstituir motores sem precisar consultar um manual. Estava sempre com as pontas dos dedos manchadas de preto. Sabia que esse era um bom modo de ganhar a vida, mas às vezes desejava poder pegar uma pequena parte de todo esse talento e usar em outras áreas.
        A tradicional fama de que os mecânicos e os músicos têm sucesso com as mulheres não se aplicava a Alfonso. Ele tivera apenas duas namoradas firmes. Uma delas no ensino médio. O outro namoro, com Sarah, terminara havia três anos. Então seria possível pensar que Alfonso não queria um relacionamento sério, ou mesmo um que durasse todo o verão. Às vezes ele mesmo refletia sobre isso, mas atualmente, mesmo que desejasse o contrário, parecia que todos os seus encontros terminavam com um beijo no rosto e a acompanhante lhe agradecendo por ser um ótimo amigo. Aos 34 anos, Alfonso Herrera era mestre na doce arte de abraçar fraternalmente mulheres que choravam em seu ombro por um ex-namorado idiota. Não que Alfonso fosse feio. Tinha cabelos pretos e olhos da mesma cor e um sorriso sincero, além de um corpo em boa forma. Encaixavase em todos os padrões de beleza. Também não era o caso de as mulheres não apreciarem sua companhia. O problema era que as mulheres com quem saía não sentiam que ele realmente queria manter um relacionamento com elas. Seu irmão, Henry, e a esposa dele, Emma, sabiam por que as mulheres sentiam isso. Mabel sabia. Quase todos que Alfonso Herrera conhecia também sabiam. Alfonso era apaixonado por outra pessoa....


 


 


 Alfonso: Oi, Anahi! Espere aí.


 


   


       Anahi tinha acabado de chegar ao velho bairro industrial na periferia de Swansboro e se virou ao ouvir Alfonso chamá-la. Singer a olhou e ela assentiu com a cabeça.


 


Anahi: Pode ir  ( falou Anahi para o cachorro )


 


 


        Singer correu e encontrou Alfonso no meio do caminho. Ele acariciou a cabeça e as costas do cão e depois coçou a parte de trás de suas orelhas. Quando Alfonso parou, Singer levantou e abaixou a cabeça, pedindo mais.


 


 


Alfonso: Por enquanto chega, grandalhão. Tenho que falar com Anahi.
Os dois foram até ela e Singer se sentou ao lado de Alfonso, ainda esperando mais carinho. 


 


Anahi:  Oi, Alfonso! O que foi?


 


Alfonso: Nada importante. Só queria lhe dizer que o jipe está pronto.


 


Anahi: O que havia de errado com ele?


 


Alfonso: O alternador. ( Exatamente o que ele dissera na sexta-feira, quando Anahi deixara o carro lá )


 


Anahi: Você teve que trocá-lo?


 


Alfonso:  Sim. O seu estava ruim. Não foi difícil, porque a revendedora tinha bastante em estoque. A propósito, também consertei o vazamento de óleo. Tive que trocar um anel de vedação do filtro.


 


Anahi: Havia um vazamento de óleo?


 


Alfonso: Não notou as manchas na garagem?


 


Anahi:  Na verdade, não, mas não prestei atenção ( Alfonso sorriu )


 


Alfonso:  Bem, como eu disse, isso também está consertado. Quer que eu traga o
carro agora?


 


Anahi:  Não, virei buscá-lo depois. Só vou precisar dele mais tarde. Estou com a
agenda lotada hoje. Você sabe como são as segundas feiras ( ela sorriu ) Então, como foi no Clipper? Infelizmente não pude ir.


 


 


 


         Alfonso havia passado o fim de semana tocando rock grunge com um grupo de jovens que acabara de sair do ensino médio e não sonhava com nada além de conhecer garotas, beber cerveja e passar os dias assistindo à MTV. Alfonso era pelo menos 12 anos mais velho do que qualquer um deles. Quando mostrou a Anahi as calças largas e a camiseta surrada que usaria no show, ela fez um sinal afirmativo com a cabeça e dissera, “Que legal”, mas na verdade queria
dizer: "Você vai fazer papel de ridículo".


 


 


Alfonso:  Bem, eu acho (respondeu )


 


Anahi: Só isso?  ( Ele deu de ombros ).


 


Alfonso: Esse não é meu tipo de música mesmo ( Anahi assentiu. Embora gostasse dele, não gostava muito de sua voz. Singer, porém, parecia adorá-la. Sempre que Alfonso cantava para amigos, ele o acompanhava uivando. As pessoas diziam que aquilo era uma disputa para ver
quem faria sucesso primeiro )


 


Anahi: Quanto devo pelo conserto? 


 


 


 


      Alfonso pareceu pensar na resposta, coçando distraidamente o queixo.


 


 


Alfonso:  Dois cortes de cabelo devem ser suficientes.


 


Anahi Ora,Alfonso. Deixe-me pagar desta vez. Pelo menos as peças. Tenho o dinheiro, você sabe.


 

     

     

           No último ano, o jipe, um modelo antigo CJ7, tinha ido para a oficina
três vezes. Nesse meio tempo, Alfonso conseguira dar um jeito de mantê-lo funcionando.

 

 

Alfonso: Você está pagando ( protestou )  Embora meus cabelos estejam
rareando, já não tem tanto como antes, mas ainda precisam de um corte de vez em quando.

 

Anahi: Bem, dois cortes não me parecem uma troca justa.

 

Alfonso: O conserto não demorou muito. E as peças não foram caras. O homem
me devia um favor.

 

 

 

         Anahi ergueu ligeiramente o queixo.

 

 

 

Anahi:  Henry sabe que você está fazendo isso? (Alfonso abriu os braços, com um ar inocente )

 

Alfonso:  É claro que sabe. Ele é meu sócio. E, além disso, foi ideia dele. (Até parece, pensou ela)

 

Anahi: Bem, obrigada  (disse Anahi por fim)

 

Alfonso:  Foi um prazer. 

 

 

 

          Alfonso fez uma pausa. Queria conversar um pouco mais, só que não sabia o que
dizer. Olhou na direção de Singer. O cão o observava atentamente, com a cabeça inclinada para o lado, como se o encorajasse: " Vá em frente, Romeu. Nós dois sabemos o verdadeiro motivo de você estar falando com ela"  Alfonso engoliu em seco.

 

 

Alfonso: Então, como foi com...hum ( Ele tentou parecer o mais casual que pôde ) Christopher?

 

Anahi: Sim. Cristopher. Foi legal.

 

Alfonso: Ah... ( Alfonso aquiesceu, sentindo gotas de suor se formando em sua testa. Perguntou-se como podia fazer tanto calor neste início de manhã. E... aonde vocês foram? – (perguntou ele)

 

Anahi: À Slocum House.

 

Alfonso:  Bem elegante para um primeiro encontro ( observou ).

 

Anahi:  Era lá ou Pizza Hut. Ele me deixou escolher. ( Alfonso transferiu o peso do corpo de um pé para o outro, esperando para ver se Anahi diria mais alguma coisa. Ela não disse.
Isso não era bom, pensou ele. Cristopher era bem diferente de Bob, o romântico fanático por números. E de Henrique, o maníaco sexual. E de Adam, dos esgotos de Swansboro. Com concorrentes desse tipo, Alfonso achava que tinha uma chance. Mas com Christopher? Com a Slocum House? Isso era legal? Perguntou-se ) 
Então... vocês se divertiram? 

 

Anahi:  Sim, nós nos divertimos. ( Ah, se divertiram? Muito? Isso não era nada bom, pensou ele. 

 

Alfonso: Fico feliz em saber ( mentiu, fazendo o possível para demosntrar entusiasmo. Anahi pegou no braço dele ).

 


Anahi: Não se preocupe, Alfonso. Você sabe que sempre gostarei muito de você, não é? (Alfonso enfiou as mãos nos bolsos).


 


Alfonso: Só porque eu conserto seu carro.


 


Anahi:  Não se subestime. Você também ajudou a consertar meu telhado ( brincou )


 


Alfonso:  E a máquina de lavar.


 


 


           Anahi se inclinou e deu um beijo no rosto dele. Depois apertou seu braço.


 


 


Anahi: O que posso dizer, Alfonso? Você é um cara legal....


 


         


 


         Enquanto caminhava para o salão, Anahi sentiu os olhos de Alfonso cravados nela,mas ao contrário do que sentia com a atenção de alguns homens, isso não a incomodava. Ele é um bom amigo, pensou. E logo se corrigiu. Na verdade Alfonso era um ótimo amigo, alguém que ela não hesitaria em chamar numa emergência. O tipo de pessoa que tornava a vida em Swansboro muito mais fácil só pelo fato de ela saber que sempre poderia contar com ele. Amigos como Alfonso eram raros, por isso Anahi se sentia mal por lhe esconder alguns dos aspectos mais íntimos de sua vida, como alguns de seus encontros recentes. Anahi não tinha coragem de entrar em detalhes sobre isso, porque Alfonso... bem, não era nenhum segredo que ele gostava dela e Anahi não queria ferir seus sentimentos. O que ela deveria ter dito? Comparado com os outros, o encontro com Christopher foi ótimo! É claro que eu sairia com ele de novo! Havia anos que Anahi sabia que Alfonso queria namorar com ela. Mas, além de considerá-lo seu melhor amigo, seus sentimentos por ele eram confusos. Como poderia ser diferente? Rodrigo e Alfonso tinham sido grandes amigos. Alfonso foi padrinho do casamento deles, e foi nele que Anahi procurou apoio depois da morte do marido. Alfonso era como um irmão, e ela não podia apertar um botão e mudar subitamente seus sentimentos por ele. Mas não era só isso. Como Rodrigo e Alfonso tinham sido amigos íntimos, e Alfonso fizera parte de sua vida com o marido, só de se imaginar saindo com ele despertava nela um vago sentimento de traição. O que Rodrigo pensaria disso? Ela algum dia conseguiria olhar para Alfonso sem pensar em Rodrigo e nos momentos em que estiveram todos juntos? Anahi não sabia. E o que aconteceria se eles saíssem, mas por algum motivo as coisas não dessem certo? Tudo poderia mudar e ela não suportaria perder a amizade dele. Era mais fácil deixar as coisas como estavam. Ela suspeitava de que ele soubesse disso tudo e provavelmente era por esse motivo que nunca a tinha convidado para sair, embora estivesse claro que desejava fazer isso. Às vezes, porém, Anahi tinha a sensação de que ele tentava reunir coragem para convidá-la,como no último verão, quando eles estavam praticando esqui aquático com Henry e Emma. Nesses momentos, ele ficava um tanto engraçado. Em vez de ser o Sr. Contente, o primeiro a rir das piadas, mesmo das que o tinham como alvo, aquele que não se importava de sair para comprar mais cerveja na loja de conveniência, Alfonso de repente ficava calado, como se suspeitasse de que todo seu problema com Anahi fosse que ela não o considerava bom o suficiente. Em vez de rir do que os outros diziam, ele piscava, revirava os olhos ou examinava as unhas. Naquele dia no barco, quando ele sorriu para ela, parecia estar tentando dizer: "Ei, querida, que tal a gente ir embora e fazer algo realmente divertido?"  Quando Alfonso ficava desse jeito, Henry tornava-se implacável. Ao notar a súbita mudança de atitude do irmão mais novo, Henry lhe perguntou o que ele tinha comido no almoço, porque não parecia muito bem. O ego de Alfonso desinflou imediatamente. Ao pensar nisso, Anahi sorriu. Pobre Alfonso. 


         No dia seguinte ele voltara a ser o mesmo de sempre. E Anahi gostava muito mais dessa versão. Entediava-se com homens duros e frios, que consideravam sorte da mulher ter a companhia deles, ou que arranjavam brigas em bares para mostrar a todo mundo que não tinham medo de nada. Homens como Alfonso eram um prêmio, não importava como ela o visse. Ele era bom e bonito. Anahi gostava do modo como os cantos de seus olhos se enrugavam quando ele sorria e adorava suas covinhas. Tinha aprendido a apreciar seu jeito de
descartar as más notícias com um simples dar de ombros. Gostava de homens que riam, e Alfonso ria muito. Ela adorava sua risada. Mas sempre que começava a seguir essa linha de raciocínio, Anahi logo ouvia uma voz interior dizer: Não faça isso. Alfonso é seu melhor amigo e você não quer estragar as coisas, quer? Enquanto refletia sobre isso, Singer a cutucou com o focinho, afastando-a de seus pensamentos. O cão ergueu os olhos para ela. 


 


 


Anahi: Sim, pode ir, seu vadio – disse-lhe.


 



       Singer trotou à frente dela, passou pela padaria e depois virou na direção do salão de Mabel, que estava com a porta aberta. A mulher dava um biscoito a ele todos os dias.


 

    


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Autor(a): machadobrunaa

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 52



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  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:43

    dá andamento nessa tbm pfvr

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:26

    pq sumiu dessa fic aqui?

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:12

    postaaaaaaaaaaa mais pfvr

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:31:57

    Pelo amor de deus não abandona a fic não. Estou muito ansioso

  • leandroportinon Postado em 22/01/2023 - 01:42:36

    Voltaaaaaaa pfvr

  • leandroportinon Postado em 22/01/2023 - 01:42:22

    '-' não vai mais postar? sumiu daqui

  • leandroportinon Postado em 15/01/2023 - 23:38:43

    Quero saber a continuação!

  • leandroportinon Postado em 15/01/2023 - 23:38:22

    voltaaaaaaa

  • leandroportinon Postado em 12/01/2023 - 15:02:14

    Volte logo

  • leandroportinon Postado em 12/01/2023 - 15:01:56

    Estou muito nervoso, ansioso pra saber o que vai acontecer.


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