Fanfics Brasil - Capítulo: 6 O Guardião

Fanfic: O Guardião | Tema: ( AyA )


Capítulo: Capítulo: 6

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      Fazia muito tempo que Christopher não dava uma gargalhada e, dentro do carro, ela pareceu ainda mais alta. "Ele é ciumento"  dissera Anahi sobre seu cão. Como se ela acreditasse mesmo que ele é humano. Que fofo.
     A noite que passaram juntos tinha sido maravilhosa. Havia gostado da companhia de Anahi, é claro, porém o que mais admirava nela era sua resiliência. A vida de Anahi tinha sido difícil e, no lugar dela, a maioria das pessoas seria marcada pela amargura ou pela raiva, mas ele não percebera nenhum traço disso no encontro com ela. Anahi era adorável. O modo como sorrira para ele, com uma animação quase infantil, e a expressão que revelava seu conflito interior enquanto ela decidia se devia mudar seus planos com os amigos... ele tinha a sensação de que poderia observá-la durante horas, sem nunca se cansar. "Eu me diverti muito no sábado à noite"  dissera Anahi.
     Christopher estava quase certo de que ela havia se divertido, mas precisara vê-la hoje para confirmar. Sabia que a mente era capaz de criar coisas estranhas no dia seguinte a um encontro. Perguntas,anseios, preocupações... Deveria ter feito isso, deveria ter dito aquilo? Ele havia reconstituído cada detalhe do encontro, lembrando-se das expressões de Anahi e tentando encontrar sinais em suas afirmações que sugerissem que ele havia feito algo errado. Não conseguia dormir, até que enfim escreveu o bilhete que deixaria na casa dela para que o
encontrasse de manhã. Mas ele não precisava ter se preocupado. Ambos tinham se divertido muito. Era ridículo pensar que ele havia feito algo errado.


      Seu celular tocou e ele verificou quem era. Blansen, seu supervisor no trabalho. Sem dúvida para dar más notícias sobre o cronograma, atrasos e custos mais altos que os previstos. Blansen sempre tinha notícias ruins. Um homem deprimente. Dizia que se preocupava com seus subordinados, mas isso significava que não queria que eles trabalhassem duro. Christopher não atendeu. Em vez disso, voltou a pensar em Anahi. Só podia ser obra do destino eles terem se conhecido, pensou. Havia milhares de outros lugares onde ele poderia ter estado naquela manhã. Só precisaria cortar os cabelos dali a algumas semanas, mas havia entrado no salão como se guiado por uma força desconhecida. Destino. O celular tocou de novo,mas novamente não atendeu.
     "Sim, o encontro correra bem" pensava ele. Mas havia uma coisa. Hoje, perto do fim... Talvez ele não devesse tê-la beijado. Não havia planejado fazer isso, mas ficara tão feliz quando ela mudou seus planos para sair com ele de novo que aquilo simplesmente... aconteceu. Uma surpresa para os dois. Mas passara dos limites. Seria cedo demais?
    "Provavelmente", concluiu, e lamentou. Não havia nenhuma pressa. Seria melhor ir devagar na próxima vez que a visse. Dar-lhe um pouco de espaço,deixá-la chegar às suas próprias conclusões sobre ele, sem pressão,com naturalidade...
O celular tocou pela terceira vez, mas Christopher continuou a ignorá-lo. Reviu a cena em sua mente. Muito fofo.



       No sábado à noite, durante o jantar, Christopher olhou para Anahi, do outro lado da mesa, com um leve sorriso brincando em seus lábios.

 

 

Anahi: Por que você está sorrindo? (Christopher pareceu voltar ao presente, com uma expressão encabulada).

 

Christopher:  Desculpe. Eu só estava sonhando acordado por um segundo.

 

Anahi: Estou sendo tão entediante assim?

 

Christopher: De jeito nenhum. Só estou feliz por você estar comigo esta noite (Levando o guardanapo ao canto da boca, ele a olhou) Eu já disse que você está linda hoje?

 

Anahi: Um monte de vezes.

 

Christopher: Quer que eu pare de repetir?

 

Anahi: Não. Pode achar estranho, mas gosto que me coloquem num pedestal (ele riu).

 

Christopher: Farei o possível para mantê-la nele (agora foi a vez dela achar graça).                                                                                                                                                                                                                           

 

     Eles estavam no Pagini’s, um restaurante aconchegante em Morehead City, com cheiro de  temperos frescos e manteiga derretida. O tipo de lugar em que os funcionários vestiam uniformes preto e branco e a comida muitas vezes era preparada ao lado da mesa. Havia uma garrafa de chardonnay num balde de gelo sobre a mesa e o garçom lhes servira duas taças que produziam um brilho amarelo à luz suave.Christopher havia aparecido à porta usando um paletó de linho,segurando um buquê de rosas e com um cheiro discreto de água de colônia.                                                                                                                                                           

 

Christopher: Então, como foi sua semana? Que coisas empolgantes aconteceram na minha ausência?

 

Anahi: Quer dizer, no trabalho?

 

Christopher: No trabalho, na vida, no que for. Quero saber de tudo.

 

Anahi: Provavelmente eu é que deveria estar lhe fazendo essa pergunta.

 

Christopher: Por quê?

 

Anahi: Porque minha vida não é nem um pouco excitante. Trabalho num salão de beleza numa cidade pequena, lembra? (disse isso de um modo alegre e bem-humorado, não como se quisesse inspirar compaixão) Além disso, acabei de perceber que não sei muito sobre você.

 

Christopher: É claro que sabe.

 

Anahi: Não sei, não. Você ainda não me falou muito sobre si mesmo. Nem sei direito o que faz.

 

Christopher: Mas eu não lhe disse que sou consultor?

 

Anahi: Sim, mas não entrou em detalhes.

 

Christopher: Porque meu trabalho é entediante (Ela fingiu ceticismo,e ele pensou por um momento) Está bem... o que eu faço...(Ele fez uma pausa) Bem, trabalho nos bastidores, certificando-me de que nada desmorone.

 

Anahi: Isso não é entediante.

 

Christopher: É apenas um modo elegante de dizer que trabalho com números o dia inteiro. Nesse sentido,sou o que a maiorianconsideraria um nerd (Ela o olhou, pensando: "duvido").

 

Anahi: A reunião era sobre isso?

 

Christopher: Que reunião?

 

Anahi: Aquela em Cleveland.

 

Christopher: Ah... não (disse, balançando a cabeça) A empresa está com outro projeto, preparando-se para participar de uma licitação na Flórida, e há muita pesquisa a fazer: projeções de custos, estimativas de tráfego, cargas esperadas, esse tipo de coisa. Eles têm uma equipe própria, é claro, mas chamam consultores para se certificarem de que tudo estará de acordo com as normas governamentais. Você ficaria surpresa com a quantidade de trabalho a fazer antes de se iniciar um projeto. Sozinho, sou responsável pela destruição de grandes áreas florestais só para produzir a papelada exigida pelo governo,e neste momento estou com pouco pessoal.

 

     Anahi o observou à luz pálida do restaurante. Seu rosto anguloso, ao mesmo tempo rude e jovial, fez com que ela se lembrasse dos homens que ganhavam a vida fazendo propaganda de cigarros. Ela tentou, sem sucesso,imaginar como seria a aparência dele quando criança.

 

Anahi: O que você faz em seu tempo livre? Quero dizer, como hobby?

 

Christopher: Na verdade, não muito. Entre trabalhar e tentar me manter em forma, não me sobra muito tempo para nada. Mas eu costumava me dedicar um pouco à fotografia. Fiz alguns cursos na faculdade e por um tempo pensei em seguir essa profissão. Cheguei até a comprar alguns equipamentos. Mas essa é uma atividade em que não é fácil pagar as contas, a menos que você queira abrir um estúdio, e eu não tinha a menor intenção de passar meus fins de semana
fotografando casamentos,festas e bares, ou crianças levadas à força pelos pais.

 

Anahi: Em vez disso se tornou engenheiro. (Ele assentiu. Por um momento a conversa foi interrompida e Anahi estendeu a mão para pegar sua taça de vinho) E você é de Cleveland?

 

Christopher: Não, não morei em Cleveland durante todo esse tempo. Apenas por um
ano, mais ou menos. Na verdade, fui criado em Denver e passei a maior parte
da vida lá.

 

Anahi: O que seus pais faziam?

 

Christopher: Meu pai trabalhava numa fábrica de produtos químicos e minha mãe era dona de casa.  Pelo menos no início. Sabe como é, cozinhava, mantinha a casa limpa. Mas, depois que meu pai morreu, ela teve que arranjar um emprego como doméstica. Não ganhava muito, mas de algum modo conseguiu nos sustentar. Para ser franco, não sei como ela fez isso.

 

Anahi: Ela parece ser uma mulher notável.

 

Christopher: Era.

 

Anahi: Era?

 

Christopher: Sim (Ele olhou para baixo, girando o vinho em sua taça) Teve um
derrame há alguns anos e... bem, não é nada bom. Minha mãe mal tem consciência do que acontece ao seu redor e não se lembra de mim. Na verdade, não se lembra de quase nada. Tive que mandá-la para um lugar em Salt Lake City especializado em tratar vítimas de acidente vascular cerebral.

 

 

       Anahi se retraiu. Vendo a expressão dela, Christopher balançou a cabeça.

 

 

 

Christopher: Não se preocupe. Você não tinha como saber. Mas,para ser sincero,não costumo falar sobre isso, justamente porque deixa as pessoas desconfortáveis, ainda mais quando elas sabem que meu pai também morreu. Ficam se perguntando como deve ser não ter uma família. Mas acho que você não precisa que eu lhe diga isso.

 

   

 

       "Não,Não preciso. Entendo muito bem como é" Pensou ela.

 

 

 

Anahi: Foi por isso que você saiu de Denver? Por causa de sua mãe?

 

Christopher: Também (Ele olhou para a mesa antes de erguer os olhos de novo) Acho que é hora de lhe contar que já fui casado. Com uma mulher chamada Jessica. Fui embora também por causa dela.

 

       

 

       Apesar de estar um pouco surpresa por Christopher não ter mencionado isso antes, Anahi não disse nada. Percebeu que ele estava em dúvida se deveria ou não prosseguir, mas enfim continuou, com a voz neutra:

 

 

 

Christopher: Não sei o que deu errado. Eu poderia falar sobre isso a noite toda, tentando entender, mas, para ser sincero, até hoje não consegui. Simplesmente não deu certo.

 

Anahi: Por quanto tempo vocês foram casados?

 

Christopher: Quatro anos (Ele a fitou) Você quer mesmo ouvir essa história?

 

Anahi: Não se você não quiser contar.

 

Christopher: Obrigado (disse ele, com um suspiro e uma risada) Você não faz ideia de como estou feliz por ter dito isso (Ela sorriu).

 

Anahi: Então, depois você foi para Cleveland. Gosta de lá?

 

Christopher: Sim, mas não fico muito por lá. Em geral fico onde a empresa está com um projeto, como agora. Depois que o projeto termina, não tenho a menor ideia de para onde irei.

 

Anahi: Aposto que às vezes isso é difícil.

 

Christopher: Sim, às vezes é. Principalmente quando tenho que me hospedar em hotéis. Este projeto é bom, porque ficarei aqui por algum tempo e poderei encontrar um lugar para alugar. E, é claro, terei a chance de ver você.


 

 

 

        Enquanto ele falava, Anahi se surpreendeu com o fato de suas vidas terem aspectos em comum: desde serem filhos únicos criados apenas por suas mães até a decisão de recomeçar num lugar novo. E, embora seus casamentos tivessem terminado de maneiras bem diferentes, algo no tom de Christopher sugeria que ele havia sido abandonado e experimentara sentimentos de perda. Em todo o tempo que passara em Swansboro, Anahi nunca conhecera ninguém que entendesse como ela às vezes se sentia solitária, sobretudo durante as férias, quando Alfonso e Henry iam visitar os pais ou Mabel ia para Charleston passar um tempo com a irmã. Mas Chistopher sabia como era isso e ela começava a sentir a afinidade entre eles, a mesma afinidade que os turistas sentem no exterior quando descobrem que as pessoas na mesa ao lado são de seu país.
    À medida que a noite avançava,o céu ia escurecendo,revelando as estrelas. Nem Anahi nem Christopher se apressaram em terminar o jantar. No fim da refeição pediram café e dividiram uma fatia de torta de limão. Ainda fazia calor quando eles finalmente foram embora. Esperando que Christopher lhe oferecesse a mão ou o braço,Anahi ficou surpresa por ele não fazer nem uma coisa nem outra. Uma parte dela se perguntou se ele estaria se contendo por ter percebido que ela fora apanhada desprevenida por aquele beijo, no início da semana. Outra parte se perguntou se ele estaria surpreso consigo mesmo por tudo o que lhe contara sobre seu passado. Havia muito a digerir, pensou ela. A revelação sobre ter sido casado viera do nada e Anahi se questionou sobre o porquê de ele não ter mencionado isso no primeiro encontro, quando ela lhe falou a respeito de Rodrigo.

 

       Mas tudo bem. Ela lembrou que as pessoas agem de maneira diferente quando o assunto é seu passado. E, agora que eles se sentiam mais à vontade um com o outro, percebeu que estava gostando deste encontro tanto quanto gostara do primeiro. Estava sendo agradável, nada muito emocionante, mas agradável. Quando eles pararam na faixa de pedestres, Anahi olhou de relance
para Christopher. "Gosto dele" pensou ela. Não estou louca por ele, não sofreria se tivesse que lhe dizer adeus, mas gosto dele. E por enquanto isso é suficiente para mim.

 

 

 

 

Anahi:  Você gosta de dançar? 

 

Christopher: Por quê? Quer ir dançar?

 

Anahi: Se você quiser.

 

Christopher: Ah, não sei. Não danço muito bem.

 

Anahi: Vamos. Conheço um lugar ótimo.

 

Christopher: Tem certeza de que não quer ficar mais um pouco por aqui? Poderíamos tomar um drinque em algum lugar.

 

Anahi: Estamos sentados há horas. Acho que estou pronta para me divertir um pouco. 

 

Christopher: Não achou a noite divertida até agora? (perguntou ele,fingindo estar magoado) Eu me diverti muito.

 

Anahi: Você entendeu o que eu quis dizer. Se isso o faz se sentir melhor,  também não danço muito bem, por isso prometo não reclamar se você pisar no meu pé. Tentarei nem fazer cara de dor.

 

Christopher: Sofrer e sorrir?

 

Anahi: Sabe como é, esse é o drama típico feminino.

 

Christopher: Está bem, mas vou fazer você cumprir a promessa ( Anahi riu e fez um sinal com a cabeça na direção do carro dele).

 

Anahi: Vamos.
   

 

        Christopher se enterneceu com o som da risada dela, a primeira vez em que a ouvia aquela noite. Ela é cautelosa, observou. Eu a beijei uma vez e ela pareceu questionar nossa relação. Porém, se a deixo conduzir as coisas, a cautela parece desaparecer. Sabia que Anahi estava tentando avaliá-lo, combinar a história dela com o homem sentado à sua frente. Mas sem dúvida viu compreensão em seu rosto no momento em que ela se deu conta de como eles eram parecidos.

 


      

 

 

 

 

 

 

                                                                                                        Continua...

 

 



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Autor(a): machadobrunaa

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 52



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  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:43

    dá andamento nessa tbm pfvr

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:26

    pq sumiu dessa fic aqui?

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:32:12

    postaaaaaaaaaaa mais pfvr

  • leandroportinon Postado em 25/02/2023 - 01:31:57

    Pelo amor de deus não abandona a fic não. Estou muito ansioso

  • leandroportinon Postado em 22/01/2023 - 01:42:36

    Voltaaaaaaa pfvr

  • leandroportinon Postado em 22/01/2023 - 01:42:22

    '-' não vai mais postar? sumiu daqui

  • leandroportinon Postado em 15/01/2023 - 23:38:43

    Quero saber a continuação!

  • leandroportinon Postado em 15/01/2023 - 23:38:22

    voltaaaaaaa

  • leandroportinon Postado em 12/01/2023 - 15:02:14

    Volte logo

  • leandroportinon Postado em 12/01/2023 - 15:01:56

    Estou muito nervoso, ansioso pra saber o que vai acontecer.


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