Fanfic: Ava e Beatrice - Eu vou estar esperando Você! Warrior Nun2 | Tema: Warrior Nun ,Avatrice,Freiras guerreiras,Yuri,lgbtqia+

As vezes,não somos capazes de lutar contra a correnteza,então apenas nos deixamos levar.Beatrice levantou passando pouco mais das 10:00 da manhã.Ela viu o dia amanhecer,os primeiros raios de sol invadirem a janela do pequeno apartamento.Pouco antes de adormecer pelo cansaço ela lembrou de ver Ava balançando a mão no ar contra um feixe luz ,duas semanas atrás.O quarto estava escuro,ela acordou e percebeu que Ava já havia levantado,olhou na direção da cozinha e viu a garota na cadeira,olhando a poeira pela através da luz.Ela parecia um bebê balançando a mão naquilo ,tão entretida que não notou quando ela levantou da cama e se escorou na porta,olhando-a.

  Não,Beatrice não ousou acordá-la de seu momento.Apenas ficou ali apreciando até que Ava sentiu sua presença e sorriu.Ela não tinha vergonha nenhuma de se mostrar:

-É tão simples,mas é lindo não é?

- É sim...(mas Beatrice falava da própria Ava,ela apenas não precisava saber.)

- Tava pensando,podemos caminhar um pouco hoje?Depois do treino?

- Aonde quer ir?(Ela sempre fazia o possível para que Ava aproveitasse a vida,mesmo com todo cuidado.)

- Qualquer lugar ,quero apenas...vitamina D sabe?(Aquele jeito menininha...ok Ava você sempre vence!)

- Vou pensar em algo! (Ela concordou sorrindo.)

  Beatrice tinha 12 anos quando expressou uma vontade contrária a de seus pais.Eles estavam visitando um parque e ela apenas queria por os pés na água.Não era brincar com as outras crianças,não era nadar.Ela apenas queria sentir a água sobre seus pés.

 Sua mãe disse que não pois eles tinham que ir logo e ela tinha que estar impecável.Inocente e desavisada ela protestou,algo do tipo: Nunca posso fazer nada!

 O aperto em seu braço deixou marcas roxas por dias.Seu pai a carregou tão rápido para o carro que ela achou estar voando: - Jamais questione sua mãe sob nenhuma hipótese Beatrice,não vou tolerar a sua rebeldia!

  Quanta rebeldia!Beatrice vai para o chuveiro e deixa a água cair sobre o corpo.Lembrou da primeira vez que Ava saiu apenas de toalha para falar algo com ela ,foi como ser jogada por um iô-iô humano...um Big Jump chacoalhando tudo por dentro.

  Se a estadia delas juntas ia dar certo,Beatrice precisava evitar este tipo de situação,afinal, Deus!Ela não era tão forte para resistir...

 Tudo agora,toda hora,toda memória seria dos seus momentos perdidos.Ela se segura na pia do banheiro estreito,olhando-se através do vapor do espelho que limpa com a mão.     Está cansada,sua aparência não é das melhores.Não que isso importe agora.

  Enquanto se veste lentamente ela olha a rua.Adorava ver Ava vindo na direção do apartamento,andando como uma menina levada e sorrindo para todos!Ela devia ser discreta,mas como se apaga a luz do sol?

 O rumo que Beatrice segue agora é conhecido.Fez muitas vezes para treinar Ava.Ela segue até o lago.Senta na pedra onde elas sentavam depois dos treinos ,a última vez não fazia uma semana...tocou a rocha como se ela guardasse vestígios da presença de Ava.Suspirou. Precisava urgentemente de um plano,sua mente estrategista devia ajudar agora.Mas não.Parecia que seu lado quebrado não queria mais ir embora.

 Ela se viu lutando sempre consigo,arrastando os aguilhões de culpa e vergonha de ser quem era,como era.Depois de Ava ,a luta era : continuar a missão e o compromisso de salvar o mundo ou proteger Ava do seu destino como irmã guerreira.Treiná-la para a missão que lhe foi imposta ou salvá-la de tudo isso e apenas estar em sua órbita,aproveitando da sua alegria e liberdade?Amá-la tanto era um pecado mortal?

- Fuja! Se esconda! (Ela queria tanto que Ava tivesse uma vida)

- Você viria comigo?

  Aquelas palavras jamais sairiam da sua mente.O dia em que a Vida lhe deu uma escolha. "Venha comigo" . As duas estariam juntas,vivendo.E daí que precisassem se esconder para o resto da vida?Ao lado de Ava ,tudo era tão aconchegante e bom,o prazer de viver era sim estar ao seu lado...Mas ela nunca teria sido capaz de dizer sim e fugir dos seus compromissos.Ela era incapaz de ser livre. Quando deixou seus sentimentos virem a tona,perdeu a coroa que poderia ter dado fim a Adriel.

  Prisão,estava mesmo fadada a isso desde que se entendeu como pessoa.

    Lembrou quando seu pai disse que o comportamento pecaminoso era como um vírus comendo a carne por dentro e se espalhando por todo corpo.Que a vergonha de sentir algo acima dos deveres era por si só a definição de fracasso.Ela levou a mão no rosto, parecia ressentir a pressão dos dedos fortes sobre sua pele quando questionou os pais sobre o porque pessoas diferentes eram consideradas pecadoras.

  Ele falava na mesa,como era uma desgraça a filha de um conhecido ter sido pega namorando uma colega de faculdade.Beatrice tinha 14 anos,ela se sentia atraída por garotas e não garotos.Passava muito tempo ajoelhada ,rezando para que Deus lhe livrasse desse mal.Porém as amizades da escola lhe deram um senso falso de quem sabe,outras pessoas podiam ser assim também... Ela questionou por que era uma desgraça? Não era apenas outro modo de ser?

  O pai disse muitas coisas sobre isso,palavras como pecado,abominação e erro foram usados.Mas quando ela inocentemente revelou ter uma amigo gay na escola e que ele era bondoso e gentil,mais do que algumas pessoas da igreja...sentiu uma bofetada no rosto.Aquilo a surpreendeu.O pai nunca fora contido em seus rompantes de ira,mas jamais havia lhe esbofeteado antes.

 Ele lhe disse que ela estava contaminada de pensamentos devassos,que isso explicava seu comportamento decadente e que não seria aceito em sua casa este tipo de abominação.Ela não veria mais este colega,não teria mais contato e nunca,nunca mais ia levantar a voz para ele...ela não lembrava de tê-lo feito.

  Ela jamais pensou em revelar a eles sua natureza,ela mesma não aceitava e escondia o melhor que podia.Mas aquilo abriu um buraco em seu coração ainda maior. Era distante dos pais,mas agora parecia uma dor constante.Uma que ela não podia vencer.

  As longas horas de oração e purificação,a sensação de traição quando passou a ignorar o amigo pelos corredores.A luta entre ser quem era e aceitar as pessoas ou ser quem seus pais queriam que ela fosse por que isso era o aceitável para ganhar o reino de Deus e ser salva do pecado e da vergonha.

- Não odeie o que você é...o que você é...é lindo...