Fanfics Brasil - Heavy words. Stay with me

Fanfic: Stay with me | Tema: Gintama


Capítulo: Heavy words.

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A luz do luar começava a iluminar o local para os recém-refugiados. Se tratava de um beco escuro que tinha uma pegada rústica, paredes e chão de pedras com um longo corredor que não era tão estreito, mas também não era tão espaçoso quanto, tanto que o grupo conseguiu se acomodar com dificuldade para então finalmente poderem descansar.


Kagura foi colocada no canto próximo a uma pequena escadaria que levava a um bar abandonado, tendo ao seu lado Hijikata fumando, que fazia esboçar incomodo. Os demais estavam espalhados pelo espaço com exceção do albino, que por sua vez, estava isolado entre os demais, parado na esquina para tentar dar um jeito em seu braço, onde rasgou uma parte da manga do seu yukata e fez um “disfarce” para esconder o seu ferimento.


“Olha só, parece que temos um lobo solitário aqui.” – Dizia Karasu, saindo do meio das sombras. – “Pelo jeito você é do tipo que prefere trabalhar sozinho.”


“O que lhe fez chegar a essa a essa conclusão?”


“Digamos que seu estilo de luta é diferente que qualquer outra que eu já vi durante todos esses anos. É como se você tocasse saxofone muito bem sem mesmo nunca ter ouvido jazz antes, é um som diferente, porém agradável.”


“Que péssima analogia.”


“Se você diz.”


O albino por um momento, parou um pouco para refletir um pouco, pois o mesmo percebeu que ainda sim estava diante de outro inimigo com guarda baixa e agora que o acordo havia sido concluído, ele poderia ataca-lo a qualquer momento. Tirou a pequena adaga bolso e o devolveu-o.


“Pegue isso de volta.” – O corvo pegou a arma e guardou dentro do seu sobretudo preto. Ao observar o albino novamente, estava com o braço estendido. – “Você pode me capturar agora.”


“Esqueça isso.”


“Hum?” – Demonstrava-se confuso.


“Eu soube que sua parceira está gravida. Tire-a de lá e leve para um lugar seguro.” – Acendeu um charuto. – “Irei dizer ao Rey que você conseguiu fugir graças ao Damian. Use essa oportunidade como uma... retribuição.”


“Você anda muito bonzinho, não acha?”


“Só sou um corvo com um coração mole quando se trata dessas coisas.” – Encarou o luar. – “... Como uma nota suave em um blues melancólico.” 


“...” – O albino encarou-o confuso. Karasu virou-se de costas, mas antes de caminhar deixou um diálogo para trás.


“Ah, a sua amiga ficará bem, os dardos apenas paralisam o alvo, não os envenena... A febre é só consequência de ter algo no corpo que não lhe pertence.” – Começou a caminhar, deixando-o para trás com um aceno. – “See ya, Shiroyasha.”


“Mas que cara esquisito.”


O albino retornou aos outros que conversavam entre si, indo diretamente na pequena ruiva, colocando a sua mão diretamente em sua testa com o intuito de ver a sua situação atual.


“Está abaixando, isso é bom. Se eu fosse o seu pai agora, eu te daria um grande pote de mingau para melhorar logo.” – Brincou.


“Se você fosse o meu pai, eu diria que é um péssimo pai.”


Aquilo doeu na alma do albino, como uma pontada em seu peito. As palavras cortante o deixaram profundamente magoado, mas tentou disfarçar com um falso sorriso no rosto depois de um pequeno intervalo em silêncio. Fumiko percebeu a situação, porém apenas assistiu calada.


“É, você tem razão... Me desculpe por ser assim.” – Dizia tirando o seu Yukata e cobrindo-a. – “Bom... acho que está na hora de irmos.”


“Para Kabukicho? Acho melhor vocês darem uma passada em Yoshiwara.” – Fumiko migrou o seu olhar para o rapaz de cabelos grisalho enquanto falava. – “Está mais perto daqui, se é que me entende.”


“...” – O albino observava os dois membros antes de chegar a sua conclusão. – “Talvez você tenha razão, mas só iremos passar a noite lá.”


“Perfeito! A Hinowa-san ficará feliz em saber!”


O grupo se dispersou, os policiais retornaram ao quartel enquanto o quarteto voltou para Yoshiwara em uma trajetória rápida. Não demorou tanto para que chegassem, indo diretamente a casa de Hinowa, sendo logo recepcionados por ela e Lucca. Hinowa colocou Kagura para dormir no quarto de Seita com um paninho úmido sobre a testa, enquanto Shinpachi conversava na cozinha. Gintoki esperava Tsukuyo na varanda de seu quarto, que rapidamente saiu de seu banho com uma camisola preta com detalhes em renda. Ele estava em um estado de reflexão sobre a conversa anterior que teve com a Kagura.


Aquela fala da ruiva grudou feito chiclete em sua mente, deixando-o perturbado com isso e não conseguindo entrar em um consenso com ele mesmo. Ele sabia que não era uma boa pessoa para ser chamada de “pai”, mas ouvir isso de uma pessoa que ele considerava como filha foi um verdadeiro choque de realidade. Agora um novo medo desenvolveu-se, como um frio na barriga, de não ser o suficiente para o seu filho.


Ele sabia da importância de ser um pai mais do que qualquer um, mesmo que nunca teve uma figura paterna para mostra-lo o caminho certo. E quanto ao Shouyou-sensei? Ele não era bem um pai, pelo menos ele não o via assim. Era um patamar acima de professor e aluno e um abaixo de pai e filho.


Tsukuyo o viu ali, porém chegou em remanso e apoiou-se na porta que separava o quarto da varanda. Ela reconhecia aquele olhar do albino melhor que qualquer um e já sabia que ele parecia tenso com algo. Depois de um pequeno intervalo de tempo, cortou o silêncio com um pequeno tom de seriedade.


“Pelo tempo que estou parada aqui e pela sua cara de preocupado, suspeito que algo aconteceu.” – Começou a caminhar na direção do albino, colocando a mão em seu ombro. – “Quer me contar?”


“Para ser bem sincero, não.” – Afirmou. – “É só um medo bobo de um cara que não está nem um pouco preparado para assumir as próprias responsabilidades.”


“E você acha que eu estou?”


“Sim. Você sempre está preparada, Tsukuyo.”


“Você é o maior puxa-saco do mundo.” – Ironizou. – “Venha, irei cuidar dos seus ferimentos.”


O albino não recusou. Tirou a sua camisa e sentou-se em sua cama com uma garrafa de cerveja em mãos, a mesma pegou uma pequena caixa de primeiros socorros e ajoelhou-se logo atrás, colocando as bandagens sobre alguns pequenos cortes que havia em suas costas. Conversar com ela estava virando uma terapia para a sua mente cansada, a voz não era angelical, mas o tranquilizava feito uma, e suas mãos percorrendo o seu corpo auxiliava ainda mais, deixando um pouco a tensão de lado e apenas curtindo o pequeno momento.


“Eu odeio quando isso acontece.” – Ela dizia, após colocar a bandagem, apoiando a testa e permanecendo com a mão em cima do curativo.


“O que exatamente?”


“Quando você se machuca dessa forma. Você deveria se preocupar um pouco mais consigo mesmo.”


“Eu sei...”


“Eu tenho medo de te perder. Não quero que...” – Suspirou. - “Que o bebê fique sem conhecer o próprio pai.” – Dizia envergonhada.


De início apenas o albino ergueu as sobrancelhas, mas a ficha caiu um tempo depois, percebendo que agora tinha um compromisso sério. O mesmo colocou a garrafa na cômoda e virou-se para trás olhando para o rosto da mulher que ele tanto amava.


“Eu também tenho medo de perder vocês dois, então trate-se de se cuidar.”


“Pode deixar.”


A loira apenas deixou um leve sorriso escapar. Ele empurrou-a para deitar na cama e começaram a se beijar por longos minutos. Definitivamente ambos descobriram o que era realmente a saudade, despejando todas as energias em seus beijos.


*


Passado um período de tempo, Gintoki estava deitado em seu colo com um olhar mais “leve”. Ela acariciava seus cabelos prateados, percebendo como ele mudou em tão pouco tempo. De certa forma, ela também se sentia um pouco mais leve quando observava-o relaxar. Ele virou-se com a cabeça para cima e começou uma pequena conversa encarando o seu rosto.


“Eu estava aqui pensando...”


“Sobre?”


“Nós. Acho que já passou da hora de contar sobre... a gente.” – Dizia com uma leve feição preocupada. – “Como você acha que eles reagiram?”


“Para ser bem sincera, eu não sei. Hinowa ficaria animada, mas Shinpachi e Kagura...”


“...Creio que eles me matariam.” – Riu baixinho. – “E a velha também.” – Levantou-se. – “E você o que acha sobre?”


“Não vejo problemas nisso. Talvez estou estendendo esse segredo tão bem ao ponto de mentir para mim mesma.”


“Me sinto igual, irônico não acha?”


“Demais.”


Um novo ciclo de silêncio iniciou-se no quarto. Gintoki encarava o chão entrando em um modo de reflexão enquanto era assistindo por Tsukuyo.


“E se...” – Ele dizia em alto e bom som, bem envergonhado. – “Nós morássemos juntos?”


“O-O QUE?” – Perguntava mais envergonhada ainda. – “Eu e você? Co-como um casal?!”


“É que... sabe... a gente está no meio de uma batalha... e você pode acabar se machucando... A-além do mais... eu queria ficar perto do bebê, sabe?” – Sua voz diminuía gradualmente conforme falava, escondendo o seu rosto abaixando-o.


“Espera...” – Olhou para ele confusa. – “Você está falando sério?”


“Hum... sim.” – Assentiu com a cabeça. – “Eu não posso te tirar de Yoshiwara, mas também não posso deixa-la. Então se for possível...”


“Eu não vejo problema nisso.” – Murmurava baixinho fazendo biquinho com a boca, evitando contato visual.


“Ah?!” – Olhava surpreso e assustado.


“Algum problema?”


“Não, nenhum! Só não imaginei que seria tão fácil de te convencer.”


“É que eu pensei um pouco sobre o que você disse naquele dia. Eu realmente estava sendo insensata e agindo sem pensar. Estou concordando pelo bem do bebê...” – Dizia em um tom triste. – “Mas também não posso deixar Yoshiwara para trás.”


“Então isso quer dizer que você não topou morar, mas sim passar uns dias aqui e lá para não me decepcionar. Estou certo?”


“Sim, está. Como adivinhou?”


“Porque se eu estivesse no seu lugar, faria igual.”


Ela ergueu a sobrancelha como se essa fala tivesse revivido, por um momento, uma conversa que ela teve com a Hinowa. A loira soltou uma risada que deixou o albino confuso.


“Engraçado, quando a Hinowa disse que éramos iguais eu não acreditei, mas durante essa conversa eu pude perceber que ela estava certa.” – Apoiou-se os braços na cama. – “Já não é mais mera coincidência.”


“Soaria mais bonito em dizer que eu estou puxando as suas manias.”


“Manias, é? Nem sabia que tinha.”


“Sempre que está com seu kiseru na boca, tenta manter uma expressão séria. Seria para transmitir soberania? Ou será que você quer parecer alguém respeitável?” – Ironizou. – “De qualquer forma, ambas opções combinam com você.”


“É mesmo? Parece que você me leu como um livro.” – Ela riu timidamente. – “Já você é totalmente o oposto... Você tem a capacidade de ser um líder poderoso, mas prefere se esconder atrás de uma Jump, por que será?”


“Nah, essas coisas não são para mim.”


“Tem mais um motivo, não é?”


“Não, eu realmente não gosto dessas coisas.”


“Se você diz...” – Falava em um tom decepcionado. – “Mas sinto que há algo a mais.”


Ele não respondeu ou esboçou alguma reação, apenas a encarou em um silêncio, fazendo-a erguer a sobrancelha quando percebeu que estava correta.


“Quando for a hora certa irei te contar.”


“Entendo, estarei aguardando até lá.”


-X-


“Aargh!” – Kondou resmungou. – “Esses caras são esquisitos.”


“Por que diz isso, Kondou-san?” – Questionou Sougo


“Quem em santa consciência entregaria as provas de mão beijada e destruiria logo em seguida?!” – Colocou a mão sobre o rosto, logo olhou para o policial de cabelos negros, enquanto ele usava o celular segurando o casaco nas costas. – “Todas as nossas pistas se foram! O que acha Toshi?”


“Acho... Não.” – Fechou a tampa do celular. – “Tenho certeza que os caras que destruíram não são os mesmo que entregariam as provas. Enquanto um quer ser descoberto, o outro quer impedir, mas por quê?”


“Talvez o Yorozuya saiba de algo.” – O gorila afirmava.


“Não, ele não sabe de nada.”


“Oh, está defendendo o Yorozuya, Hijikata-san? Pensei que vocês fossem inimigos mortais.” – Sougo falava com um tom sarcástico.


“Estou longe de defende-lo. Apenas estou tentando resolver esse caso.” – Acendeu um cigarro. – “Embora eu já não saiba mais onde recorrer.”


-X-


Logo cedo os pássaros assobiavam e os galhos chacoalhavam-se, tornando a manhã barulhenta e fazendo a ruiva de olhos azuis acordar extremamente irritada. A mesma resmungava, e muito, de ter tido uma péssima noite de sono e esse barulho só piorava a sua situação. Um toque vindo do lado de fora do quarto fazia com que ela parasse de reclamar e congelasse temporariamente no lugar, novamente o toque se repita e a maçaneta girava-se, abrindo a porta lentamente.


“Kagura? Está acordada?” – O albino acessava o local com uma tigela grande em mãos.


Ele era a última pessoa que ela pretendia ver nesse momento, mas não recusaria por nada um café da manhã sendo servido por ele.


“Uh... Sim.”


“Irritada novamente?”


“Jamais, estou melhor do que nunca.” – Ironizou.


“Ah, é uma pena. Trouxe um mingau para você, mas como está se sentindo melhor eu acho que não precisará mais disso.”


“É-É claro que eu preciso!” – Dizia rapidamente, tentando tornar a cena melodramática. – “Minha febre não abaixou o suficiente! E não sinto o meu corpo! Cof! Cof!”


Ele não disse nada, apenas deixou escapar uma pequena risada e entregou a tigela para ela, que por sua vez devorou como se estivesse vários dias sem comer.


“Oh sim, se você está dizendo...” – Estendeu o braço. Seu tom de voz parecia ficar cada vez mais amargurado. – “Aqui está.”


Havia algo que ele queria dizer. Seu rosto aparentava estar decepcionado com algo, tanto que a ruiva notou com certa facilidade. Ele suspirou e tomou a forma de uma pessoa mais séria, tentando esconder suas emoções.


“Tem algo de errado, Gin-chan?”


“Não, só estava distraído.” – Tentou evitar contato visual. – “Tome o mingau antes que esfrie.”


“Pode deixar...”


A voz de Kagura diminuía gradualmente conforme fitava o albino se levantar e caminhar em direção a porta, porém ele não girou a maçaneta para sair, apenas apoiou sua mão sobre ela e voltou-se com uma olhada para trás com aquele rosto sério anteriormente.


“Sobre ontem à noite...” – Firmou os seus olhos no rosto da ruiva. – “... Você acha mesmo que eu seria um péssimo pai?”


“Não sei. Eu disse aquilo porque estava com raiva de você, porém eu nunca imaginei você sendo pai.”


“Ah, entendo.” – Dizia evitando contato visual novamente. – “Obrigado pela resposta.”


Gintoki saiu do quarto decepcionado com a resposta. Ele esperava uma resposta mais precisa de alguém próximo dele, e sabendo do seu histórico de “péssima pessoa para se viver junto” o deixava cada vez mais desapontado. Kagura sentiu o clima do ambiente pesar, até mesmo perdendo a vontade de saborear o mingau feito por ele. O seu peito apertava cada vez mais conforme refletia o seu relacionamento com ele, ele foi o único que a acolheu de verdade quando havia chegado à terra, ensinou truques e manias e até mesmo levou ao mal caminho algumas vezes, mas sempre que tinha problemas ele a ajudava, ajudava ao ponto de ir em outro planeta atrás dela. Porém nessa fração de segundos, isso parecia irrelevante, mas por quê? Ela não sabia ao certo, talvez nunca tivesse para e reparado nessas coisas, mesmo sempre afirmando que eles eram uma família sem se aprofundar em seus relacionamentos com cada membro, era como uma grande mistura entre falácias e verdades.



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Autor(a): Kayomii

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